domingo, julho 31, 2005

Sin City

Estou simplesmente deslumbrado com a experiência visual que tive hoje. Sin City, o tão aguardado filme baseado nos quadrinhos de Frank Miller, vale cada centavo gasto.

Acho que a última vez que um filme me deslumbrou visualmente foi quando assisti Herói do Zhang Yimou. Sin City superou minhas expectativas e traz para o cinema referências estéticas dos quadrinhos de forma quase experimental e primorosa.

Um filme rodado em preto e branco com pinceladas coloridas para destacar alguns atributos. No elenco, além das beldades com curvas generosas, homens soturnos e com um quê de filmes noir.

Mickey Rourke encarna um matador solitário, Bruce Willis é um policial honesto no meio de uma cidade envolvida em corrupção, Clive Owen é um anti-herói protegendo pessoas que parecem não precisar da sua proteção.

O elenco de personagens bizarras (um pedófilo, um bispo e seu pupilo que aderem ao canibalismo) e da violência esteticamente coreografada remete muito a Tarantino (mais ainda depois de se ver uma prostituta de origem japonesa usando espadas a la Kill Bill).

Violência chocando as retinas do expectador (não espere tanta profundidade psicológica na exploração de dramas pessoais... a linguagem aqui é de videoclipe).

Sente na cadeira e curta o espetáculo.

sexta-feira, julho 29, 2005

Egolatria na internet

Navegando pela internet, sempre visito alguns sites: Os malvados, A língua, Patuca, Kibeloco e Quando isso virar um blog.

E visitando o quandoisso, vi um post muito interessante do Fabrício mostrando um site que facilita todo o processo de egolatria. Quer entender o que é que estou querendo dizer? Talvez seja mais fácil clicar e ver...

Vá no Logogle e veja o seu nome (ou aquilo que você digitar) virar a logomarca no estilo Google.

Engraçado, não é? Agora o seu nome pode virar referência em buscador... risos.

Mudando um pouco de assunto. Comecei a ler recentemente o livro Freaknomics e já pude ver muita coisa interessante.

A proposta do Steven Levitt, um dos autores do livro, é mostrar como o mundo realmente age. Não sabia que a economia se ocupava dos assuntos que ele trata no livro (trapaças, por exemplo) mas pela conceituação dele "a moralidade diz como a sociedade deveria ser, a economia mostra como a sociedade realmente age".

Vale a pena... Dizem que os números não mentem. Tudo depende mesmo de uma interpretação. Acho que o último exercício em torno de números e sociedade que me lembro foi feito naquele livro "A curva do sino", que procurava mostrar que negros são menos inteligentes que brancos.

Uma conclusão errônea baseada em números. Ou seja, nem sempre os números falam a verdade. Os números por si só podem ser usados para apoiar uma ou outra hipótese. Números são corretos e são imparciais. As conclusões é que podem ser erradas.

Em Freaknomics, Steve Levitt mostra através de dados coletados como age a sociedade. Ele mostra sobre as trapaças feitas por professores de Chicago por conta do "provão" e dá uma aula sobre incentivos. Detalha o caso da importância da informação na concretização de vários negócios e faz um paralelo com o desmantelamento da Ku Klux Klan na região norte dos EUA. E desmistifica a idéia de que o tráfico de drogas traz muito dinheiro para os traficantes.

Uma leitura empolgante, fácil e perfeita para um eterno curioso como eu.

segunda-feira, julho 25, 2005

Cultura é investimento

Sim, eu sei que deveria economizar. Sim, eu sei que sou afligido por crises consumistas. Mas, o grande problema (e será que é um problema?) é que não consigo ver tudo o que gasto com livros, CDs, DVDs e programas culturais (cinema, teatro, espetáculos de dança) como gastos e sim como investimento.

Neste final de semana começou o feirão de DVDs na 2001. Como resistir? Não resisti e fui em frente... comprei alguns filmes. Adaptação do Spike Jonze (que assisti no cinema e achei bárbaro), As sete máscaras da morte com o Vincent Price, Quanto mais quente melhor (obra-prima do Billy Wilder, com Marilyn Monroe e Jack Lemmon) e Heavy Metal (animação com rock clássico).

