domingo, outubro 30, 2005

Um dia sem mexicanos

Ontem foi um dia chuvoso, um dia perfeito para se ficar em casa ao lado de uma xícara de chá quente. Mas, bateu aquela vontade de fazer-alguma-coisa-não-importando-o-tempo, e fui para o cineminha da praia.

Lá, o filme em cartaz era "Um dia sem mexicanos". Já tinha visto o cartaz dele quando tinha ido assistir "Um filme falado" com a Zilda, a Káhtia e o Maurício. E depois li uma sinopse.

O argumento central do filme era focado nas conseqüências e desdobramentos de um repentino desaparecimento de todos os mexicanos (denominação genérica para "latinos") na Califórnia.

A idéia é engraçada e alguns dados lançados no filme são esclarecedores. O que se vê é que uma boa parte da força de trabalho, principalmente daqueles trabalhos menosprezados pelos "brancos" americanos desparece. E uma boa parte da força que move a economia californiana de repente desaparece e a economia pára.

E é só na ausência dos "mexicanos", destas pessoas que os "brancos" querem colocar na invisibilidade social, que há uma real apreciação de seu valor. É só na ausência que se sente o quanto se precisa ou se necessita de alguém. Segue-se então uma lição de tolerância e aceitação dada pelo filme.

Infelizmente, há um outro lado... o filme é arrastado e mais longo do que deveria. A idéia central acaba sendo estendida por meio de desdobramentos de pequenos dramas de algumas personagens. Perde-se aqui a força da idéia ao se fazer esta diluição.

sábado, outubro 29, 2005

Ilha das Flores

Pude conferir recentemente, o curta-metragem Ilha das Flores. Já tinha ouvido falar bastante mas nunca tive a oportunidade para vê-lo.

Graças ao milagre da internet (e informações amplamente democratizadas) e também a Cláudia Chaves, pude ver o curta na telinha do meu computador.

Para quem quiser conferir, o link é:

http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?cod=647&Exib=2769

Aproveitem!!! O curta é uma lição primorosa de como vários assuntos podem ser abordados de forma inteligente e divertida. Uma lição de como bom-humor e petardos contra a sociedade de consumo, a desigualdade social e a falta de consciência ecológica.

quinta-feira, outubro 27, 2005

A verdade sobre os contos de fada - Parte II

Agora me empolguei e vou contar tudo.Muitos contos de fadas disseminam o preconceito e a submissão.

O Patinho feio - esse é um clássico conto, em que mostra claramente que o diferente não pode conviver com o dito "normal". O coitadinho do cisne é discriminado pelos seus irmãos e só encontra paz, quando percebe que é um cisne e procura os seus. A sociedade não aceita pessoas "diferentes", com idéias, atitudes, comportamentos e posicionamentos "não usuais". Não há neste conto uma integração e sim a segragação. Só é aceito quem faz parte da "massa".

Joãozinho e Mariazinha - um típico conto em que os valores se invertem. A bruxa, coitada, estava lá na floresta em sua casinha de doces, quando os dois pestinhas chegam e quase põe a baixo seu lar. É para querer ou não comer essas criancinhas no jantar?

Branca de Neve, Bela Adormecida e Cinderella - estes contos mostram claramente que só pode haver uma mudança de situação com a presença masculina. Se não, duram para sempre, fiquem fazendo faxina para sempre. E a submissão é tal que as mulheres precisam "esperar" seus príncipes, se não nada de Happy End. Sou fã da Cinderella, apesar da submissão, ela em algum momento toma uma atitude e resolve ir ao baile e danem-se madrastra e irmãzinhas. Falando nisso, é tão meiga a versão dos Irmãos Grimm nesse conto. Para punir as irmãs malvadas, pássaros picam seus olhos e as cegam.

