Algo que adoro fazer é devanear em livrarias. Adoro me perder entre as estantes de livros e folhear, ler um poema aqui, descobrir um parágrafo acolá. E inevitavelmente fazer uma listinha das próximas aquisições para minha biblioteca.
Livros, para mim, nunca foram considerados como luxos ou gastos. Livros são investimentos para a minha cultura. E tenho esta paixão pelos livros desde criança. Preferia muitas vezes, viajar nas páginas de um livro a ficar brincando lá fora. As histórias me transportavam para mais longe daquele mundo num bairro residencial na periferia da metrópole.
Só não entendo o porquê dos livros serem tão caros... e olha que eles tem isenção de alguns impostos. Se for levar em consideração a lista dos próximos livros que pretendo adquirir, devo reservar no mínimo, R$600,00.
Ahhh... como é chato desejar algo e ter ao mesmo tempo a preocupação das contas a pagar. Mas, mesmo com o desejo de ter os livros, nunca parti para soluções "heterodoxas" para tê-los.
Nada de roubar livros nem de arrancar páginas às escondidas (sim, conheço gente que arranca páginas de livros em livrarias). E justo hoje, num destes devaneios em livrarias, eis que surge a oportunidade máxima de tentação.
Estava eu, lá na livraria Cultura do Conjunto Nacional, aquele templo absurdo de exposição de livros. Folheando um pouco de "Dias exemplares", o mais recente livro do Michael Cunningham. Passeando pelas frases de "Einstein, explique por favor" do Jean Claude Carrière. Filosofando com Hélio Jaguaribe em "O posto do homem no cosmos"...
De repente, sobre uma pilha de livros expostos, encontro um envelope. A curiosidade falou alto e fui conferir o conteúdo. Eis que me deparo com um vale-presente da própria Livraria Cultura no valor de R%150,00.
Meu coração palpitou mais forte. Olhei para os lados, tentando ver se alguém fazia algum gesto indicando ter perdido algo. E pensei... pensei se deveria ficar com aquilo para mim.
Afinal, dizem que "achado não é roubado". Lógica perversa para justificar um erro, mas nestas horas, a gente parece desejar mesmo é justificar o erro. Poderia ser o destino que fez a pessoa esquecer aquele envelope ali e o mesmo destino fez com que eu encontrasse aquele vale-presente. Mas será que o destino achava que eu merecia mais os livros (porque eu converteria o vale-presente em livros) do que quem de fato tinha ganho aquele envelope?
Ahhh... a tentação. Estes mecanismos de justificar o injustificável. Como é ruim ser o juiz de si mesmo. Engoli a seco a vontade, procurei um vendedor da loja e expliquei o ocorrido. Mostrei o lugar onde encontrei o envelope e entreguei, chorando por dentro e vendo os livros que eu desejava ficarem um pouquinho mais distantes de mim no tempo.
Ainda bem que amanhã é outro dia... quem sabe, da próxima vez, eu não encontre um comprovante de jogo da MegaSena acumulada. Quem sabe o destino não mexe os pauzinhos para eu ganhar sozinho com aquele comprovante. risos.
sexta-feira, setembro 29, 2006
quarta-feira, setembro 27, 2006
Entre quatro
O meu amigo Fabrício, que já foi um colaborador do Wear Sunscreen, sempre despertou minha admiração por sua multiplicidade. Ele trabalhou na área de pesquisas biológicas (algo a ver com retinas de tartarugas... risos), fez palestras sobre RPG, teve uma pizzaria, escreve muito bem (sempre distribuindo reflexões que são verdadeiros socos), trabalha com programação e agora, tem uma produtora de vídeo.
O nome da produtora? Entre quatro. Lembro que na época em que conversamos um pouco sobre este novo projeto dele, havia uma grande excitação nas palavras. Mas esta é mais uma característica que percebi nele: uma empolgação em tudo o que se propõe a fazer.
Ontem conferi as produções mais recentes da Entre quatro. São curta-metragens com uma linguagem bem interessante.
