quinta-feira, setembro 18, 2008
Mama Mia!
Uma jovem prestes a casar quer descobrir quem é seu pai. Enredo bobinho, cenário paradisíaco nas ilhas gregas, elenco de nomes estelares e muita música do Abba. Pronto. Eis a fórmula de Mama Mia!
É assistir, sem querer pensar em algo mais profundo (deixe isso para quando for assistir "Ensaio sobre a cegueira") e sair do cinema cantarolando "Mama Mia" ou "Dancing queen" ou "The winner takes it all" ou "Take a chance on me".
Diversão leve e sem compromisso.
Ensaio sobre a cegueira
Perder algum dos nossos sentidos pode nos fazer voltar a um estado tão selvagem? Se houvesse a perda generalizada da visão em toda a cidade, voltaríamos a barbárie e teríamos a vigência de uma realidade sem os limites morais que temos?
Fiquei realmente chocado com a possibilidade vislumbrada no filme de Fernando Meirelles, baseado no livro do Nobel José Saramago. Inegavelmente, este é um filme muito bom... e denso (como poucos podem ser).
Ver São Paulo retratada num filme assim também me traz certea familiaridade mas também estranhamento. Um senso de identificação e de incômodo desconcertante.
Vale a pena assistir e refletir muuuuuito. E enquanto isso, vou criando coragem para ler o livro do Saramago. Afinal, se um filme (uma arte audiovisual) já conseguiu me causar este impacto, o que será que um livro (que abre mais as portas da imaginação) poderá trazer?
Lugar nenhum
Há um mundo invisível e que nos toca o tempo todo. Este mundo, às vezes incômodo, que preferimos não ver e nem saber de sua existência. "Lugar nenhum" trata destes lugares e dos habitantes deste mundo particular. Cria uma mitologia e um universo paralelo, a poucos metros abaixo de nós.
Neil Gaiman, como sempre, escreve um mundo inteiro a ser descoberto de forma leve e fluida. Dizem que este seria o livro que Kafka e Terry Pratchett escreveriam se ficassem trancados num porão. Será? Não sei porque nunca li nada de Terry Pratchett...
Quanto a "Lugar nenhum", posso dizer que gostei muito e embarquei em diversas viagens sobre invisibilidade social. Seja dos trabalhadores de níveis mais baixos (quem é que repara realmente no gari, na faxineira ou no segurança?), seja dos indesejáveis (drogados, loucos, pedintes).
Pinocchio
Finalizei a leitura de "As aventuras de Pinocchio" de Carlo Collodi. E, posso dizer que me surpreendi com o que li. Nunca tinha lido a versão original do livro e, Pinocchio me pareceu extremamente cruel em vários momentos.
Um ser amoral, que acaba aprendendo muita coisa a partir do sofrimento próprio e o infligido a outros. Seria o Pinocchio de Collodi um precursor do Macunaíma de Mário de Andrade? Um herói sem moral e que em suas aventuras aprende algo sobre a vida.
Não lembrava da raposa e do gato, nem de passagens como o enforcamento do Pinocchio ou da Fada Azul (que ora era menina, ora era mãe, ora era uma cabra). Detalhes que Walt Disney suprimiu e que tiram um bom tanto da delícia da estória.
Smoking / No smoking
E se ao invés de dizer isso, tivesse dito aquilo? E se ao invés de pegar o caminho da direita, tivesse pego o da esquerda? E se eu tivesse escutado o que o outro dizia ao invés de ser cabeça-dura?
Sempre achei que os "e se..." eram coisas inúteis. Afinal, eram probabilidades de algo que não tem mais como acontecer. Melhor sempre viver o presente e não se arrepender de escolhas feitas. Pensar no que poderia ter sido é um gasto de tempo precioso e que não leva a nada.
Mas, Alain Resnais (este diretor francês que eu mais ouvi falar do que assisti algo) pegou as probabilidades e transformou em matéria-prima do duo de filmes "Smoking" e "No smoking". Filmes diferentes e histórias diferentes a partir da premissa da personagem em fumar ou não fumar.