Festa no Céu - este é de uma particularidade muito interessante. a filha de meu primo adorava que lessem essa história para ela. Sempre que eu ia ler eu mudava toda a história, a criança ficava tão feliz que nem te conto. Mas, vamos lá, o conto só mostra que não pode haver uma socialização de extremos. Como pode um sapo querer ir a festa no céu? Pela ousadia, ele se estatela no chão. Não pode um ser inferior almejar estar entre as alturas. Precisa dizer mais alguma coisa?

quarta-feira, outubro 26, 2005

Como lidar com os erros

Como lidar com os erros - Por Roberto Shinyashiki

Errar faz parte da vida. Por mais que sejamos competentes e queiramos acertar sempre, errar é uma característica de quem está no jogo.

Muita gente tem a ilusão de querer sempre acertar. Mas isso é impossível. Veja os discos dos Beatles e dos Rolling Stones. Sou fã deles, mas tenho de reconhecer que algumas músicas são sofríveis. Nem eles têm uma obra perfeita. Os escultores que admiro, todos eles eram insuportáveis na intimidade. Os médicos que me ensinaram, tiveram seus dias de fraqueza. Paciência! Errar faz parte de quem toca, compõe, opera, constrói, advoga, enfim, de quem está cumprindo a sua missão.

Entenda que você é uma pessoa sensacional, mas é um ser humano. Quando temos a humildade de perceber que somos aprendizes lutando para fazer o melhor, podemos unir uma garra insuperável com uma boa dose de compreensão de nossas fraquezas.

Sempre devemos ter em mente que amanhã vamos estar melhores porque estamos aprendendo. E, apesar de estar sempre procurando a perfeição, nunca seremos perfeitos.

Apesar de lutar como um leão para alcançar a minha meta, quando as coisas não dão certo como eu gostaria, procuro sempre ter a tranqüilidade de dizer: "Paciência, Roberto, você fez o máximo, mas o seu máximo desta vez foi pouco. Tenho certeza de que na próxima vez vai ser melhor. Agora tome um sorvete, descanse bastante e se prepare que amanhã tem mais".

Você é uma pessoa honesta e digna. Quando tiver feito uma bobagem, em vez de se culpar tome um chá, telefone para um amigo alto astral, desabafe, olhe o sol e deixe a tensão ir embora. Aconteça o que acontecer, tenha em mente que você procurou fazer o melhor e que na próxima vez vai acertar. Quando você se tortura, somente piora a sua capacidade de analisar o que está acontecendo e joga fora a energia tão necessária para consertar a situação. Aconteça o que acontecer, você tem de ser o seu amigo mais importante.

A verdade sobre os contos de fada

Quando foram criados, os contos de fadas não eram destinados às crianças. Tinham o objetivo de solucionar, resolver problemas adultos. Os Irmãos Grimm tinham os contos mais edificantes no final, mas de toda a forma suas histórias pregam o conformismo. Para se ter uma idéia, havima várias versões de Chapeuzinho Vermelho. Na maioria delas, a menina e a vovózinha eram comidas pelo lobo. Enfim, uma questão de visão de ponto de vista.
O significado dos Contos:

Chapeuzinho Vermelho - na verdade representa a passagem da infância para a adolescência. O fato de a mãe pedir para que a filha fosse levar a cesta para a vovó, nada mais significava que ela estava pronta para enfrentar as responsabilidades. A Floresta sempre foi um elemento envolto de mistério. (vide o filme A Vila).

A Bela Adormecida - como na Idade Média, os homens saiam para lutar, as mulheres ficavam nos castelos esperando a volta de seus esposos. E elas deveriam ficar como que adormecidadas até que eles vencessem todos os perigos e retornassem ao lar. O beijo é muito simbólico, porque na verdade como eles passavam anos longe de casa, chegavam sedentos, verdadeiramente "apavorando", e não era com beijos que acordavam as suas princesas.

A Bela e a Fera - como muitas jovenzinhas tinham que casar obrigadas com homjens mis velhos esta história foi criada para que elas aceitassem o fardo e para que refletissem que a beleza não era tudo, mas que deveriam ver o "interior" dos seus conjujes.

Histórias edificantes. Agora, falando sobre o filme Os Irmãos Grimm, eu também gostei bastante. Há alguns furos no roteiro, mas na média o roteirista conseguiu criar uma história interessante partindo de várias histórias dos irmãos alemães.

