domingo, dezembro 10, 2006

O labirinto do fauno

Cada um de nós tem uma sombra. E esta sombra vive num mundo bidimensional. Tem apenas largura e comprimento. Nós, diferente das sombras, vivemos num mundo de várias dimensões (largura, comprimento, altura, tempo-espaço e várias outras que os físicos demostrariam aqui) e quase nunca tomamos conhecimento deste mundo em que vivem nossas sombras.

Nós temos uma vida pulsante, cheia de acontecimentos e emoções. Uma vida plena de decepções, alegrias e desejos. Diferentemente da minha sombra, eu desejo, eu ajo, eu me desespero, eu sonho. Mas será isso mesmo ou será que essa vida é apenas a ilusão de uma outra vida, a sombra de um outra vida?

Seríamos apenas sombras de seres de dimensões superiores? E assim como a nossa sombra que jaz ali no solo, seríamos apenas sombras um pouco mais sofisticadas?

Ofélia parece viver entre dois mundos: o mundo real (a Espanha franquista de 1944, onde ela é enteada de um capitão do exército) e o mundo da ilusão (o mundo subterrâneo, onde ela é uma princesa aguardada por todos). E Ofélia oscila entre entre estes dois mundos, como se quisesse sair da sombra de seu mundo real e embarcar no outro mundo ao qual realmente pertence.

"Quem é você?", pergunta Ofélia ao ser que a aborda no princípio desta jornada de fantasia. "Eu? Eu tenho tantos nomes... nomes antigos que somente o vento e as árvores podem pronunciar. Eu sou a montanha, a floresta e a terra. Eu sou.. eu sou um fauno. Seu mais humilde servo, Vossa Alteza."

O filme é "O labirinto do fauno", do diretor espanhol Guillermo del Toro (que já tinha nos brindado com "A espinha do diabo"). E nos brinda com uma fantasia delirante e ao mesmo tempo sombria.

Dizem que os contos-de-fada surgiram como relatos populares com a intenção de dar lições de conduta para as crianças. Dizem também que com o passar dos anos, muitos contos-de-fada foram sendo suavizados. O final de "Cinderela", por exemplo, mostrava a madrasta recebendo uma punição por toda a forma que tinha tratado a enteada: o príncipe mandava os soldados calçarem nos pés da madrasta, sapatos de ferro em brasa.

O final de "Chapeuzinho vermelho" mostrava a menina indo dormir com o lobo (vestido de vovozinha) e sendo devorada. Sem caçador para tirar tanto a menina quanto a avó do estômago.

"O labirinto do fauno" resgata um pouco do clima das fábulas originais. Há vários aspectos sombrios permeando o filme, tanto na vida real quanto na vida fantástica. A violência da guerra se contrapõe com a esperança de um mundo mágico.

E no meio de tanto delírio, deixo aqui o convite para que todos confiram este pequena pérola do cinema.

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso deu um nó na minha cabeça.
Quero pensar que minha sombra é minha e d'agora... e que existe caçador pra salvar chapeuzinha e que eu tenho até uma certa simmpatia pelo lobo mau...já que ele come a gente...
hahahahah

Anônimo disse...

hehe
Olha a lascívia da mainha aí em cima!!! rs
Então... Me disseram que o fauno desse filme é mal!!! Verdade?? Isso porque o fauno que eu conheço ( e sou super amigo) é o Sr Tumnus, que mora em Nárnia! E este, é todo bondade com seu cachecol vermelho..
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