Fui conferir "No smoking" no CCBB e curti bastante a oportunidade. Deu vontade de conferir "Smoking" (que passaria no dia seguinte).
sábado, setembro 06, 2008
Zeitgeist
Já tinha ouvido falar do filme, mas a oportunidade para assisti-lo não aparecia. Surgiu recentemente graças a minha amiga Cláudia Chaves, que enviou o link para o vídeo disponível na internet.
Achei a parte sobre a história da religião cristã muito interessante. Mas o restante soa muito como aquelas teorias de conspiração que pululam por aí. Se é verdade ou mentira, cabe a quem assistir dar o seu veredito.
Curti mais como curiosidade do que como produto de cinema. Quem tiver uma banda larga e puder assistir o filme, o link é este:
http://video.google.com/videoplay?docid=-2282183016528882906
Fadas no divã
Fiquei surpreso com o comentário no meu último post da Natalia. Engraçado saber que mesmo depois de ter escrito alguns posts faz um tempão, eles ainda aparecem nas pesquisas feitas por alguns na internet... Bem, sobre contos de fada e a perversidade implícita (em algumas vezes não), recomendo dois livros com os quais cruzei recentemente:
* "Fadas no divã" de Diane Lichtenstein Corso e Mario Corso
* "Psicanálise dos contos de fada" do Bruno Bettelheim.
Confesso que não li completamente os dois livros, mas há pontos bem interessantes quando pude ler alguns trechos (ainda bem que não cobram para a gente ficar lendo parte dos livros lá na Livraria Cultura... rsrs).
Outro que chamou minha atenção foi uma versão das fábulas dos irmãos Grimm rotierizadas em formato HQ por cartunistas brasileiros. A versão que está lá para Cinderela é bem interressante. Quem diria que a Cinderela iria calçar uns sapatos de chumbo em brasa na madrasta...
Aliás, a versão original dos contos descritos pelos irmãos Grimm eram destinadas aos adultos. Somente após saberem que os contos eram mais lidos por crianças que começou-se o processo de suavização.
quarta-feira, setembro 03, 2008
Tempo tempo tempo
Após a ausência (injustificada), o retorno (também injustificado). Quanto tempo vou manter a constância de postagens? Não sei, não sei. E só sei que ultimamente estou com vontade de saber cada vez menos.
O mundo parece menos complicado quando a gente decide saber menos. Há felicidade na ignorância? De abril (data da última postagem) para cá, muita coisa aconteceu. Ou pouca coisa aconteceu... depende do ponto de vista, depende com o que se compara.
Um dia após o outro você acorda e o mundo sempre vem ao seu encontro.
O que fiz neste tempo? O que aconteceu neste tempo? Fui bombardeado por torcedores madrugadores das Olimpíadas. Sigo tentando entender minha vida fora de Santos. Fui assaltado. Comprei um iPod novo (oferta irrecusável da minha amiga Cynthia). Descobri o som da banda Vanguart.
Fui para Caraguatatuba (por conta da Virada Cultural Paulista) e me fartei com frutos do mar. Fui para Paranapiacaba (por conta do Festival de Inverno) e descobri as trilhas do parque das nascentes. Fui para Campos do Jordão (por conta do encerramento do Festival de Inverno) e comi fondue e assisti o Kurt Mansur regendo a Orquestra Acadêmica. Fui para São Francisco Xavier (por conta do Festival Literário) e curti a aventura de curtir um lugar sem ter planejado ficar.
Meu computador quebrou. Acabei comprando um novo e atualmente fico maldizendo o Office 2007 (eu já estava tão acostumado com os menus). Fui para a Bienal do Livro de São Paulo e comprei muuuuitos livros.
Aliás, tenho lido muito... meus livros foram ótimos companheiros em todos os momentos: "1968 - o que fizemos de nós" do Zuenir Ventura, "Ética para meu filho" do Fernando Savater, "Breve história do mundo" e "Breve história de tudo" (livros perfeitos para um geminiano que quer transitar por vários assuntos), "Coisas frágeis" do Neil Gaiman, "O livreiro de Cabul".
