segunda-feira, julho 30, 2007

Sala São Paulo

Uma das vantagens de se trabalhar na Secretaria da Cultura é aproveitar os eventos culturais de São Paulo. Acho muito divertido trabalhar com pessoas envolvidas nas políticas culturais do Estado e, acho melhor ainda poder conciliar trabalho e diversão.

Ontem foi o encerramento do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Pois é, parece estranho mas foi assim: o encerramento do Festival de Campos do Jordão foi em São Paulo, mais especificamente na Sala São Paulo.

Garanti alguns ingressos e fui lá conferir o programa. Um pequeno stress na entrada porque eu não encontrava o pessoal do cerimonial para pegar meus ingressos. Mas valeu: ganhei ingressos para um camarote, ao lado do camarote das autoridades (governador, prefeito, secretário, etc., etc.).

Visão privilegiada. Acústica excelente. Nunca tinha assistido uma apresentação na Sala São Paulo. E posso agora dizer que assistir um concerto ali é algo especial. Ouve-se bem todas as notas do solo de um violino. Público educado e que sabe a hora de aplaudir (sim, porque já vi platéias aplaudindo na hora de uma pausa mais longa e cortando a música).

A Orquestra Acadêmica, reunião de todos os alunos do festival, executou obras complexas: Richard Strauss, passando por uma obra moderna da brasileira Jocy de Oliveira com direito a soprano e uma segunda parte plena de energia com Rimsky-Korsakov.

Após a apresentação, circulei um pouco pelo prédio da Sala São Paulo (como eram lindas as estações de trem antigamente) e na saída, um coquetel para os músicos no prédio da Estação Pinacoteca.

Um bom début em concertos de música clássica em São Paulo.

Posso dizer que este "lado glamour" do meu trabalho é gostoso. E é o que faz valer a pena estar lá. Sim, porque de resto... bem, isso é outra história.

sábado, julho 28, 2007

A cada segundo, a cada minuto, a cada hora...

Esta eu descobri no blog Caminhos do conhecimento. Para quem quiser saber um pouco mais sobre estatísticas da população e economia mundial.

Quantas pessoas morreram este ano? Quantas pessoas nasceram hoje? Quantos computadores foram vendidos neste ano?

Quem tiver a curiosidade para responder estas perguntas, basta acessar o Worldometers.

A máquina de imprimir direto na folha de papel




Ouve só. A gente esvaziando a casa da tia neste carnaval. Móvel,roupa de
cama, louça, quadro, livro. Aquela confusão, quando ouço dois dos meus filhos me chamarem.

- Mãe!

- Faaala.
- A gente achou uma coisa incrível. Se ninguém quiser, pode ficar para a gente? Hein?
- Depende. Que é?

Os dois falavam juntos, animadíssimos.


- Ééé... uma máquina, mãe.
- É só uma máquina meio velha.
- É, mas funciona, está ótima!

Minha filha interrompeu o irmão mais novo, dando uma explicação melhor.

- Deixa que eu falo: é assim, é uma máquina, tipo um... teclado de computador, sabe só o teclado? Só o lugar que escreve?
- Sei.
- Então. Essa máquina tem assim, tipo... uma impressora, ligada nesse teclado, mas assim, ligada direto. Sem fio. Bem, a gente vai, digita, digita...

Ela ia se animando, os olhos brilhando.

- ... e a máquina imprime direto na folha de papel que a gente coloca ali mesmo! É muuuito legal! Direto, na mesma hora, eu juro! Eu não sabia o que falar.

Eu ju-ro que não sabia o que falar diante de uma
explicação dessas, de menina de 12 anos, sobre uma máquina de escrever. Era isso mesmo?

