domingo, fevereiro 18, 2007

O céu de Suely


Em tempos de Oscar, fica aquela corrida para se ver os indicados que estão em cartaz. Eu, sinceramente, curto muito estar por dentro do que foi indicado e tento assistir o maior número de indicados, mas neste ano...

Bem, neste ano já assisti a boa parte dos indicados e os que eu ainda não assisti, simplesmente não me atraem.

Resolvi então arriscar e assistir uma produção nacional. E cruzei com filme "O céu de Suely". Junto com um grupo de amigos, fomos conferir o mais novo filme de Karim Ainouz na pequena sala do Espaço Unibanco 5.

Karim Ainouz já tinha chamado minha atenção como roteirista. Foi ele quem escreveu os roteiros de "Madame Satã" e, junto com Walter Salles, os roteiros de "Abril despedaçado" e "Central do Brasil".

Nos primeiros minutos do filme, imaginei que era mais um filme tentando dar uma tinta colorida e esteticamente bela para miséria. Tenho uma certa antipatia por filmes que tentam pintar a miséria com cores belas. A miséria humana nunca é simpática.

Mas, assim como em outros filmes, a miséria material das personagens é condição para se contar uma história maior, de um humanismo universal: a superação da condição e a busca do sonho.

Hermila (papel muito bem defendido pela atriz Hermila Guedes) é uma jovem de 21 anos, recém-entrada no mundo da maternidade. Assim como vários nordestinos, fez a viagem para São Paulo buscando uma vida melhor. Encontrou muita coisa boa e muita coisa ruim.

Depois do nascimento do filho, resolveu voltar para a cidade natal. Primeiro ela e o filho, o marido viria depois. Ao voltar, reencontra as raízes e se vê em conflito: está ali querendo uma vida melhor mas ainda perambula sem planos certos nem destino. Sabe que está voltando para o lugar de onde fugiu e sente-se ao mesmo tempo pertencendo e não pertencendo àquele lugar.

Sozinha, tenta levar a vida e arranjar sustento para ela e o filho. Rifa garrafas de whisky que trouxe de São Paulo, lava carros para levantar mais algum dinheiro... Deseja fugir novamente. Desta vez para mais longe. E vai perseguir este desejo até as últimas conseqüências.

O que a prende? O filho. Um possível amor. A família. Uma história. Conseguirá abandonar tudo para tentar a vida em seu novo sonho mais distante? Hermila percebe que não consegue avançar em direção do seu sonho e decidi explorar as possibilidades: para levantar o dinheiro que precisa, vai rifar-se e assume o nome de Suely.

Partindo destas premissas, o filme se desenvolve lentamente e permite que nos envolvamos com o conflito de Hermila/Suely ao tangenciar os limites para se atingir um sonho.

Pena que este filme esteja já saindo de cartaz... com certeza, merece ser visto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Luiz, você tem assistido ao Bom dia Brasil? José Wilker, que além de bonitão, gostosão, sei lá mais que ão...rs e que saca tudo de cinema tem feito vários comentários, no decorrer da semana, sobre o Oscar deste ano.