Agora estou com dois simultâneos: "Arte brasileira na Folha" e "Lugar nenhum do Neil Gaiman. As compras na Bienal já garantiram as leituras até o final do ano.
O que rola agora? Hmmmm... meu tempo basicamente é dividido em trabalho (sim, continuo na Secretaria de Cultura) e diversão (que invariavelmente tem estado associadas a trabalho... aberturas de exposições, filmes, peças de teatro, concertos, festivais). Há muito para se falar... mas agora melhor retomar tudo aos poucos. Se meu humor permitir, é claro...
segunda-feira, abril 14, 2008
Cymbeline
Consegui... assisti uma das apresentações do Kneehigh Theatre, uma companhia teatral inglesa que em parceria com a Royal Shakespeare Theatre fez uma montagem da peça "Cymbeline", escrita pelo bardo inglês.
Visual delirante. Música. Guitarras. Dança típica. Cenografia estonteante. Visualmente interessante. Peça bem ao estilo shakespereano, com encontros e desencontros, algumas tragédias e final feliz.
Fiquei contente por poder conferir o espetáculo. E agora, minha sede por teatro foi atiçada... depois desta peça, já fui conferir mais outra: "Antes que a chuva caia", baseada em textos de Jean Genet, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, Eduardo Galeano e Mariana Alcoforado.
Sobre "Antes que a chuva caia"? Bem... posso dizer que parecia uma propaganda do MADA - Mulheres que amam demais anônimas.
Não estou lá
Falaram tanto deste filme, desta cinebiografia não-convencional do cantor folk Bob Dylan, que criei grandes expectativas.
E, geralmente, quando isso acontece, ou o filme é bom mesmo e fico fã ou saio decepcionado. Neste caso, o elenco estrelado não superou o roteiro interminável e cansativo.
Cata Blanchett está bem. Christian Bale também. Assim como Heath Ledger. Mas isso não basta.
O movimento mais constante foi o do meu olhar para o relógio. Falta muito para o filme acabar?
Melhor tentar outra coisa...
Estômago
My Blueberry nights
"A culpa não é da torta de blueberry. Simplesmente ninguém a quer". Uma frase para ilustrar a doçura e a acidez dos relacionamentos.
Gosto muito dos filmes do Wong Kar-Wai. Há uma estética particular, muitas cores saturadas e momentos de câmera lenta. O elenco está de primeiríssima linha. Peca apenas com a Norah Jones no papel principal. Não que ela comprometa o filme, mas o filme poderia ter um brilho maior se tivesse alguém mais incisivo no papel.
Jude Law, Rachel Weizs, Natalie Portman, David Strathaim... atores de primeira. Roteiro a la Wog Kar-Wai... falando de relacionamentos e da dor dos finais e do processo de superação. Um filme para guardar com carinho. Sentindo o agridoce da melancolia.
Expedição Francisco: partida
E a expedição de artistas que navegará o rio São Francisco partiu... Estou muito orgulhoso de ter participado deste projeto. E também com uma certa inveja porque eu queria estar lá com eles. Infelizmente, com a promoção e os cursos, tive que fazer a escolha.
Prevaleceu minha ênfase na carreira. Agora acompanho tudo pelo diário de bordo. Quem quiser ver o que acontece é só visitar: http://expedicaofrancisco.net/diario
A era da inocência
Não é pelo fato de estar mais distante do computador que tenho ficado a parte do que rola nas telas do cinema ou no circuito cultural da cidade.
Muita coisa acontecendo e eu tentando ir atrás... adoro Sampa por conta disso. Sempre tem algo novo rolando.
Enfim, assisti "A era da inocência", última parte da trilogia idealizada por Denys Arcand (as duas primeiras partes foram "O declínio do império americano" e "As invasões bárbaras").
Não entendo o porquê da título em português. Sei que o meu francês é parco mas até onde sei, L'age des tenebres é traduzido como "A epoca das trevas". Coisa de pessoal que dá título aos filmes aqui no Brasil. Pior do que isso só mesmo o que fizeram com "My blueberry nights" (que será tema de próximo post) que virou "Um beijo roubado" (algo que nem curto muito porque entrega muito do filme).
