sábado, dezembro 30, 2006
Re$olução de Ano Novo: comprar menos por impulso
E agora entramos na contagem regressiva para 2007. Hora de fazermos aquelas resoluções de ano novo (que às vezes cumprimos, às vezes preferimos esquecer).
Uma das que decidi tomar foi "aprender a gastar meu dinheiro de forma mais consciente". Não sou daqueles que compra muita coisa por impulso... hmmm... talvez quando estou numa loja FNAC. Aí, eu fico extremamente tentado a comprar livros e DVDs.
Hoje, coincidentemente (acho que estou ficando bom em perceber as coincidências), vi um artigo sobre compras feitas por impulso. Um artigo da professora Eliana Bussinger muito interessante e que vale a pena conferir.
....................................
Você já percebeu que pele, unhas, cabelos, comida, cachorro, gatos e filhos, passaram a precisar, urgentemente, de produtos que sequer existiam no ano passado? Li recentemente um artigo sobre novos cosméticos. Um deles tinha um princípio ativo retirado de uma bactéria encontrada na lama de uma geleira do Oceano Ártico. Puxa!
Não é difícil imaginar que em cinco anos estaremos fazendo uso de produtos e serviços que sequer imaginamos, porque não existem ainda, mas que estão sendo imaginados, e materializados, nos laboratórios das empresas do mundo inteiro.
Novidades estão por toda parte, superlotando as lojas e os supermercados. E, definitivamente, congestionando as nossas mentes. E não raro, os nossos armários.
John Naisbitt, em seu livro 'Megatendências', previu que 70% dos produtos que viriam a compor o PIB do Japão no ano de 2030 ainda não existiam em 1992 (data da pesquisa). Setenta por cento do PIB da segunda maior economia, mudando em 40 anos? Bem, ainda que fosse 30 ou 40%, já seria espantosa a velocidade dessa transformação.
Na primeira economia, os Estados Unidos, as coisas não são muito diferentes. O departamento de patentes americano registrou mais invenções durante os dois governos do presidente Bill Clinton do que em toda sua longa existência.
O pessoal de marketing costuma dizer que essa superabundância de produtos e serviços representa o atendimento das necessidades crescentes dos clientes. Qual é o tipo de iogurte, mesmo, que necessitamos tanto assim? As minhas dúvidas são muitas, confesso. As suas, eu acho, também não devem ser poucas.
Só a escolha de um simples molho de tomate pode se tornar uma tarefa estafante. Macarrões e molhos compõem uma multicolorida e imensa prateleira em qualquer supermercado. E lá ficamos por muitos minutos do nosso precioso tempo avaliando tipos, volumes, formas, temperos, cores, qualidades, marcas. Ah! E preços, claro!
Para o pessoal de finanças tudo isso representa, na realidade, uma explosão de possibilidades de gastos que refletem o ritmo incessante de mudança das empresas. Elas inovam sem parar. Reinventam constantemente produtos e modelos de negócios. Redesenham processos produtivos e formas de negociá-los. Ou seja, como tornar o consumo mais atrativo, mais fácil e mais acessível.
E acessibilidade, geralmente está associada à distribuição (produtos em todos os lugares) e facilidade de pagamento, ou seja, crediário.
Assim, mulheres sem perceber, cedem ao impulso e adquirem produtos e serviços apoiadas não apenas na capacidade de consumo - leia-se disponibilidade de renda - mas no crédito fácil. No cartão, no cheque pré-datado, no crédito ao consumidor ali "dois minutinhos no balcão", ou à sua disposição com apenas uma senha, já que a maioria dos bancos oferece crédito automático, como você já deve ter percebido no extrato da sua conta corrente. E as decisões de compra vão se concretizando, muitas vezes por impulso, sem a percepção exata do risco que se corre por não se conseguir equilibrar os recursos financeiros com a vontade de se ter tudo que está sendo oferecido.
E a gente acaba comprando um monte de coisas que não precisava e mais do que isso, que sequer imaginava possuir um dia.
E muitas delas são absolutamente inúteis. Além de nos comprometerem financeiramente, ficam guardadas, sem nunca serem usadas.
Atenção
1) Um dos principais problemas associado ao comportamento compulsivo é o risco de endividamento excessivo seguido de inadimplência e problemas com crédito.
2) Não compre o que você não precisa ou o que não vai usar
3) Não compre por comprar, para afogar as mágoas ou preencher "um vazio"
4) Resista à propaganda
5) Não insista em manter estilo de vida que não combina mais com a sua renda (ou nunca combinou)
sexta-feira, dezembro 29, 2006
UC Berkeley: moradias ecologicamente corretas
A Universidade da Califórnia (EUA), berço do movimento da contracultura nos anos 60, agora abriga outra revolução: aprender a viver em harmonia com o meio ambiente. Recentemente, a universidade lançou um protótipo de "apartamento verde", que respeita o meio ambiente, para exibir sua visão da vida no campus e fora dele, e mostrar aos estudantes que podem reduzir os danos ao meio ambiente sem gastos extras excessivos ou terem que mudar seu estilo de vida.
À primeira vista, o apartamento se diferencia pouco das acomodações universitárias americanas, pelo menos daquelas dos estudantes homens: um pôster de Mahatma Gandhi na parede, junto a capas de álbuns de Jimi Hendrix. Fotos de mulheres e cenas do filme "Pulp Fiction - Tempo de Violência" enfeitam os computadores com monitores de tela plana.
Mas o apartamento também é equipado com aparelhos de televisão e geladeira que poupam energia, duchas com controle da água, xampus e detergentes de baixa toxicidade, barbeadores não-descartáveis, garrafas de água feitas de alumínio e lençóis de tecido natural ao invés de algodão quimicamente processado.
Travis Zack entra na cozinha, se inclina e sorri, enquanto tira um verme de um montículo escuro em decomposição, dentro de um recipiente de adubo composto cheio de restos de comida. "Acabamos de começar, razão pela qual não há adubo", diz Zack. "Mas já temos os vermes, é um começo".
Zack é um dos quatro estudantes que moram no apartamento, criado pelo Comitê Verde do campus, que começou no ano passado criando um quarto do tipo em uma residência estudantil.
Depois de atrair 230 visitantes no ano passado e de ser premiado pela Agência de Proteção Ambiental americana, o comitê ampliou o conceito para um apartamento completo. No começo de 2007, planeja criar uma "Green Suite" (suíte verde) para abrigar 25 estudantes, segundo a universidade.Há cinco anos a UC Berkeley subscreveu uma política de práticas ecológicas.
A premissa básica dos projetos é que uma pequena melhora nos hábitos pode ter enormes benefícios a longo prazo e quanto antes começar, melhor, disse Lisa Bauer, membro do Comitê Verde. "Os americanos talvez sejam conhecidos por serem hiperconsumistas, mas há pessoas nos Estados Unidos que entendem" a mensagem, disse Bauer.
Dezenas de estudantes se candidataram para morar no "apartamento verde", de dois quartos. Zack, Jonathan Hu, Tim Edgar e Edward Chen foram os escolhidos, após provarem suas credenciais ecológicas. "O que fazemos não é muito diferente da forma como os outros vivem, são só pequenas mudanças no estilo de vida que tiveram um grande impacto", disse Zack, de 20 anos, estudante de Física.
"O fato de que alguns estudantes de Berkeley fiquem meia hora debaixo do chuveiro me parece ridículo", disse Edgar, estudante de engenharia química, que cresceu em uma família que se preocupava com o orçamento. "Tomo banhos de um minuto desde criança. Cresci assim, (por isso) tentar poupar água me parece natural", acrescentou. "Esperamos ampliar isto, mostrando que requer uma pessoa por vez, que é um compromisso pessoal", explicou Bauer.
À primeira vista, o apartamento se diferencia pouco das acomodações universitárias americanas, pelo menos daquelas dos estudantes homens: um pôster de Mahatma Gandhi na parede, junto a capas de álbuns de Jimi Hendrix. Fotos de mulheres e cenas do filme "Pulp Fiction - Tempo de Violência" enfeitam os computadores com monitores de tela plana.
Mas o apartamento também é equipado com aparelhos de televisão e geladeira que poupam energia, duchas com controle da água, xampus e detergentes de baixa toxicidade, barbeadores não-descartáveis, garrafas de água feitas de alumínio e lençóis de tecido natural ao invés de algodão quimicamente processado.
Travis Zack entra na cozinha, se inclina e sorri, enquanto tira um verme de um montículo escuro em decomposição, dentro de um recipiente de adubo composto cheio de restos de comida. "Acabamos de começar, razão pela qual não há adubo", diz Zack. "Mas já temos os vermes, é um começo".
Zack é um dos quatro estudantes que moram no apartamento, criado pelo Comitê Verde do campus, que começou no ano passado criando um quarto do tipo em uma residência estudantil.
Depois de atrair 230 visitantes no ano passado e de ser premiado pela Agência de Proteção Ambiental americana, o comitê ampliou o conceito para um apartamento completo. No começo de 2007, planeja criar uma "Green Suite" (suíte verde) para abrigar 25 estudantes, segundo a universidade.Há cinco anos a UC Berkeley subscreveu uma política de práticas ecológicas.
A premissa básica dos projetos é que uma pequena melhora nos hábitos pode ter enormes benefícios a longo prazo e quanto antes começar, melhor, disse Lisa Bauer, membro do Comitê Verde. "Os americanos talvez sejam conhecidos por serem hiperconsumistas, mas há pessoas nos Estados Unidos que entendem" a mensagem, disse Bauer.
Dezenas de estudantes se candidataram para morar no "apartamento verde", de dois quartos. Zack, Jonathan Hu, Tim Edgar e Edward Chen foram os escolhidos, após provarem suas credenciais ecológicas. "O que fazemos não é muito diferente da forma como os outros vivem, são só pequenas mudanças no estilo de vida que tiveram um grande impacto", disse Zack, de 20 anos, estudante de Física.
"O fato de que alguns estudantes de Berkeley fiquem meia hora debaixo do chuveiro me parece ridículo", disse Edgar, estudante de engenharia química, que cresceu em uma família que se preocupava com o orçamento. "Tomo banhos de um minuto desde criança. Cresci assim, (por isso) tentar poupar água me parece natural", acrescentou. "Esperamos ampliar isto, mostrando que requer uma pessoa por vez, que é um compromisso pessoal", explicou Bauer.
quinta-feira, dezembro 28, 2006
Idéias ecológicas pairando no ar
Pude conferir nestes últimos dias dois filmes: Nausícaa do Vale dos Ventos e Uma verdade inconveniente. Curiosamente, os dois filmes tem um forte viés ecologista.
Nausícaa do Vale dos Ventos é uma animação do mestre japonês Hayao Miyazaki, referendada inclusive pelo WWF - World Wild Fund, e foi classificado no IMDB - Internet Movie Database como uma das 50 melhores produções em ficção científica no cinema.
Numa Terra já degradada pela crescente industrialização, apenas poucas regiões sobreviveram como adequados para a sobrevivência humana. O Vale dos Ventos é um destes lugares a beira do deserto morto. Nausícaa é uma princesa do Vale dos Ventos, com caráter pacifista. O mais interessante é que a paz buscada por Nausícaa não é apenas a paz entre os homens, mas também a paz entre as espécies que habitam o planeta.
Esta produção lembra em muito na temática, o desenho Princesa Mononoke (que aparece na imagem deste post). Muda-se apenas o tempo em que ocorrem as ações. O viés ecológico é o mesmo. Infelizmente, nenhum dos dois desenhos foi lançado aqui no Brasil. Mas, ainda bem que a internet existe e que há recursos que me garantem este acesso.
O outro filme que assisti foi o documentário Uma verdade inconveniente, protagonizado pelo ex-vice-presidente americano Al Gore. O documentário gira em torno da discussão sobre o aquecimento global e suas conseqüências.
Al Gore demonstra uma grande capacidade de abordar o assunto, pintando com tintas realistas e demonstrando uma ponta de esperança na solução do problema. Como ele mesmo pontua, as soluções requerem mais vontade política do que qualquer outra coisa.
Os dados de pesquisas científicas (mostradas a exaustão no documentário) mostram algo que não pode mais ser negado. Desde fotos de satélite que retratam uma dramática redução nas calotas polares a gráficos mostrando a relação entre a concentração de monóxido de carbono e o aquecimento global.
Em alguns momentos, o documentário soa como uma grande propaganda eleitoral. Esqueça estas partes e atenha-se apenas na exposição dos fatos. Este é um filme extremamente educativo.
O mais interessante nisso tudo é que estas idéias de cunho ecológico-preservacionista tem me cercado cada vez mais. De um mini-curso de permacultura a notícias sobre "apartamentos verdes". E agora, de repente me deparo com estes dois filmes que debatem (em diferentes graus) a questão. Será que devo enxergar nisso algum sinal?
Nausícaa do Vale dos Ventos é uma animação do mestre japonês Hayao Miyazaki, referendada inclusive pelo WWF - World Wild Fund, e foi classificado no IMDB - Internet Movie Database como uma das 50 melhores produções em ficção científica no cinema.
Numa Terra já degradada pela crescente industrialização, apenas poucas regiões sobreviveram como adequados para a sobrevivência humana. O Vale dos Ventos é um destes lugares a beira do deserto morto. Nausícaa é uma princesa do Vale dos Ventos, com caráter pacifista. O mais interessante é que a paz buscada por Nausícaa não é apenas a paz entre os homens, mas também a paz entre as espécies que habitam o planeta.
Esta produção lembra em muito na temática, o desenho Princesa Mononoke (que aparece na imagem deste post). Muda-se apenas o tempo em que ocorrem as ações. O viés ecológico é o mesmo. Infelizmente, nenhum dos dois desenhos foi lançado aqui no Brasil. Mas, ainda bem que a internet existe e que há recursos que me garantem este acesso.
O outro filme que assisti foi o documentário Uma verdade inconveniente, protagonizado pelo ex-vice-presidente americano Al Gore. O documentário gira em torno da discussão sobre o aquecimento global e suas conseqüências.
Al Gore demonstra uma grande capacidade de abordar o assunto, pintando com tintas realistas e demonstrando uma ponta de esperança na solução do problema. Como ele mesmo pontua, as soluções requerem mais vontade política do que qualquer outra coisa.
Os dados de pesquisas científicas (mostradas a exaustão no documentário) mostram algo que não pode mais ser negado. Desde fotos de satélite que retratam uma dramática redução nas calotas polares a gráficos mostrando a relação entre a concentração de monóxido de carbono e o aquecimento global.
Em alguns momentos, o documentário soa como uma grande propaganda eleitoral. Esqueça estas partes e atenha-se apenas na exposição dos fatos. Este é um filme extremamente educativo.
O mais interessante nisso tudo é que estas idéias de cunho ecológico-preservacionista tem me cercado cada vez mais. De um mini-curso de permacultura a notícias sobre "apartamentos verdes". E agora, de repente me deparo com estes dois filmes que debatem (em diferentes graus) a questão. Será que devo enxergar nisso algum sinal?
quarta-feira, dezembro 27, 2006
Gosto de Natal
Por que será que este período de festas de final de ano tem gostos completamente característicos? Na ceia de Natal da minha família sempre tem um lombo recheado que minha mãe prepara.