A final é uma produção de 2005 e mostra num diálogo breve entre amigos, a lembrança de um fato passado que os une e ao mesmo tempo os desarmoniza.
A comédia do Divino é a produção mais recente. Lembra em muito a linguagem de humor nonsense da saudosa TV Pirata. Vale a pena conferir. Eu delirei em muitas referências que encontrei por ali. Ahhh... no YouTube, A comédia do Divino foi dividida em duas partes (parte 1 e parte 2).
O nome da produtora? Entre quatro. Lembro que na época em que conversamos um pouco sobre este novo projeto dele, havia uma grande excitação nas palavras. Mas esta é mais uma característica que percebi nele: uma empolgação em tudo o que se propõe a fazer.
Ontem conferi as produções mais recentes da Entre quatro. São curta-metragens com uma linguagem bem interessante.
A final é uma produção de 2005 e mostra num diálogo breve entre amigos, a lembrança de um fato passado que os une e ao mesmo tempo os desarmoniza.
A comédia do Divino é a produção mais recente. Lembra em muito a linguagem de humor nonsense da saudosa TV Pirata. Vale a pena conferir. Eu delirei em muitas referências que encontrei por ali. Ahhh... no YouTube, A comédia do Divino foi dividida em duas partes (parte 1 e parte 2).
terça-feira, setembro 26, 2006
Uma relação pornográfica
E como amor pode ser tão complicado? Às vezes, a possibilidade do amor está tão escancarada na nossa frente mas resistimos a aceitar o que sentimos. O amor causa felicidade mas também causa um medo.
O amor, como já foi cantado, não sabe esperar. Um minuto antes e o amor acaba. Um minuto depois e o amor acaba. E arriscar-se é algo que ninguém quer fazer, porque da mesma forma que podemos acertar na escolha, podemos também errar e sair mais machucados do que quando entramos.
O medo de amar e de se envolver permeia as relações... Quem é que gosta da sensação de se sentir “dependente” de alguém? Quem é que assume tranqüilamente o fato de estar completamente à mercê da pessoa que você ama? Quem é que em sã consciência aceita sem sobressaltos na alma, o fato de estar entregando sua vida inteira para outra pessoa?
“Nem sei se gosto mais de mim ou de você... Vem, que a sede de te amar me faz melhor. Eu quero te sentir ao meu redor, preciso tanto me fazer feliz.” A música já mostra neste jogo de pronomes a perda da identidade e o processo de “mescla” que acontece no amor... onde começa a minha vida? Onde começa a sua vida?
O filme “Uma relação pornográfica” trata deste contexto: o medo do envolvimento. Sexo é amor? Não necessariamente... e o filme deixa isto de forma bem clara. Nathalie Baye, melhor atriz no festival de Veneza 1999 por sua interpretação, e Sergi Lopez, formam um casal que se encontra por pura curiosidade e satisfação sexual.
Um homem, uma mulher e uma fantasia sexual. Eles decidem dividir esta fantasia e realizá-la, sem buscar maiores envolvimentos. Mas, o que começa como uma relação puramente sexual, por força do envolvimento criado, evolui para amor.
O diretor belga Frederic Fonteyne usa muito bem um recurso para marcar a distinção entre o sexo e o amor. No momento em que apenas a fantasia sexual dos parceiros está sendo satisfeita, sem nenhum envolvimento, a câmera permanece do lado de fora do quarto... focalizando somente a porta que se abre e se fecha.
Quando existe o início de um envolvimento amoroso, a câmera entra e acompanha os amantes no quarto. Marca-se de uma forma simples, a diferença entre o sexo e o amor.
Mas, o caminho para a criação da intimidade, da real intimidade é confuso. Na transição, nenhum dos dois sabe exatamente o que sente em relação ao outro. Dividem a cama mas não sabem sequer o nome um do outro.
