sexta-feira, agosto 25, 2006

A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir


Logo após a faculdade de administração, prestei novo vestibular e comecei a faculdade de pedagogia. E aprendi muita coisa sobre as teorias de educação. Ficava encantado com as idéias de Maria Montessori, Freinet, Carl Rogers, Paulo Freire. E o que eu fiquei questionando depois de ter estudado tudo isso: como é que com tantas boas idéias, a escola continuava sendo um espaço tão fechado para absorver estas mudanças?

Aí me deparei recentemente com a experiência da Escola da Ponte em Vila Nova de Farmalicão, Portugal. E depois de ler alguns artigos sobre a experiência da Escola da Ponte, fui ficando fascinado pelas idéias de José Pacheco, o educador responsável pela revolução.

Dos artigos para o livro de Rubem Alves, foi um pulo. O nome do livro? A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.

Apesar de falar sobre a experiência da Escola da Ponte, o livro é um bom gancho para refletirmos sobre a educação e a estruturação da escola hoje. Fala sobre a asfixia dos programas elaborados pelo ministério da Educação e de como aprendemos quando nos orientamos pela experiência da vida.

Por que os alunos são indisciplinados? Talvez não houvesse indisciplina se houvesse interesse em aprender. E como temos interesse em aprender algo? Temos interesse em aprender quando sabemos que vamos usar algo.

Na Escola da Ponte, não existem salas de aula, não existem aulas de geografia, matemática, história ou literatura. Tampouco existem séries ou intervalos entre uma aula e outra. Aliás, não existem aulas.

Os próprios alunos se organizam em grupos para trabalhar em projetos. E é a partir da definição do projeto (pelos próprios alunos) que se inicia todo o processo de aprendizagem. Os grupos de pesquisa são formados por alunos de todas as idades e se forma naturalmente de acordo com as afinidades.

E são os próprios alunos que buscam os conteúdos e no final do projeto de pesquisa, se avaliam. Os professores são apenas figuras presentes para orientação (quando solicitados pelos alunos).

Além disso, os próprios alunos da escola elaboram as regras de conduta e resolvem os problemas da escola em assembléias semanais. Dá pra imaginar ambiente mais democrático? Falamos em democracia mas somos educados numa estrutura tirânica e competitiva. Que grande contrasenso, não?

Aí, a gente se pergunta... e isso continua sendo uma escola? Sim, uma escola excepcional. Uma escola que ensina mais do que conteúdos de "programas", ensina conteúdos para a vida.

E eu só lamento que esta experiência ainda esteja tão longe para nós.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vuo aproveitar este interessante post apenas para registrar que seu blog ficou MUITO melhor com esse visual - principalmente pela possibilidade de permitir ao usuário que deixe seu comentário... até que enfim!! hahaha

Depois com mais tempo comentarei melhor este e alguns tópicos passados... Abraço!!!

Anônimo disse...

Vamos ver se venço essa parada, Luiz. Agora que sei da opção "outro" tô me sentindo livre e leve.
Eu amo Rubem Alves e inda mais agorao sabendo que ele estudo na cartilha de Lili.
Quisera que a Escola idealizada por ele ou também por Paulo Freire pudesse existir, de verdade, e pra todos.

É... somos do tempo que foto tinha outro nome:

"Fique quieta, Lili
– diz Joãozinho.
Olhe bem para mim.
Puxe o laço do gatinho.
Eu já vou tirar o seu retrato.
Um... dois... três... quatro!...
Que bonito vai ficar o seu retrato!"