segunda-feira, agosto 21, 2006
O monge e o executivo
O que fazer num final de semana marcado pelo céu nublado e pela preguiça de confrontar o corpo contra o vento frio? Juro que tentei... até fui ao jardim da praia para tentar sentir na pele aquele calor mirrado do sol. O vento e a areia nos meus cabelos foram mais desagradáveis e voltei para casa.
E li... nada de TV, nada de horas diante do computador. Peguei um livro e fiquei me deliciando nas frases, degustando cada palavra. A leitura deste fim de semana foi "O monge e o executivo", livro recomendado pelo meu coach e escrito por James C. Hunter, cosultor em relações trabalhistas e treinamento.
Leitura fácil, sem ser técnica demais e o melhor de tudo: cada idéia mostrada no livro, conversava com os meus conteúdos. Para mim, o livro marcou uam espécie de descoberta: enfim descobri como conciliar o que penso e como ajo com o meu trabalho.
O trabalho para mim sempre foi marcado por algo mais técnico, mais razão, menos emoção. E vejo que a essência da liderança (ao menos no livro) não está longe da regra de ouro das religiões.
Mas, vamos a história... cenário: um mosteiro beneditino. Personagens: irmão Simeão (um ex-empresário de carreira brilhante que tornou-se um monge) e John Daily (executivo de uma indústria de vidros, em crise na família e no emprego). Há outras personagens secundárias, mas destaco apenas estes dois porque é no confrontamentdo de idéias e na relação de mestre-discípulo que se trava ali que gira o conteúdo do livro.
Há passagens fascinantes no livro, invertendo um velho paradigma de liderança. Estabelece-se ali uma distinção entre poder e autoridade. E que a liderança provém do amor, o líder é também um servidor.
Ok, ok... Amor pode parecer uma palavra estranha neste contexto. Mas faz muito sentido e é muito bem explorada no livro. Só para atiçar, vou deixar um trechinho logo abaixo.
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-Você vê o que eu quero dizer, Teresa? O amor é definido um tanto mesquinhamente, e a maioria das definições envolve sentimentos positivos. O professor de línguas me explicou que muito do Novo Testamento foi originalmente escrito em grego, e os gregos usavam várias palavras diferentes para descrever o multifacetado fenômeno do amor. Se bem me lembro, uma dessas palavras era eros, da qual deriva a palavra erótico, e significa sentimentos baseados em atração sexual e desejo ardente. Outra palavra grega para amor, storgé, é afeição, especialmente com a família e entre seus membros. Nem eros nem storgé aparecem nas escrituras do Novo Testamento. Outra palavra grega para amor era philos, ou fraternidade, amor recíproco. Uma espécie de amor condicional, do tipo "você me faz o bem e eu faço o bem a você". Finalmente, os gregos usavam o substantivo agapé e o verbo correspondente agapaó para descrever um amor incondicional, baseado no comportamento com os outros, sem exigir nada em troca. É o amor da escolha deliberada. Quando Jesus fala de amor no Novo Testamento, usa a palavra agapé, um amor traduzido pelo comportamento e pela escolha, não o sentimento do amor.
- Pensando nisso agora - a enfermeira acrescentou -, parece bobagem tentar mandar alguém ter um sentimento ou emoção por alguém. Neste sentido, aparentemente Jesus Cristo não queria dizer que nós devemos fazer de conta que as pessoas ruins não são ruins, ou nos sentir bem a respeito de pessoas que agem indignamente. O que ele queria dizer era que devemos nos comporta bem em relação a elas. Eu nunca tinha pensado dessa maneira.
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