Um sabor tão associado a minha família e a final de ano que mesmo quando minha irmã estava no Japão, lembrava com saudades. Sabores acabam tendo uma relação afetiva muito forte.
Ceia de Natal na minha família tem gosto de lombo recheado e de alguma outra receita nova introduzida (sim, porque senão fica repetitivo demais). A receita nova deste ano era um chester ao molho tailandês e um pastel de forno com massa de batata.
E nos gostos tradicionais, ainda tem cereja e castanha portuguesa. Um luxo que nos permitimos ao menos uma vez ao ano. risos. Por que será que são itens tão caros: Bem, de qualquer forma, acabam fazendo parte do rol de sabores esperados durante o ano inteiro.
Preparar a ceia de Natal, ao menos da minha família, segue toda uma movimentação quase ritualística. Da limpeza de toda área onde vai acontecer a ceia ao preparo dos pratos. E olha que a ceia nem reúne tanta gente assim. Apenas meus pais, eu e meus irmãos.
Mas acho que é um dos poucos momentos onde todos estão reunidos sob um mesmo teto e trabalhando em algo comum. Engraçado... talvez isso devesse acontecer mais vezes durante o ano, mas invariavelmente, no restante do ano, estamos tocando nossas vidas individualmente.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Cultura inútil: o número googol
Detesto esta correria nas ruas. Todo mundo sintonizado nas compras de Natal. Eu nunca curti muito este clima de final de ano. Um clima misto de desespero e obrigatoriedade de sentimentos. Desespero porque parece que todos se dão conta que o ano está acabando e desejam realizar em poucos dias aquilo que deixaram de fazer durante o ano inteiro.
Obrigatoriedade de sentimentos porque há aquele clima meio compulsório de "harmonia" e "felicidade". E aí vem todos aqueles amigos-secretos e festas de final de ano da empresa. Como se aquela velha rixa entre você e o gerente que infernizou sua vida durante o restante do ano, tivesse que ser esquecida. Pior só aquelas pessoas que passam na porta de casa esperando alguma "caixinha" de Natal. E vem o lixeiro, o carteiro, o zelador, o segurança da rua... todos querendo o seu quinhão.
Será que eles também não recebem décimo terceiro? Aliás, décimo terceiro salário? O que é isso? Para mim que estou como autônomo, não tenho nada disso. Acho que era eu quem tinha que pedir uma "caixinha" de Natal para eles.
Enfim, passada esta leve revolta com o clima totalmente distorcido destas festividades de final de ano, voltemos a programação normal.
E como não quero ser sério sempre, acabo também descobrindo coisas inúteis. Olha só... hoje, eu descobri o número googol.
E que raios seria este número googol? Bem, simplesmente é um número 1 seguido de 100 zeros. O equivalente a isso:
1 googol = 10100 =
10,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000
Este termo foi popularizado pelo matemático Edward Kasner (e quem disse que os acadêmicos fazem apenas coisas úteis?) e mais tarde serviu de inspiração para Larry Page.
Quem é Larry Page? Um dos fundadores do buscador Google!! Ah-há... E é justamente isso que você está pensando. Google veio do termo googol.
Obrigatoriedade de sentimentos porque há aquele clima meio compulsório de "harmonia" e "felicidade". E aí vem todos aqueles amigos-secretos e festas de final de ano da empresa. Como se aquela velha rixa entre você e o gerente que infernizou sua vida durante o restante do ano, tivesse que ser esquecida. Pior só aquelas pessoas que passam na porta de casa esperando alguma "caixinha" de Natal. E vem o lixeiro, o carteiro, o zelador, o segurança da rua... todos querendo o seu quinhão.
Será que eles também não recebem décimo terceiro? Aliás, décimo terceiro salário? O que é isso? Para mim que estou como autônomo, não tenho nada disso. Acho que era eu quem tinha que pedir uma "caixinha" de Natal para eles.
Enfim, passada esta leve revolta com o clima totalmente distorcido destas festividades de final de ano, voltemos a programação normal.
E como não quero ser sério sempre, acabo também descobrindo coisas inúteis. Olha só... hoje, eu descobri o número googol.
E que raios seria este número googol? Bem, simplesmente é um número 1 seguido de 100 zeros. O equivalente a isso:
1 googol = 10100 =
10,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000
Este termo foi popularizado pelo matemático Edward Kasner (e quem disse que os acadêmicos fazem apenas coisas úteis?) e mais tarde serviu de inspiração para Larry Page.
Quem é Larry Page? Um dos fundadores do buscador Google!! Ah-há... E é justamente isso que você está pensando. Google veio do termo googol.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Fuck forever
Fuck forever é o nome de uma sessão do zine O2 neurônio. Para quem não conhece o O2 Neurônio, vale a pena visitar. São 3 jornalistas (Nina, Raq Affonso e Jô) que se juntaram para falar do universo feminino com muito humor.
Humor sarcástico e muitas vezes detonante, diga-se de passagem. fico agora na curiosidade de conferir os almanaques já lançados pelas 3: Almanaque para garotas calientes e Guia da mulher superior.
Mas voltando ao Fuck forever. Navegando por ali, encontrei um pequeno texto falando do mico que é alugar um filme pornô. Divirtam-se...
.................................
Você está com o seu pretê em casa no domingo à tarde. E está um tédio. Vocês já viram tudo que está passando na TV, inclusive entrevistas da Hortência nas Olimpíadas e churrasco do pessoal do No Limite no Faustão. Daí você tem uma grande idéia: pegar um filme pornô na locadora! Isso, vocês se vestem e vão todos animadinhos.
Só que quando chegam lá descobrem que a sessão de filmes de sacanagem é no andar superior, e você vai ter que subir uma escadinha constrangedora. Todos vão olhar, porque tem uma placa gigante escrito Erótico, apontando pra lá. A saída: mandar seu pretê sozinho. Enquanto isso, você fica disfarçadamente olhando as fitas da sessão Filmes Europeus.
Só que isso não adianta de nada, porque quando vocês vão pagar, a ficha é no seu nome. Então você tem que assinar um recibo escrito: Tesão Anal da Mulher Gato! Como pode existir um filme com um nome assim e você ainda estar alugando isso?! Será que fica registrado na sua ficha da locadora?
Bom, chegando em casa, surge a seguinte dúvida: é de bom tom comer pipoca durante a projeção da fita? Ou isso pode acabar com toda a atmosfera erótica? Melhor comer a pipoca antes. Ou depois.
Começa a fita. Aparece um cara vestindo uma calça saintropeito e de rabo de cavalo! Todo o tesão que poderia existir desaparece na hora. Uma loura siliconada aparece e começa a tirar a calça do rapaz e tchan, tchan, tchan: ele está com um bip pendurado na calça! Isso mesmo! Além de rabo de cavalo, calça saintropeito, o cara ainda tem um bip! Eca!
O problema dessas fitas pornôs é que não tem história nenhuma, o cara chega lá, começa a transar com a mulher (que nunca tem pêlos, que coisa impressionante), mostram vários closes e ele goza na boca da moça. Sempre. Eca de novo.
Muito chato. Desisti no meio e voltei pras Olimpíadas. A ginástica olímpica estava bem melhor.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Extinto
Sempre ouço com certa dor o anúncio de ecologistas sobre a extinção de espécies. Geralmente, são espécies de insetos ou aves. Alguns mamíferos ficam sempre na lista de ameaçados de extinção.
Hoje, vi a notícia de que uma espécie de mamífero foi declarada extinta. Nas águas do rio Yangtsé, um dos maiores rios do mundo, vivia o golfinho Baiji. Desde 2004 não se encontra mais exemplar algum deste golfinho nas águas do rio (e olha que foi vasculhado um total de mais de 2000km de rio). Com a morte do último exemplar em cativeiro em 2002, foi extinta mais uma espécie pelo homem.
Quer ver um golfinho Baiji? Agora só por fotos... como a que ilustra este post.
Fico triste em saber que por conta do desenvolvimento econômico, tenhamos que aniquilar outras espécies. Às vezes, sinto vergonha de pertencer a espécie humana...
Hoje, vi a notícia de que uma espécie de mamífero foi declarada extinta. Nas águas do rio Yangtsé, um dos maiores rios do mundo, vivia o golfinho Baiji. Desde 2004 não se encontra mais exemplar algum deste golfinho nas águas do rio (e olha que foi vasculhado um total de mais de 2000km de rio). Com a morte do último exemplar em cativeiro em 2002, foi extinta mais uma espécie pelo homem.
Quer ver um golfinho Baiji? Agora só por fotos... como a que ilustra este post.
Fico triste em saber que por conta do desenvolvimento econômico, tenhamos que aniquilar outras espécies. Às vezes, sinto vergonha de pertencer a espécie humana...
domingo, dezembro 17, 2006
Eu amo as sinapses
Final de semana cheio de imprevistos e semana agitada. Meus dias paulistanos sempre tem o ritmo da cidade. E isso significa, muitas vezes, poucas (ou nenhuma) horas de sono.
No meio de reuniões de projeto, entrevistas e leituras, sempre surge tempo para um social. Impossível deixar de se divertir (e sem precisar gastar muito) em Sampa. Basta se deixar levar muitas vezes pelo fluxo dos acontecimentos.
E neste fluxo de acontecimentos, ouço de repente uma frase que sintetiza bem este fluxo: "Eu amo as sinapses". Tudo bem que a frase foi dita por alguém que já estava no décimo copo de cerveja. Mas traduz bem esta interligação que vai sendo formada entre as próprias pessoas no ritmo da história de cada um.
Veja só: de repente, um telefonema do Cláudio para marcar um encontro na Paulista. O encontro não acontece e foi prontamente substituído pelo encontro com outra amiga ainda na região da Paulista. (E viva o celular!)
Encontrei minha amiga Stephânia no cabelereiro e pude conferir como as mulheres sofrem. Nunca tinha visto pessoas passando por processos de tintura de cabelo. E como elas ficam horas e horas neste processo. Eu estava na FNAC e fiquei me perdendo no meio de vários livros (e com aquela coceira para comprar alguns: um HQ desenhado por Robert Crumb e que falava de Franz Kafka, uma coletânea de poesias do Arnaldo Antunes...). Apareci ali no salão de cabeleireiro apenas para vê-la no processo final de tingimento: cheia de papel-alumínio nas mechas de cabelo. Visão inusitada.
De lá, fomos para o Blú Café, num encontro convocado pela Cláudia. Detalhe: eu não conhecia ninguém e minha amiga foi comigo, arrastada no turbilhão. Ali, um monte de gente interessante e conversas das mais loucas acontecendo: do processo educacional a música dos Barbatuques, de plâncton fosforecente a ideogramas em mandarim, do Tao-te-king a viagens de trem pela metrópole.
Um grupinho interessante e que, com certeza, se forma no intuito de continuar nos devaneios em outros encontros.
Do café para um churrasco organizado por um grupo de estudantes de Turismo. Detalhe: eu não conhecia ninguém, a Stephânia (que estava me acompanhando) também não. Fomos de "agregado", naquele esquema de "eu sou amigo da amiga da organizadora". Só que neste esquema eram eu e mais 5 pessoas (todas do grupo do café).
No churrasco, um inusitado abacaxi grelhado veio saciar a curiosidade de sabor do dia. E muita risada ao ver um monte de gente alterada pela bebida. Eu, que não posso beber, passo agora o meu tempo me divertindo com o estado alterado de consciência dos outros. risos.
Do churrasco para um jantar na casa de um casal que tinha conhecido naquele dia (e que estava agregado ao grupo de eventos). Coisa inusitada. De repente, conheço pessoas e já estou frequentando a casa deles no mesmo dia. Ahhh... e é claro, a minha amiga Stephania sendo ainda arrastada no turbihão de eventos.
O jantar se transforma num sarau e, todos cantando até às 7h00 do dia seguinte. Eu tocando um pandeiro (olha só uma experiência nova para agregar na minha história), todos cantando de Beatles a Roupa Nova, de Bon Jovi a Caetano Veloso, de Ah-Ha a Gilberto Gil.
Do jantar que se transformou em sarau, um saldo de novos amigos: André, um desenhista, quase-arquiteto, Lavínia, uma bauruense super-alto-astral e Ricardo, um sociólogo da Fefeleche (foram carinhosa de chamar a FFLCH da USP) que faz poemas em mandarim.
E do jantar-sarau, próxima parada na padaria Dona Deôla, na Lapa, para um café-da-manhã. E mais conversa. E de lá para a casa de meus pais, porque nesta altura dos acontecimentos, meu corpo já pedia um banho e uma troca de camisa.
Da casa dos meus pais, fui correndo para um almoço (de volta a região da Paulista) no Sujinho. Restaurante tradicional, antigamente conhecido como "bar das putas". Apesar do prato tradicional do lugar ser a bisteca bovina, fui mesmo direto num filé a parmigianna dividido com a minha irmã.
De lá para o computador. Contabilizando exatas 32 horas ininterruptas de atividade e sem sono. E daqui, direto para meu descanso merecido. Com a sensação de que ao deixar a história fluir, muita coisa boa acontece.
No meio de reuniões de projeto, entrevistas e leituras, sempre surge tempo para um social. Impossível deixar de se divertir (e sem precisar gastar muito) em Sampa. Basta se deixar levar muitas vezes pelo fluxo dos acontecimentos.
E neste fluxo de acontecimentos, ouço de repente uma frase que sintetiza bem este fluxo: "Eu amo as sinapses". Tudo bem que a frase foi dita por alguém que já estava no décimo copo de cerveja. Mas traduz bem esta interligação que vai sendo formada entre as próprias pessoas no ritmo da história de cada um.
Veja só: de repente, um telefonema do Cláudio para marcar um encontro na Paulista. O encontro não acontece e foi prontamente substituído pelo encontro com outra amiga ainda na região da Paulista. (E viva o celular!)
Encontrei minha amiga Stephânia no cabelereiro e pude conferir como as mulheres sofrem. Nunca tinha visto pessoas passando por processos de tintura de cabelo. E como elas ficam horas e horas neste processo. Eu estava na FNAC e fiquei me perdendo no meio de vários livros (e com aquela coceira para comprar alguns: um HQ desenhado por Robert Crumb e que falava de Franz Kafka, uma coletânea de poesias do Arnaldo Antunes...). Apareci ali no salão de cabeleireiro apenas para vê-la no processo final de tingimento: cheia de papel-alumínio nas mechas de cabelo. Visão inusitada.
De lá, fomos para o Blú Café, num encontro convocado pela Cláudia. Detalhe: eu não conhecia ninguém e minha amiga foi comigo, arrastada no turbilhão. Ali, um monte de gente interessante e conversas das mais loucas acontecendo: do processo educacional a música dos Barbatuques, de plâncton fosforecente a ideogramas em mandarim, do Tao-te-king a viagens de trem pela metrópole.
