domingo, novembro 19, 2006

Retornar

O passado sempre bate a nossa porta para cobrar a dívida pendente? E quando a dívida contraída é consigo mesmo? Será que enterramos muita coisa no passado, sob camadas e mais camadas de memória, para podermos seguir adiante? E o que acontece quando o passado parece não mais bater a porta e sim, esmurrá-la e tenta forçar passagem para uma solução?

Volver, mais recente filme de Almodóvar, fala basicamente sobre isso. Mostra uma constelação de personagens femininas fortes e marcantes. Este é um filme de mulheres fortes. Nada de lágrimas em dramas rasos, nada de mulheres se descabelando por conta de uma tragédia.

As mulheres em "Volver" fluem com naturalidade em situações difíceis. Unem-se, brigam, questionam, agem. Não foi à toa que o elenco feminino ganhou em conjunto o prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes (e ao que me consta, foi a primeira vez que isso aconteceu).

Pedro Almodóvar é um dos poucos diretores que conseguem me fazer desejar ir ao cinema, independente de qualquer crítica ou elenco. Gosto daquela estética confessadamente kitsch e das personagens fortes em situações que eu só poderia chamar de "almovorianas", situações com um toque bizarro e que poderiam cair no melodramático exaltado mas que soam extremamente naturais em seus filmes.

Quem puder conferir, não perca.

No próximo post falo mais sobre Sampa, gravuras, Mix Brasil e outras coisinhas mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

As mulheres, na grande maioria, são fortes. Poucos têm força e coragem de retratá-las, como tal.
Eu penso assim...