sábado, setembro 23, 2006

Diário de viagem: dia 6 - sorvete de laranja com gengibre e sorvete de queijo com goiabada

Último dia no Rio de Janeiro... e confesso que fico com saudades desta cidade que jamais imaginei que poderia me cativar. Na verdade, a minha relação afetiva com os lugares e as cidades é conseqüência imediata das pessoas que encontro.

O Rio de Janeiro agora é uma cidade que me faz querer voltar. Não porque deixei de conferir um pôr-do-sol no Arpoador, mas sim por conta de saber que na cidade, tenho agora pessoas que me receberão com sorrisos e abraços.

A cidade já não me é estranha... a cidade agora faz parte da minha história porque na cidade tenho pessoas a quem quero bem.

Uma vez, um grande amigo meu disse que não importava o lugar onde íamos. O lugar era a coisa menos importante, o essencial, segundo ele, era estar na minha companhia. E é este o segredo da boa diversão: se eu estou com alguém agradável, irei certamente me divertir. Se coincidir de a companhia e o lugar serem agradáveis, o programa será excepcional.

Não me importo que o sábado tenha sido cinzento nem que eu tenha ficado dentro de um apartamento durante algumas horas. O importante é que eu estava com quem eu queria estar. O importante é que eu aproveitei a companhia de quem eu desejava desfrutar.

E sei que neste último dia, vejo a cidade do Rio de Janeiro com saudades. Saudades de quem fica na cidade. Saudades com desejo agridoce de voltar logo.

Neste último dia, aproveitei a manhã para caminhar pelo Leblon e Ipanema. Tomei café da manhã na livraria Letras e Expressões. Um chá indiano acompanhado de um bolo de laranja com nozes. Adoro livrarias! Geralmente me perco entre os livros, gastando horas e horas folheando e pinçando aqui e acolá algum parágrafo que me chame a atenção.

E naquela manhã, acabei me deparando com "O silêncio da chuva" de Luiz Alberto Garcia-Roza. Tinha 6 horas de viagem pela frente. Um livro seria uma boa companhia na estrada.

Da livraria, segui caminhando pelo Leblon com minhas amigas. Descobrindo lugares nas ruas com pouco movimento naquele domingo. Avançamos até chegar na rua Garcia D' Ávila e encontrar a Mil Frutas.

Aliás, para quem for ao Rio, esta é uma parada obrigatória. Já pensou em sorvete de uva verde com manjericão? E um de tamarindo? Prefere um sorvete de tiramisú? Tem lá também. A Mil Frutas é um paraíso de sabores em formato de sorvete de massa. O melhor de tudo: nenhum deles leva substâncias conservantes nem espessantes nem gordura trans. Bom para o paladar, bom para a saúde.

Eu fiquei com dois sabores: laranja com gengibre (deliciosamente refrescante) e queijo com goiabada (achou estranho? Prove e você se perguntará "como é que não fizeram este sabor antes?").

Depois dos sorvetes, uma caminhada rápida de volta ao carro (que tinha ficado próximo da praça Cazuza, no Leblon) e direto para a rodoviária.

No ônibus, abri a primeira página do livro recém-comprado. E li a estória de um investigador da DP na praça Mauá. Seguindo na leitura, descubro que o investigador Spinoza (personagem central do livro) mora no bairro Peixoto. Fechei os olhos e sorri: eu conhecia aquele bairro. E a descrição que o autor fazia da praça me fez lembrar de mim e meu amigo caminhando pela feira que acontecia naquela quarta-feira em que nos conhecemos pessoalmente.

Saudades... saudades da cidade que ficava agora para trás, saudades da minha amiga que me recebeu tão graciosamente em seu apartamento, saudades do meu novo-velho-amigo que tal qual na fábula da raposa e do pequeno príncipe, conseguiu me cativar. Saudades... simplesmente, saudades.

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