Um grupinho interessante e que, com certeza, se forma no intuito de continuar nos devaneios em outros encontros.
Do café para um churrasco organizado por um grupo de estudantes de Turismo. Detalhe: eu não conhecia ninguém, a Stephânia (que estava me acompanhando) também não. Fomos de "agregado", naquele esquema de "eu sou amigo da amiga da organizadora". Só que neste esquema eram eu e mais 5 pessoas (todas do grupo do café).
No churrasco, um inusitado abacaxi grelhado veio saciar a curiosidade de sabor do dia. E muita risada ao ver um monte de gente alterada pela bebida. Eu, que não posso beber, passo agora o meu tempo me divertindo com o estado alterado de consciência dos outros. risos.
Do churrasco para um jantar na casa de um casal que tinha conhecido naquele dia (e que estava agregado ao grupo de eventos). Coisa inusitada. De repente, conheço pessoas e já estou frequentando a casa deles no mesmo dia. Ahhh... e é claro, a minha amiga Stephania sendo ainda arrastada no turbihão de eventos.
O jantar se transforma num sarau e, todos cantando até às 7h00 do dia seguinte. Eu tocando um pandeiro (olha só uma experiência nova para agregar na minha história), todos cantando de Beatles a Roupa Nova, de Bon Jovi a Caetano Veloso, de Ah-Ha a Gilberto Gil.
Do jantar que se transformou em sarau, um saldo de novos amigos: André, um desenhista, quase-arquiteto, Lavínia, uma bauruense super-alto-astral e Ricardo, um sociólogo da Fefeleche (foram carinhosa de chamar a FFLCH da USP) que faz poemas em mandarim.
E do jantar-sarau, próxima parada na padaria Dona Deôla, na Lapa, para um café-da-manhã. E mais conversa. E de lá para a casa de meus pais, porque nesta altura dos acontecimentos, meu corpo já pedia um banho e uma troca de camisa.
Da casa dos meus pais, fui correndo para um almoço (de volta a região da Paulista) no Sujinho. Restaurante tradicional, antigamente conhecido como "bar das putas". Apesar do prato tradicional do lugar ser a bisteca bovina, fui mesmo direto num filé a parmigianna dividido com a minha irmã.
De lá para o computador. Contabilizando exatas 32 horas ininterruptas de atividade e sem sono. E daqui, direto para meu descanso merecido. Com a sensação de que ao deixar a história fluir, muita coisa boa acontece.
domingo, dezembro 10, 2006
O labirinto do fauno
Cada um de nós tem uma sombra. E esta sombra vive num mundo bidimensional. Tem apenas largura e comprimento. Nós, diferente das sombras, vivemos num mundo de várias dimensões (largura, comprimento, altura, tempo-espaço e várias outras que os físicos demostrariam aqui) e quase nunca tomamos conhecimento deste mundo em que vivem nossas sombras.
Nós temos uma vida pulsante, cheia de acontecimentos e emoções. Uma vida plena de decepções, alegrias e desejos. Diferentemente da minha sombra, eu desejo, eu ajo, eu me desespero, eu sonho. Mas será isso mesmo ou será que essa vida é apenas a ilusão de uma outra vida, a sombra de um outra vida?
Seríamos apenas sombras de seres de dimensões superiores? E assim como a nossa sombra que jaz ali no solo, seríamos apenas sombras um pouco mais sofisticadas?
Ofélia parece viver entre dois mundos: o mundo real (a Espanha franquista de 1944, onde ela é enteada de um capitão do exército) e o mundo da ilusão (o mundo subterrâneo, onde ela é uma princesa aguardada por todos). E Ofélia oscila entre entre estes dois mundos, como se quisesse sair da sombra de seu mundo real e embarcar no outro mundo ao qual realmente pertence.
"Quem é você?", pergunta Ofélia ao ser que a aborda no princípio desta jornada de fantasia. "Eu? Eu tenho tantos nomes... nomes antigos que somente o vento e as árvores podem pronunciar. Eu sou a montanha, a floresta e a terra. Eu sou.. eu sou um fauno. Seu mais humilde servo, Vossa Alteza."
O filme é "O labirinto do fauno", do diretor espanhol Guillermo del Toro (que já tinha nos brindado com "A espinha do diabo"). E nos brinda com uma fantasia delirante e ao mesmo tempo sombria.
Dizem que os contos-de-fada surgiram como relatos populares com a intenção de dar lições de conduta para as crianças. Dizem também que com o passar dos anos, muitos contos-de-fada foram sendo suavizados. O final de "Cinderela", por exemplo, mostrava a madrasta recebendo uma punição por toda a forma que tinha tratado a enteada: o príncipe mandava os soldados calçarem nos pés da madrasta, sapatos de ferro em brasa.
O final de "Chapeuzinho vermelho" mostrava a menina indo dormir com o lobo (vestido de vovozinha) e sendo devorada. Sem caçador para tirar tanto a menina quanto a avó do estômago.
"O labirinto do fauno" resgata um pouco do clima das fábulas originais. Há vários aspectos sombrios permeando o filme, tanto na vida real quanto na vida fantástica. A violência da guerra se contrapõe com a esperança de um mundo mágico.
E no meio de tanto delírio, deixo aqui o convite para que todos confiram este pequena pérola do cinema.
Nós temos uma vida pulsante, cheia de acontecimentos e emoções. Uma vida plena de decepções, alegrias e desejos. Diferentemente da minha sombra, eu desejo, eu ajo, eu me desespero, eu sonho. Mas será isso mesmo ou será que essa vida é apenas a ilusão de uma outra vida, a sombra de um outra vida?
Seríamos apenas sombras de seres de dimensões superiores? E assim como a nossa sombra que jaz ali no solo, seríamos apenas sombras um pouco mais sofisticadas?
Ofélia parece viver entre dois mundos: o mundo real (a Espanha franquista de 1944, onde ela é enteada de um capitão do exército) e o mundo da ilusão (o mundo subterrâneo, onde ela é uma princesa aguardada por todos). E Ofélia oscila entre entre estes dois mundos, como se quisesse sair da sombra de seu mundo real e embarcar no outro mundo ao qual realmente pertence.
"Quem é você?", pergunta Ofélia ao ser que a aborda no princípio desta jornada de fantasia. "Eu? Eu tenho tantos nomes... nomes antigos que somente o vento e as árvores podem pronunciar. Eu sou a montanha, a floresta e a terra. Eu sou.. eu sou um fauno. Seu mais humilde servo, Vossa Alteza."
O filme é "O labirinto do fauno", do diretor espanhol Guillermo del Toro (que já tinha nos brindado com "A espinha do diabo"). E nos brinda com uma fantasia delirante e ao mesmo tempo sombria.
Dizem que os contos-de-fada surgiram como relatos populares com a intenção de dar lições de conduta para as crianças. Dizem também que com o passar dos anos, muitos contos-de-fada foram sendo suavizados. O final de "Cinderela", por exemplo, mostrava a madrasta recebendo uma punição por toda a forma que tinha tratado a enteada: o príncipe mandava os soldados calçarem nos pés da madrasta, sapatos de ferro em brasa.
O final de "Chapeuzinho vermelho" mostrava a menina indo dormir com o lobo (vestido de vovozinha) e sendo devorada. Sem caçador para tirar tanto a menina quanto a avó do estômago.
"O labirinto do fauno" resgata um pouco do clima das fábulas originais. Há vários aspectos sombrios permeando o filme, tanto na vida real quanto na vida fantástica. A violência da guerra se contrapõe com a esperança de um mundo mágico.
E no meio de tanto delírio, deixo aqui o convite para que todos confiram este pequena pérola do cinema.
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Pirata
Ultimamente tenho descoberto muitas coisas. Um desenho japonês do Hayao Miyazaki que nunca foi lançado aqui no Brasil. Músicas de uma missa indígena feita pela Marlui Miranda. Um CD do Karnak, banda que nem existe mais, e que eu curto bastante. Um filme espanhol de diretor desconhecido e que não foi lançado em DVD aqui no Brasil. Graphic novels de uma série que foi lançada mas que não chegou até o final.
Com casos assim, fica difícil tentar se manter atualizado sem ter que desembolsar alguns dólares (ou euros). E para mim, que não ganho nem em dólares e muito menos em euros, manter-se atualizado com o que você curte fica mais difícil ainda.
Dizem que a internet veio como forma de democratizar informações. Sem dúvida alguma. Se não fosse pela internet e os milhões de instrumentos para garimpar (sim, porque existe também muito lixo "democratizado" na internet), todas estas obras estariam ainda obscuras para mim.
O que eu faço é ilegal? Será que isso é pirataria? Mas se eu busco um conteúdo com o fim apenas de conhecer e sem finalidade comercial, isso configura pirataria mesmo assim?
Lá na Bienal de artes de São Paulo, uma obra evocava a discussão entre o copyright e a pirataria. O mote era "conhecimento e informação não tem donos". A criação de conceitos como o "copy-left" e o "creative commons" dão a mim um alento de que estamos caminhando para uma solução pacífica para o acesso a todas as informações.
Basta agora as indústrias culturais deixarem a ganância de lado e querer entrar em acordo.
Com casos assim, fica difícil tentar se manter atualizado sem ter que desembolsar alguns dólares (ou euros). E para mim, que não ganho nem em dólares e muito menos em euros, manter-se atualizado com o que você curte fica mais difícil ainda.
Dizem que a internet veio como forma de democratizar informações. Sem dúvida alguma. Se não fosse pela internet e os milhões de instrumentos para garimpar (sim, porque existe também muito lixo "democratizado" na internet), todas estas obras estariam ainda obscuras para mim.
O que eu faço é ilegal? Será que isso é pirataria? Mas se eu busco um conteúdo com o fim apenas de conhecer e sem finalidade comercial, isso configura pirataria mesmo assim?
Lá na Bienal de artes de São Paulo, uma obra evocava a discussão entre o copyright e a pirataria. O mote era "conhecimento e informação não tem donos". A criação de conceitos como o "copy-left" e o "creative commons" dão a mim um alento de que estamos caminhando para uma solução pacífica para o acesso a todas as informações.
Basta agora as indústrias culturais deixarem a ganância de lado e querer entrar em acordo.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Permacultura
Quem já me lê há um bom tempo sabe que o meu "ponto fraco" (ou ponto forte, depende de quem vê) é a curiosidade. Tenho em mim este desejo de aprender, de saber sempre mais. E foi isto que me levou a transitar pelas mais diferentes "tribos" e pelos mais diversos assuntos.
Recentemente, recebi o e-mail de uma amiga geógrafa divulgando um evento relacionado a Semana de Geografia da PUC. O evento era um mini-curso de dois dias para falar sobre a permacultura.
Imagino que vocês, assim como eu fiz, estejam perguntando o que é permacultura.
Permacultura é um termo que vem da junção de duas palavras: cultura e permanente. O termo, desenvolvido pelos australianos Bill Mollison e Davi Holmegren em 1974, define uma ética de trabalho com espaços e ambientes de forma sustentável.
O que aprendi neste mini-curso é que a permacultura é um método transdisciplinar que integra várias áreas do conhecimento humanos (agricultura, arquitetura, engenharia, paisagismo, economia, educação...) com o objetivo de criar ambientes humanos sustentáveis.
Não sei se foi o ambiente do curso ou se foram os palestrantes. Mas ultimamente, tenho me visto tão interessado em me aprofundar neste conhecimento. Talvez porque tenha percebido na filosofia da permacultura uma forma de solução para vários problemas atuais.
A imagem que ilustra este post é o símbolo da permacultura: um ourobouros (a cobra que morde a própria cauda, mostrando o ciclo de início-fim-reinício) circundando a árvore da vida.
E acho que esta abordagem de se buscar a harmonia com os outros e com o espaço em que estamos é significativa para todos hoje.
domingo, dezembro 03, 2006
C.R.A.Z.Y.
Ultimamente tenho escutado uma versão de "As curvas da estrada de Santos" cantada pela Paula Toller. Confesso que nunca tinha dado muita atenção para a letra da música e agora vejo até uma certa identificação da letra da música com alguns aspectos.
E foi esta sensação de identificação que aconteceu quando fui conferir "C.R.A.Z.Y.", filme do canadense Jean-Marc Vallée.
Sabe aquela angústia adolescente? Toda aquela dúvida a respeito de quem se é realmente e até onde devemos romper com os ideais dos nossos pais? E sabe quando esta angústia adolescente parece invadir ainda nossa vida adulta?
O filme trabalha vários aspectos deste sentimento de angústia e de dúvida ao abordar a história de uma família da classe média canadense. Pais católicos, família numerosa (são cinco irmãos) e conflitos de personalidade.
O título do filme brinca com vários significados: ora é um acrônimo com as iniciais dos nomes dos filhos da família Beaulieu (Christian, Raymond, Antoine, Zachary, Yvan), ora é o título da música favorita do pai (que no filme é fã de Patsy Cline e Charles Aznavour).
Mas o título do filme faz referência a loucura (crazy = louco) que permeia todo este processo de busca e aceitação da própria identidade. Um processo muitas vezes dolorido porque choca com os ideais previstos pelos pais e pelos outros.
Até onde devemos considerar aquilo que os outros esperam de nós? Para ter a aceitação dos nossos pais devemos sacrificar a própria identidade?
O filme foca o conflito de Zachary com o pai. Vindo de um família machista e católica, Zachary passa por um período de indefinição. Não sabe se gosta da vizinha ou se gosta do namorado da prima. E procura reprimir seus desejos para não decepcionar a família.
"C.R.A.Z.Y." foi destaque em dois festivais recentes em Sampa: a Mostra Internacional e o Festival Mix Brasil. Vale a pena conferir. E prestar atenção também na trilha sonora que mescla Patsy Cline, Charles Aznavour, David Bowie e Rolling Stones.
E foi esta sensação de identificação que aconteceu quando fui conferir "C.R.A.Z.Y.", filme do canadense Jean-Marc Vallée.
Sabe aquela angústia adolescente? Toda aquela dúvida a respeito de quem se é realmente e até onde devemos romper com os ideais dos nossos pais? E sabe quando esta angústia adolescente parece invadir ainda nossa vida adulta?
O filme trabalha vários aspectos deste sentimento de angústia e de dúvida ao abordar a história de uma família da classe média canadense. Pais católicos, família numerosa (são cinco irmãos) e conflitos de personalidade.
O título do filme brinca com vários significados: ora é um acrônimo com as iniciais dos nomes dos filhos da família Beaulieu (Christian, Raymond, Antoine, Zachary, Yvan), ora é o título da música favorita do pai (que no filme é fã de Patsy Cline e Charles Aznavour).
Mas o título do filme faz referência a loucura (crazy = louco) que permeia todo este processo de busca e aceitação da própria identidade. Um processo muitas vezes dolorido porque choca com os ideais previstos pelos pais e pelos outros.
Até onde devemos considerar aquilo que os outros esperam de nós? Para ter a aceitação dos nossos pais devemos sacrificar a própria identidade?