- ... entendeu mãe?... zupt, a gente escreve e imprime, a gente até vê a
impressão tipo na hora, e não precisa essa coisa chata de entrar no computador, ligar, esperar hóóóras, entrar no word, de escrever olhando na tela, mandar para a impressora, esse monte de máquina, de ter que ter até estabilizador, comprar cartucho caro, de nada, mãe! É muuuito legal, e nem precisa de colocar na tomada! Funciona sem energia e escreve direto na folha da impressora!
- Nossa, filha...
- ... só tem duas coisas: não dá para trocar a fonte nem aumentar a letra,
mas não tem problema. Vem, que a gente vai te mostrar. Vem...

Eu parei e olhei, pasma, a máquina velha. Eles davam pulinhos de alegria.

- Mãe. Será que alguém da família vai querer? Hein? Ah, a gente vai ficar
torcendo, torcendo para ninguém querer para a gente poder levar lá para casa, isso é o máximo! O máximo!

Bem, enquanto estou aqui, neste 'teclado', estou ouvindo o plec-plec da tal máquina, que, claro, ninguém da família quis, mas que aqui em casa já deu
até briga, de tanto que já foi usada. Está no meio da sala de estar, em lugar nobre, rodeada de folhas e folhas de textos 'impressos na hora' por eles.

Incrível, eles dizem, plec-plec-plec, muito legal, plec-plec-plec.
Eu e o Zé estamos até pensando em comprar outras, uma para cada filho. Mas, pensa bem se não é incrível mesmo para os dias de hoje: sai direto, do teclado para o papel, e sem tomada! Céus. Que coisa.

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Recebi este texto da minha amiga Cynthia e lá no e-mail, aparecia que a autoria é do Mário Prata.

Na hora do rush

Sempre que possível evito sair na hora do rush. São Paulo tem as vantagens de uma metrópole: diversidade , vida cultural intensa, vida noturna idem. E também tem suas desvantagens...

Para evitar o trânsito nos horários de pico, apelava para esquemas alternativos. Quando tinha carro, acordava mais cedo para ir a uma academia pertinho do trabalho. Um bom jeito de manter a forma e ainda evitar o stress.

E depois do expediente, as benditas happy hours para evitar o trânsito pós-final de expediente eram refúgios seguros. Ou então, embarcar num curso de espanhol numa escola próxima do trabalho. Ou um cineminha nas redondezas.

Nesta semana, acabei saindo do trabalho bem no horário do rush. E resolvi arriscar pegar um ônibus para voltar para casa. Afinal, minhas experiências com o transporte coletivo estavam sendo até que surpreendentes. Com ônibus trafegando em corredores exclusivos, chego mais rápido do que se estivesse dirigindo.

Enfim, nesta semana peguei um ônibus no horário do rush e só posso dizer que é uma experiência válida para quem quiser explorar a sensação de estar numa lata de sardinhas.

No livro "Um antropólogo em Marte", o neurologista Oliver Sachs relatava o caso de uma autista que evitava o contato humano mas que mesmo assim tinha uma necessidade de ser abraçada. Para isso, acabou inventando uma máquina de abraçar.

Só digo que se ela estivesse aqui em São Paulo, seria mais fácil para ela pegar um ônibus no centro da cidade às 18h00. Teria as necessidades de contato físico supridas para um mês inteiro.

quarta-feira, julho 25, 2007

Blackle


Alguns meses atrás, um artigo iniciou uma discussão: se o Google utilizasse predominantemente a cor negra, economizaria energia.

A teoria na qual o artigo se baseia diz o seguinte: quando o monitor está todo branco (uma página do Word, por exemplo), o computador consome cerca de 74 watts. Quando está todo preto,
utiliza, em média, 59 watts.

Então, dada a popularidade de uso do Google no mundo inteiro, se todos usassem uma versão negra do Google, poderia-se economizar cerca de 750 Megawatts/hora a cada ano.

Um aparelho de ar-condicionado, por exemplo, gasta 1 MegaWatt/hora por ano.

Considerando a popularidade do Google e a onda ecologicamente correta (vide Live Earth, biocombustíveis e assuntos afins), a Heap Media, uma empresa australiana, lançou um buscador em versão negra: o Blackle.

