terça-feira, setembro 26, 2006
Uma relação pornográfica
E como amor pode ser tão complicado? Às vezes, a possibilidade do amor está tão escancarada na nossa frente mas resistimos a aceitar o que sentimos. O amor causa felicidade mas também causa um medo.
O amor, como já foi cantado, não sabe esperar. Um minuto antes e o amor acaba. Um minuto depois e o amor acaba. E arriscar-se é algo que ninguém quer fazer, porque da mesma forma que podemos acertar na escolha, podemos também errar e sair mais machucados do que quando entramos.
O medo de amar e de se envolver permeia as relações... Quem é que gosta da sensação de se sentir “dependente” de alguém? Quem é que assume tranqüilamente o fato de estar completamente à mercê da pessoa que você ama? Quem é que em sã consciência aceita sem sobressaltos na alma, o fato de estar entregando sua vida inteira para outra pessoa?
“Nem sei se gosto mais de mim ou de você... Vem, que a sede de te amar me faz melhor. Eu quero te sentir ao meu redor, preciso tanto me fazer feliz.” A música já mostra neste jogo de pronomes a perda da identidade e o processo de “mescla” que acontece no amor... onde começa a minha vida? Onde começa a sua vida?
O filme “Uma relação pornográfica” trata deste contexto: o medo do envolvimento. Sexo é amor? Não necessariamente... e o filme deixa isto de forma bem clara. Nathalie Baye, melhor atriz no festival de Veneza 1999 por sua interpretação, e Sergi Lopez, formam um casal que se encontra por pura curiosidade e satisfação sexual.
Um homem, uma mulher e uma fantasia sexual. Eles decidem dividir esta fantasia e realizá-la, sem buscar maiores envolvimentos. Mas, o que começa como uma relação puramente sexual, por força do envolvimento criado, evolui para amor.
O diretor belga Frederic Fonteyne usa muito bem um recurso para marcar a distinção entre o sexo e o amor. No momento em que apenas a fantasia sexual dos parceiros está sendo satisfeita, sem nenhum envolvimento, a câmera permanece do lado de fora do quarto... focalizando somente a porta que se abre e se fecha.
Quando existe o início de um envolvimento amoroso, a câmera entra e acompanha os amantes no quarto. Marca-se de uma forma simples, a diferença entre o sexo e o amor.
Mas, o caminho para a criação da intimidade, da real intimidade é confuso. Na transição, nenhum dos dois sabe exatamente o que sente em relação ao outro. Dividem a cama mas não sabem sequer o nome um do outro.
Dizer “eu te amo” com uma convicção de sentimentos é algo difícil e segue um caminho tortuoso. Para quem já viveu isso (ou vive isso, afinal o amor está nascendo a todo instante... o amor não sabe esperar), vale a pena acompanhar o fluxo de emoções contrastantes e das dúvidas que envolvem os amantes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
É ... Alguma coisa aconteceu na hora que li... Além da vontade de assistir.. Algo como "E eu e o amor?" Será que eu tô com medo??? Nunca tive! Preguiça, talvez... rs
hahaha
Rindo aqui do Rafa, optar pela "preguiça" em relação ao amor.
Esse babado do amor existe, ou a vontade dele, também aos 50, crê?
Então...rs
Postar um comentário