O filme foca o conflito de Zachary com o pai. Vindo de um família machista e católica, Zachary passa por um período de indefinição. Não sabe se gosta da vizinha ou se gosta do namorado da prima. E procura reprimir seus desejos para não decepcionar a família.
"C.R.A.Z.Y." foi destaque em dois festivais recentes em Sampa: a Mostra Internacional e o Festival Mix Brasil. Vale a pena conferir. E prestar atenção também na trilha sonora que mescla Patsy Cline, Charles Aznavour, David Bowie e Rolling Stones.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Notícias em cima da hora
Dois eventos para quem estiver em Sampa. Sei que estou divulgando muito em cima da hora, mas também sei que quem se interessar genuinamente irá, Melhor divulgar do que não o fazer.
O primeiro evento é a estréia de Kinetos, o mais novo filme da Entre Quatro, produtora do meu amigo Fabrício Leotti. A estréia será no dia 03 de dezembro (neste domingo), às 19h00 no St. John´ s Irish Pub (Rua Itapura, 1327 - Tatuapé).
E só para deixar todos com vontade, veja só o trailer do filme.
O segundo evento é um curso na Universidade Aberta de Meio Ambiente e Cultura de Paz. O curso tratará do tema "Viva bem no mundo que você tem". E acho um apelo interessante para quem vive neste caos urbano da metrópole. Mais detalhes do curso na figura deste post.
terça-feira, novembro 28, 2006
O melhor lugar para... - um guia de Sampa: parte 3 de 3
21: O melhor lugar para sentir o cheiro do campo
Saudade do cheiro da fazenda? Graças à cavalaria da Polícia Militar, ele é garantido na avenida Tiradentes, na área central. Diferentemente dos cachorros, cujos donos são obrigados por lei a recolher seus dejetos, os cavalos da PM vão deixando suas necessidades fisiológicas (bem maiores, aliás) pelas ruas. É campo, sim -minado.
22: O melhor lugar para se sentir no Rio
Qual a diferença entre andar de montanha-russa no Playcenter e pegar um ônibus no balneário carioca? Bem, na montanha-russa, o carro subir e despencar faz parte da brincadeira e costuma acabar bem. Já nos coletivos cariocas, o chão é o limite e os desavisados freqüentemente beijam a lona. E a semelhança? A adrenalina. Nas curvas, a impressão é a de que o carro (em ambos) vai ficar em duas rodas -e não adianta segurar nas barras de ferro e fechar os olhos ou você vai perder a única coisa que faz o ônibus carioca levar vantagem: a paisagem das praias é muuuiiito melhor que a vista da marginal Tietê.
23: O melhor lugar para sentir numa rua fantasma de madrugada
Há mais de 400 anos, era o caminho que ligava o colégio dos Jesuítas ao mosteiro São Bento; chamava-se então rua do Rosário. Depois da República, o nome mudou para 15 de Novembro. Hoje, a colméia humana do dia vira cenário de cidade abandonada à noite. Na dúvida, respeite o passado e leve um terço: o lugar é tão deserto que você se assusta com a própria sombra e o eco dos passos.
24: O melhor lugar para ficar invisível
Faça como os bichos, camufle-se na paisagem. Um bom lugar para isso é misturar-se à massa compacta que atravessa o cruzamento da Paulista com a Brigadeiro Luiz Antônio, na hora do almoço ou do rush, quando o farol de pedestres abre. É ali que os batedores de carteira aproveitam o truque da invisibilidade para incrementar o faturamento.
25: O melhor lugar para ter um ataque de pânico
Poucas coisas são mais claustrofóbicas do que 1 milhão de pessoas espremidas na 25 de Março -é o equivalente ao dobro da população de Luxemburgo (443 mil) em uma rua. Mas sossegue, isso só acontece em datas comerciais importantes: o movimento normal é só de 500 mil pessoas -quase o dobro da população de Barbados (275 mil).
26: O melhor lugar para achar frutas de plástico
Mais um ponto para a 25 de Março: é o melhor lugar para comprar não apenas frutas de plástico, mas também barbeador elétrico falsificado, remédio natural para reumatismo, violão chinês, gongo, máscara do Batman, bolinhas de isopor, anão de jardim, gravata do Mickey, camisa da Portuguesa... Tudo o que você não precisa você encontra lá.
27: O melhor lugar para namorar na praça como no interior
A praça da Matriz, na Freguesia do Ó, tem tudo: a igrejinha, bancos, jardim, pipoqueiro e botequim. Com 144 mil habitantes, a Freguesia ainda conserva certo ar de interior paulista, não à toa. Um dos bairros mais antigos de São Paulo, era na então "distante" Freguesia que os bandeirantes paravam para abastecer antes de enfrentar as longas viagens pelo interior.
28: O melhor lugar para exibicionistas/ voyeuristas
Sem dúvida, o Minhocão, e em duas vias. De fora para dentro, quem mora nos andares mais baixos dos prédios vira personagem de "reality show" diurno: de carro, no trânsito parado ou perambulando no viaduto aos domingos, é difícil não esticar os olhos para uma das centenas de janelas, onde sempre tem alguém em ação. De dentro para fora, os shows são noturnos e, portanto, mais "hardcore": com o elevado fechado, moradores de rua, notívagos e os praticantes da mais velha profissão do mundo mostram a vida como ela é.
29: O melhor lugar para se sentir na polinésia francesa
Não é preciso atravessar o Pacífico Sul. Essa pequena e ensolarada ilha deserta fica em plena represa de Guarapiranga, a 2 km da avenida Robert Kennedy, em Interlagos, zona sul. O lugar, originalmente chamado de ilha das Formigas, por causa de suas minúsculas moradoras autóctones, tem duas árvores e um farol, nada mais. Paul Gauguin estranharia a falta de belas nativas, mas não poderia reclamar da praticidade: em 15 minutos de barco, ele estaria em São Paulo. Só não se sabe para quê.
30: O melhor lugar para despedidas amorosas
Separação tem que ser triste, e a rodoviária Tietê é o cenário perfeito. O ritual do adeus é longo: você pode pegar o metrô com a pessoa amada, carregar suas malas, esperar na plataforma e dar tchauzinho pela janela; com sorte, ele/ela se senta do lado direito, prolongando o adeus até que o ônibus faça a curva e deixe de vez o terminal. Melhor que em "Casablanca" (tem até aquela névoa da cena final, a diferença é que aqui cheira a diesel).
segunda-feira, novembro 27, 2006
O melhor lugar para... - um guia de Sampa: parte 2 de 3
11: O melhor lugar para marcar encontros pela internet
O Conjunto Nacional tem tudo o que você precisa. É fácil chegar, de metrô, de ônibus ou de carro. Tem um café, para iniciar a conversa; uma livraria, para descobrir gostos em comum; um cinema, caso a história evolua para algo mais romântico; restaurantes, se precisar espichar o papo; e uma galeria, para uma digestão culturete. E tem solução para qualquer desfecho: uma farmácia, para comprar camisinha; um hotel com preço honesto na mesma calçada; e policiamento, caso seu
amigo virtual se transforme em perigo real. Melhor de tudo: também permite passar incógnito, se um dos dois mentiu deslavadamente sobre a triste figura.
12: O melhor lugar para exorcizar seus demônios
Dizem que a melhor forma de se proteger contra assaltos na praça da Sé é correr para dentro da catedral. Em princípio, nenhum cristão seria capaz de cometer tal ato dentro da casa de Deus. Mesmo que não funcione - caso o larápio seja ateu ou um neoliberal extremado - entrar na igreja lava a alma de qualquer pecador. Desde a reforma, em 2002, ela está impecável.
13: O melhor lugar para PEGAR UM BRONZE
Parque Ibirapuera. A praça da Paz, onde acontecem os shows gratuitos, é uma vasta área verde sem nenhuma árvore que atrapalhe a visão do palco. Portanto, sem nenhuma sombra para se proteger do sol. Na hora do entusiasmo, você nem se lembra disso. Depois, nunca mais esquece. A marca da camiseta o persegue por meses a fio.
14: O melhor lugar para xingar o juiz
No pequeno e aconchegante estádio do Juventus, na Mooca, dá para escutar até as instruções do técnico. Primeiro, porque o torcedor fica muito perto do gramado; segundo, porque a torcida juventina muitas vezes não chega a mil pessoas.
15: O melhor lugar para pensar que São Paulo não tem mar
Faróis servem para orientar navegantes sobre a entrada de portos ou sinalizar áreas perigosas, como a presença de recifes. Qual seria a função de um farol de navegação em plena São Paulo? O farol do Jaguaré, na rua Salatiel de Campos, tem 23 metros e foi erguido na década de 1930 pelo primo de Santos Dumont, o urbanista Henrique Dumont Villares, com o objetivo de orientar embarcações no rio Pinheiros. Seu relógio não funciona, mas o farol está aberto à visitação pública.
16: O melhor lugar para ter o carro levado pela enxurrada
Não há seguradora capaz de contestar o sinistro. Ao sentir os primeiros pingos (espere aqueles grandes e pesados), compre pipoca e corra para a região de Aricanduva, mais precisamente para a rua Iemanjá -quer lugar mais apropriado para homenagear a rainha das águas? A água sobe com uma velocidade impressionante, e logo você flutuará como um barco: é hora de subir para o teto e clamar por socorro, já que a correnteza causada pelo transbordamento do Aricanduva costuma arrastar tudo. As bocas-de-lobo, que deveriam levar a água das ruas para o Aricanduva, estão abaixo da borda do córrego e fazem o inverso. Esperto.
17: O melhor lugar público para transar perigosamente
Lembre-se, é atentado ao pudor, mas, nesse aspecto, o parque Trianon oferece o pacote completo. É proibido entrar à noite, portanto mais excitante. É preciso pular a grade, portanto mais aventureiro. Na natureza exuberante, o casal pode encarnar Adão e Eva e libertar seus instintos primitivos. Ah, e ainda tem as lixeiras, para jogar fora a camisinha. Sem contar o risco de ser assaltado.
18: O melhor lugar para DESCOBRIR que o tempo VOA
Aos 18, você preferia descer/subir as ladeiras de Perdizes a pé (santa vitalidade, Batman!) e não de carro: com sua parca experiência ao volante, engatar a primeira e "segurar" o carro o fazia suar frio. Hoje, tudo mudou: subir a pé, seu coração não agüenta; descer é arrumar confusão com as próprias pernas.
19: O melhor lugar para tomar banho de cachoeira
O melhor lugar é debaixo do elevado Costa e Silva em dia de chuva. Dependendo do lugar, a cachoeira pode lembrar um "Véu de Noiva", em que a água se distribui como renda, ou "Niagara Falls", um jato assustador de toneladas de líquido. Leve em conta o elemento surpresa, pois sua fonte é imprecisa.
20: O melhor lugar para descobrir onde estão os homens QUE FALTAM
Mulheres vivem reclamando da falta de rapazes disponíveis e se perguntando aonde vão? Estão todos no mesmo lugar: nos bares e casas noturnas da rua da Consolação, entre as alamedas Itu e Tietê. A quantidade (e, quase sempre, a qualidade) é de encher os olhos. O detalhe, que aqui faz toda a diferença, é que a recíproca não é verdadeira. Eles não estão sentindo falta das mulheres. Ali é território gay.
domingo, novembro 26, 2006
O melhor lugar para... - um guia de Sampa: parte 1 de 3
São Paulo é um caso de amor e ódio. Sei que há vários problemas, sei que há o estresse do trânsito diário, sei que há tanta coisa que me faria desistir de querer morar numa cidade como esta. Mas São Paulo não é uma cidade comum: não tem a beleza natural de um Rio de Janeiro nem a arquitetura colonial de Salvador. O que Sampa tem que me fascina tanto? Realmente não sei... mas sei que não aguento ficar tanto tempo longe. Sensação de estar na cidade em que tudo acontece, sensação de estar sintonizado com o mundo inteiro quando se está lá.
São Paulo é um enigma. E para tentar mostrar um pouco deste enigma, selecionei um texto em que se expõe alguns lugares especiais em Sampa. Enjoy it!
.......................................
1: O melhor lugar para alcançar a "iluminação"
Foi exatamente debaixo de uma figueira que Buda atingiu, aos 35 anos, a "iluminação". Localizada no parque da Luz, há uma figueira que tem mais de 100 anos e, para abraçar seu tronco, são necessárias 12 pessoas. A espécie é originária da Índia e veio parar no parque graças a Dom João 6º, que em 1798 decidiu criar um ortobotânico com espécies nativas e estrangeiras para extração de madeira.
2: O melhor lugar para maldizer a existência de motoboys
Eles estão por toda parte, mas parecem se multiplicar como "gremlins" na rua da Consolação. O farol fecha e, em poucos segundos, os três que ocupavam a dianteira da pista já são seis, depois 12 e assim sucessivamente, em progressão geométrica. Mudar de pista é uma atitude de alto risco. Nunca se sabe quando nem de onde eles podem surgir. E se você "fecha" sem querer apenas um, compra briga com todos.
3: O melhor lugar para abençoar a APARIÇÃO de UM taxista
No Jardim Ângela, Shakespeare mudaria o "meu reino por um cavalo" para "meu reino por um táxi". Ali, eles são tão raros quanto diamantes. Por dois motivos: é uma viagem longa (mais de uma hora desde a região central), cara (em torno de R$ 60, só a ida) e, no jargão profissional, "sem volta": retorna-se vazio ou com falsos passageiros, que entram em dupla para fazer assaltos.
4: O melhor lugar para praguejar contra marronzinhos
Escolha o cruzamento das avenidas Rebouças e Brasil. Sempre há pelo menos um, seja para mandar parar, quando o farol está verde, ou andar, quando o vermelho diz o contrário. Você obedece o farol -está condicionado- e leva multa (ou passa o dia injuriado, achando que levou). Justiça seja feita, no trânsito paulistano é difícil não embirrar com os marronzinhos: por percepção seletiva, o motorista só os vê quando o tráfego está parado (e ele irritado) ou depois de alguma barbeiragem proibida (e ele multado).
5: O melhor lugar para tomar bolo ou chá de cadeira
As escadarias do prédio da Gazeta, na Paulista, são um clássico: dá para esperar sentado, sem dar pinta de quem levou "bolo" e há sempre o que observar enquanto o tempo não passa: a zoeira dos adolescentes do Objetivo, os atores amadores que se apresentam ali na frente, as greves que atrapalham o trânsito. Se não estiver acontecendo nada, é possível comprar um jornal na banca da frente ou um sorvete de casquinha ali do lado. E esperar.
6: O melhor lugar para FALAR MAL DE Oscar Niemeyer
Dizem que o arquiteto tem alguma coisa contra o verde -e o Memorial da América Latina parece prova inconteste. É um mar de concreto que, em dias escaldantes, se torna mais inóspito que o Saara. Oscar Niemeyer já argumentou que o espaço livre, sem vegetação, valoriza a arquitetura (é mais ou menos como preferir ficar careca para valorizar o design da cabeça). Ainda bem que ele não pensou nisso quando projetou o parque Ibirapuera.