Para quem quiser testar, o Blackle é tão funcional quanto o Google, com a diferença de não ter pesquisa de imagens nem versões em outros idiomas. Vale a pena tentar...

terça-feira, julho 24, 2007

Deus não é surdo...

Sabia que um culto evangélico ao lado da sua casa pode ser mais prejudicial a sua saúde (e aos seus ouvidos) do que a turbina de jato de avião?

Pois é... e contra a poluição sonora que assola os templos evangélicos, surgiu a campanha "Deus não é surdo. Igreja sim! Casa de espetáculo, não!".

Esta campanha descobri lá no cantinho virtual da minha amiga Jak. E para quem quiser saber mais, é só visitar http://www.deusnaoesurdo.com.br/

"Deus não é surdo, orem baixo! Respeitem o sossego dos outros, respeitem a lei."

segunda-feira, julho 23, 2007

O mundo é pequeno pra caramba...

Há uma "teoria" que diz que ninguém está distante de outra pessoa mais do que 6 outras pessoas conectando-as. Este foi o mote do filme "Seis graus de separação" e acabou até gerando um jogo para cinéfilos chamado "Seis graus a partir de Kevin Bacon".

Tudo isso para ilustrar algo que todos dizem: "o mundo é pequeno". Esqueça as imensidões do mundo físico. O mundo a que me refiro é o mundo das relações. E, muitas vezes, acaba esbarrando no mundo físico.

Lembro que quando estava em San Francisco, acabei cruzando com uma pessoa que trabalhava na mesma rede de escolas. Depois, ainda em San Francisco, encontrei um cara que estudou na mesma faculdade que eu só que numa turma diferente.

Hoje, tive mais duas provas de que este mundo é minúsculo. Ao ver aquela notícia do acidente com o avião da TAM, imaginava que não conheceria nenhuma vítima. Ledo engano, Leda Nagle.

Recebi a notícia de que entre os passageiros estava uma ex-colega de trabalho. Na verdade, ela era diretora de algumas unidades lá no Rio Grande do Sul e eu, como era a interface entre a Sede Nacional e as unidades de RS tinha um bom contato com ela.

Estranho ver que numa tragédia destas, alguém conhecido esta envolvido. A sensação é de que tudo está mais próximo de você.

Depois de ter recebido a notícia, sai da sala e fui respirar um pouco. E eis que quando estou voltando para minha sala, vejo uma ex-colega de trabalho (de outra empresa). Ela estava ali visitando a tia dela. E eis que descubro que agora sou colega de trabalho da tia dela.

Vai entender as voltas que este mundo dá...

domingo, julho 22, 2007

Sábado: Versalhes, Antropofagia, La vie en douce, Farofa Carioca, Frangó


O sábado foi agradável (e agitado). Apesar de ter saído de casa para conferir uma peça de teatro ("O pior de São Paulo") que já estava com ingressos esgotados, acabei arrastando a Sté para um pulo na Pinacoteca.

E conferimos a exposição "Versalhes: imagens do soberano". Achei fraca. Poucos pontos que chamassem minha atenção e muito aquém das exposições que já vi na Pinacoteca. De lá, fomos conferir as exposições na Estação Pinacoteca: Leo 50 (fantástica... com desenhos feitos por Leonilson e detalhando toda a simbologia presente em sua carreira) e a coleção Nemirovsky (para quem curte arte moderna brasileira, vai encontrar desde "Antropofagia" da Tarsila do Amaral a Volpi, de esculturas de Brecheret a peças de Mira Schendel e Lygia Clark.

Tanta andança entre obras de arte tinha que ser pontuada por um descanso. E no café da Estação Pinacoteca fomos brindados com um pôr do sol fantástico.

Da região da Luz para a região dos Jardins. E lá, uma pausa no La vie en douce. Tinha comentado tanto sobre o submarino (um chocolate quente preparado na hora com um copo de leite quente e um chocolate que é derretido mergulhando-o no leite) que Sté ficou a fim de provar. E pegamos o café já fechando... mas o atendente super-simpático deixou a gente entrar.