Contos de fada

Assisti "Os irmãos Grimm" de Terry Gillian. Nas primeiras cenas, fiquei pensando que veria algo semelhante a "As aventuras do Barão de Munchausen". O cenário medieval mas com toques sombrios já remetia a isso.

Confesso que fui assistir sem grandes expectativas. E saí da sala maravilhado com o filme. Posso até dizer, entusiasmado e ansioso para chegar logo em DVD para poder tê-lo na minha coleção.

Ao contrário do que se pode pensar, "Os irmãos Grimm" não é um filme para crianças. Há uma boa dose de violência implícita e explícita (torturas, corpos dilacerados) mas sem caminhar pelo sanguinolento.

O toque "conto de fada" fica por conta das referências diretas (Chapeuzinho vermelho, Lobo Mau, o espelho da madrasta da Branca de Neve, os cabelos longos e a torre de Rapunzel, o sapatinho de cristal de Cinderella...) e no cenário da floresta encantada.

De resto, o filme é uma história simples sobre dois irmãos (Matt Damon e Heath Leger) que não poderiam ser tão opostos um ao outro. Will Grimm é o toque de realidade, a pessoa preocupada em conseguir dinheiro para comer. Jacob Grimm é o sonhador, aquele que acredita na realidade onírica e sombria dos contos de fada.

Mas o que se vê no filme é que a realidade dos contos de fada pode ser mais sombria do que propriamente feliz. Nisso, Terry Gillian mostra-se um grande contador de histórias, um fabulista para adultos e nisso, assemelha-se bastante a Tim Burton (que já nos trouxe vários contos adultos: "Peixe grande" e o mais recente "A fantástica fábrica de chocolates").

segunda-feira, outubro 24, 2005

Vc é Hands on???

Cada vez mais vemos o mercado de trabalho enlouquecido... São tantas exigências, tantas solicitações, tão pouca remuneração. Outro dia, uma amiga minha foi contratada como consultora de marketing. Pasmem. Ela não pode receber nem fazer ligações, nem do seu próprio celular. Seu horário de almoço é controlado por um guarda, que anota sua entrada e saída. Eu imagino como não deverão ser as exigências para a copeira. Enfim, eis um texto que fala um pouco sobre isso.

(Max Gehringer-Colunista Revista EXAME)

Vi um anúncio de emprego. A vaga era de gestor de atendimento interno,
nome que agora se dá à seção de serviços gerais. E a empresa contratante
exigia que os eventuais interessados possuíssem - sem contar a formação
superior - liderança, criatividade, energia, ambição, conhecimentos de
informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem hands
on.
Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía
mesmo essa variada gama de habilidades, o salário era um assombro: 800
reais. Ou seja, um pitico.
Não que esse fosse algum exemplo absolutamente fora da realidade. Pelo
contrário, ele é quase o paradigma dos anúncios de emprego atuais... A
abundância de candidatos está permitindo que as empresas levantem, cada vez
mais, a altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido.
E muitos, de fato, saltam. E se empolgam.
E aí vêm as agruras da superqualificação, que é uma espécie do lado avesso
do efeito pitico...
Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão
bem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora
de atendimento interno.
E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges, gerente da
contabilidade.
- Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
- In a hurry!
- Saúde.
- Não, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência em inglês.
Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se
aqui só se fala português?
- E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
- O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho
profundos conhecimentos de informática.
- Não, não. Cópias normais mesmo.
- Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já
comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das
cópias que tiramos.
- Fabiana, desse jeito não vai dar!
- E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
- Como assim?
- É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso
um desperdício do meu potencial energético.
- Olha, neste momento, eu só preciso das três có...
- Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro...
- Futuro? Que futuro?
- É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não
aconteceu nada.
- Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
- Sei. Mas o senhor é hands on?
- Hã?
- Hands on. Mão na massa.
- Claro que sou!
- Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair
por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu
fui contratada.
Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não
têm as qualificações requeridas.
2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos
porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não
poderão usar nem metade delas, porque, no fundo, a função não precisava
delas.
Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo
prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo
preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.
Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um
montão de gente superqualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível
que um visitante desavisado que chegasse de repente confundiria nossa
salinha do café com o auditório da Fundação Alfred Nobel.
Pessoas superqualificadas não resolvem simples problemas!
Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas
e no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes do advento
do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto,
motorista da van.
E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha noções de
informática e possuía energia e criatividade. Sem mencionar que estava
fazendo pós-graduação.
Só que não sabia nem abrir o capô.
Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o
manual do proprietário, passou um sujeito de bicicleta.
Para horror de todos, ele falava "nóis vai" e coisas do gênero.
Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a van para funcionar.
Deram-lhe uns trocados, e ele foi embora feliz da vida.
Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as
empresas modernas torcem o nariz: o que é capaz de resolver, mas não de
impressionar!!!!