7: O melhor lugar para "ver" a poluição
Lugares poluídos não faltam, mas nada mais simbólico do que uma avenida chamada Bandeirantes para ficar literalmente cara a cara com um "patrimônio" da cidade. Escolha a faixa central e fique no banco do passageiro: os caminhões jogam aquela fumaça negra diretamente no seu nariz, você respira fundo e se sente um verdadeiro Anhanguera. Das 23 estações de controle de ar da Cetesb, a de Congonhas (que cobre Bandeirantes e Washington Luís) era a que mais estourava os limites de emissão de monóxido de carbono, produzido pelos veículos. Isso melhorou. Desde 2003, segundo a Cetesb, nenhuma estação ultrapassa mais esse limite. Mas fique tranqüilo, a sensação intoxicante continua a mesma.
8: O melhor lugar para fingir que está em Paris
Às vezes, a mais parte mais interessante de uma apresentação no Teatro Municipal é o intervalo. Você pede uma taça de prosecco, passeia pelo salão nobre e, com ar existencialista, vai ao terraço. Não vai ver exatamente a Avenue de Opera, mas a vista do Viaduto do Chá é bem bonita. Se estiver frio, melhor: enrole-se em um cachecol usado e diga que comprou no mercado de pulgas.
9: O melhor lugar para se perder
Caia na conversa daquela "dica imperdível": um amigo falou de uma pizzaria incrível no Brás. E você vai. Mas pega o viaduto errado no parque Dom Pedro e vai parar na Mooca. Pergunta às pessoas no caminho, e ninguém conhece nada. Pede o guia emprestado a um taxista, mas parece que todas as ruas são contramão. Já desistindo, cai numa rua escura e, sem querer, encontra a pizzaria. Nessa altura, a fome é tão grande que você entende por que a pizza é tão incrível assim.
10: O melhor lugar para soltar a voz
A acústica não é tão boa quanto o boxe do banheiro, mas a motivação para soltar a voz (ou necessidade) é incomparável quando se está no túnel Anhangabaú, principalmente com trânsito intenso. Imagine o Bono Vox cantando para 100 mil fanáticos no Morumbi sem o retorno (aquele aparelhinho para ouvir a própria voz): só ouve o barulho. Tentar conversar no carro, com as janelas abertas, é o mesmo que trocar palavras em um show da banda Motorhead.
São Paulo é um enigma. E para tentar mostrar um pouco deste enigma, selecionei um texto em que se expõe alguns lugares especiais em Sampa. Enjoy it!
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1: O melhor lugar para alcançar a "iluminação"
Foi exatamente debaixo de uma figueira que Buda atingiu, aos 35 anos, a "iluminação". Localizada no parque da Luz, há uma figueira que tem mais de 100 anos e, para abraçar seu tronco, são necessárias 12 pessoas. A espécie é originária da Índia e veio parar no parque graças a Dom João 6º, que em 1798 decidiu criar um ortobotânico com espécies nativas e estrangeiras para extração de madeira.
2: O melhor lugar para maldizer a existência de motoboys
Eles estão por toda parte, mas parecem se multiplicar como "gremlins" na rua da Consolação. O farol fecha e, em poucos segundos, os três que ocupavam a dianteira da pista já são seis, depois 12 e assim sucessivamente, em progressão geométrica. Mudar de pista é uma atitude de alto risco. Nunca se sabe quando nem de onde eles podem surgir. E se você "fecha" sem querer apenas um, compra briga com todos.
3: O melhor lugar para abençoar a APARIÇÃO de UM taxista
No Jardim Ângela, Shakespeare mudaria o "meu reino por um cavalo" para "meu reino por um táxi". Ali, eles são tão raros quanto diamantes. Por dois motivos: é uma viagem longa (mais de uma hora desde a região central), cara (em torno de R$ 60, só a ida) e, no jargão profissional, "sem volta": retorna-se vazio ou com falsos passageiros, que entram em dupla para fazer assaltos.
4: O melhor lugar para praguejar contra marronzinhos
Escolha o cruzamento das avenidas Rebouças e Brasil. Sempre há pelo menos um, seja para mandar parar, quando o farol está verde, ou andar, quando o vermelho diz o contrário. Você obedece o farol -está condicionado- e leva multa (ou passa o dia injuriado, achando que levou). Justiça seja feita, no trânsito paulistano é difícil não embirrar com os marronzinhos: por percepção seletiva, o motorista só os vê quando o tráfego está parado (e ele irritado) ou depois de alguma barbeiragem proibida (e ele multado).
5: O melhor lugar para tomar bolo ou chá de cadeira
As escadarias do prédio da Gazeta, na Paulista, são um clássico: dá para esperar sentado, sem dar pinta de quem levou "bolo" e há sempre o que observar enquanto o tempo não passa: a zoeira dos adolescentes do Objetivo, os atores amadores que se apresentam ali na frente, as greves que atrapalham o trânsito. Se não estiver acontecendo nada, é possível comprar um jornal na banca da frente ou um sorvete de casquinha ali do lado. E esperar.
6: O melhor lugar para FALAR MAL DE Oscar Niemeyer
Dizem que o arquiteto tem alguma coisa contra o verde -e o Memorial da América Latina parece prova inconteste. É um mar de concreto que, em dias escaldantes, se torna mais inóspito que o Saara. Oscar Niemeyer já argumentou que o espaço livre, sem vegetação, valoriza a arquitetura (é mais ou menos como preferir ficar careca para valorizar o design da cabeça). Ainda bem que ele não pensou nisso quando projetou o parque Ibirapuera.
7: O melhor lugar para "ver" a poluição
Lugares poluídos não faltam, mas nada mais simbólico do que uma avenida chamada Bandeirantes para ficar literalmente cara a cara com um "patrimônio" da cidade. Escolha a faixa central e fique no banco do passageiro: os caminhões jogam aquela fumaça negra diretamente no seu nariz, você respira fundo e se sente um verdadeiro Anhanguera. Das 23 estações de controle de ar da Cetesb, a de Congonhas (que cobre Bandeirantes e Washington Luís) era a que mais estourava os limites de emissão de monóxido de carbono, produzido pelos veículos. Isso melhorou. Desde 2003, segundo a Cetesb, nenhuma estação ultrapassa mais esse limite. Mas fique tranqüilo, a sensação intoxicante continua a mesma.
8: O melhor lugar para fingir que está em Paris
Às vezes, a mais parte mais interessante de uma apresentação no Teatro Municipal é o intervalo. Você pede uma taça de prosecco, passeia pelo salão nobre e, com ar existencialista, vai ao terraço. Não vai ver exatamente a Avenue de Opera, mas a vista do Viaduto do Chá é bem bonita. Se estiver frio, melhor: enrole-se em um cachecol usado e diga que comprou no mercado de pulgas.
9: O melhor lugar para se perder
Caia na conversa daquela "dica imperdível": um amigo falou de uma pizzaria incrível no Brás. E você vai. Mas pega o viaduto errado no parque Dom Pedro e vai parar na Mooca. Pergunta às pessoas no caminho, e ninguém conhece nada. Pede o guia emprestado a um taxista, mas parece que todas as ruas são contramão. Já desistindo, cai numa rua escura e, sem querer, encontra a pizzaria. Nessa altura, a fome é tão grande que você entende por que a pizza é tão incrível assim.
10: O melhor lugar para soltar a voz
A acústica não é tão boa quanto o boxe do banheiro, mas a motivação para soltar a voz (ou necessidade) é incomparável quando se está no túnel Anhangabaú, principalmente com trânsito intenso. Imagine o Bono Vox cantando para 100 mil fanáticos no Morumbi sem o retorno (aquele aparelhinho para ouvir a própria voz): só ouve o barulho. Tentar conversar no carro, com as janelas abertas, é o mesmo que trocar palavras em um show da banda Motorhead.
sexta-feira, novembro 24, 2006
Quando os porcos voarem...
"When pigs fly?" Isso não faz o menor sentido. Quando foi que os porcos criaram asas? Mesmo assim, para um falante nativo do idioma de Shakespeare, isso faz muito sentido.
A frase "when pigs fly" é um ótimo exemplo de idiom, ou uma expressão que tem um significado completamente diferente das palavras que a compõe. Vamos dar uma olhada nesses divertidos exemplos!
When pigs fly
Os porcos não podem voar! É impossível, o que é precisamente o que a expressão quer dizer. Por exemplo, você escuta alguém dizer, "Do you think Mary will quit her job now that she's pregnant?" Outra pessoa responde, "Yeah, when pigs fly! There is no way she is giving up her career!" Quando foi usada a expressão when pigs fly, quer dizer que é impossível que a Mary desista do seu emprego.
Get in someone's hair
Se você get in someone's hair, você não escalou até o topo da sua cabeça! Pelo contrário, isso quer dizer que você está enchendo a pessoa - talvez invadindo seu espaço pessoal. Por exemplo, "Susan was trying to prepare dinner, but her children were getting in her hair!" Isso significa que os filhos de Susan estavam perturbando quando ela estava cozinhando. Se alguém está te perturbando, você pode dizer, "Get out of my hair!"
Hit the ceiling
O teto está bem longe das nossas cabeças, então não é tão fácil atingi-lo - a não ser que você esteja muito nervoso! Se alguém hits the ceiling quer dizer que ele está reagindo de forma agressiva. Por exemplo, "When Carol's son got an F on his report card, she hit the ceiling!" Isso quer dizer que Carol ficou furiosa quando seu filho reprovou em uma matéria.
Knock someone's socks off
Pode até ser possível pull as meias de alguém - mas como você pode knock as meias de alguém? Impressionando-as é claro! Por exemplo, "You should see Tom's new car! It'll knock your socks off, it's so amazing!" Isso quer dizer que o novo carro de Tom é muito impressionante!
Bite the bullet
Como seria o sabor de uma bala de revólver se você a provasse? Não tão bom. Então por que alguém bite the bullet? Isso é dito quando se enfrenta com coragem uma situação complicada. Por exemplo, "She had to bite the bullet and give in to her boss's unreasonable demands." Isso quer dizer que ela agiu com bravura quando se deparou com as exigências injustas de seu chefe.
Drive someone up a wall
Os carros não dirigem pelas paredes, então quem pode drive you up a wall? Alguém que está te aborrecendo pode! Por exemplo, "My mom is driving me up a wall! She won't ever let me stay out late." Isso quer dizer que estou muito aborrecido pelo fato de minha mãe não deixar eu ficar fora até tarde.
A frase "when pigs fly" é um ótimo exemplo de idiom, ou uma expressão que tem um significado completamente diferente das palavras que a compõe. Vamos dar uma olhada nesses divertidos exemplos!
When pigs fly
Os porcos não podem voar! É impossível, o que é precisamente o que a expressão quer dizer. Por exemplo, você escuta alguém dizer, "Do you think Mary will quit her job now that she's pregnant?" Outra pessoa responde, "Yeah, when pigs fly! There is no way she is giving up her career!" Quando foi usada a expressão when pigs fly, quer dizer que é impossível que a Mary desista do seu emprego.
Get in someone's hair
Se você get in someone's hair, você não escalou até o topo da sua cabeça! Pelo contrário, isso quer dizer que você está enchendo a pessoa - talvez invadindo seu espaço pessoal. Por exemplo, "Susan was trying to prepare dinner, but her children were getting in her hair!" Isso significa que os filhos de Susan estavam perturbando quando ela estava cozinhando. Se alguém está te perturbando, você pode dizer, "Get out of my hair!"
Hit the ceiling
O teto está bem longe das nossas cabeças, então não é tão fácil atingi-lo - a não ser que você esteja muito nervoso! Se alguém hits the ceiling quer dizer que ele está reagindo de forma agressiva. Por exemplo, "When Carol's son got an F on his report card, she hit the ceiling!" Isso quer dizer que Carol ficou furiosa quando seu filho reprovou em uma matéria.
Knock someone's socks off
Pode até ser possível pull as meias de alguém - mas como você pode knock as meias de alguém? Impressionando-as é claro! Por exemplo, "You should see Tom's new car! It'll knock your socks off, it's so amazing!" Isso quer dizer que o novo carro de Tom é muito impressionante!
Bite the bullet
Como seria o sabor de uma bala de revólver se você a provasse? Não tão bom. Então por que alguém bite the bullet? Isso é dito quando se enfrenta com coragem uma situação complicada. Por exemplo, "She had to bite the bullet and give in to her boss's unreasonable demands." Isso quer dizer que ela agiu com bravura quando se deparou com as exigências injustas de seu chefe.
Drive someone up a wall
Os carros não dirigem pelas paredes, então quem pode drive you up a wall? Alguém que está te aborrecendo pode! Por exemplo, "My mom is driving me up a wall! She won't ever let me stay out late." Isso quer dizer que estou muito aborrecido pelo fato de minha mãe não deixar eu ficar fora até tarde.
quinta-feira, novembro 23, 2006
Amor é divino, sexo é animal... amor é bossa-nova, sexo é carnaval...
Não sei se é verdade. Não fui consultar as provas de vestibular da Universidade da Bahia nem sei como é que a pessoa quem divulgou este e-mail soube da nota que a vestibulanda recebeu. De qualquer forma é divertido... Enjoy!
...................................
Durante o vestibular, a Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer".
Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:
"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"
Ganhou nota dez.
Foi a primeira vez, ao longo de mais de 500 anos, que alguém desconfiou que o problema de Camões era falta de mulher...
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Durante o vestibular, a Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer".
Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:
"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"
Ganhou nota dez.
Foi a primeira vez, ao longo de mais de 500 anos, que alguém desconfiou que o problema de Camões era falta de mulher...
segunda-feira, novembro 20, 2006
Alma não tem cor
Dizem que hoje foi o dia em que Zumbi dos Palmares foi assassinado. Hoje comemora-se o Dia da Consciência Negra. E por incrível que pareça, é feriado em algumas cidades do Brasil.
Eu sinto um certo incômodo com tudo isso. Da mesma forma que sinto um certo incômodo ao ver projetos como o das cotas para negros nas universidades. Num mundo ideal, não seria preciso dar cotas para ninguém porque todos teriam acesso a educação. Ok, ok. Estamos longe de estar num mundo ideal e estamos longe de estar numa sociedade igualitária.
E agora, citando a filósofa alemã Hannah Arendt: "não nascemos livres nem iguais. Liberdade e igualdade são marcos a serem alcançados".
Já tive colegas de trabalho negros, mas nunca tive colegas de trabalho de origem indígena. Será que deveríamos criar cotas para os índios? Aliás, uma lei recente obriga empresas a preencher parte de seus quadros de funcionários com pessoas portadoras de deficiência.
O problema é que não se encontram pessoas portadoras de deficiência qualificadas em número suficiente para a demanda criada. Mas até aí, o problema passa a ser das empresas e não do Estado que não deu acesso a educação básica aos portadores de deficiência.
Tudo aqui soa como uma corrida pela igualdade de direitos, só que uma corrida improvisada, onde a solução dada muitas vezes leva a um jogo de empurra-empurra. Ninguém quer a responsabilidade pelo problema.