De lá para o show do Farofa Carioca.
"Moro no Brasil, não sei se moro muito bem ou muito mal, só sei que faço parte do país e a inteligência é fundamental."

Muito tempo que não curtia um show com tanta energia. Os cariocas do Farofa Carioca, em sua passagem pela chopperia do SESC Pompéia, trouxeram muito suingue e muito bom humor. Regando tudo com letras bem humoradas e algumas até bem críticas.

O começo soava meio reggae, partiu-se depois para um tom mais politizado com "A carne" e seu refrão soturno dizendo "A carne mais barata do mercado é a carne negra".

E a malandragem volta depois em "Doidinha para fazer neném". Encerrando com um samba fantástica que é "Coisinha do pai".

Nesta hora, a fome bateu e fomos todos para o Frangó, bar tradicional na Freguesia do Ó. Digamos que foi um dia agitado e cheio de programas imprevistos... do jeito que eu gosto.

sábado, julho 21, 2007

Descobertas: o fascinante mundo das estações de trem


Os trens urbanos sempre foram um mistério para mim. Sabia da existência deles, mas nunca os usava. Afinal, a fama era de que eram superlotados, sujos e lentos. Por que eu, em sã consciência, optaria por este tipo de transporte já que em São Paulo tenho à disposição os ônibus e o metrô (que é bem mais rápido)?

Isso era o que eu pensava até pouco tempo atrás. Sempre frequentava lugares facilmente acessíveis pelo metrô e servidos por linhas de ônibus. Mas, quando se deixa de frequentar somente estes lugares, a situação muda.

Desde que deixei o meu emprego na região da Paulista (linha verde do metrô, estação Trianon-MASP) e comecei a prestar serviços de consultoria para outras empresas, tive que frequentar bairros que até então não passava.

Fui seguindo cada vez mais em direção ao sul, principalmente na região da Berrini e Brooklin. E agora, José? O que fazer? Bem, fui experimentar o trem que corre ao longo da marginal Pinheiros. E sabe que gostei? Ok, ok. O trem é realmente lotado (mas ultimamente, o metrô e o ônibus também o são) e realmente demora mais que o metrô (porque opera em intervalos maiores). Mas, é eficiente.

Agora, comecei a trabalhar na Secretaria da Cultura. E, como já disse, a Secretaria fica na região da Luz, entre as estações de trem da Luz (lindíssima por sinal) e Júlio Prestes.

Agora, para ir ao trabalho, vou sempre de trem: embarco na Barra Funda e desço na Júlio Prestes (um trajeto que faço em 5 minutos no trem). O que eu tenho mais curtido nestas minhas incursões nos trens paulistanos é observar as pessoas.

Sim, eu sou um "people watcher" confesso. rsrs. E ontem, ao embarcar para o trabalho, vejo saindo do trem um grupo de pessoas vestindo fantasias. Um parecia usar uma fantasia de Pokemon azul com cabeça de tubarão e outro, uma fantasia de coelho da Mônica (aquela azul, sacam?). Jeito mais liségico de começar o dia.

E ontem, resolvi desembarcar na estação Lapa na volta do trabalho. E descobri que as paredes ali são cobertas de grafittis. So urban, so trend. Bateu agora uma curiosidade de conhecer mais as outras estações... armado de uma câmera fotográfica, of course.

Não por acaso



2 segundos fazem a diferença. Uma segundo a mais ou um segundo a menos podem originar resultados diferentes. Cada decisão nossa nos leva a um destino diferente. O futuro se apresenta com várias possíveis trilhas a serem seguidas diante de nós. Ao escolhermos uma delas, seguimos na vida mas, ao olharmos para trás, há apenas um único caminho. Todas as outras trilhas sumiram porque não existem mais.

"Não por acaso" de Philippe Barcinski trata das tentativas de cada um em controlar seu próprio destino e das surpresas que sempre pontuarão o caminho. A cidade de São Paulo, com seus caminhos e sua imagem-metrópole, é o cenário perfeito para os destinos de Ênio e Pedro (Leonardo Medeiros e Rodrigo Santoro).

