sábado, agosto 12, 2006

Idiomaterno


O neologismo acima é uma invenção fascinante. Lê-se aqui duas possibilidades: "idioma terno" e "idioma materno". De onde eu tirei este neologismo? De uma visita fantástica pela língua portuguesa.

Fui conhecer o novo Museu da Língua Portuguesa, a Estação Luz da Nossa Língua. Parte da antiga estação da Luz foi restaurada e ganhou um espaço fascinante para a exploração desta coisa tão cotidiana e tão rica que é a nossa língua.

A minha dica de visitação é: comece de cima para baixo. No último andar, um vídeo com narração da Fernanda Montenegro mostra a viagem pela nossa língua. Dos primórdios até a cacofonia e inventividade atuais. Depois, um passeio por poesia (a melhor parte em todo o tour, ao menos para mim). Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Gonçalves Dias, Dorival Caymmi, Monteiro Lobato, Gregório de Matos, Mário de Andrade e toda uma constelação de poesias e trechos de textos iluminando o céu particular daquele espaço.

Abaixo, uma linha do tempo mostrando a evolução da língua de um lado. Do outro, um imenso corredor projeta a influência da língua na cultura. No meio, monitores isolados mostram a influência de outras línguas sobre a língua portuguesa. E no beco das palavras, brincamos de descobrir a origem de cada palavra.

Há ainda uma exposição temporária sobre os 50 anos de "Grande sertão: veredas". A expsoição concebida por Bia Lessa conseguiu tornar a vontade de se ler um livro, algo palpável, saindo da mente para o coração. Lá foi possível sentir a obra. Fazer as trilhas de Diadorim e de Riobaldo. Ver na secura do sertão, os sentimentos se destilando até chegar num estado de pureza.

Quem não visitou o museu, precisa urgentemente fazê-lo.

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