Cotas para negros nas universidades? Não seria melhor investir na melhoria da escola básica e na abertura de mais vagas? Acho que o problema não é a cor da pele, o problema é a situação econômica de cada célula familiar. Existem pobres brancos, existem pobres negros, existem pobres amarelos, existem pobres pardos e pobres de todas as cores que quiserem criar.
O problema é menos de cor e mais de distribuição.
Eu sinto um certo incômodo com tudo isso. Da mesma forma que sinto um certo incômodo ao ver projetos como o das cotas para negros nas universidades. Num mundo ideal, não seria preciso dar cotas para ninguém porque todos teriam acesso a educação. Ok, ok. Estamos longe de estar num mundo ideal e estamos longe de estar numa sociedade igualitária.
E agora, citando a filósofa alemã Hannah Arendt: "não nascemos livres nem iguais. Liberdade e igualdade são marcos a serem alcançados".
Já tive colegas de trabalho negros, mas nunca tive colegas de trabalho de origem indígena. Será que deveríamos criar cotas para os índios? Aliás, uma lei recente obriga empresas a preencher parte de seus quadros de funcionários com pessoas portadoras de deficiência.
O problema é que não se encontram pessoas portadoras de deficiência qualificadas em número suficiente para a demanda criada. Mas até aí, o problema passa a ser das empresas e não do Estado que não deu acesso a educação básica aos portadores de deficiência.
Tudo aqui soa como uma corrida pela igualdade de direitos, só que uma corrida improvisada, onde a solução dada muitas vezes leva a um jogo de empurra-empurra. Ninguém quer a responsabilidade pelo problema.
Cotas para negros nas universidades? Não seria melhor investir na melhoria da escola básica e na abertura de mais vagas? Acho que o problema não é a cor da pele, o problema é a situação econômica de cada célula familiar. Existem pobres brancos, existem pobres negros, existem pobres amarelos, existem pobres pardos e pobres de todas as cores que quiserem criar.
O problema é menos de cor e mais de distribuição.
domingo, novembro 19, 2006
Retornar
O passado sempre bate a nossa porta para cobrar a dívida pendente? E quando a dívida contraída é consigo mesmo? Será que enterramos muita coisa no passado, sob camadas e mais camadas de memória, para podermos seguir adiante? E o que acontece quando o passado parece não mais bater a porta e sim, esmurrá-la e tenta forçar passagem para uma solução?
Volver, mais recente filme de Almodóvar, fala basicamente sobre isso. Mostra uma constelação de personagens femininas fortes e marcantes. Este é um filme de mulheres fortes. Nada de lágrimas em dramas rasos, nada de mulheres se descabelando por conta de uma tragédia.
As mulheres em "Volver" fluem com naturalidade em situações difíceis. Unem-se, brigam, questionam, agem. Não foi à toa que o elenco feminino ganhou em conjunto o prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes (e ao que me consta, foi a primeira vez que isso aconteceu).
Pedro Almodóvar é um dos poucos diretores que conseguem me fazer desejar ir ao cinema, independente de qualquer crítica ou elenco. Gosto daquela estética confessadamente kitsch e das personagens fortes em situações que eu só poderia chamar de "almovorianas", situações com um toque bizarro e que poderiam cair no melodramático exaltado mas que soam extremamente naturais em seus filmes.
Quem puder conferir, não perca.
No próximo post falo mais sobre Sampa, gravuras, Mix Brasil e outras coisinhas mais.
Volver, mais recente filme de Almodóvar, fala basicamente sobre isso. Mostra uma constelação de personagens femininas fortes e marcantes. Este é um filme de mulheres fortes. Nada de lágrimas em dramas rasos, nada de mulheres se descabelando por conta de uma tragédia.
As mulheres em "Volver" fluem com naturalidade em situações difíceis. Unem-se, brigam, questionam, agem. Não foi à toa que o elenco feminino ganhou em conjunto o prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes (e ao que me consta, foi a primeira vez que isso aconteceu).
Pedro Almodóvar é um dos poucos diretores que conseguem me fazer desejar ir ao cinema, independente de qualquer crítica ou elenco. Gosto daquela estética confessadamente kitsch e das personagens fortes em situações que eu só poderia chamar de "almovorianas", situações com um toque bizarro e que poderiam cair no melodramático exaltado mas que soam extremamente naturais em seus filmes.
Quem puder conferir, não perca.
No próximo post falo mais sobre Sampa, gravuras, Mix Brasil e outras coisinhas mais.
sábado, novembro 18, 2006
Separar ou manter junto?
No Blog do André, blog mantido pelo jornalista André Fischer, o post fala sobre uma reflexão a respeito do amor.
Segundo relato do jornalista, tudo começou por conta de um set de músicas em que Peter Hook, baixista do New Order, mixou num verdadeiro diálogo duas músicas: Love will tear us apart (clássico do Joy Division) e Love will keep us together (da dupla Captain and Tenille).
O refrão de cada uma destas músicas é justamente o título. E na mixagem ficavam dialogando em eterna discussão: love will tear us apart (traduzindo: o amor irá nos separar) e love will keep us together (tradução: o amor irá nos manter juntos).
A reflexão despertada por esta mixagem levou à seguinte questão: o amor, no final das contas, vai nos separar ou nos aproximar?
E pensando nisso tudo, não sei se posso chegar numa resposta simples. Amor é algo complicado. Depende de muita coisa. Depende de pele e depende de doação, depende de superar certa dose de individualismo e depende de sinceridade.
O amor deveria sempre aproximar. Mas existem pessoas que se amam mas que não conseguem se entender e nesta incompatibilidade, por mais amor que exista, a consequência seria a separação.
A resposta? O amor pode nos separar. O amor pode nos aproximar. Quem disse que há uma fórmula universal?
quinta-feira, novembro 16, 2006
Rosa que sana
Existe amizade orkútica? Durante muito tempo, duvidei da possibilidade de uma amizade sincera se desenvolver na internet. Acredito sim que seja possível fazer contatos iniciais e que estes contatos possam um dia se tornar amizade depois de alguns chás e muita conversa.
Hoje, apesar de todas as máscaras que a internet permite, apesar da comunicação rápida (e muitas vezes superficial) que impera na rede, vejo que há espaços para pessoas que conseguem superar tudo isso e cativar.
E neste momento, lembro daquela conversa entre o Pequeno Príncipe e a raposa. A raposa ensina o Pequeno Príncipe sobre o significado de "cativar". Cativar é criar laços, segundo a lição da raposa, e faz-se gradualmente, com certa dose de paciência e rotina.
Num momento que não se sabe quando, fomos cativados. E quem cativa torna-se eternamente responsável pelo cativado. Na despedida, a raposa chorou com a partida do Pequeno Príncipe. E ele retrucou: "Eu não queria te fazer sofrer". E ela apenas respondia que "tinha ganhado a cor do trigo" entre as memórias afetivas dela porque o trigo era da cor dos cabelos do Pequeno Príncipe.
Hoje é aniversário da Rosana, uma destas grandes surpresas do orkut. Amiga de um amigo de um amigo... Nestes cruzamentos virtuais, acabamos parando para uma conversa que se prolonga em todos os momentos possíveis. E tal qual a raposa, eu também ganhei. Ganhei na memória afetiva o uso do recurso de gravar a voz do MSN. Coisa que nunca tinha usado e que vi a primeira vez com a Rosana.
Parabéns, Rosana! Você sabe que eu continuo sempre aqui na torcida, não é?
Hoje, apesar de todas as máscaras que a internet permite, apesar da comunicação rápida (e muitas vezes superficial) que impera na rede, vejo que há espaços para pessoas que conseguem superar tudo isso e cativar.
E neste momento, lembro daquela conversa entre o Pequeno Príncipe e a raposa. A raposa ensina o Pequeno Príncipe sobre o significado de "cativar". Cativar é criar laços, segundo a lição da raposa, e faz-se gradualmente, com certa dose de paciência e rotina.
Num momento que não se sabe quando, fomos cativados. E quem cativa torna-se eternamente responsável pelo cativado. Na despedida, a raposa chorou com a partida do Pequeno Príncipe. E ele retrucou: "Eu não queria te fazer sofrer". E ela apenas respondia que "tinha ganhado a cor do trigo" entre as memórias afetivas dela porque o trigo era da cor dos cabelos do Pequeno Príncipe.
Hoje é aniversário da Rosana, uma destas grandes surpresas do orkut. Amiga de um amigo de um amigo... Nestes cruzamentos virtuais, acabamos parando para uma conversa que se prolonga em todos os momentos possíveis. E tal qual a raposa, eu também ganhei. Ganhei na memória afetiva o uso do recurso de gravar a voz do MSN. Coisa que nunca tinha usado e que vi a primeira vez com a Rosana.
Parabéns, Rosana! Você sabe que eu continuo sempre aqui na torcida, não é?
terça-feira, novembro 14, 2006
Podemos ser amigos simplesmente?
E eu que só queria amizade, tive que me confrontar com os cuidados para rejeitar sem magoar... Aff! E tudo o que eu desejava era apenas uma amizade, alguém para conversar em alguns momentos. Nada mais além disso.
De repente, alguém que eu nem considerava para ter relacionamento amoroso algum, se declara... Eu que não gosto de magoar ninguém, fico naquela "saia justa". Falar o que? "Ahhh... mas eu me vejo mais como um irmão para você"? Ou ir para o mais clichê "Acho que somos ótimos amigos e tenho medo de estragar esta amizade com um romance"?
Confesso que ainda fico perdido nestas situações. E o pior de tudo é que não é a primeira vez que acontece. Já aconteceu diversas vezes e em todas eu nunca sabia o que dizer.
Conversando com uma amiga, desabafei e disse que não entendia o porquê disso tudo acontecer. E a resposta dela foi que "no começo eu achava que você estava me cantando também. Só depois é que fui perceber que este era mesmo o seu jeito".
Quer dizer que agora tenho que tomar cuidado para não ser tão educado ou tão atencioso com os outros? Corro o risco de seduzir alguém mesmo sem intenção? Ahhh... eu me recuso a acreditar nisso.
Ou a carência rola muito solta pelo mundo (e qualquer forma de atenção se transforma em "cantada") ou eu estou muito por fora da forma como todos exercitam a sedução nesta época.
De repente, alguém que eu nem considerava para ter relacionamento amoroso algum, se declara... Eu que não gosto de magoar ninguém, fico naquela "saia justa". Falar o que? "Ahhh... mas eu me vejo mais como um irmão para você"? Ou ir para o mais clichê "Acho que somos ótimos amigos e tenho medo de estragar esta amizade com um romance"?
Confesso que ainda fico perdido nestas situações. E o pior de tudo é que não é a primeira vez que acontece. Já aconteceu diversas vezes e em todas eu nunca sabia o que dizer.
Conversando com uma amiga, desabafei e disse que não entendia o porquê disso tudo acontecer. E a resposta dela foi que "no começo eu achava que você estava me cantando também. Só depois é que fui perceber que este era mesmo o seu jeito".
Quer dizer que agora tenho que tomar cuidado para não ser tão educado ou tão atencioso com os outros? Corro o risco de seduzir alguém mesmo sem intenção? Ahhh... eu me recuso a acreditar nisso.
Ou a carência rola muito solta pelo mundo (e qualquer forma de atenção se transforma em "cantada") ou eu estou muito por fora da forma como todos exercitam a sedução nesta época.
domingo, novembro 12, 2006
Le temps qui reste
Final de semana com toques interessantes. Neste domingo, um dia chuvoso se mostra convidativo para a leitura... e é o que vou fazer depois deste post.
Ontem, recebo um telefonema de uma amiga me convidando para uma caminhada. Atualmente moro em Santos e caminhar na praia é um típico programa de final de semana. Não tenho o costume de fazer isso sempre porque detesto praia lotada. Geralmente caminho logo nas primeiras horas da manhã ou a noite.
Enfim, ontem fui encontrar esta minha amiga para caminharmos juntos pela praia. Saí daqui de casa (próximo do canal 6) e fui encontrá-la no canal 3 (uns 2km). Ali, encontrei outros amigos dela e fomos todos nós em direção a cidade vizinha (São Vicente).
Quando vi, já estava seguindo para a casa de um amigo deles que eu nem conhecia. E tudo isso, gerando um percurso total de 5 km e algumas centenas de metros só de ida. De repente, eu me vejo no apartamento de um amigo de amigos e embarcando num almoço improvisado.
Na volta (e antes que pergunte, sim, voltei a pé para casa), eu e Gwa demos uma parada no Cinearte Posto 4, um antigo posto dos bombeiros que foi convertido em sala de cinema.
Entramos e fomos conferir "Le temps qui reste" (tradução: "O tempo que resta"), do diretor francês François Ozon.
O filme trata de um tema já explorado a exaustão pelos dramas: um jovem descobre que tem poucos meses de vida e começa a questionar muita coisa que fez e que vive. Nenhuma novidade até aí. Mais um filme que volta a embarcar em reflexões sobre a vida, mas ao menos, não chega a pieguice (como seria fácil de se chegar).
Um dos momentos que mais curti foi o encontro do protagonista com a avó (feita pela Jeanne Moureau). Romain, o protagonista, resolve contar que está doente apenas para a avó paterna. E ela, ao saber que ele não tinha falado disso para mais ninguém, pergunta o porquê dele ter contado apenas para ela.
A resposta de Romain foi amargamente sincera: "Porque você também está próxima da morte". Uma lembrança de que a morte é caminho natural para todos, uns estão mais próximos, outros mais distantes. Mas todos iremos morrer.
Depois do filme, voltei para o meu caminho de volta para casa. Resultado do dia: uma caminhada de mais de 10km (e como a caminhada foi sob o sol, minha pele sem protetor solar ardeu em reclamações), um almoço improvisado no meio de pessoas estranhas e regado a muitas risadas, um filme nada excepcional falando sobre alguém que resolve fazer as pazes com os outros e consigo mesmo. Foi um bom dia...
Ontem, recebo um telefonema de uma amiga me convidando para uma caminhada. Atualmente moro em Santos e caminhar na praia é um típico programa de final de semana. Não tenho o costume de fazer isso sempre porque detesto praia lotada. Geralmente caminho logo nas primeiras horas da manhã ou a noite.
Enfim, ontem fui encontrar esta minha amiga para caminharmos juntos pela praia. Saí daqui de casa (próximo do canal 6) e fui encontrá-la no canal 3 (uns 2km). Ali, encontrei outros amigos dela e fomos todos nós em direção a cidade vizinha (São Vicente).
Quando vi, já estava seguindo para a casa de um amigo deles que eu nem conhecia. E tudo isso, gerando um percurso total de 5 km e algumas centenas de metros só de ida. De repente, eu me vejo no apartamento de um amigo de amigos e embarcando num almoço improvisado.
Na volta (e antes que pergunte, sim, voltei a pé para casa), eu e Gwa demos uma parada no Cinearte Posto 4, um antigo posto dos bombeiros que foi convertido em sala de cinema.