Bem, mas "A era da inocência" me deixou bem reflexivo. Talvez pelo fato do personagem principal ser um funcionário público (e eu estar adentrando neste meio agora). Talvez pelo fato de também rir muito do absurdo da burocracia estatal que conheço agora.
O filme trata de delírios para escapar da rotina massacrante, fala de fantasias para sobreviver na secura de um mundo sem graça. E neste ponto é brilhante. Valendo cada centavo do ingresso.
Ascendendo...
Ufa... muuuuito tempo longe daqui. E muita coisa acontecendo que me deixa longe dos computadores e da rede. Bem, a grande novidade é que além de muito trabalho, acabei recebendo uma promoção lá na Secretaria. Sim... acabei de ser nomeado como assistente técnico de coordenação.
O que isso significa? Bem, mais responsabilidade, mais trabalho e um pequeno aumento de salário. Mas melhor alguma coisa do que nada, não é?
Agora tenho o desafio de acompanhar toda a equipe de executivos e propor novas mudanças nos contratos e nos planos de trabalho dos museus. Para isso, comecei um Programa de Desenvolvimento Gerencial na FUNDAP.
Logo depois, emendo um curso na área de expografia. E, se der, um outro de especialização em curadoria e crítica de arte. Aff... Espero poder conseguir dar conta de tudo.
sábado, março 15, 2008
Welcome, Flávia!
Ahhh... e você nem aguentou esperar mais um pouquinho, não é? Também, com tanta gente ansiando por te ver logo, para te abraçar e dizer as boas-novas deste mundão.
Nesta última terça-feira, chegou a Flavinha. O baby esperado de um grande amigo meu. Nasceu apressada, atropelando o tempo e chegando bem pertinho do aniversário do paizão. Nasceu a Flávia. Nasceu um pai super-coruja. Nasceu uma mãe cuidadosa.
Inevitável pensar que estou ficando mais velho... vendo a continuidade da minha geração na prole dos meus amigos próximos. Mas bate também uma ponta de orgulho por saber que de certa forma, a vinda dela é um marco também para minha vida. Talvez pelo laço de amizade que tenho com o pai dela há 15 anos, talvez pelo fato de ter acompanhado muita coisa neste caminho que desaguou até aqui...
sábado, março 01, 2008
domingo, fevereiro 24, 2008
Desejo e reparação
Temporada Pré-Oscar (que acontece hoje a noite). Se fosse me ver alguns anos atrás, provavelmente estaria correndo de uma sala de cinema para outra. Neste ano, assisti pouca coisa... e nem posso dizer que foi pelo fato dos filmes não terem estreado. Não fui conferir "Conduta de risco" nem "Sweeney Todd" nem "Sangue negro".
A maioria dos indicados deste ano que eu assisti foi por conta do acaso de fez com que eu estivesse nas salas sem imaginar que pudessem ser indicados. "Desejo e reparação" é um filme que estava querendo conferir faz muuuuuuuito tempo.
O problema era sempre tentar conciliar com a vontade de meus amigos de assistir este filme. Ou muitos já tinham tanmbém visto. Solução: resolvi fazer algo que não fazia faz tempo. Fui sozinho ao cinema. E foi a melhor coisa.
O filme é bem interessante. E ao tratar sobre como interpretações e mal-entendidos levam a resultados desastrosos, faz com que se reflita sobre a verdade das coisas. O filme ressoou em mim muito por conta disso... ultimamente estou sempre sendo confrontado com as minhas verdades e com interpretações sobre fatos e sobre os outros.
Ter visto o filme fez com que eu me desse conta do quanto isso pode ser perigoso se não controlado.
De resto, adorei ver a Vanessa Redgrave na tela... e o visual do filme é deslumbrante. Vale a pena conferir um filme de época mas que destila um certo frescor.
sábado, fevereiro 16, 2008
Aída
E quem disse que no setor público não se trabalha? Aff... só sei que estou em ritmo de empresa da iniciativa privada, fazendo expedientes longos e muitas coisas para desenvolver.