Validação

Recebi de um amigo e achei barbaro. Quero validar todos vcs...

O Poder da Validacao (Stephen Kanitz)

Todo mundo e inseguro, sem excecao. Os super confiantes simplesmente disfarcam melhor. Nao escapam pais, professores, chefes, nem colegas de trabalho. Afinal, ninguem e de ferro.

Paulo Autran treme nas bases nos primeiros minutos de cada apresentacao, mesmo que a peca ja tenha sido encenada 500 vezes. So depois da primeira risada, da primeira reacao do publico, e que o ator relaxa e parte tranquilo para o resto do espetaculo.

Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada artigo que escrevo e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam. Inseguranca e o problema humano numero 1.
O mundo seria muito menos neurotico, louco e agitado se fossemos todos um pouco menos inseguros.Trabalhariamos menos, curtiriamos mais a vida, levariamos a vida mais na esportiva. Mas como reduzir essa inseguranca?

Alguns acreditam que estudando mais (meu caso), ganhando mais (meu caso), trabalhando mais (será que é o meu caso?) resolveriam o problema. Ledo engano, por uma simples razao: seguranca nao depende da gente, depende dos outros. Esta totalmente fora do nosso controle. Por isso seguranca nunca e conquistada definitivamente, ela e sempre temporaria, efemera.
Seguranca depende de um processo que chamo de "validacao", embora para os
estatisticos o significado seja outro.

Validacao estatistica significa certificar-se de que um dado ou informacao e verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguem seria confirmar que essa pessoa existe, que ela e real, verdadeira, que ela tem valor. Todos nos precisamos ser validados pelos
outros, constantemente.

Alguem tem de dizer que voce e bonito ou bonita, por mais bonito ou bonita que voce seja. O autoconhecimento, tao decantado por filosofos, nao resolve o problema. Ninguem pode auto-validar-se, por definicao. Voce sempre sera um "ninguem", a nao ser que outros o validem como "alguem".

Validar o outro significa confirma-lo, como dizer: Voce tem significado para mim".

Validar e o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de voce pelo que voce e".

Quem cunhou a frase "Por tras de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder devalidacao que so uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia podera dar.

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio sao suficientes para voce validar todo mundo.
Estamos tao preocupados com a propria inseguranca que nao temos tempo para sair validando os outros.

ESTAMOS TAO PREOCUPADOS EM MOSTRAR QUE SOMOS O "MAXIMO" que esquecemos de dizer aos nossos amigos, filhos e conjuges que o "MAXIMO" sao ELES. Adulamos a quem nao gostamos e esquecemos de validar aqueles que admiramos.

Por falta de validacao, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o "ter" e nao o "ser". Por falta de validacao, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se ou dominar os outros em busca de poder.

Validacao permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente sao e nao pelo que gostariamos que fossem. Mas, justamente gracas a validacao, elas comecarao a acreditar em si mesmas
e crescerao para ser o que queremos.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar e exercitar uma nova competencia: validar alguem todo dia.

Um elogio certo, um sorriso, os parabens na hora certa, uma salva de palmas, um beijo, um dedao polegar para cima, um "valeu cara, valeu".

Por isso, ESTOU VALIDANDO VOCE AGORA.

Voce ja validou alguem hoje?

"Palavra quando acesa, nao queima em vao".