Naveguei um pouco pela internet e percebi que precisava de um fone de ouvido com microfone para poder usar o Skype no computador. Encomendei um no Submarino mas, meus olhares já foram percorrendo o restante do site em cliques sem fim. Resultado: além do fone, comprei o livro Deuses americanos do Neil Gaiman, o mangá Buda (volume VI) e os DVDs de Metrópolis (animação com argumento do Katsuhiro Otomo e desenho de Osamu Tezuka) e Tokyo Godfathers.

Percorrendo Sampa com um grupo de amigos, acabei parando na FNAC e lá encontrei mais um livro que chamou minha atenção (e que acabou se juntando na cesta de investimentos): Freaknomics do Steven Levitt.

Só sei que tenho muito com o que me ocupar agora... nos próximos posts, com certeza vou comentando um pouquinho sobre cada um destes novos investimentos.

quarta-feira, julho 20, 2005

Se uma pessoa fizesse apenas o que entende, jamais avançaria um passo.

A frase do título acima foi recém descoberta por mim. É uma frase de autoria de Clarice Lispector... aliás, parece que há uma verdadeira veneração por esta escritora. Confesso que sou um dos que apreciam muito o que ela escreve.

Uma forma diferente de narrar. Ela perscruta aquilo que muitas vezes menos conhecemos: o interior, o self.

Lembro de um texto que li ma vez... acho que uma das primeiras coisas dela que li. Era um conto chamado Uma amizade sincera. Para quem puder conferir, leia.

É um texto incrivelmente doce e cruel. Doce por nos levar a viajar junto com os devaneios e pensamentos das personagens. Cruel por ser extremamente realista, num realismo que preferimos esconder e não admitir.

Engraçado lembrar disso agora. Ainda mais que soube que hoje é o dia do amigo. Fui informado disso por um e-mail. Mas ainda não falei com nenhum dos meus amigos...

domingo, julho 17, 2005

Não entendo muita coisa que acontece por aí.

O Delúbio Soares admite que o PT tinha uma verba não registrada no caixa do partido. Mas ao que parece, só ele sabia disso.

O SPFC ganha um inédito tricampeonato da Libertadores da América mas vemos torcedores do tipo vencedor quebrando e saqueando lojas na avenida Paulista (forma estranha de comemorar).

E mesmo nas coisas mais banais... ontem fui com minha família para um restaurante aqui de Santos e, nunca vi um estabelecimento que tem como finalidade atender bem os clientes, deixar tanto a desejar. A ponto de alguém só receber o prato pedido depois que todos na mesa já acabaram de comer.

Há alguma coisa estranha por aí. Será que sou eu que sou exigente demais ou que me indigno demais com tudo o que acontece? Será que deveria me entorpecer um pouco mais para não ter que ficar tão consternado com o que vejo?

Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver. Será mesmo? Parece tão mais sofrido você ser um ds poucos que vêem demais...

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Acabei de voltar da pré-estréia de O castelo animado, o mais novo desenho do Studio Ghibli.

O que é o Studio Ghibli? O Studio Ghibli seria o equivalente a uma Disney japonesa e, com uma mistura de roteiros com ingredientes oníricos (quase lisérgicos), animação tradicional e primorosa, nos entrega filmes maravilhosos como A viagem de Chihiro, Princesa Mononoke e Túmulo dos vagalumes.

Em O castelo animado, resgato um pouco daquela criança que torce pelo final feliz. É bom sonhar com finais felizes. Talvez sonhar e ter esperança neles. E acreditar por pouco tempo que seja, que tudo pode ser consertado.

Mas vamos ao filmes... o desenho conta a história de Sofie, uma jovem que parece ter amadurecido cedo demais. Trabalha numa chapelaria para ajudar no negócio criado pelo pai e pensa muito mais nos outros do que nela mesma.

Um dia, o caminho dela cruza com o do feiticeiro Haru. Ahh sim, vale mencionar que neste mundo que lembra ma Europa medieval mas com artefatos como aviões e couraçados de guerra saídos direto da prancheta de Moebius ou de Gaudí, a magia existe de forma cotidiana.