Mas, no meio de tanta correria, nesta semana consegui um tempinho para relaxar. Recebi dois convites para a pré-estréia do musical "Aída".
Até então, nem tinha ouvido muito falar a respeito. Depois, soube que era algo produzido pelo Elton John em parceria com Tim Rice. Pois é... a mania de musicais da Broadway chegou aqui no Brasil. E dá-lhe Miss Saigon, Les Miserables, O fantasma da ópera, My fair lady e etc. etc. etc.
Ao ir lá conferir a pré-estréia de Aída, não imaginava o que encontraria por ali. Era minha primeira vez em espetáculos musicais a la Broadway. Pelo menos aqui no Brasil...
O que posso dizer é que nunca dei tanta risada. Aída acabou virando uma comédia de erros técnicos. Com jangada enguiçando e o ator ainda fazendo pose de que está se afastando. E um Radamés gritando no microfone aberto "Por que esta porra está aberta?". Aída tinha um bom potencial de voz... mas quem ganhava mesmo era a princesa Amnéris (muito boa cantora, com bom domínio nos agudos).
Coreografias risíveis e dessincronizadas. Uma parte com uma mulher fingindo que estava nadando e fazendo um balé no ar a la Esther Williams. Tudo muito kitsch, tudo muito caricato.
Um programa para descontrair e descerebrar... ainda bem que não paguei nada por isso.
domingo, fevereiro 10, 2008
Sozinho no restaurante - Duilio Ferronato
Bem... e pelo visto não sou apenas eu. Acabei de visitar um dos blogs que sempre vejo. E lá no blog do Duílio estava o texto que deixo aqui para lembrar da sincronicidade.
...........................
OUTRA VEZ A CASA ficou meio vazia. O guarda-roupa agora tem mais espaço, no banheiro só resta uma escova de dentes e a geladeira vai voltar a ficar vazia, como antes. Não foi de repente, foi indo embora aos poucos. Não é que chegou um dia e disse: não dá mais, vou embora. A separação foi acontecendo devagar.
Primeiro, vão diminuindo as risadas. Ao mesmo tempo, aumentam os desconfortos das viagens, dos passeios e no cinema. Nada mais parece bom, tem sempre um porém, uma pequena discussão ou uma raivinha sem sentido.
E a culpa de quem foi? Minha não foi! Ou, talvez, tenha sido, sim! Não sei. Foi culpa ou só o destino de muitos amores, que começam de um jeito, vão virando outra coisa e depois acabam sem avisar e não deixam nem a amizade. Ops, isso não vai acontecer! Vamos tentar ser amigos, mas só daqui a algum tempo. Agora não dá.
A cidade acolhe melhor os solteiros ou os casados? No café do Espaço Unibanco tem cinco mesas. Lá não é raro ver uma pessoa solitária em cada mesa. Pelas ruas, uma multidão de gente desacompanhada. Gente que gosta da solidão ou que não teve alternativa. As manias e as exigências vão nos deixando cada vez mais sozinhos. Por que os solitários não conversam entre si?
Depois dos 40, fica muito mais difícil agüentar as chatices dos outros. As nossas ficam parecendo totalmente normais. Até parece...
Agora é hora de adotar um gato vira-lata? Não! Ainda não. Tentar outra vez? Nunca mais! Bem, por algum tempo. E o que fazer com as coisas que ficaram para trás? Empacotar tudo e mandar um motoqueiro entregar? Ou deixar numa caixa na lavanderia?
E as fotos? Malditas fotos! Por que fotografar os momentos felizes? Depois, esses mesmos momentos viram tortura na separação.
Quem inventou essa tal de monogamia? Se não fosse por ela a gente nunca teria que sofrer tanto numa separação. Da próxima vez, vou casar com dois ao mesmo tempo. Se um for embora, ainda fica um. Essa, sim, será uma relação mais segura!
Dizem que a melhor cura para o final de um amor é arranjar outro. Não sou assim. Prefiro amargar na saudade por um tempo, chorar no banheiro e rasgar as fotos e bilhetes nas horas de raiva. Depois passa.