Ambos partilham de uma sensação de controle: Ênio é engenheiro de tráfego. Controla o fluxo de carros na cidade. E busca transferir este controle para a própria vida, regrada e solitária. Pedro é um marceneiro especializado em mesas de sinuca, ofício que herdou do pai. Desenha em sua mente (e em seu caderninho) jogadas meticulosamente planejadas e não percebe que o mesmo planejamento meticuloso (e avesso a mudanças) também permeia sua vida.

É a partir de um acidente de carro que muita coisa muda. A estrutura das vidas de cada uma destas personagens será alterada. Mudar é inevitável. Isso me lembra a trindade hindu: Brahma, Vishnu e Shiva. O criador, o preservador, o destruidor. Muitas vezes, a destruição é necessária porque somente com o fim do velho é que podemos edificar o novo.

"Não por acaso" tem interpretações corretas e ângulos e tomadas de câmera sensacionais. Um bom exercício da linguagem cinematográfica. Vale a pena conferir.

segunda-feira, julho 16, 2007

Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos...


Paulinho da Viola me fascina sempre... ouvindo agora "Para ver as meninas". Um sambinha gostoso e melancólico, algo delicadamente triste.

Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito.

Não diga nada
sobre meus defeitos
E não me lembro mais
quem me deixou assim

Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor
assim descontraído

Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito

Por que a gente ama?

Meu amigo maluquinho azul, mineirim-fashion-padrinho-babão, perguntou para mim o porquê da gente amar.

Amar, ao contrário do que o Mário de Andrade colocou, é verbo transitivo direto. Amamos alguém. Amamos alguma coisa. Amamos algo que não nos é. Amamos o outro, o externo a nós.

Talvez a gente ame porque somos incompletos e precisamos de algo para nos fazer sentir mais perfeitos. Sim, porque a completitude é perfeição.

Talvez a gente ame por medo de ficar sozinho. E o amor seria então isso: tesão e medo. Medo de ficar sozinho quando se deseja estar com alguém. Medo de ter de enfrentar o mundo e a vida sem ter alguém ao lado para te acompanhar o passo.

Talvez a gente ame porque impulsos elétricos ressoam nos nossos neurônios ao termos a retina estimulada por uma imagem agradável e os receptores de calor e pressão da pele serem ativados pelo contato prazeiroso de outra pele. O amor é química? Talvez... até tesão já é turbinado quimicamente com Viagra, não é?

Talvez a gente ame porque desejamos provar daquilo que se chama amor. Afinal, todo mundo que é bom e que vale a pena viver apenas para viver um amor. Seria o amor algo cultural?

Enfim... o amor é química, é medo, é cultura, é completitude. Talvez um pouco disso tudo ao mesmo tempo. Talvez nada disso em momento algum. O amor é isso mesmo: um monte de "talvez".

Changes

Estranha esta sensação de se perceber mais velho... faz com que a gente reveja muita coisa e perceba o quão relativo é o que pensamos sobre muita coisa.

Quando eu era mais novo, estava por volta dos 25 anos por exemplo, nem pensava em ficar com pessoas mais novas que eu. Por que? Porque sempre gostei de ficar com pessoas que tivessem um conteúdo e uma história para contar.

E acabei sempre ficando com pessoas mais velhas porque eu curtia embarcar nas histórias dos outros. Sou daqueles ouvintes que viaja junto com o narrador. Perfeita criança diante do contador de histórias.

Hoje, percebi que há pessoas mais novas que eu e que tem muita coisa para contar. E vi que isso se deve também pelo fato de eu estar mais velho. Hoje, os mais novos que eu tem a idade que eu tinha quando queria estar com as pessoas mais velhas.

Revendo muito da minha história passada e de como estou hoje, confesso que gosto mais de mim hoje. Gosto de me ver mais aberto e mais receptivo às novidades do mundo, gosto de me ver mais capaz de entender as pessoas e a partir de um ponto referencial que não parte necessariamente de mim. Gosto de me ver tentando ainda achar sentido em tanta coisa que imaginava que já teria respondido em definitivo quando estivesse mais velho.