Entramos e fomos conferir "Le temps qui reste" (tradução: "O tempo que resta"), do diretor francês François Ozon.
O filme trata de um tema já explorado a exaustão pelos dramas: um jovem descobre que tem poucos meses de vida e começa a questionar muita coisa que fez e que vive. Nenhuma novidade até aí. Mais um filme que volta a embarcar em reflexões sobre a vida, mas ao menos, não chega a pieguice (como seria fácil de se chegar).
Um dos momentos que mais curti foi o encontro do protagonista com a avó (feita pela Jeanne Moureau). Romain, o protagonista, resolve contar que está doente apenas para a avó paterna. E ela, ao saber que ele não tinha falado disso para mais ninguém, pergunta o porquê dele ter contado apenas para ela.
A resposta de Romain foi amargamente sincera: "Porque você também está próxima da morte". Uma lembrança de que a morte é caminho natural para todos, uns estão mais próximos, outros mais distantes. Mas todos iremos morrer.
Depois do filme, voltei para o meu caminho de volta para casa. Resultado do dia: uma caminhada de mais de 10km (e como a caminhada foi sob o sol, minha pele sem protetor solar ardeu em reclamações), um almoço improvisado no meio de pessoas estranhas e regado a muitas risadas, um filme nada excepcional falando sobre alguém que resolve fazer as pazes com os outros e consigo mesmo. Foi um bom dia...
sexta-feira, novembro 10, 2006
Eu não quero ganhar. Eu quero chegar junto, sem perder...
Em certo momento do filme "Pequena Miss Sunshine", Richard diz que o mundo se divide entre "perdedores" e "vencedores".
Apesar de viver numa sociedade que valoriza tremendamente a competição, por que será que ninguém gosta de ser um perdedor? Será que podemos vencer em todas as ocasiões? E nesta era de puro darwinismo social, vencerão sempre os mais fortes?
A história é o registro da visão dos vencedores. Mas será que quem "perdeu" nunca contribuiu em nada? Sinceramente, não consigo acreditar que só os "vencedores" tem alguma contribuição positiva para este mundo.
E no filme, o que se vê é justamente um desfile de "fracassados": um professor universitário com tendências suicidas, um palestrante que fala sobre "como atingir o sucesso" e que não emplaca seus próprios sonhos, um avô viciado em heroína e em pornografia, um adolescente que deseja ser piloto de avião e que fez voto de silêncio, uma garotinha míope e gordinha que sonha em ser miss, uma mãe que se equilibra no meio das frustrações dos outros.
"Pequena Miss Sunshine" pode ser visto por várias facetas: talvez um filme sobre uma família desajustada e que numa viagem pelas estradas do país encontra nas adversidades de cada um, algo comum que os une como família. Talvez um filme que critica a sociedade competitiva e que insiste em vender "sonhos de felicidade" (corpo perfeito, roupas e celulares e carros e computadores e...).
De qualquer forma, para quem puder conferir, vá. Para aqueles que estão órfãos da Mostra Internacional, o filme é uma brisa no meio de tantos filmes pouco atraentes.
Perdedores ou vencedores? Acho que a melhor resposta é dada no próprio filme: "Um verdadeiro perdedor é alguém que está com tanto medo de não vencer e por isso nem tenta".
Eu continuo por aqui... tentando e seguindo adiante.
Apesar de viver numa sociedade que valoriza tremendamente a competição, por que será que ninguém gosta de ser um perdedor? Será que podemos vencer em todas as ocasiões? E nesta era de puro darwinismo social, vencerão sempre os mais fortes?
A história é o registro da visão dos vencedores. Mas será que quem "perdeu" nunca contribuiu em nada? Sinceramente, não consigo acreditar que só os "vencedores" tem alguma contribuição positiva para este mundo.
E no filme, o que se vê é justamente um desfile de "fracassados": um professor universitário com tendências suicidas, um palestrante que fala sobre "como atingir o sucesso" e que não emplaca seus próprios sonhos, um avô viciado em heroína e em pornografia, um adolescente que deseja ser piloto de avião e que fez voto de silêncio, uma garotinha míope e gordinha que sonha em ser miss, uma mãe que se equilibra no meio das frustrações dos outros.
"Pequena Miss Sunshine" pode ser visto por várias facetas: talvez um filme sobre uma família desajustada e que numa viagem pelas estradas do país encontra nas adversidades de cada um, algo comum que os une como família. Talvez um filme que critica a sociedade competitiva e que insiste em vender "sonhos de felicidade" (corpo perfeito, roupas e celulares e carros e computadores e...).
De qualquer forma, para quem puder conferir, vá. Para aqueles que estão órfãos da Mostra Internacional, o filme é uma brisa no meio de tantos filmes pouco atraentes.
Perdedores ou vencedores? Acho que a melhor resposta é dada no próprio filme: "Um verdadeiro perdedor é alguém que está com tanto medo de não vencer e por isso nem tenta".
Eu continuo por aqui... tentando e seguindo adiante.
quarta-feira, novembro 08, 2006
Let´s talk about sex!
Na verdade, queria falar menos de sexo e mais sobre a liberdade. A liberdade em relação a preconceitos, a limitações auto-impostas.
Por todas estas rotações que o planeta dá, acabo cruzando meu caminho com o de pessoas muito interessantes.
Tenho esta mania de aparecer em festas ou encontros de grupos onde eu não conheço absolutamente ninguém, ou melhor, onde conheço apenas uma pessoa (geralmente quem me convida ou quem estou acompanhando).
Já fui parar em festa de aniversário de amiga de amiga de amigo meu, numa improvisada festa a fantasia na casa de amigos de amigo de amigo meu (nem me perguntem como foi que consegui uma fantasia... risos) e em encontros de amigos onde eu era elemento totalmente estranho. Volta e meia, nestes encontros e festas acabo conhecendo pessoas interessantes.
E numa festa de aniversário de um amigo, acabei conhecendo uma pessoa por quem fiquei encantado. Ele é crítico de teatro (quem quiser conferir, é só visitar o Aplauso Brasil), poeta (já pude ler algumas de suas poesias), dramaturgo (agora está em cartaz uma peça dele), dançarino.
Recentemente, descobri o blog em que ele expõe opiniões a respeito de sexualidade: o KadeiraSutra. E lendo os seus posts, não pude deixar de admirá-lo ainda mais.
Quando o conheci, vi uma pessoa cativante em sua inteligência e em suas atitudes suaves. Ao ler suas poesias, descobri alguém com talento para emocionar com as palavras. Ao ler seus posts no KadeiraSutra, admirei-o ainda mais por expôr sua visão sobre a vida e o desejo de liberdade.
Destaco abaixo, um dos posts do KadeiraSutra:
"Não posso deixar de iniciar meu depoimento sem falar da peça "A Noite Antes da Floresta", de Kolts. Ser estrangeiro, na peça, não é apenas morar fora do país natal, É ser diferente, estar à margem do que é comum entre as pessoas. Nessa perspectiva, ser gay e cadeirante me coloca duplamente estrangeiro: ao que é usual sexualmente e ao que é o protótipo da perfeição tão buscada no meio GLS.
Mas, antes de ficar chorando o leite derramado, aproveito bem o que sobrou na caneca pra viver sorrindo. Tenho uma vida afetivo-sexual agitada. Paquero muito, mas não percebo se sou paquerado, ou se me observam como se observassem o estrangeiro. Problema preu resolver em terapia (risos).
O que incomoda são os foras de quem nem sabe como sou, o que posso e o que não posso. Garanto que eles saem perdendo (risos). A cadeira nunca apagou meu fogo, nunca me impediu de namorar, trabalhar e realizar minhas fantasias sexuais. Até bailarino virei. Estreei ano passado um espetáculo de dança-teatro com uma trupe alemã, a DIN A 13 TANZCOMPANY, da alemã Gerda König, que estará em cena em Colônia (Alemanha) no começo de junho."
Sinal claro de que as limitações que sofremos são, muitas vezes, produto de nossas próprias concepções. Será que não somos nós que nos limitamos a uma série de atitudes e situações?
"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez". Hora de rever o que tenho deixado de fazer por imaginar que não possa fazer. Hora de me livrar destas limitações auto-impostas.
segunda-feira, novembro 06, 2006
Dar e receber
No blog Rosa que sana, da minha amiga mineira Rosana, encontrei no post de hoje uma descrição sobre duas atitudes que ela condena: a avareza e o calote.
Inspirado neste post dela, acabei me lembrando sobre uma lição recente que aprendi. Ultimamente estou meio "tao", no sentido de buscar o equilíbrio e ver que positivo e negativo são sempre necessários para se definirem.
Sabe aquele ditado do "nem oito nem oitenta"? Mais ou menos isso. Quem me conhece sabe que eu sempre busquei pelo equilíbrio e pela compreensão das diferenças. Mas mesmo para mim que sempre busquei isso, algumas coisas são difíceis de aceitar. Por que, por exemplo, deveria aceitar uma situação de "falta de dinheiro" como algo normal?
E lendo o post no Rosa que sana, lendo aquilo que a Rosana tinha para falar sobre avareza, lembrei de um livro que tinha visto há algum tempo atrás: A energia do dinheiro, de Glória Maria Garcia Pereira.
O livro não fala sobre formas de ganhar dinheiro. Pelo contrário, ele fala sobre a atitude das pessoas em relação ao dinheiro. E isso é o mais interessante.
Muito do que está escrito no livro, fala sobre equilíbrio: dar e receber são faces da mesma lei. Não se consegue nada se não aprendemos também a dar. Mais ou menos como se seguíssemos aquela lei de Lavoisier: "Na natureza, nada se cria, tudo se transforma". E a transformação vem justamente de se colocar a energia em movimento.
Então, antes de ser "muquirana", melhor tentar lembrar que se não se dá, também não se recebe. E aqui, vale a pena relembrar um outro velho ditado: "É dando que se recebe".
Inspirado neste post dela, acabei me lembrando sobre uma lição recente que aprendi. Ultimamente estou meio "tao", no sentido de buscar o equilíbrio e ver que positivo e negativo são sempre necessários para se definirem.
Sabe aquele ditado do "nem oito nem oitenta"? Mais ou menos isso. Quem me conhece sabe que eu sempre busquei pelo equilíbrio e pela compreensão das diferenças. Mas mesmo para mim que sempre busquei isso, algumas coisas são difíceis de aceitar. Por que, por exemplo, deveria aceitar uma situação de "falta de dinheiro" como algo normal?
E lendo o post no Rosa que sana, lendo aquilo que a Rosana tinha para falar sobre avareza, lembrei de um livro que tinha visto há algum tempo atrás: A energia do dinheiro, de Glória Maria Garcia Pereira.
O livro não fala sobre formas de ganhar dinheiro. Pelo contrário, ele fala sobre a atitude das pessoas em relação ao dinheiro. E isso é o mais interessante.
Muito do que está escrito no livro, fala sobre equilíbrio: dar e receber são faces da mesma lei. Não se consegue nada se não aprendemos também a dar. Mais ou menos como se seguíssemos aquela lei de Lavoisier: "Na natureza, nada se cria, tudo se transforma". E a transformação vem justamente de se colocar a energia em movimento.
Então, antes de ser "muquirana", melhor tentar lembrar que se não se dá, também não se recebe. E aqui, vale a pena relembrar um outro velho ditado: "É dando que se recebe".
domingo, novembro 05, 2006
No cinema, cale a boca!
Em tempos de Mostra, impossível não ficar intoxicado com a atmosfera do cinema. O que acontece é que mesmo não conseguindo ir a filmes da Mostra, acabo querendo ir ao cinema.
Incrível ver as diferenças entre um público cinéfilo e um público ordinário. Em qualquer sessão da Mostra Internacional, sente-se um respeito imenso pelo trabalho que está sendo exibido. O público inteiro mergulhando para dentro da história exibida no filme. Reações atentas a cada imagem. Risos certeiros nos momentos adequados.
Nesta semana fui conferir "O arco", filme do diretor coreano Kim-Ki-Duk. Descobri este cineasta muito recentemente e já pude assistir alguns de seus filmes. Em todos, percebe-se um recurso muito comum: o silêncio.
Em todos os filmes, a comunicação se dá mais através da sutileza de olhares e gestos do que pelas palavras. Normalmente, em seus filmes, as personagens principais não falam (por vontade própria).
Num filme destes, em que o silêncio é extremamente significativo, pressupõe-se que o público acompanhe e mergulhe nesta intenção de silêncio e de introspecção. Infelizmente, eu ainda espero demais dos outros.
A fileira de cadeiras diante de mim foi toda ocupada por adolescentes. Eu, em meus preconceitos, pensei: "Que saco! Aposto que vão ficar conversando o tempo todo!". E já fui preparando o meu espírito para ter que pedir silêncio. Atrás de mim, alguns casais e, exatamente atrás de mim, um casal de velhinhos (por "velhinhos" entendo gente acima dos 60 anos).
O que se deu durante a exibição do filme foi o seguinte: os adolescentes se comportaram muito bem (só fizeram comentários na parte em que se sugeria um ato sexual) e o casal de velhinhos ficou comentando absolutamente tudo em voz alta, da roupa da protagonista a críticas descabidas sobre as atitudes das personagens.
Num filme em que o silêncio é parte integrante do filme, num filme em que o caráter simbólico dos atos é essencial, como é que tem gente que não se controla e guarda os comentários para fazer após o filme?
Aff... Não apenas eu, mas muita gente, pediu silêncio durante a exibição. O pior é que eles não se calavam. Melhor colocar um cartaz logo na entrada da sala: Durante o filme, cale a boca!
Incrível ver as diferenças entre um público cinéfilo e um público ordinário. Em qualquer sessão da Mostra Internacional, sente-se um respeito imenso pelo trabalho que está sendo exibido. O público inteiro mergulhando para dentro da história exibida no filme. Reações atentas a cada imagem. Risos certeiros nos momentos adequados.
Nesta semana fui conferir "O arco", filme do diretor coreano Kim-Ki-Duk. Descobri este cineasta muito recentemente e já pude assistir alguns de seus filmes. Em todos, percebe-se um recurso muito comum: o silêncio.
Em todos os filmes, a comunicação se dá mais através da sutileza de olhares e gestos do que pelas palavras. Normalmente, em seus filmes, as personagens principais não falam (por vontade própria).
Num filme destes, em que o silêncio é extremamente significativo, pressupõe-se que o público acompanhe e mergulhe nesta intenção de silêncio e de introspecção. Infelizmente, eu ainda espero demais dos outros.
A fileira de cadeiras diante de mim foi toda ocupada por adolescentes. Eu, em meus preconceitos, pensei: "Que saco! Aposto que vão ficar conversando o tempo todo!". E já fui preparando o meu espírito para ter que pedir silêncio. Atrás de mim, alguns casais e, exatamente atrás de mim, um casal de velhinhos (por "velhinhos" entendo gente acima dos 60 anos).