Difícil será vencer a carência. Existe alguma vacina para não se jogar nos braços do primeiro traste que aparecer? Talvez, por algum tempo, eu vire um desses que vão a cafés sozinhos, que ficam lendo nas livrarias ou que fingem falar no celular quando estão sozinhos no restaurante. Tudo para não parecer solitário. Vou assinar mais canais! Isso é uma boa idéia para fritar o cérebro. Quanto mais opções na TV, menos idéias bobas. Só vou evitar, por algum tempo, filmes românticos.
E quando me virem por aí sozinho, não me venham dizer: vocês ainda vão voltar...
Cuidado! Eu mordo!
Onde os fracos não tem vez
Depois de tanta turbulência na minha cabeça, precisava de alguma distração... fui caminhando pela rua sem prestar atenção nas pessoas. Passei diante de uma sala de cinema. E resolvi entrar... o filme tinha começado a pouco e era algo para entorpecer minha mente que não parava de pensar no passado e nos fatos recentes.
O filme foi "Onde os fracos não tem vez". Título sugestivo para alguém que está querendo não fraquejar depois uma decisão que muda muita coisa.
Uma espécie de faroeste moderno, com enredo de drogas, dinheiro e pistoleiros. Um xerife, um psicopata e um anti-herói que se envolve porque encontra uma mala de dinheiro e é engolfado pelo destino.
Não prestei muita atenção ao filme... não quis pensar muito e curti aquele visual de deserto e cidades empoeiradas. Dizem que é um dos grandes favoritos ao Oscar deste ano. Eu não gostei muito... mas talvez seja o meu humor que esteja afetando o julgamento.
Agridoce
Acho que finais sempre tem um quê de assustador. Finais também tem algo de perturbador. Talvez porque o fim de algo significa o início de algo desconhecido. Talvez porque na ansiedade de se dar o passo seguinte, nunca temos certeza de que queremos acabar com o que já temos certo.
Eu nunca quis me ver como alguém acomodado numa situação. Nem desejei levar algo que me incomoda sem dar uma solução adequada.
Pois é... fim de uma história de 5 anos, 6 meses e 13 dias. Uma história cheia de pontos altos e várias questões filosóficas. Uma história cheia de aprendizado e com uma infinidade de cores e sabores.
Na hora nem chorei... parecia que tudo estava seguindo o seu caminho mais natural. Uma certa sensação de alívio por poder dizer tudo aquilo que me afligia. E aquelas palavras de "vamos terminar" pareciam ser as mais corretas para toda aquela situação.
Saímos de amantes e seguimos como amigos. E aquele peso da obrigação de "casal feliz" saiu dos nossos ombros. Ele ficou impassível. Racional como sempre. Sereno como sempre. Como invejo esta fortaleza...
Na volta para São Paulo, depois de algumas risadas no café da manhã e de um quase beijo (que preferi evitar para não confundir ainda mais os sentimentos), olhei a paisagem pela janela com olhares de despedida. E aquele gosto agridoce do fim norteou o dia.
terça-feira, fevereiro 05, 2008
Em Paris
Acho que a convivência faz com que gostos se permeiem uns aos outros. Sempre curti filmes de outras cinematografias... franceses, italianos, iranianos, chineses... Meus amigos sempre foram mais adeptos do cinemâo hollywoodiano.
De uns tempos para cá, tenho visto meus amigos querendo assistir filmes europeus. Um bom avanço para quem antes só ia em filmes made in USA.
Hoje fui conferir "Dans Paris" a convite de umas amigas. E sem saber de nada do filme, simplesmente fui. Para minha surpresa, os dois atores principais são atores que acompanhei em outros filmes.
Um já tinha visto em "Albergue espanhol" e "Bonecas russas" (aliás, filmes altamente recomendáveis). O segundo eu já tinha visto em "Os sonhadores" do Bertolucci. Neste filme, "Dans Paris", são dois irmãos em momentos distintos da vida: um em depressão por conta do final de um relacionamento, outro em desapego e descoberta, sem saber ainda distinguir sexo e amor.
