Algo que adoro fazer é devanear em livrarias. Adoro me perder entre as estantes de livros e folhear, ler um poema aqui, descobrir um parágrafo acolá. E inevitavelmente fazer uma listinha das próximas aquisições para minha biblioteca.
Livros, para mim, nunca foram considerados como luxos ou gastos. Livros são investimentos para a minha cultura. E tenho esta paixão pelos livros desde criança. Preferia muitas vezes, viajar nas páginas de um livro a ficar brincando lá fora. As histórias me transportavam para mais longe daquele mundo num bairro residencial na periferia da metrópole.
Só não entendo o porquê dos livros serem tão caros... e olha que eles tem isenção de alguns impostos. Se for levar em consideração a lista dos próximos livros que pretendo adquirir, devo reservar no mínimo, R$600,00.
Ahhh... como é chato desejar algo e ter ao mesmo tempo a preocupação das contas a pagar. Mas, mesmo com o desejo de ter os livros, nunca parti para soluções "heterodoxas" para tê-los.
Nada de roubar livros nem de arrancar páginas às escondidas (sim, conheço gente que arranca páginas de livros em livrarias). E justo hoje, num destes devaneios em livrarias, eis que surge a oportunidade máxima de tentação.
Estava eu, lá na livraria Cultura do Conjunto Nacional, aquele templo absurdo de exposição de livros. Folheando um pouco de "Dias exemplares", o mais recente livro do Michael Cunningham. Passeando pelas frases de "Einstein, explique por favor" do Jean Claude Carrière. Filosofando com Hélio Jaguaribe em "O posto do homem no cosmos"...
De repente, sobre uma pilha de livros expostos, encontro um envelope. A curiosidade falou alto e fui conferir o conteúdo. Eis que me deparo com um vale-presente da própria Livraria Cultura no valor de R%150,00.
Meu coração palpitou mais forte. Olhei para os lados, tentando ver se alguém fazia algum gesto indicando ter perdido algo. E pensei... pensei se deveria ficar com aquilo para mim.
Afinal, dizem que "achado não é roubado". Lógica perversa para justificar um erro, mas nestas horas, a gente parece desejar mesmo é justificar o erro. Poderia ser o destino que fez a pessoa esquecer aquele envelope ali e o mesmo destino fez com que eu encontrasse aquele vale-presente. Mas será que o destino achava que eu merecia mais os livros (porque eu converteria o vale-presente em livros) do que quem de fato tinha ganho aquele envelope?
Ahhh... a tentação. Estes mecanismos de justificar o injustificável. Como é ruim ser o juiz de si mesmo. Engoli a seco a vontade, procurei um vendedor da loja e expliquei o ocorrido. Mostrei o lugar onde encontrei o envelope e entreguei, chorando por dentro e vendo os livros que eu desejava ficarem um pouquinho mais distantes de mim no tempo.
Ainda bem que amanhã é outro dia... quem sabe, da próxima vez, eu não encontre um comprovante de jogo da MegaSena acumulada. Quem sabe o destino não mexe os pauzinhos para eu ganhar sozinho com aquele comprovante. risos.
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2 comentários:
Olha só, se eu fosse dona da livraria, ou gerente, eu te dava um livro e inda chamada a globo pra passar no "fantástico" a maravilha e incomum arte de ser honesto... é foda isso, né?
Creio que devolveria o livro também.
Agora, reserve uns seiscentos e um pouco mais e compre um livrim preu...
hahahaha
É tão bonito dar um presente assim, tanto quanto devolver um vale-brinde...
ai ai ai
Eu não presto!
É... Eu imagino como deve ter sido a tentação.
Parabéns pela honestidade e pelo blog!
(Primeiro comentário é foda né...)
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