Olha eu aqui

Estou super emociada em ser a nova colaboradora do Blog do Luiz. Aguardem notícias, delírios, dados, informações e muito mais. bjs

Rituais

Nunca tinha percebido mas neste final de semana percebi o quanto nossa vida é marcada por alguns rituais. Nem são rituais tão combinados mas ao se ver situações se repetindo a cada ano, não posso deixar de pensar que há algo regendo a vida em torno destes rituais.

Fui conferir uma sessão da Mostra Internacional. E foi muito interessante ver coisas que se repetem todo o ano. Filas imensas, salas lotadas. Pessoas que parecem se reencontrar apenas nestas situações. Como se tivessem num ciclo. Ansiedade e um certo stress com os bilheteiros. Sessões que são anunciadas como esgotadas enquanto há pessoas na fila tentando comprar algum ingresso.

Várias pessoas com o Guia da Folha consultando os filmes da programação. E mudando de idéia conforme são anunciados aquelas sessões que estão esgotadas.

E na sala, no meio da sessão, pessoas se levantando e saindo naturalmente. Esta é outra parte interessante!!!

Depois das sessões, segue-se discussões sobre a nota que será atribuída para o filme. E fichas sendo preenchidas. E pessoas pedindo canetas emprestadas (se bem que agora as fichas podem apenas serem rasgadas na nota).

Agora falando mais sobre o filme que fui assistir. Tive a sorte de conseguir comprar os ingressos pela internet (ainda bem que existem estes serviços) e vi um filme do Werner Herzog. O cineasta alemão famoso por uma parceria de vários filmes com Klaus Kinski. Confesso que só assisti um filme dele antes ("Aguirre, a cólera dos deuses") e estava meio apreensivo para ver este.

Mas a sinopse me chamou a atenção. Sobre o que fala o filme? O filme é uma reflexão sobre a ocupação do planeta Terra, tendo como fio condutor, as memórias de um extraterrestre desiludido que já tentou fazer o caminho oposto que os terráqueos estão fazendo.

A música é hipnótica. E as imagens, enchem os olhos. O diretor usa imagens da NASA e constrói uma história. Colhe declarações de matemáticos sobre teorias de aumentar a velocidade das naves espaciais com a força gravitacional dos planetas e outra sobre a existência dos túneis de matéria caótica.

Eu achei um filme diferente e bom. O Guacymar gostou também. Mas o Cláudio e o Humberto não pareceram ter curtido muito o filme.

domingo, outubro 23, 2005

Sobre referendos

No último post fiquei questionando sobre referendos e até pensei em algumas outras questões que poderiam ser tratadas da mesma forma.

Nas aulas de história, aprendi que na Grécia se utilizava muito este instrumento. Os cidadãos votavam para qualquer coisa. O único problema é que poucos eram os que eram considerados como cidadãos.

Acabei de receber um e-mail falando sobre isso. Talvez valha pena ler e refletir sobre isso.

Eu só queria saber pq não perguntaram pro povo sim ou não para os seguintes temas:

>da CPMF,
>sobre o preso ter que trabalhar para sustentar-se no sistema,
>se vc concorda em pagar para o preso ficar na cadeia,
>sobre tirar benefícios de criminosos em geral,
>sobre a redução da maioridade penal,
>sobre acabar com indultos,
>sobre prisão perpétua,
>sobre o fim das visitas intimas a criminosos,
>sobre as penas alternativas,
>da carga tributária em cima da classe média,
>do orçamento da União,
>das agências reguladoras,
>do teto para os benefícios do aposentado,
>da taxação dos inativos,
>da proteção ao meio ambiente,
>do perdão aos devedores de IPVA e ICMS
>a opção pelo aborto ou não
>o casamento de pessoas do mesmo sexo

Perguntar não ofende: Referendo não é consulta popular sobre assuntos relevantes? Por que nunca perguntaram pro povo o que pensamos sobre o voto obrigatório?

quinta-feira, outubro 20, 2005

Sim ou não

Neste próximo domingo acontecerá um referendo. Acho que deve ser o primeiro que há aqui no Brasil moderno... antes só me lembro de ter acontecido um plebiscito onde se tinha que escolher o regime e forma de governo.