Sofie é enfeitiçada e de repente, se vê transformada numa velha de 90 anos. A partir daí, busca pela cura e vai ao encontro de Haru em seu castelo animado (que parece uma fortaleza com pernas mecânicas). No castelo, envolve-se mais com a história de Haru e conhece o Cabeça de Nabo, um demônio do fogo e um aprendiz.

terça-feira, julho 12, 2005

Foi meio que um lance de paixão a primeira vista. Acontece de vez em quando... fui na livraria Martins Fontes aqui em Santos. E percorrendo as prateleiras de livros (adoro namorar os livros em livrarias) vi um volume fino de capa preta e letras vermelhas.

Aliás, nem sei como um livro tão fininho no meio de tantos outros volumes com capas mais chamativas e maiores. enfim, um acaso.

O livro? O matrimônio do céu e do inferno de William Blake. Peguei o livro e devorei os versos durante o dia inteiro. Ha tantas verdades por ali...


Os provérbios do inferno (uma ds partes do livro) é uma coletânea de pensamentos para se mastigar olhando as nuvens.

Quer uma amostra?

Na semeadura, aprenda, na colheita, ensine, no inverno, desfrute.

sábado, julho 09, 2005

Feriado estadual. Mas que graça tem um feriado no sábado. O pior é que se comemora a Revolução Constitucionalista de 1932 e pouco sabemos disso tudo. Eu pelo menos, confesso minha ignorância. Para mim, 9 de julho é nome de uma avenida e a revolução constitucionalista traz para mim a lembrança da sigla MMDC (que tive que aprender na escola).

Em tempos de concertos organizados pelo Bob Geldorf e G8 decidindo doar mais alguns bilhões para a África, encontrei uma entrevista de uma voz dissonante. E eu achando que era um americano mas qu nada, é um economista queniano chamado James Shikwati.

Vale a pena dar uma olhada na entrevista. Acho que mostra algumas posturas bem racionais e que valem algumas considerações. Será que a ajuda em dinheiro ou doações ajudará mesmo? Será que não valeria a pena promover a produção dos países africanos para que eles começassem a se inserir no comércio global?

Bem, na entrevista do James Shikwati para a Der Spiegel, ele distribui farpas para as organizações humanitárias, para o sistema de solidariedade atualmente estabelecido e para o jeitinho africano...

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DER SPIEGEL - Senhor Shikwati, a cúpula do G8 em Gleneagles deverá aumentar a ajuda ao desenvolvimento da África...

James Shikwati - Pelo amor de Deus, parem com isso!

DS - Parar? Os países industrializados do Ocidente querem eliminar a fome e a pobreza.

Shikwati - Essas intenções estão prejudicando nosso continente nos últimos 40 anos. Se os países industrializados realmente querem ajudar os africanos, deveriam finalmente cancelar essa terrível ajuda. Os países que receberam mais ajuda ao desenvolvimento também são os que estão em pior situação. Apesar dos bilhões que foram despejados na África, o continente continua pobre.

DS - O senhor tem uma explicação para esse paradoxo?

Shikwati - Burocracias enormes são financiadas (com o dinheiro da ajuda), a corrupção e a complacência são promovidas, os africanos aprendem a ser mendigos, e não independentes. Além disso, a ajuda ao desenvolvimento enfraquece os mercados locais em toda parte e mina o espírito empreendedor de que tanto precisamos. Por mais absurdo que possa parecer, a ajuda ao desenvolvimento é uma das causas dos problemas da África. Se o Ocidente cancelasse esses pagamentos, os africanos comuns nem sequer perceberiam. Somente os funcionários públicos seriam duramente atingidos. E é por isso que eles afirmam que o mundo pararia de girar sem essa ajuda ao desenvolvimento.

DS - Mesmo em um país como o Quênia pessoas morrem de fome todos os anos. Alguém precisa ajudá-las.

