sábado, dezembro 30, 2006

Re$olução de Ano Novo: comprar menos por impulso


E agora entramos na contagem regressiva para 2007. Hora de fazermos aquelas resoluções de ano novo (que às vezes cumprimos, às vezes preferimos esquecer).

Uma das que decidi tomar foi "aprender a gastar meu dinheiro de forma mais consciente". Não sou daqueles que compra muita coisa por impulso... hmmm... talvez quando estou numa loja FNAC. Aí, eu fico extremamente tentado a comprar livros e DVDs.

Hoje, coincidentemente (acho que estou ficando bom em perceber as coincidências), vi um artigo sobre compras feitas por impulso. Um artigo da professora Eliana Bussinger muito interessante e que vale a pena conferir.

....................................

Você já percebeu que pele, unhas, cabelos, comida, cachorro, gatos e filhos, passaram a precisar, urgentemente, de produtos que sequer existiam no ano passado? Li recentemente um artigo sobre novos cosméticos. Um deles tinha um princípio ativo retirado de uma bactéria encontrada na lama de uma geleira do Oceano Ártico. Puxa!

Não é difícil imaginar que em cinco anos estaremos fazendo uso de produtos e serviços que sequer imaginamos, porque não existem ainda, mas que estão sendo imaginados, e materializados, nos laboratórios das empresas do mundo inteiro.

Novidades estão por toda parte, superlotando as lojas e os supermercados. E, definitivamente, congestionando as nossas mentes. E não raro, os nossos armários.
John Naisbitt, em seu livro 'Megatendências', previu que 70% dos produtos que viriam a compor o PIB do Japão no ano de 2030 ainda não existiam em 1992 (data da pesquisa). Setenta por cento do PIB da segunda maior economia, mudando em 40 anos? Bem, ainda que fosse 30 ou 40%, já seria espantosa a velocidade dessa transformação.

Na primeira economia, os Estados Unidos, as coisas não são muito diferentes. O departamento de patentes americano registrou mais invenções durante os dois governos do presidente Bill Clinton do que em toda sua longa existência.

O pessoal de marketing costuma dizer que essa superabundância de produtos e serviços representa o atendimento das necessidades crescentes dos clientes. Qual é o tipo de iogurte, mesmo, que necessitamos tanto assim? As minhas dúvidas são muitas, confesso. As suas, eu acho, também não devem ser poucas.

Só a escolha de um simples molho de tomate pode se tornar uma tarefa estafante. Macarrões e molhos compõem uma multicolorida e imensa prateleira em qualquer supermercado. E lá ficamos por muitos minutos do nosso precioso tempo avaliando tipos, volumes, formas, temperos, cores, qualidades, marcas. Ah! E preços, claro!

Para o pessoal de finanças tudo isso representa, na realidade, uma explosão de possibilidades de gastos que refletem o ritmo incessante de mudança das empresas. Elas inovam sem parar. Reinventam constantemente produtos e modelos de negócios. Redesenham processos produtivos e formas de negociá-los. Ou seja, como tornar o consumo mais atrativo, mais fácil e mais acessível.
E acessibilidade, geralmente está associada à distribuição (produtos em todos os lugares) e facilidade de pagamento, ou seja, crediário.

Assim, mulheres sem perceber, cedem ao impulso e adquirem produtos e serviços apoiadas não apenas na capacidade de consumo - leia-se disponibilidade de renda - mas no crédito fácil. No cartão, no cheque pré-datado, no crédito ao consumidor ali "dois minutinhos no balcão", ou à sua disposição com apenas uma senha, já que a maioria dos bancos oferece crédito automático, como você já deve ter percebido no extrato da sua conta corrente. E as decisões de compra vão se concretizando, muitas vezes por impulso, sem a percepção exata do risco que se corre por não se conseguir equilibrar os recursos financeiros com a vontade de se ter tudo que está sendo oferecido.

E a gente acaba comprando um monte de coisas que não precisava e mais do que isso, que sequer imaginava possuir um dia.

E muitas delas são absolutamente inúteis. Além de nos comprometerem financeiramente, ficam guardadas, sem nunca serem usadas.

Atenção

1) Um dos principais problemas associado ao comportamento compulsivo é o risco de endividamento excessivo seguido de inadimplência e problemas com crédito.
2) Não compre o que você não precisa ou o que não vai usar
3) Não compre por comprar, para afogar as mágoas ou preencher "um vazio"
4) Resista à propaganda
5) Não insista em manter estilo de vida que não combina mais com a sua renda (ou nunca combinou)

3 comentários:

Anônimo disse...

Adoro comprar, odeio não ter dinheiro, nem tem como eu ser compulsiva...
hehehe
Mas já fui e seria, sobretudo numa lojas dessas que você citou FNAC... eu fui lá, em Sampa, nela, fiquei louca!!!

Anônimo disse...

hehehe.
Cliquei no Quintinha sem querer...
Ai ai

Jak disse...

Taí um dos meus defeitos. Sou compradora compulsiva. Já fui muito mais do que sou hoje em dia, é verdade mas paguei (literalmente) caro por isso. E tenho me policiado muito, não só por mim. É bom ler sobre essas estatísticas de consumo. É realmente absurda a quantidade de coisas que compramos sem realmente precisarmos delas... E a consciência pesa ainda mais quando pensamos que esse excessivo volume de consumo, gera um excessivo volume de produção e infelizmente, não gera mais empregos, mas sim, mais exploração nas relações de trabalho e mais desigualdade social.