Isso na verdade levantou algumas perguntas... por que este instrumento não é utilizado mais vezes? Há tantas questões que deveriam ser colocadas em discussão. Por exemplo: união civil de pessoas do mesmo sexo, descriminalização do uso de drogas e até mesmo uma avaliação sobre o governante e os representantes eleitos a cada 2 anos.

Enfim, mas a questão de agora é sobre a proibição ou não do comércio de armas.

Sinceramente acho que esta é uma discussão mais complexa do que se parece. Não sei se se caberia um simples sim ou não. Nunca gostei de colocar as coisas de forma tão maniqueísta.

Sim, as armas tem como finalidade última, matar. Matar homens, matar animais... enfim, matar. Pensando nisso, acho que num país em que índices de violência são altos e políticas de cabresto ainda existem, num país em que muita coisa ainda é resolvida na ponta da faca ou a bala, a proibição do comércio de armas de fogo seria um ponto positivo.

Mas será eficiente? Será que a aprovação da lei não seria uma "letra morta", uma "lei para inglês ver"? As drogas hoje são proibidas e não há uma fiscalização efetiva que combata o tráfico. O jogo do bicho também é proibido mas vejo várias bancas espalhadas pela cidade.

Fico me questionando sobre várias coisas. E só posso dizer que ainda não cheguei numa decisão (tendo a acreditar no sim mas tenho dúvidas). E como disse o meu amigo Fabrício, "Eu não sou "da paz". Mas também não sou bobo".

quinta-feira, outubro 13, 2005

The end

Resolvi encerrar a dieta. Apesar de acreditar que poderia aguentar mais 3 dias (e completar os 10 previstos), resolvi sair.

O retorno a uma dieta normal está sendo gradual: nada de carnes nem frituras nem fast-food. Muito iogurte, leite de soja, frutas e legumes. E arroz integral, é claro.

Neste retorno gradual resolvi experimentar uma fatia de pão alemão. Um pão de grãos de centeio, de fermentação natural e bem integral. Achei meio ácido mas bem saboroso... não consegui comer mais de uma fatia. O pão sustenta bem.

De resto, nada de excepcional. Um feriado no meio da semana tranqüilo e com sol. Caminhei um pouco pela praia e apreciei os novos sabores. Aliás, estou adorando a redescoberta dos sabores.

No supermercado, os odores dos vegetais estava inebriante. Mangas, goiabas, pimentões, pêras... Tudo estava extremamente atraente.

Foi uma experiência bem válida. Gostei de ter feito e me senti bem. Acho que na rotina apressada que temos, deixamos de prestar atenção no sabor das coisas. Comemos e engolimos a comida, sem degustar. Depois desta experiência, vejo o quanto tinha esquecido o quanto é gostoso descobrir os sabores e texturas dos alimentos.

Comer é algo que realmente dá prazer. E, ao me privar dele, pude perceber o quanto é importante.

quarta-feira, outubro 12, 2005

10 dias de arroz: dia 7

Nem acredito... uma semana nesta dieta. Sabe que já nem sinto mais vontade de comer. Nem sei se o que sinto às vezes no estômago é fome. Sinto uma coisinha que não sei identificar... será fome? Será um mal-estar? Bem, de qualquer forma, melhor não esquentar com isso porque não me incomoda.

Tenho preferido tomar mais missoshiro do que comer arroz sozinho. Ou melhor, faço um mix e tenho uma espécie de minestrone macrobiótico. Risos.

Sinto-me bem. E o saldo até agora foram algumas horas a mais de atividade (sim, tenho sentido bem menos sono), uma clareza de idéias surpreendente (sim, porque apesar de pensar em comida algumas vezes, tenho conseguido me focar muito mais no que preciso fazer) e alguns quilos a menos (sei lá... deve ser efeito direto da falta de gulodice).

terça-feira, outubro 11, 2005

10 dias de arroz: dia 6

Sexto dia... enfim passei da metade de todo este período de desintoxicação. Devo dizer que estou contente comigo mesmo por conseguir resistir a tantas vontades. Sinal de que meu auto-controle está em boa forma.

