segunda-feira, agosto 13, 2007

Memória afetiva de um final de semana

Sábado preguiçoso. Friozinho chegando. Um pouco de garoa na cidade. E eu querendo sair. Todo mundo com preguiça e eu querendo fazer algo além de ficar dentro de casa. Planejei ir ao cinema. Planejei ir ao teatro. Planejei ver aquela exposição. Planejei curtir o sábado sozinho.

Não consegui falar com nenhum dos meus amigos. Resolvi ligar para pessoas recém-conhecidas. Afinal, nunca se sabe quando uma destas pode se tornar um bom amigo. Gosto de arriscar a conhecer melhor os outros. Gosto de dar aquele mergulho na alma do outro.

Tentei alguns novos colegas de trabalho. Ambos já estavam ocupados com suas andanças pela cidade. Sim. Estava mesmo sozinho.

E lá fui... eu e a cidade sem fim. Fui ao cinema. Na entrada, acabei encontrando uma ex-colega de trabalho. E coincidentemente, ela tinha marcado de assistir um filme ali com várias outras amigas. E eu fiquei ali para conversar porque queria ver o rumo que aquele acaso iria tomar.

Foi bom rever pessoas que dificilmente encontro no dia a dia. Goodbye. Não, não queria assistir um desenho animado. Fui caminhar novamente. Desta vez acompanhado de uma amiga que chegou e não quis assistir o filme. Fomos até uma livraria. E nos sentamos no café dentro da livraria. Adoro cafés em livrarias. Posso pegar um livro e ficar horas sentado na mesa, tomando um chá e folheando e lendo aleatoriamente parágrafos.

Sentamos. Ela foi pegar um café. Eu fiquei na mesa. E um cara na mesa ao lado resolveu puxar papo comigo. E começamos a conversar. Um sotaque forte. Estrangeiro. Sim, um ítalo-brasileiro que viveu mais de 10 anos nos Estados Unidos. E conversei com aquele estranho que depois se apresentou quando minha amiga chegou com o café.

E trocamos impressões. E ele parecia querer contar mais da vida dele. E eu nem tão interessado assim em ouvir. Minha amiga lançava um sorriso para mim por conta da situação. Eu não consigo deixar de ser simpático.

Depois ela foi embora. Foi para um show de uma banda que eu não queria ver porque já tinha visto muitos shows desta banda e já estava achando-a repetitiva. Eu fiquei na livraria. Folheando um livro. E o ítalo-brasileiro-que-morou-nos-EUA-e-que-insistia-em-conversar-comigo puxou a cadeira para mais perto e ficou conversando comigo.

Quando falei que trabalhava para o governo do Estado, ele disse que também já trabalhou para o governo americano. Mais especificamente na CIA. E eu nem botei muita fé. Afinal, tanta gente parece querer se tornar interessante às custas de alguma mentira.

Disse que ia cumprimentar um amigo que tinha visto ali na revistaria e que já voltava. Abordei um cara na revistaria dizendo para ele fingir que me conhecia e para sorrir levemente. Ele fez o que eu pedi e quando vi, estávamos realmente conversando.

Ele disse que estava indo para um restaurante lá perto. Eu disse que iria acompanhá-lo até a saída. Assim, poderia me livrar daquele outro cara que me pareceu inconveniente por ficar entrando na conversa que eu estava tendo com a minha amiga.

Na saída, agradeci o apoio dele. E só sei que acabamos conversando mais e mais. No final, já estava com um novo conhecido e um programa agendado para domingo. Estranho perceber como o mundo parece conspirar para que você conheça as pessoas.

No domingo, fui caminhar pela região dos Jardins ao lado do fotógrafo. Sim, o cara que conheci é um fotógrafo. E caminhamos e conversamos sobre o mais recente projeto dele. E ele falava sobre Roland Barthes e "punctum" e "studium". E eu não entendia nada daquilo e perguntava tal qual criança tentando descobrir aqueles termos estranhos.

Discutimos sobre várias coisas. Andamos até um café. Eu pedi um chá e um doce. Ele pediu somente um café. Fomos a uma exposição sobre Gianni Ratto. Subimos até o topo do Conjunto Nacional. Ele ficou observando os diferentes ângulos e explorando possíveis imagens. Eu fiquei ali em silêncio, com um pouco de frio, olhando as pessoas atravessando a avenida Paulista. E aquele jogo colorido e caótico de carros e pedestres.

E descobri que gosto de São Paulo justamente por conta de tudo o que estava vivendo ali: conhecer alguém estranho ao acaso, conhecer lugares e assuntos, transitar por novas alturas e descobertas, sentir-se minúsculo e ao mesmo tempo, especial.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ê, Luiz, você e esse hábito de conhecer pessoas... Sei lá, mas acho legal. Só espero que voc6e sempre tome cuidado, porque nunca se sabe se o simpático é psicótico e o mala é apenas um mala... :o)
xoxo

Anônimo disse...

Ai!
A situação de conhecer o carinha foi a melhor!!!
rs
Sim sim! Eu estaria rindo com sua amida do ítalo-chato-inconveniente... hihi