Dizer “eu te amo” com uma convicção de sentimentos é algo difícil e segue um caminho tortuoso. Para quem já viveu isso (ou vive isso, afinal o amor está nascendo a todo instante... o amor não sabe esperar), vale a pena acompanhar o fluxo de emoções contrastantes e das dúvidas que envolvem os amantes.
segunda-feira, setembro 25, 2006
Consumo. logo existo.
O título acima é um trocadilho com a máxima de Descartes ("Penso, logo existo") feita pelo Frei Betto no artigo que escreveu para o Diário de Minas.
Vale a pena a leitura e a reflexão sobre o nosso modo de vida. Que valores será que estamos cultuando? Será que não vale a pena fazermos mais dos passeios "socráticos" citados pelo Frei Betto?
............................................................
Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. “Quem trouxe a fome foi a geladeira”, disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc.
A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano – e nisso também nos diferenciamos dos animais – manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos Manuscritos econômicos e filosóficos (1844), ele constata que “o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós.” O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia, cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível; porém, se traz a assinatura de um famoso estilista, a gata borralheira se transforma em Cinderela…
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de “com mercê”, com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora, o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. “Nada poderia ser maior que a sedução“ – diz Jean Baudrillard – “nem mesmo a ordem que a destrói.” E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira, o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. “Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático”, respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”
Vale a pena a leitura e a reflexão sobre o nosso modo de vida. Que valores será que estamos cultuando? Será que não vale a pena fazermos mais dos passeios "socráticos" citados pelo Frei Betto?
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Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. “Quem trouxe a fome foi a geladeira”, disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc.
A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano – e nisso também nos diferenciamos dos animais – manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos Manuscritos econômicos e filosóficos (1844), ele constata que “o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós.” O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia, cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível; porém, se traz a assinatura de um famoso estilista, a gata borralheira se transforma em Cinderela…
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de “com mercê”, com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora, o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. “Nada poderia ser maior que a sedução“ – diz Jean Baudrillard – “nem mesmo a ordem que a destrói.” E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira, o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. “Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático”, respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”
sábado, setembro 23, 2006
Diário de viagem: dia 6 - sorvete de laranja com gengibre e sorvete de queijo com goiabada
Último dia no Rio de Janeiro... e confesso que fico com saudades desta cidade que jamais imaginei que poderia me cativar. Na verdade, a minha relação afetiva com os lugares e as cidades é conseqüência imediata das pessoas que encontro.
O Rio de Janeiro agora é uma cidade que me faz querer voltar. Não porque deixei de conferir um pôr-do-sol no Arpoador, mas sim por conta de saber que na cidade, tenho agora pessoas que me receberão com sorrisos e abraços.
A cidade já não me é estranha... a cidade agora faz parte da minha história porque na cidade tenho pessoas a quem quero bem.
Uma vez, um grande amigo meu disse que não importava o lugar onde íamos. O lugar era a coisa menos importante, o essencial, segundo ele, era estar na minha companhia. E é este o segredo da boa diversão: se eu estou com alguém agradável, irei certamente me divertir. Se coincidir de a companhia e o lugar serem agradáveis, o programa será excepcional.
Não me importo que o sábado tenha sido cinzento nem que eu tenha ficado dentro de um apartamento durante algumas horas. O importante é que eu estava com quem eu queria estar. O importante é que eu aproveitei a companhia de quem eu desejava desfrutar.
E sei que neste último dia, vejo a cidade do Rio de Janeiro com saudades. Saudades de quem fica na cidade. Saudades com desejo agridoce de voltar logo.
Neste último dia, aproveitei a manhã para caminhar pelo Leblon e Ipanema. Tomei café da manhã na livraria Letras e Expressões. Um chá indiano acompanhado de um bolo de laranja com nozes. Adoro livrarias! Geralmente me perco entre os livros, gastando horas e horas folheando e pinçando aqui e acolá algum parágrafo que me chame a atenção.
E naquela manhã, acabei me deparando com "O silêncio da chuva" de Luiz Alberto Garcia-Roza. Tinha 6 horas de viagem pela frente. Um livro seria uma boa companhia na estrada.
