domingo, agosto 12, 2007

Bergman & Antonioni


Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Dois cineastas reverenciados pelos críticos. Coincidentemente ambos morreram no mesmo dia. Um sueco, um italiano.

Eu adoro cinema. Só que nunca fui muito de querer me deixar levar por aquilo que os críticos aclamam como ótimo. Por isso, demorei a tomar contato com as obras destes dois cineastas. Ora por certo desprezo pelo fato de ambos serem "deuses sagrados" pela crítica de cinema, ora pelo fato de não ter tanta coisa
disponível deles nas locadoras.

O primeiro filme de Bergman que assisti foi aos 15 anos: "Fanny & Alexander". Achei um filme sutil, contando a história de uma família. Mas havia algo diferente naquela visão. Algo menos envolvente na emoção e apelando mais a um senso de observação.

Não foi um filme que me cativou. Mas ao menos matei minha curiosidade de ver alguma coisa de Bergman. Depois, vieram outros... todos evocando uma certa sensação de distanciamento e análise e culpa, muita culpa. Um sentimento de culpa e a busca de um perdão auto-concedido sendo trabalhado em todos os personagens.




Do Michelangelo Antonioni, o primeiro filme que assisti foi "A noite". Na época, morava perto do Cinesesc e, quando voltava do trabalho, vi o cartaz e resolvi conferir. Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau vivem um casal na armadilha do tédio e da incomunicabilidade.

Lembro de não ter gostado do filme. Sempre curti aqueles filmes que evocassem a emoção. E a linguagem de Antonioni parecia ser algo que beirava a falta de palavras, o silêncio e a plasticidade dos enquadramentos.

"Blow up", "Zabriskie Point", "Beyond the clouds"... todos vieram depois. E a sensação de ainda não me sentir a vontade com a linguagem cinematográfica dele persistia.

Talvez seja isso. Aquilo que os críticos tanto endeusam não é aquilo que me impressiona. De todos os filmes, sempre tiro algo para pensar. Mas são poucos os que me merecem a minha atenção durante anos e anos.

Não quero saber apenas da técnica, quero saber da história, quero saber da emoção e da linguagem. Por isso, nem considero tanto assim a avaliação dos críticos. Continuo confiando mais em meu próprio gosto.

Um comentário:

Mariana Alcântara disse...

Compartilho da sua opnião, por isso não leio críticas. Essa foi uma grande perda para os amantes de cinema, dois grandes cineastas, não porque a crítica diz isso, mas simplesmente porque são.