E, principalmente, gosto de mim descobrindo constantemente o mundo em mim e nos outros. Gosto de ver que o tempo passou e eu fiquei melhor e, ao mesmo tempo, mais criança.

domingo, julho 15, 2007

Blockbusters de férias

Não curto muito período de férias escolares. Primeiro por sentir aquele certo saudosismo dos tempos que eu era estudante e tinha direito a duas férias anuais (hoje, só se eu trabalhar no Legislativo ou como professor). Segundo por perceber que por conta disso, as opções de lazer (principalmente no cinema) ficam restritas ao público adolescente.

Filmes blockbusters inundam as salas... e o cinema parece até se resumir a poucos filmes. Das opções que apareceram aqui em Santos, já fui conferir dois destes: Shrek 3 e Harry Potter e a Ordem de Fênix.

Shrek 3 soa como uma fórmula em desgaste. Há tiradas engraçadas, mas falta o brilho dos dois filmes anteriores. Shrek "cresceu" e as responsabilidades batem a porta. De certa forma, fala de uma passagem do que acontece depois do "... e todos viveram felizes para sempre" para a vida real.

Em Harry Potter e a Ordem de Fênix também se percebe que a trama amadureceu. Cenas menos para vender jogos de videogame e com muito mais diálogo. E uma transição marcada da ordem para a descoberta da liberdade de ação através de uma leve revolução.

Para mim, este novo filme da série Harry Potter foi o que mais me agradou. Não é algo excepcional, mas também não é tão ruim quanto se pode supôr.

Melhor sempre conferir e tirar suas próprias conclusões.

sábado, julho 14, 2007

Ai se sessê

Lembrando de um poema do Zé da Luz que é citado no disco do grupo Cordel do Fogo Encantado:

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse a porta do céu
e fosse te dizer alguma tolice
E se eu arriminasse
E tu com eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Taves que nois dois ficasse
Taves que nois dois caísse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse.

Respondendo comentários...

Eu preciso aprender a responder mais vezes os comentários que o pessoal deixa por aqui. Como não sei ainda como fazer isso logo depois do comentário em questão (e também nem saberia se quem perguntou iria voltar lá para ver a resposta), preferi fazer isso por meio de post.

Alguns posts atrás eu falei do meu novo desafio profissional e de algumas dúvidas que surgiram. Pois bem, a diferença entre um museólogo e um museógrafo é a seguinte:

Um museólogo é um profissional reconhecido e que é exigido para todo o museu. Todo museu deve ter um museólogo. Até então, não sabia, mas existem cursos de graduação em museologia e, este parece ser um mercado promissor já que existem muitos museus e poucos museólogos.

O museólogo recebe uma formação para lidar com a gestão de acervos e do museu. Aliás, vocês sabiam que além do Pietro Maria Bardi (aquele que foi o responsável pelo MASP durante vários anos), o Clóvis Bornay também era um museólogo?

Já o museógrafo não é uma profissão regulamentada. O museógrafo é um profissional que reúne os saberes para organizar exposições considerando todo o saber técnico de preservação das obras. Um museólogo pode atuar como museógrafo se fizer uma especialização em exposições, por exemplo. Mas outros profissionais acabam atuando como museógrafos por conta de experiência própria.

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O post da Megasena também trouxe a tona uma questão: se eu ganhasse, eu não faria algo pelos meus amigos? Claro que sim... afinal, uma das casas da minha vila particular em São Paulo seria uma casa de hóspedes e, eu iria recebê-los muito bem. Mostrar o melhor de Sampa para eles... e para a Rosana rolava até mesmo uns livros (porque sei que ela é tão fissurada em livros quanto eu) e uns CDs originais (do Hamilton de Hollanda e uma coleção completa do Caê). rsrs.

segunda-feira, julho 09, 2007

MegaSena

Não, não foi desta vez que ganhei na MegaSena. Aliás, nem precisava ser na MegaSena. Podia ser uma simples quina mesmo.

