quinta-feira, fevereiro 01, 2007

A trilogia Qatsi

Godfrey Reggio estudou durante 14 anos para se tornar um monge. Nestes caminhos tortuosos que cada um percorre durante a vida, pode-se dizer que o caminho dele levou-o para longe da vida em monastério e direto para o cinema.

A trilogia Qatsi é o produto de anos de filmagens e de uma concepção primorosa para discutir um tema ousado: a vida humana. Nada de explicações biológicas nem de discursos panfletários.

Os filmes da trilogia Qatsi falam somente através das imagens e da música minimalista de Philip Glass.

Qatsi é uma palavra de origem Hopi (tribo indígena norte-americana) e significa vida. Os títulos de cada um dos filmes da trilogia traduz uma forma de relação com a vida.

O primeiro filme é Koyaanisqatsi (vida fora de equilíbrio) e vemos ali um desfile de imagens de grandes metrópoles e da velocidade impressa pelo homem nos ritmos da natureza. Vemos a próprio domínio do homem sobre a natureza, moldando-a conforme suas necessidades e, talvez, até conforme sua própria vaidade.

O segundo filme da trilogia é Powaqqatsi (vida em transformação). Se o eixo do primeiro filme girava em torno da relação homem-natureza num mundo já desenvolvido, aqui a discussão gira em torno da relação do homem num mundo em transformação. E para isso, as filmagens foram todas feitas em países do Terceiro Mundo (África, América Latina, Sudeste asiático). Impressionante as imagens que Reggio coletou em Serra Pelada.

O último filme (ainda não lançado aqui no Brasil e sem previsão de lançamento... e viva a internet, porque senão, sabe-se lá quando eu conseguiria assistir a última parte da trilogia) é Naqoyqatsi (vidas em guerra).

A figura humana desaparece sob a luz dos efeitos. Parece que a humanidade se dissolveu no meio das suas criações intelectuais. Até onde somos aquilo que criamos? Até onde apenas somos? Naqoyqatsi foi feito em 2002 mas impressiona pelas discussões que suscita.

Para quem não curte um cinema de reflexão, a dica é afaste-se. Para quem não curte filmes sem diálogos, vale a mesma dica. Para quem quiser arriscar, eu diria "vá em frente" e saia do filme com mais conteúdo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse vício seu pelo cinema me fascina e me irrita, também, pois de tudo que você fala sobre os filmes um miléssimo eu compreendo direitinho.
Amo filme, mas parece que só os não muito culturais.
Ai... acho que vou ficar com eles mesmo... "Uma linda mulher", por exemplo... ABAFA!!!!
hahahaha

Jak disse...

Dia desses, quando eu estiver no clima, eu me arrisco! Gosto de filmes de reflexão, mas com ausência de diálogos...

De qualquer forma, fico curiosa pra ver. Já ouvi quem falasse bem mal dessa trilogia, e eu (por birra ou só pra tirar minhas próprias conclusões) geralmente assisto os filmes dos quais muitos falam mal.