O que se deu durante a exibição do filme foi o seguinte: os adolescentes se comportaram muito bem (só fizeram comentários na parte em que se sugeria um ato sexual) e o casal de velhinhos ficou comentando absolutamente tudo em voz alta, da roupa da protagonista a críticas descabidas sobre as atitudes das personagens.
Num filme em que o silêncio é parte integrante do filme, num filme em que o caráter simbólico dos atos é essencial, como é que tem gente que não se controla e guarda os comentários para fazer após o filme?
Aff... Não apenas eu, mas muita gente, pediu silêncio durante a exibição. O pior é que eles não se calavam. Melhor colocar um cartaz logo na entrada da sala: Durante o filme, cale a boca!
quarta-feira, novembro 01, 2006
Ciranda social e cirandeiros
Uma das lições que aprendi nas aulas de marketing foi a respeito dos 4 Ps de marketing. Lição clássica: produto, preço, propaganda e "placement". Ou seja, o produto certo no preço correto, no lugar em que o comprador esteja e sendo divulgado para os compradores.
Na lição referente a 'placement', a gente se defronta com toda uma cadeia de intermediários. Do produtor, o produto segue para o atacadista e depois para o varejista. Com vários acréscimos no meio do caminho. Esta é uma verdade: pagamos mais pelo mesmo produto na loja do que se o comprássemos direto do produtor.
E se tivéssemos uma alternativa para subverter a cadeia? Pois bem, para isso surgiu o movimento da Ciranda Social.
Agora vem a parte em que você pergunta: "O que é ciranda social?" e aí, eu respondo:
A Ciranda Social seria uma espécie de "clube de compras", que tem o objetivo de fazer uma integração entre o campo e a cidade, entre os pequenos produtores rurais e os consumidores.
Uma iniciativa interessante para quem quer alimentos mais saudáveis (orgânicos), sem sair de casa, a um custo mais baixo, e ao mesmo tempo colaborar com o pequeno agricultor.
A Ciranda Social faz entrega por bairros a partir de um número mínimo de cestas - 10 "cirandeiros" (pessoa que contrata/compra a cesta de produtos) por bairro e uma taxa de R$8,00 sendo que se todos ou dois, três... estiverem na mesma rua e próximos essa taxa de R$ 8,00 será um rateio entre os cirandeiros; se moram em ruas diferentes será R$ 8,00 por casa.
Há cestas pequena (1 ou 2 pessoas), média (3 a 5) e grande (5 a 8), e a lista de produtos que podem integrar a cesta varia de acordo com a sazonalidade e há a integração de alguns produtos de origem anima. (ovos, leite e iogurte).
Não há taxa de adesão, mas existe um compromisso com o pequeno produtor, o consumo consciente e sustentabilidade. O primeiro pagamento é antecipado e em época de férias ou viagens longas, o cirandeiro assume o compromisso de deixar um novo cirandeiro que preencha a lacuna ou um aviso com uma antecedência de 90 dias para que se possa regularizar e manter a harmonia do ritmo de produção, a sustentabilidade e a qualidade de vida para todos.
Para quem quiser saber mais pode visitar o site do Cio da Terra ou, quem sabe, organizar o seu próprio "clube de compras".
segunda-feira, outubro 30, 2006
Belle Toujours
Mais um filme na Mostra Internacional... Desta vez, o escolhido foi "Belle toujours" (tradução: "Bela para sempre").
O filme do diretor português Manoel de Oliveira seria uma espécie de continuação do polêmico "La belle du jour" (A bela da tarde), do espanhol Luís Buñuel. Ao realizar este tributo a Buñuel e ao roteirista Jean-Claude Carrière, o diretor português mergulha um pouco mais no detalhamento do intrincado jogo psicológico lançado no primeiro filme.
Em "La belle du jour", Catherine Deneuve é a dona-de-casa de classe média Severine. Presa numa gaiola de felicidade do casamento, tenta encontrar uma fuga para o tédio e para o amor marital. Para isso, ela acaba se prostituindo durante as tardes e assim satisfazia sua busca por algo que a mantivesse viva.
"Belle toujours" seria uma espécie de "La belle du jour" 38 anos depois. Agora, as personagens Severine e Husson se reencontram e mergulha-se numa explicação mais aguda de todo este jogo traçado no primeiro filme. Fala-se sobre sadismo e masoquismo nos níveis psicológicos e sobre confrontos com a verdade.
Pode alguém amar tanto outra pessoa e para satisfazer um prazer masoquista, torturar-se psicologicamente com a culpa de uma traição? Cultivar um segredo para ao mesmo tempo encontrar neste segredo uma fonte de prazer e um reforço para o amor?
Estas questões vêm todas durante o filme. E apesar de curto (dura apenas 1 hora), suscita um grande jogo psicológico que funda-se apenas na satisfação de um sadismo.
Será que todos nós, em maior ou menor grau, embarcamos em jogos assim quando assunto é amor e prazer?
sábado, outubro 28, 2006
Qué tan lejos
E ontem, com uma semana de Mostra Internacional, fui conferir o meu primeiro filme.
Não comprei a permanente integral (por motivos de tempo$$$) e, acabei indo ontem conferir um filme somente porque fui meio que "arrastado" por um amigo. Ele escolheu o filme, comprou os ingressos e eu só precisava aparecer. Sendo assim, fui conferir o filme "Qué tan lejos" (tradução livre: "quão distante").
Nunca tinha visto um filme equatoriano. Aliás, não conheço muito sobre cinema latino-americano. Acho que no máximo uns filmes argentinos, chilenos, cubanos e mexicanos. Como se a cinematografia dos outros países fosse um terreno inexistente.
E fui surpreendido. Este primeiro filme "made in Equador" que assisti é uma produção bem feita e com uma história universal (fala sobre amizade e sobre caminhos que se cruzam e destinos diferentes que acabam convertendo num único destino).
Só atrapalhou o fato de haver uma legenda em inglês no filme e ao mesmo tempo, uma legenda eletrônica em português. Em alguns momentos, as legendas mais me confundiam do que ajudavam. E a melhor coisa que fiz foi ignorá-las e acompanhar o filme somente em seu idioma original.
A imagem que peguei para ilustrar este post é do Rio Tomebamba, um rio que nasce nos Andes e cruza a cidade de Cuenca (destino final das duas personagens) e que depois, recebe o nome de Amazonas.
É uma pena que este filme não tenha previsão apra estréia aqui no Brasil. Um filme sensível e que valeria a pena ser visto por mais pessoas. O bom da Mostra Internacional é isso: possibilitar o contato com produções que dificilmente chegarão a nós pelas vias comerciais normais.
Hoje vou tentar conferir mais um fime... se conseguir os ingressos, amanhã volto aqui para comentar.
terça-feira, outubro 24, 2006
Algumas palavras
Eu sou difícil de lembrar, mas impossível de se esquecer.
"Quanto mais o homem fala de si, mais ele deixa de ser si mesmo. Mas deixe que se esconda por trás de uma máscara, e então ele contará toda a verdade."
(Oscar Wilde)
"Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim. Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível. E que esse momento será inesquecível."
(Mário Quintana)
"Sorte no jogo, azar no amor.
De que me vale sorte no amor
Se o amor é um jogo
E o jogo não é o meu forte
Meu amor?"
(Paulo Leminski)
"Aqui a vida é curta. Então curta."
(Fábio Fabrício Fabretti)
Constituição Federal:
artigo 5º, inciso LXIII - Ninguém é obrigado a produzir provas contra si próprio...
.......................
Conversando com van Gogh
-Você está bem? Parece estar machucado.
-Ahh... isto?
-Sim.
-Ontem eu estava tentando completar um auto-retrato. Como eu não conseguia pintar direito a orelha, então eu... cortei-a e joguei fora.
sexta-feira, outubro 20, 2006
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Entra ano, sai ano e é sempre a mesma história. Filas intermináveis, disputas por ingressos, legendas eletrônicas falhas, atrasos e filmes chegando em cima da hora.
Mas quer saber? Eu adoro cinema. E por isso, nada disso importa quando vejo que posso me deliciar com filmes que dificilmente virão para o circuito comercial. Onde começou a onda de filmes chineses? Na Mostra Internacional. Onde foi que ouvi falar de Quentin Tarantino a primeira vez? Na Mostra.
E quer saber? As filas e todo o resto já viraram parte do folclore de quem se propõe a assistir alguma coisa durante a Mostra. Um dia, eu quero poder comprar uma permanente e conferir todos os filmes. Quem sabe num futuro próximo. risos.
Soube que nesta 30º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo serão exibidos mais de 400 títulos. Haja tempo para poder conferir todos. São exatamente 420 filmes de 44 países em 14 dias de Mostra.
Hora de arregaçar as mangas, ler a sinopse dos filmes na programação, fazer uma seleção e partir para a luta por um ingresso.
quinta-feira, outubro 19, 2006
Cachaça, pinga, aguardente
Uma coisa que eu curto muito é aprender a origem das palavras e, numa destas buscas, acabei cruzando com uma história que é contada no Museu do Homem do Nordeste. A história fala sobre a origem dos termos "pinga" e "aguardente". Vale a pena conferir...
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Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse. Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou! O que fazer agora?
A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. No dia seguinte, encontraram o melado azedo (fermentado). Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e se formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente, era a cachaça já formada que pingava. Por isso o nome: pinga.
Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores, ardia muito. Por isso deram o nome de "água-ardente". Caindo em seus rostos e escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar.
E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo. Hoje, como todos sabem, a aguardente é símbolo nacional!!!
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Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse. Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou! O que fazer agora?
A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. No dia seguinte, encontraram o melado azedo (fermentado). Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e se formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente, era a cachaça já formada que pingava. Por isso o nome: pinga.
Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores, ardia muito. Por isso deram o nome de "água-ardente". Caindo em seus rostos e escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar.
E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo. Hoje, como todos sabem, a aguardente é símbolo nacional!!!
quarta-feira, outubro 18, 2006
(RED)
E já que somos todos consumidores, a onda agora é ser "consumidor consciente". Comprar e ao mesmo tempo contribuir para uma boa causa.
Já estamos acostumados com estas iniciativas. Seja por conta do McDia Feliz (compre um BigMac e você ajuda as crianças cancerosas), seja por conta das pulseiras de silicone coloridas (amarela para câncer, preta-e-branca contra o racismo e por aí vai).
Bom negócio para os consumidores (que podem ajudar sem grande peso no bolso), bom negócio para as empresas (que faturam na construção de uma imagem de "socialmente responsável").
E nesta onda de "responsabilidade social das empresas", eis que surge mais uma parceria de peso.
Você já sabe o que é um produto (RED)?
A ONU - Organização das Nações Unidas criou um Fundo Global contra a AIDS, malária e tuberculose em 2002. Estas doenças acometem populações inteiras no continente africano. E aí entramos num círculo vicioso: populações pobres, doenças de Terceiro Mundo, falta de pesquisa das empresas farmacêuticas para remédios que combatam estas doenças, mais gente doente entre as populações pobres do planeta.
O cantor Bono Vox, vocalista da banda irlandesa U2, criou uma campanha em que corporações mundiais oferecem produtos em que parte da renda obtida com a venda destes produtos vai para este Fundo Global.
Estes produtos receberam o nome de produtos (RED). E, apesar do nome, nem todos os produtos são vermelhos. A Motorola criou um modelo de celular vermelho e parte da renda obtida com a venda deste produto vai para o Fundo Global. A American Express, operadora de cartão de crédito, também fez uma linha especial de cartões. Assim como a GAP (roupas), Empório Armani (relógios e acessórios), Converse (tênis) e a Apple (iPod).
Quem quiser saber mais desta iniciativa, é só visitar o site: (RED).
segunda-feira, outubro 16, 2006
E o Nobel da Paz foi para...
Muhammad Yunus, economista e banqueiro bengalês, e para o Grammen Bank, "o banco das vilas".
A grande idéia por trás de Muhammad Yunus é algo chamado microcrédito. Simplesmente, oferecer empréstimos em pequenos valores (média de 200 dólares) para pessoas sem recursos. No Brasil, o microcrédito ainda não decolou. Quem sabe um dia...
Como disseram no anúncio para entrega do prêmio Nobel, "A paz duradoura não poderá ser atingida a menos que grandes parcelas da população encontre forma de sair da pobreza. Micro-crédito é um destes meios. O desenvolvimento ajuda também no avanço da democracia e dos direitos humanos."
Mais uma boa idéia que poderia ser trazida para nossa Terra Brasilis. Se bem que o Diogo Mainardi, irônico como sempre, disse que as Casas Bahia também poderiam levar o Nobel da Paz porque também dão crédito para pobres.
A grande idéia por trás de Muhammad Yunus é algo chamado microcrédito. Simplesmente, oferecer empréstimos em pequenos valores (média de 200 dólares) para pessoas sem recursos. No Brasil, o microcrédito ainda não decolou. Quem sabe um dia...
Como disseram no anúncio para entrega do prêmio Nobel, "A paz duradoura não poderá ser atingida a menos que grandes parcelas da população encontre forma de sair da pobreza. Micro-crédito é um destes meios. O desenvolvimento ajuda também no avanço da democracia e dos direitos humanos."
Mais uma boa idéia que poderia ser trazida para nossa Terra Brasilis. Se bem que o Diogo Mainardi, irônico como sempre, disse que as Casas Bahia também poderiam levar o Nobel da Paz porque também dão crédito para pobres.
sábado, outubro 14, 2006
Como viver junto
Faz um tempo que deixei de tentar entender as manifestações da arte. Não se percebe uma obra de arte apenas com os olhos racionais, com a mente. O olhar para uma obra de arte envolve mais os sentidos, mais os significados pessoais que o discurso racional.
Pelo menos é desta forma que encaro a arte hoje. Não entendo muita coisa, nem tenho a pretensão de entender. Não quero mergulhar no mundo específico do artista nem entender algo sob a ótica do artista. Eu quero é agregar as impressões que tenho sobre uma obra para minhas idéias, para minhas percepções. E só...
Ontem fui visitar a Bienal de São Paulo. Pela segunda vez, a Bienal abre as portas para o público sem cobrar nada. Uma boa iniciativa de democratizar o acesso, de despertar a discussão pela arte ao maior número possível de pessoas.
Entender muitas daquelas obras que estavam expostas? Perda de tempo... veja, circule, se impressione, descarte. Pare, reflita e siga adiante. O que significa uma instalação que tem um bloqueador de celulares? O que posso entender de uma maquete que junta obras arquitetônicas do mundo inteiro e que são feitas em açúcar? E aquelas fotos da Ana Mendietta mostrando o corpo e o signo do corpo? E a parede feita de lixo mostrada por Gordon Matta-Clark?
Interpretações tenho várias. Alguma é a correta? Não sei nem tenho a pretensão de colocar isso em discussão. O mote da Bienal deste ano é "Como viver junto". Será que as obras refletem de alguma forma este mote? Muitas vezes não enxergo nada que seja congruente com isso.
Mas quer saber? Minha intenção era apenas devanear no meio da concretização do devaneio dos outros. Não entendo a arte conteporânea nem tenho a pretensão de entender. Apenas me impressiono ou não. E só.
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