Bem, mas pensando melhor... o que será que eu faria com R$22 milhões? Hmmmm... Primeiro, ia comprar um apartamento num prédio que tivesse algum charme. Talvez aquele Artacho Jurado diante da praça Vilaboim. Ou podia ser aquele prédio baixinho que eu vivo namorando lá nos Jardins. Ou eu poderia desistir dos prédios e partir para uma casa de vila simpática que vi também lá na região do Baixo Jardins.

Melhor ainda, compraria a vila inteira. E reformaria... uma casa para mim. Outra para meus pais. Outra para minha irmã. Outra para o meu irmão. Outra para os hóspedes.

Mas é claro que iria colocar na minha casa nova, itens que sempre namorei também... aquela chaleira do Michael Graves, um banco do Hugo França no jardim, um flying carpet na sala (sim, porque eu curto ambientes lúdicos e despojados).

Teria uma horta e um pomar. Uma composteira para tratar todo o lixo orgânico. Iria instalar placas para captar a energia solar e usar telhados vivos. Além de um sistema de captação de água pluvial e outro sistema para separar a água cinza da água negra. Sim, faria tudo isso porque minha mentalidade ecologicamente correta estaria atenta.

E eu me inscreveria em vários cursos... terminaria minha formação em reiki e começaria um curso de massagem. Aprenderia francês, árabe e mandarim. Voltaria a estudar japonês (até poder entender os filmes do Kurosawa no original) e iria aprender sânscrito e hindi para beber direto da fonte quando fosse me converter a religião sikh.

Partiria para uma viagem até Findhorn e descobriria como é a vida em comunidade. Depois veria Stonehenge, as pirâmides de Gizé, Chichen Itzá, Macchu Picchu e o santuário de Ise. Talvez fizesse o caminho de Santiago de Compostela, no caminho francês partindo da Tour Saint-Jacques em Paris. E meditaria nos campos de girassol próximo de Assis.

Ahhh... faria tanta coisa, mas pensando bem, não preciso esperar ganhar na MegaSena para perseguir tudo isso. Melhor continuar a perseguir o sonho. Independente de ganhar o dinheiro fácil do prêmio. Afinal, é no caminho que a gente descobre também muita coisa.

Brigas e reconciliações


Eu, ali de canto, tentando estudar um pouco. Você, ali no outro canto, jogando The Sims 2. E eu simplesmente nem sei como se chegou naquela situação. No momento seguinte, eu e você discutindo aos gritos e terminando a relação.

Eu, que sou genioso, mantenho minhas opiniões. E digo tudo... a verdade inteira, doa a quem doer. Você, extremamente orgulhoso, ofende-se com o que é dito. E lança: "Há formas e formas de se dizer uma coisa".

E brigamos. E discutimos. E reviramos os podres do passado de cada um. E nos ofendemos mutuamente. Ahhh... a raiva, quando vem, surge cegante e em surtos psicóticos.

Troca de acusações. E decretamos que aquele é o fim. Cada um segue para o seu canto. Você fica na cama. Eu sigo para o sofá. Tento frear aquele turbilhão na minha cabeça e dormir para esquecer de tudo o que aconteceu. Você surge diante de mim e pergunta: "O que você quer com tudo isso? Por que você começou com tudo isso?".

E eu seguro a resposta na boca. Mordo a língua e a vontade de dizer "mas foi você quem começou". E viro para o outro lado. Apenas digo: "Já terminamos, não foi? Não vou mais falar sobre isso".

Aquela voz retorna e diz: "Você é um bobo. Sabia disso?". E sinto uma mão buscando a minha. Uma vontade louca de dar um abraço. Tudo parece estar resolvido: beijos, abraços e reconciliação.

Agora diz pra mim: Por que que a gente é assim?

domingo, julho 08, 2007

Jogo: pontuando em português


Na frase abaixo deverão ser colocados 1 ponto e 2 vírgulas para que a frase tenha sentido.