Shikwati - Mas são os próprios quenianos quem deveria ajudar essas pessoas. Quando há uma seca em uma região do Quênia, nossos políticos corruptos imediatamente pedem mais ajuda. O pedido chega ao Programa Mundial de Alimentação da ONU --que é uma agência maciça de "apparatchiks" que estão na situação absurda de, por um lado, dedicar-se à luta contra a fome, e por outro enfrentar o desemprego onde a fome é eliminada. É muito natural que eles aceitem de bom grado o pedido de mais ajuda. E não é raro que peçam um pouco mais de dinheiro do que o governo africano solicitou originalmente. Então eles enviam esse pedido a seu quartel-general, e em pouco tempo milhares de toneladas de milho são embarcadas para a África...

DS - Milho que vem predominantemente de agricultores europeus e americanos altamente subsidiados...

Shikwati - ... e em algum momento esse milho acaba no porto de Mombasa. Uma parte do milho em geral vai diretamente para as mãos de políticos inescrupulosos, que então o distribuem em sua própria tribo para ajudar sua próxima campanha eleitoral. Outra parte da carga termina no mercado negro, onde o milho é vendido a preços extremamente baixos. Os agricultores locais também podem guardar seus arados; ninguém consegue concorrer com o programa de alimentação da ONU. E como os agricultores cedem diante dessa pressão o Quênia não terá reservas a que recorrer se houver uma fome no próximo ano. É um ciclo simples mas fatal.

DS - Se o Programa Mundial de Alimentação não fizesse nada, as pessoas morreriam de fome.

Shikwati - Eu não acredito nisso. Nesse caso, os quenianos, para variar, seriam obrigados a iniciar relações comerciais com Uganda ou Tanzânia, e comprar alimento deles. Esse tipo de comércio é vital para a África. Ele nos obrigaria a melhorar nossa infra-estrutura, enquanto tornaria mais permeáveis as fronteiras nacionais --traçadas pelos europeus, aliás. Também nos obrigaria a estabelecer leis favorecendo a economia de mercado.

DS - A África seria realmente capaz de solucionar esses problemas por conta própria?

Shikwati - É claro. A fome não deveria ser um problema na maioria dos países ao sul do Saara. Além disso, existem vastos recursos naturais: petróleo, ouro, diamantes. A África é sempre retratada como um continente de sofrimento, mas a maior parte dos números é enormemente exagerada. Nos países industrializados existe a sensação de que a África naufragaria sem a ajuda ao desenvolvimento. Mas, acredite-me, a África já existia antes de vocês europeus aparecerem. E não fizemos tudo isso com pobreza.

DS - Mas naquela época não existia a Aids.

Shikwati - Se acreditássemos em todos os relatórios horripilantes, todos os quenianos deveriam estar mortos hoje. Mas agora os testes estão sendo realizados em toda parte, e acontece que os números foram enormemente exagerados. Não são 3 milhões de quenianos que estão infectados. De repente eram apenas cerca de um milhão. A malária é um problema equivalente, mas as pessoas raramente falam disso.

DS - E por quê?

Shikwati - A Aids é um grande negócio, talvez o maior negócio da África. Não há nada capaz de gerar tanto dinheiro de ajuda quanto números chocantes sobre a Aids. A Aids é uma doença política aqui, e deveríamos ser muito céticos.

DS - Os americanos e europeus têm fundos congelados já prometidos para o Quênia. O país é corrupto demais, segundo eles.

Shikwati - Temo, porém, que esse dinheiro ainda será transferido em breve. Afinal, ele tem de ir para algum lugar. Infelizmente, a necessidade devastadora dos europeus de fazer o bem não pode mais ser contida pela razão. Não faz qualquer sentido que logo depois da eleição do novo governo queniano --uma mudança de liderança que pôs fim à ditadura de Daniel Arap Mois--, de repente as torneiras se abriram e o dinheiro verteu para o país.

DS - Mas essa ajuda geralmente se destina a objetivos específicos.

Shikwati - Isso não muda nada. Milhões de dólares destinados ao combate à Aids ainda estão guardados em contas bancárias no Quênia e não foram gastos. Nossos políticos ficaram repletos de dinheiro, e tentam desviar o máximo possível. O falecido tirano da República Centro Africana, Jean Bedel Bokassa, resumiu cinicamente tudo isso dizendo: "O governo francês paga por tudo em nosso país. Nós pedimos dinheiro aos franceses, o recebemos e então o gastamos".