Há um quê de deprimente no filme... uma certa desesperança que está no ar, mas que logo é jogada de lado na força que cada irmão encontra um no outro.
Juno
Contagem regressiva para o Oscar... E o primeiro filme que fui conferir foi na pré-estréia de "Juno".
Gosto do diretor Jason Reitman, que fez o deliciosa "Obrigado por fumar". Dá pra fazer um filme que trate de gravidez na adolescência com humor e sem julgamentos morais? Sim, é possível. E o melhor de tudo... é possível mergulhar nos dilemas e nas confusões de uma mente em formação no que diz respeito a relacionamentos.
Aliás, acho que naquilo que diz respeito a relacionamentos, somos sempre eternos adolescentes.
A atriz Ellen Page está muito bem. Mas não acho que leva o Oscar. Na mesma categoria está também Marion Coitlard que teve um desempenho brilhante em "Piaf". Um filme que trata de assuntos difíceis mas sem exagerar no peso dramático. Vale a pena conferir.
Tarsila viajante e caminhando com o governador
No último sábado fui acompanhar uma visita do governador no bairro da Luz. Ainda bem que o Brasil não é um país repleto de terroristas em guerra civil, senão boa parte do governo paulista estaria bem exposta naquele dia.
O governador resolveu visitar (não-oficialmente) o Museu da Língua Portuguesa (e ver a temporária do Gilberto Freyre) e a Pinacoteca do Estado (que está com exposições importantes: Tarsila viajante e Boris Kossoy).
E junto com o governador estavam os secretarios da Cultura, do Planejamento, da Casa Civil e os secretarios municipais da Cultura e das Subprefeitura, além do diretor da FAU-USP e do diretor da Pinacoteca e do diretor da Cinemateca. Uma comitiva grande e sem muitos seguranças. Eu estava lá apenas acompanhando minha coordenadora. E foi algo bem interessante...
Velhinhos parando o governador e querendo apertar as mãos dele. Criancinhas chegando perto e aquele típico gesto político de abraçar e beijar. Fotos, muitas fotos. E alguns seguranças acompanhando.
Na Pinacoteca, a exposição da Tarsila estava cheia. Um público grande querendo conferir o "Abaporu" em retorno a terras brasileiras. Ver "O Abaporu" entre "A negra" e "Antropofagia" mostra que Tarsila, sem dúvida alguma, é uma das superstars da arte brasileira.
Oportunidade rara... afinal, desde que foi comprada pelo colecionador argentino, "O Abaporu" repousa no MALBA - Museu de Arte Latina de Buenos Aires. Será que um dia voltará para o Brasil em definitivo?
Mas será que voltando seria valorizado pelo povo brasileiro? Acho que até a ida para Buenos Aires, o Abaporu estava esquecido. Foi só ir para lá que todos parecem ter tomado conhecimento da obra. Algo parecido com os quadros roubados do MASP que foram resgatados... só depois de serem roubados é que as pessoas decidiram ir vê-los.
sábado, janeiro 12, 2008
Novidades
Do último post para cá, algumas coisas inusitadas (e inesperadas) acontecendo.
Fui convidado por um grupo de amigos para escrever um texto para compor um mini-livro que será presente de aniversário de uma amiga virtual. (Não sei o porquê mas ainda me surpreendo com a intensidade das minhas relações virtuais).
No trabalho, mudança na coordenação. E jeito de que mudanças acontecerão... (espero que sim... mudanças são muuuito bem-vindas ali). A nova coordenadora é bem jovem e parece bem intencionada. Espero poder contribuir para o que houver de melhor na mudança.
Algumas novidades também no campo amoroso. Decisões já se desenrolando e certezas caminhando. Novas apostas e muita esperança.
Bom saber que o ano está começando bem. Esperança de que muita coisa boa acontecerá...
domingo, janeiro 06, 2008
Promessas de ano novo
Hora de mudanças... ano de mudanças. Ano de novos começos. Ano de novas escolhas. E o reveillón já prenunciava esta intenção. Ao invés de passar o reveillón em Santos como fiz nos últimos 4 anos, desta vez fui para o Rio de Janeiro.