Fico imaginando se alguma coisa vai mudar por conta de todo este processo. Será que realmente estarei numa condição de saúde melhor? Será que algo vai realmente mudar na minha forma de lidar com minha alimentação depois desta experiência?

É incrível sentir que sinto vontade de comer coisas inusitadas e que nunca tinha pensado antes. Muitos legumes, muitas frutas... mas acho que ainda não abriria mão dos pães.

Açúcar refinado já não estava quase consumindo. Se for pensar, até que meus hábitos alimentares não são tão ruins. Não fico me empanturrando de junk-food, vou muito raramente a um McDonalds e quase prefiro não beber refrigerantes.

Hmmm... e acho que continuaria comendo embutidos. Talvez reduza um pouco a quantidade e coma mais verduras. Sei lá... penso nisso agora mas há uma distância grande entre dizer e fazer.

Ontem, depois do treino de tae-kwon-do fui comprar um pouco de missô. O mestre disse que é permitido incluir o missoshiro na dieta. Então, mais do depressa fui comprar e preparei um pouco.

Ao comer, percebi que foi muito estimulante esta descoberta do sabor. Parecia uma refeição elaboradíssima. E era apenas um pouco de água quente com missô dissolvido.

Não comi nada doce ainda e acredito que vá ser uma grande redescoberta dos sabores doces.

segunda-feira, outubro 10, 2005

10 dias de arroz: dia 5

Ando sentindo cada vez menos fome... o que significa que tudo o que eu comia antes da dieta era realmente por pura gula. Não é a toa que se engorda deste jeito. O bom de se restringir tanto os alimentos permitidos é que você começa a valorizar mais o sabor dos outros.

Deve ser algo que a gente esquece com o tempo. O sentimento de saciedade... tenho comido apenas quando tenho fome e não quando tenho vontade de comer. Fome e vontade de comer são coisas bem distintas.

E não tenho me sentido mais fraco ou mais lerdo ou mais debilitado por conta disso. Ou seja, muita coisa que eu comia era mesmo por conta de vontade de comer (ou doce ou carne ou chocolate ou qualquer coisa que fosse).

A vontade de comer outras coisas me persegue, não vou negar. Mas tenho seguido adiante com a dieta. Já estou na metade do período de desintoxicação...

domingo, outubro 09, 2005

10 dias de arroz: dia 4

Hoje vai ser uma prova de fogo... a irmã do Guacymar resolveu fazer uma comemoração de aniversário e vamos ver como reagiremos a todas aquelas comidinhas de festa.

Este foi o pensamento que me assaltou durante um bom tempo. Mas chegando na hora tudo foi muuuuito tranquilo. Tinha um delicioso bolo-mousse de chocolate ali, mas tanto eu quanto o Guacymar nos mantivemos firmes e não comemos nem um pedacinho.

Quanto ao grupo, mais uma baixa. Desta vez foi a Melissa. Ela disse que não resistiu quando a sobrinha dela veio oferecer uma banana.

Dia tranquilo... nada de excepcional. O engraçado é ver a reação das pessoas quando digo que estou comendo arroz integral orgânico e bebendo chá verde todos estes dias. Acho que não acreditam muito quando digo que não sinto fome.

Aliás, tenho sentido menos vontade de comer... se continuar assim, acho que vou acabar emagrecendo. Um side effect da dieta. Na verdade, a dieta é para desintoxicar.

Ontem experimentei fazer o chá verde que comprei no restaurante Take (o mesmo lugar onde comprei o arroz integral orgânico). O chá é bem diferente do que eu bebia... bem mais perfumado. Gostei bastante. Acho que vou comprar mais porque só comprei 2 sacos de 100 g.

10 dias de arroz: dia 3

A vida segue normalmente... hoje fui inclusive treinar tae-kwon-do e tudo OK. Parece até que os movimentos ficaram mais claros. Consegui mais acertar do que errar... o que é ótimo, afinal o exame de faixa está já chegando.