DS - No Ocidente há muitos cidadãos compassivos que querem ajudar a África. Todo ano eles doam dinheiro e mandam roupas usadas em sacolas...

Shikwati - ... e então inundam nossos mercados com essas coisas. Nós podemos comprar barato essas roupas doadas nos chamados mercados Mitumba. Há alemães que gastam alguns dólares para comprar agasalhos usados do Bayern Munich ou do Werder Bremen. Em outras palavras, roupas que algum garoto alemão mandou para a África por uma boa causa. Depois de comprar esses agasalhos, eles os leiloam na eBay e os mandam de volta à Alemanha -- pelo triplo do preço. Isso é loucura!

DS - ... e esperamos que seja uma exceção.

Shikwati - Por que recebemos essas montanhas de roupas? Ninguém passa frio aqui. Em vez disso, nossos costureiros perdem seu ganha-pão. Eles estão na mesma situação que nossos agricultores. Ninguém no mundo de baixos salários da África pode ser eficiente o bastante para acompanhar o ritmo de produtos doados. Em 1997 havia 137 mil trabalhadores empregados na indústria têxtil da Nigéria. Em 2003 o número tinha caído para 57 mil. Os resultados são iguais em todas as outras regiões onde o excesso de ajuda e os frágeis mercados africanos entram em colisão.

DS - Depois da Segunda Guerra Mundial a Alemanha só conseguiu se reerguer porque os americanos despejaram dinheiro no país através do Plano Marshall. Isso não se qualificaria como uma ajuda ao desenvolvimento bem-sucedida?

Shikwati - No caso da Alemanha, somente a infra-estrutura destruída tinha de ser reparada. Apesar da crise econômica da República de Weimar, a Alemanha era um país altamente industrializado antes da guerra. Os prejuízos criados pelo tsunami na Tailândia também podem ser consertados com um pouco de dinheiro e alguma ajuda à reconstrução. A África, porém, precisa dar os primeiros passos na modernidade por conta própria. Deve haver uma mudança de mentalidade. Temos de parar de nos considerar mendigos. Hoje em dia os africanos só se vêem como vítimas. Por outro lado, ninguém pode realmente imaginar um africano como um homem de negócios. Para mudar a situação atual, seria útil se as organizações de ajuda saíssem.

DS - Se fizessem isso, muitos empregos seriam perdidos imediatamente.

Shikwati - Empregos que foram criados artificialmente, para começar, e que distorcem a realidade. Os empregos nas organizações estrangeiras de ajuda são muito apreciados, é claro, e elas podem ser muito seletivas na escolha das melhores pessoas. Quando uma organização de ajuda precisa de um motorista, dezenas de pessoas se candidatam. E como é inaceitável que o motorista só fale sua língua tribal, o candidato também deve falar inglês fluentemente --e, de preferência, ter boas maneiras. Então você acaba com um bioquímico africano dirigindo o carro de um funcionário da ajuda, distribuindo comida européia e forçando os agricultores locais a deixar seu trabalho. É simplesmente loucura!

DS - O governo alemão se orgulha exatamente de monitorar os receptores de suas verbas.

Shikwati - E qual é o resultado? Um desastre. O governo alemão jogou dinheiro diretamente para o presidente de Ruanda, Paul Kagame, um homem que tem na consciência a morte de um milhão de pessoas --que seu exército matou no país vizinho, o Congo.

DS - O que os alemães deveriam fazer?

Shikwati - Se eles realmente querem combater a pobreza, deveriam parar totalmente a ajuda ao desenvolvimento e dar à África a oportunidade de garantir sua sobrevivência. Atualmente a África é como uma criança que chora imediatamente para que a babá venha quando há algo errado. A África deveria se erguer sobre os próprios pés.

sexta-feira, julho 08, 2005

Ao contrário do que diz Mário de Andrade, ando pensando que amar não é verbo intransitivo, mas transitivo direto mesmo. É fundamental um objeto direto para completar seu sentido.