Pense antes de ver a resposta que está no final do post. Afinal, não custa tentar.

Maria toma banho porque sua mãe disse ela pegue a toalha.









RESPOSTA :


Maria toma banho porque sua. Mãe, disse ela, pegue a toalha.



O "segredo" está no fato do uso do verbo "suar", confundindo com o pronome possessivo "sua".

Teatro Físico: Eternos vagabundos


Ontem fui conferir uma apresentação desta modalidade de arte cênica: teatro físico. Nunca tinha visto uma apresentação nestes moldes e foi uma experiência interessante.

Eu sou uma pessoa muito ligada às palavras. Curto um bom texto encenado. Para mim, foi uma surpresa deparar-me com uma apresentação teatral baseada apenas em ruídos e gestos. Algo variando entre a mímica, o clown e os efeitos sonoros.

A encenação de Eternos vagabundos foi baseada em peças do dramaturgo Samuel Beckett, aquele que foi categorizado no que se convencionou de "teatro do absurdo".

A Cia. A Peste fez um trabalho interessante, mas para mim um tanto cansativo. Depois de uma hora de espetáculo, surgiu uma sensação de "looping". Os gestos, os quadros, as cenas... tudo parecia repetir-se.

Baseado nesta peça, minha opinião é a de que o teatro físico se presta bastante a apresentações curtas, mas acaba cansando depois de um tempo.

sábado, julho 07, 2007

Novos inícios

A foto acima é uma visão aérea do Complexo Cultural Júlio Prestes. Lá no complexo, além do prédio da estação de trem, estão a Sala São Paulo, sede da OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e a Secretaria Estadual da Cultura.

Pois bem, este é o meu mais novo local de trabalho. Comecei nesta semana a trabalhar na Secretaria da Cultura. Eu que sempre tive a perspectiva de "consumidor" da vida cultural da cidade, agora vou fazer parte do grupo que ajuda a promovê-la... oficialmente falando. rsrs.

Esta primeira semana foi repleta de descobertas. E eu curto muito isso. Vou trabalhar na Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico. Sucintamente falando, vou cuidar dos aspectos de gestão de todos os museus do Estado.

Legal, não é? E agora estou às voltas com o aprendizado de todo um novo mundo... O que é que faz um museólogo? Qual é a diferença na atuação entre um museólogo e um museógrafo? Um museógrafo é também um curador? Por que alguns lugares são chamados de museus e outros de centros culturais?

Enfim... muita coisa acontecendo e por isso, tenho ficado um tanto quanto ausente do mundo virtual. Tenho que ainda a aprender como levar em conjunto este trabalho novo e os trabalhos antigos que já estava desenvolvendo. E ainda lidar com o fato de ter que viver em uma cidade e trabalhar em outra.

Muitas decisões a serem tomadas nos próximos dias...

domingo, julho 01, 2007

Eu, você e a praça

Ouvindo o novo CD do Zeca Baleiro... e admirando-o por ser tão plural. No CD, duetos com artistas tão distintos como Lobão e Rolando Boldrin, Fagner e Jards Macalé. E releitura de canções de artistas como Odair José (na música "Eu, você e a praça").


"Encostei o meu carro na praça e você, um tanto sem graça, sorriu pra mim. Sem querer eu olhei para os seus olhos. Sem saber, segurei suas mãos e começou assim. O longo silêncio entre nós, a sua presença calou minha voz. Tanta coisa eu tinha guardado pra lhe dizer, mas não disse nada.

Encostei o meu corpo no seu e um novo desejo nasceu entre nós dois. Seus carinhos me deixavam louco. Nosso tempo era curto e tão pouco e deixamos para depois. O longo silêncio entre nós, a sua presença calou minha voz. Tanta coisa eu tinha guardado pra lhe dizer, mas não disse nada.

Preciso rever seu sorriso um tanto sem graça. Preciso voltar mais uma vez para a praça. Pra falar mais um pouco de mim. Encostar o meu corpo em seu corpo e adormecer assim."