Não sinto fome, não estou com dores de cabeça e sim, tenho vontade de comer outras coisas mas estou me controlando bem.

Do grupo de 7 pessoas que começaram a dieta, uma já quebrou... o Élder estava num cocktail e ao ver todos comendo, não resistiu e comeu um pedaço de melão. Vai ter que recomeçar... ainda bem que foi no terceiro dia. Já pensou se ele estivesse no nono dia e tivesse que recomeçar?

Tenho dormido bem e acordado bem disposto. Sinto que meu dia foi bem produtivo hoje.

sexta-feira, outubro 07, 2005

10 dias de arroz: dia 2

Fazer uma dieta destas é um verdadeiro teste para a força de vontade de qualquer um. Ontem tive que ir buscar minha calculadora HP12C que estava na assistência técnica. No caminho, milhares de coisas me tentando: desde a barraca de frutas até um carrinho de churros.

E olha que nem gosto de churros...

Continuo sentindo pouco sono. Tenho dormido menos horas e estou bem assim. O mais estranho é que tenho sentido uma calma, uma tranquilidade mental surpreendente. Para quem me conhece, sabe que estou sempre pensando e lembrando de coisas a todo momento. Qualquer estímulo externo sempre ativa uma avalanche de memórias.

Pois bem, ontem a noite, consegui ficar com a mente em branco. Estranho, não é? Fechei os olhos e simplesmente cosnegui manter a mente em branco. Não fiquei pensando no que teria que fazer amanhã nem na fala da personagem do filme que estava assistindo.

Apenas fechei os olhos e não pensei em nada.

quinta-feira, outubro 06, 2005

10 dias de arroz: dia 1

Quem já leu aqui os posts passados, vai lembrar de um em que eu perguntava o quanto o que comemos influencia no que somos. E vai lembrar também que eu iria começar uma dieta de desintoxicação a base de arroz integral orgânico e chá verde.

A dieta começou ontem e resolvi registrar aqui o evoluir de cada dia.

Arroz integral demora bem mais tempo para cozinhar do que arroz normal. A vantagem é que tem uma "textura" diferente e isso estimula bastante a mastigação. Na parte da manhã geralmente não como muita coisa, sinto enjôos só de pensar em comer. Bebo normalmente um copo de leite de soja. Ontem substitui o leite de soja por ban-chá.

Bebi vários copos de ban-chá e, o efeito diurético se mostrou rápido. Incrivelmente, não senti fome comendo só arroz. Tive um princípio de dor de cabeça, mas foi só comer mais uma tigela de arroz temperado com gersal e passou rapidinho.

Tenho comido mais porções, porém bem menores. Comer pouco e sempre. Dizem que é assim que deveria ser normalmente... acho que a cada 4 horas estou comendo um pouquinho.

O que aconteceu ontem é que percebo o quanto a gula está ligada com o psicológico. Ao ficar parado, sem prestar atenção em nada, começava a pensar em comidas simples. Um sanduíche de queijo quente, um pedaço de chocolate, um tomate-cereja com azeite...

Engraçado o quanto a gente pensa na lembrança do sabor das coisas quando elas estão restritas. Penso já com uma certa curiosidade como será depois destes 10 dias e poder redescobrir o sabor dos outros alimentos.

As mudanças que senti até agora? Hmmm... fui mais vezes ao banheiro (talvez seja parte do processo de desintoxicação) e demorei muito mais a dormir. Geralmente, acordo às 8h30 e durmo por volta da meia-noite. Ontem acordei no mesmo horário mas o sono só chegou depois das 3 da manhã e hoje, às 6h00 já estava pronto para acordar.

E ontem, enquanto buscava o sono, comecei a pensar em muita coisa. E de repente, me vi agradecendo a tudo o que estava podendo viver. Como se algo dentro de mim estivesse chamando a atenção para aquilo tudo de bom que vivo e que quase não presto atenção. O mais estranho é que de repente, no meio de todas estas reflexões, comecei a chorar. Mas não eram lágrimas de tristeza... eram lágrimas de felicidade.