Amar por amar é fácil. Basta dirigir seus sentimentos mais nobres à humanidade como um todo. Trazer o foco para um ser só é que são elas. Familiares, amigos e animais domésticos não contam. Exigem bastante de você, mas é outro tipo de amor...

Tarefa mais enriquecedora, é amar alguém apesar desta pessoa ser completamente do jeito que ela é. Com todas as suas particularidades, individualidades, desejos e necessidades. Amar aceitando todos os seus defeitos e por causa deles.

Um amigo diz que o amor não escolhe alvo. Mas preciso dizer que quando ele escolhe um pouso deve fazê-lo sem críticas. Aí está a dificuldade.

Foram poucas (e boas) as vezes que me apaixonei de verdade. Como sou relativamente econômico nas manifestações de afeição, pronunciei a fatídica declaração de três palavras meia dúzia de vezes em quase vinte anos de vida amorosa. Hoje em dia acho que exagerei em pelo menos três delas. Respondi com sinceridade a chamados atenciosos, mas vejo que extrapolei no entusiasmo.

E em quase todas as relações incorri no erro de tentar aproximar os receptáculos do meu afeto aos modelos que tinha de relacionamento. Dominador? Acho que não. Meio iludido, talvez.

Descobri na porrada que ninguém se molda. Pode ouvir um pouco, absorver alguns toques, ou, pior de tudo, fingir por um tempo que está fazendo o que você quer só para não se aporrinhar.

Melhor aproveitar e aprender com o outro a treinar sua capacidade de compreender.
Só assim se pode dizer que ama de verdade. Qualquer coisa além disso é mera projeção narcisista.
Espero fazer tudo direitinho desta vez.

E você, já amou ou acha que amou ?

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O texto acima não fui eu quem escreveu. É um texto do jornalista André Fischer. Ás vezes eu me questiono como questões que parecem rondar apenas a minha cabeça vão parar em coisas escritas por outros. Bem, vai ver que meus questionamentos são mais universais do que eu imaginava.

segunda-feira, julho 04, 2005



Acabei de ler na internet que uma ONG analisou histórias em quadrinhos da Turma da Monica e encontrou em algumas passagens, trechos que denotam um preconceito contra homossexuais.

Achei interessante toda esta colocação até porque nunca tinha atentado para isso. Sempre li as revistas da Turma da Mônica (fazem parte da minha infância) e fico imaginando o quanto estas posturas demonstradas nestes trechos podem realmente influenciar na mentalidade de uma criança.

Será que posturas homofóbicas podem ser resultado de uma influência sofrida durante a infância?

Como não acredito que as pessoas mantenham-se sempre com os mesmos pensamentos e crenças (afinal, tudo evolui e porque não acreditar que a mentalidade das pessoas também), acho que a reação soa meio exagerada.

Ok, ok, ok. Preconceitos devem ser combatidos. Mas acho que é inerente do ser humano aprender o que é errado e não perpetuar o erro. Talvez eu seja meio otimista mas, prefiro acreditar assim.
Hoje estou começando um post no meu novo computador. Sim, depois de tanto tempo, resolvi trocar de máquina. Ok, ok, ok. Apesar dos protestos em casa, não comprei um Macintosh.

Sim, os Macs são máquinas com design maravilhoso. Sim, os Macs tem vantagens que eu não nego. Mas, meu bolso falou mais alto e comprei um PC montado mesmo. E ficou mais barato que um Macintosh (talvez um pouco mais caro que um Mac Mini mas, aí já é outra história).

É bom ter um computador novo com mais memória, com mais velocidade de processamento e mais espaço em HD. Pra ter uma idéia, o meu atual HD já está com mais espaço ocupado do que a capacidade do meu anterior.

Isso é tópico de discussão para um post: a informação que estamos trabalhando hoje tem aumentado mesmo ou será que os programas que estão ocupando mais megabytes?

Por enquanto estou curtindo meu novo computador. Uma das melhores sensações: escrever um posto num computador sem ter que ficar esperando varios minutos para cada letra ser processada.