Passar a virada junto com amigos queridos e fazendo coisas que geralmente não faço. Ouvindo coisas que geralmente não ouço, e resolvendo coisinhas na minha lista mental.
Bem, aprendi no ano passado que a melhor forma de se realizar alguma coisa é começar registrando para que tudo não se perca no meio de tanta coisa que se pensa cotidianamente.
Então vai lá a listinha de coisas que estarão sempre aqui para me lembrar durante o ano. Primeiro post do ano... fica fácil de localizar e sempre rever.
(1) Descobrir algo novo todos os dias. Sim, descobrir uma palavra no dicionário, descobrir um sabor novo, descobrir uma música nova, descobrir uma pinta que passou despercebida no meu próprio corpo... Há tanta coisa para se descobrir. Só preciso manter os sentidos atentos para a descoberta e perceber tudo como se fosse novo.
(2) Voltar a estudar. Começar pleiteando uma bolsa de estudos para um curso de especialização em Crítica e curadoria artística. Torcer para que concedam. Voltar a estudar as matérias para outras provas que virão durante o ano.
(3) Ler mais. Já comecei bem o ano... Só nestes primeiros dias de janeiro já li dois livros. Descobri Lígia Bojunga (dica do meu amigo Julio). E numa tacada só li dois livros dela: "A bolsa amarela" e "A casa da madrinha". Foi tão bom começar o ano assim. Sentir aquele arrepiozinho de emoção ao chegar numa parte do livro que te envolve.
(4) Começar a montar a minha biblioteca. Eu já tenho muitos livros. Mas agora decidi que vou organizar aquilo de uma pilha de livros sem muito critério para algo mais cuidado e organizado. Comprar armários com portas para protegê-los ou então estantes que os abriguem mais da luz do sol e da umidade.
(5) Acertar minha nova casa em São Paulo. Ok. Ok. Confesso que sou um paulistano viciado nestes ares da metrópole. Não aguento ficar longe do centro de onde tudo acontece, não quero mais ficar lá no litoral. Esta fase passou... experimentei e curti durante um tempo viver na praia. Agora quero acertar meu novo lar aqui.
(6) Resolver os meus problemas e dúvidas sentimentais. O coração pode confundir muito a gente. E com uma ajuda do destino, pode muito f**** com a sanidade de qualquer um. Neste segundo semestre vivi muita coisa que me fez reavaliar várias outras. Agora é tempo de acertar o que realmente será. Resolver tudo agora neste primeiro trimestre.
(7) Agir mais, reagir menos. Não vou mais me importar com o que os outros fazem ou dizem para mim. Já está na hora de eu aprender a respirar fundo e agir ao invés de reagir ao outro. Por que preciso alterar meu humor por conta de coisas externas? Por que preciso descer o meu nível? Esta resolução pode ser difícil de se atingir, mas vou perseverar.
(8) Amar a mim mesmo. E isso começa por cuidar mais de mim mesmo. Fazer um check-up geral. Cuidar da minha saúde. Cuidar da minha alimentação. Cuidar do meu tempo de sono. Cuidar do meu corpo deixando de ser sedentário. Ganhar massa muscular e perder gordura. Emagrecer queimando aquelas gorduras localizadas. Ser menos ansioso. Cuidar de quem escolho para ficar ao meu lado porque não preciso estar com quem não me valoriza. Cuidar de minha sanidade. Cuidar da minha alma. Valorizar-me.
(9) Falar mais com meus amigos. No segundo semestre de 2007 fui mais relapso nos meus contatos com meus amigos. Tentei resolver tudo sozinho. Por orgulho, por distração, por exigir muito de mim mesmo... Mas vou aprender que eu, como amigo, ganho perdendo tempo com meus amigos.
(10) Aprender a poupar. Já consegui sanear minhas contas. Estou aprendendo a controlar meus surtos consumistas. Estou aplicando aquilo que sei sobre controle orçamentário para mim mesmo. E assim, acredito que poderei me dar alguns pequenos luxos no meio do caminho. Além de poder poupar para um projeto futuro.
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