quinta-feira, abril 12, 2007
Eu pagaria para ver esta bunda...
Faz um tempo, vi esta frase do título estampada no meu MSN. O Fabrício, meu amigo programador-produtor de cinema-RPGista inveterado-que ainda deve uma visita para mim aqui em Santos, colocou esta frase e ela aparecia ali para mim, na janela do MSN.
Fiquei me segurando para não perguntar... afinal, também não queria ser indiscreto e perguntar sobre a bunda de quem ele se referia.
Ontem fui ao cinema (aproveitar esta onda de cinema ser mais barato às quartas) e me arrisquei a conferir "O cheiro do ralo". E então descobri sobre a bunda.
Imagine um dono de um antiquário, localizado em algum bairro industrial com aqueles galpões e a decadência pairando no ar. Imagine pessoas levando objetos antigos e repletos de história, num conflito entre se desfazer de algo signficativo para elas e a necessidade de dinheiro. Imagine uma lanchonete bem no estilo "sujinho" e uma atendente que tem o rosto parecidíssimo com a da Rossy de Palma e uma bunda que povoa o imaginário dos homens. Imagine um olho de vidro, uma caixa de dinheiro sobre a mesa e um cheiro fortíssimo que sai do ralo e que constrange inclusive quem não está nem aí com o que os outros pensam dele.
Imagine tudo isso e você ainda estará na superficialidade do que é "O cheiro do ralo". O filme é baseado no livro homônimo de Lourenço Mutarelli (que aparece no filme interpretando o segurança). Não li o livro, mas se aquilo que se mostra na tela for fiel a narrativa literária, vislumbro uma obra visceral.
Selton Mello está ótimo no papel de Lourenço, o antiquário misógino e apaixonado pela bunda da garçonete que o atende na lanchonete. Lourenço é vil e um apaixonado pelo poder. O poder de dizer sim ou não para quem o busca vendendo seus bens preciosos. O poder de comprar tudo o que deseja, inclusive a visão da bunda. O poder de criar inclusive a própria história e de criar um ideal de pai.
Lourenço aprecia o poder que tem e que acumula. Paga pouco por um faqueiro de prata. Apropria-se de discursos alheios. A única coisa que o incomoda é o cheiro do ralo porque ele não quer ser identificado com aquele cheiro.
O que posso dizer? O filme é imperdível. Sério candidato a filme cult. É uma pena que pareça já estar saindo das salas de cinema em São Paulo. Quem puder, vá conferir sem falta.
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2 comentários:
Li sobre esse filme, na Veja, creio. Fiquei curiosíssima.
Não aprecio filmes brasileiros, sabia? Serei linchada? Mas esse tive vontade de assistir.
Ahá, vejo que finalmente assistiu! =) Muito bom mesmo, né? Vale cada centavo dos caríssimos ingressos dos cinemas de São Paulo, ou não? ;) hehehe
Beijos!
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