O texto que coloco hoje no blog, recebi pelo e-mail e versa sobre uma interpretação do Bhagavad-gitâ, um dos textos védicos.
O texto fala muito sobre a compreensão da natureza humana, fonte de amor e de dor. Leiam e depois comentem.
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KRISHNA E O FINAL DOS TEMPOS
Nos textos védicos do Canto do Senhor, "Bhagavad-gitâ", é narrado a disputa pelo reino, entre dois herdeiros de uma mesma família: Arjuna, filho dos piedosos Pândavas e o outro, usurpador, Duryodhana, do ramo dos Kurus.
Os Kurus contavam com um exército mais numeroso e com generais mais competentes e experientes. Os Pândavas, liderados por Arjuna, contavam com um exército menor, liderados por generais novos, que ainda não haviam sido testados nas lides guerreiras. Entretanto, o que fazia a balança pender para os Pândavas, é que do seu lado estava Krishna, que era o condutor da quadriga de Arjuna.
Krishna levou Arjuna em cima de um morro para que este observasse os exércitos no campo de batalha de Kuruksetra. Ao ver, nos exércitos de ambos os lados, todos os seus amigos, seus pais, avós, instrutores, tios, sogros, irmãos, filhos e netos, prontos para lutarem entre si, tomado de compaixão, Arjuna declarou:
"Não vejo como pode resultar algo de bom se mato meus próprios parentes. Porque eu deveria matá-los, ainda que sobreviva? Ó Krishna, como poderíamos ser felizes matando nossos próprios consangüíneos? Govinda, eu não lutarei." __ Tendo assim falado, Arjuna pôs de lado seu arco e sua flecha e sentou-se na quadriga, com a mente tomada pela angústia.
Krishna respondeu: "Não se entregue a essa impotência degradante. Ela não condiz com você. Largue tal fraqueza mesquinha de coração e levante-se ! Você está se lamentando pelo que não é digno de pesar. Aquele que é sábio não se lamenta, nem pelos vivos nem pelos mortos. Aquele que tem conhecimento sabe que o Eu não mata nem é morto."
INTERPRETAÇÃO
O campo de batalha de Kuruksetra representa a consciência do homem, onde está se travando a grande luta para sua libertação.
Os experientes generais Kundus são os instintos animais: do instinto de auto-preservação, deriva a cólera, a força bruta, o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a inveja; do instinto gregário, deriva o orgulho de raça, o fanatismo étnico-religioso; do instinto de preservação da espécie, deriva o sexo degradado, a luxúria, a busca do prazer a qualquer custo. Esses generais acompanharam o homem durante milênios, algumas vezes protegendo-o, outras vezes confundindo-se com sua própria individualidade. Não se deixarão vencer sem muita luta, lutarão bravamente e implacavelmente até o último guerreiro.
Os inexperientes generais Pândavas são, na verdade, as ainda claudicantes virtudes do homem, recém agregadas ao seu caráter e que ainda não foram colocados à provas mais acerbas. São a humildade, a sinceridade, a fraternidade, o perdão, a misericórdia, o desapego, o amor.
A luta estaria praticamente perdida para Arjuna, se ele não contasse com a ajuda do Senhor Krishna, que lhe infunde coragem e determinação para que ele enfrente e vença seus maiores e mais ferrenhos inimigos: seus próprios defeitos. É uma luta grandiosa e extremamente difícil, pois está sendo travada silenciosamente e dolorosamente no coração e na mente de cada homem.
Arjuna representa o homem que depois de milênios de civilização, está preparado para dar o último e definitivo passo para a sua libertação. Arjuna, na verdade, somos todos nós, que nestes momentos tão importantes das nossas jornadas evolutivas, o Final dos Tempos, não podemos falhar na derradeira e decisiva batalha da nossa salvação.
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