quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Ontem recebi uma mensagem por e-mail, outra daquelas mensagens meio inspiradoras. Não sei o quanto da estória contada é verdadeira nem sei tampouco da autoria do texto. Mas, se isso que estiver escrito for verdade, os suecos tem uma atitude ivnejáel. Em tempos de fast-food, fast-living, é sempre bom ouvir o exemplo de alguém que tem uma atitude sábia de lidar com o tempo.

Enjoy!
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Trabalho, há quase 18 anos, na Volvo, uma empresa de origem sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto ali demora dois anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra, e ponto.

Os processos globais (de nível internacional) causam em nós, aflitos por resultados imediatos (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos), uma ansiedade generalizada, porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito nos prazos definidos por eles.

Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações... E trabalham num esquema bem do tipo "slow down."

O mais interessante é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: muito pouco se perde ali...

Vejamos alguns dados:
1. A Suécia é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, com 2 milhões);
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare, etc... Querem mais? Aí vai: a Volvo é responsável pela fabricação dos motores propulsores dos foguetes da NASA.

Na primeira vez que fui à Suécia a serviço, nos anos 90, um dos colegas me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, com frio leve e nevasca. Chegávamos cedo na empresa e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2000 funcionários com carro).

No primeiro dia eu não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã perguntei: "Vocês tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento está sempre vazio e você deixa o carro lá no final..." e ele me respondeu, simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar. Quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta, você
não acha?"

Bem, imaginem minha cara naquela hora!... Mas foi ótimo pra que eu começasse, naquela hora, a rever alguns dos meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol - tem sua base na Itália (o site é muito interessante).

O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida. A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base
para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa recente edição européia.

A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser". Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 horas/semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses.

E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%. Essa chamada "slow attitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas e criadores do "Fast" (rápido) e do "Do it Now" (faça já).

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade.
Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress".

Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer e das pequenas comunidades. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião
e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve"
e, portanto, mais produtivo, onde seres humanos felizes fazem, com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando enfartam, ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. Tempo todo mundo tem por igual. Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon... "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".

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