Da livraria, segui caminhando pelo Leblon com minhas amigas. Descobrindo lugares nas ruas com pouco movimento naquele domingo. Avançamos até chegar na rua Garcia D' Ávila e encontrar a Mil Frutas.
Aliás, para quem for ao Rio, esta é uma parada obrigatória. Já pensou em sorvete de uva verde com manjericão? E um de tamarindo? Prefere um sorvete de tiramisú? Tem lá também. A Mil Frutas é um paraíso de sabores em formato de sorvete de massa. O melhor de tudo: nenhum deles leva substâncias conservantes nem espessantes nem gordura trans. Bom para o paladar, bom para a saúde.
Eu fiquei com dois sabores: laranja com gengibre (deliciosamente refrescante) e queijo com goiabada (achou estranho? Prove e você se perguntará "como é que não fizeram este sabor antes?").
Depois dos sorvetes, uma caminhada rápida de volta ao carro (que tinha ficado próximo da praça Cazuza, no Leblon) e direto para a rodoviária.
No ônibus, abri a primeira página do livro recém-comprado. E li a estória de um investigador da DP na praça Mauá. Seguindo na leitura, descubro que o investigador Spinoza (personagem central do livro) mora no bairro Peixoto. Fechei os olhos e sorri: eu conhecia aquele bairro. E a descrição que o autor fazia da praça me fez lembrar de mim e meu amigo caminhando pela feira que acontecia naquela quarta-feira em que nos conhecemos pessoalmente.
Saudades... saudades da cidade que ficava agora para trás, saudades da minha amiga que me recebeu tão graciosamente em seu apartamento, saudades do meu novo-velho-amigo que tal qual na fábula da raposa e do pequeno príncipe, conseguiu me cativar. Saudades... simplesmente, saudades.
O Rio de Janeiro agora é uma cidade que me faz querer voltar. Não porque deixei de conferir um pôr-do-sol no Arpoador, mas sim por conta de saber que na cidade, tenho agora pessoas que me receberão com sorrisos e abraços.
A cidade já não me é estranha... a cidade agora faz parte da minha história porque na cidade tenho pessoas a quem quero bem.
Uma vez, um grande amigo meu disse que não importava o lugar onde íamos. O lugar era a coisa menos importante, o essencial, segundo ele, era estar na minha companhia. E é este o segredo da boa diversão: se eu estou com alguém agradável, irei certamente me divertir. Se coincidir de a companhia e o lugar serem agradáveis, o programa será excepcional.
Não me importo que o sábado tenha sido cinzento nem que eu tenha ficado dentro de um apartamento durante algumas horas. O importante é que eu estava com quem eu queria estar. O importante é que eu aproveitei a companhia de quem eu desejava desfrutar.
E sei que neste último dia, vejo a cidade do Rio de Janeiro com saudades. Saudades de quem fica na cidade. Saudades com desejo agridoce de voltar logo.
Neste último dia, aproveitei a manhã para caminhar pelo Leblon e Ipanema. Tomei café da manhã na livraria Letras e Expressões. Um chá indiano acompanhado de um bolo de laranja com nozes. Adoro livrarias! Geralmente me perco entre os livros, gastando horas e horas folheando e pinçando aqui e acolá algum parágrafo que me chame a atenção.
E naquela manhã, acabei me deparando com "O silêncio da chuva" de Luiz Alberto Garcia-Roza. Tinha 6 horas de viagem pela frente. Um livro seria uma boa companhia na estrada.
Da livraria, segui caminhando pelo Leblon com minhas amigas. Descobrindo lugares nas ruas com pouco movimento naquele domingo. Avançamos até chegar na rua Garcia D' Ávila e encontrar a Mil Frutas.
Aliás, para quem for ao Rio, esta é uma parada obrigatória. Já pensou em sorvete de uva verde com manjericão? E um de tamarindo? Prefere um sorvete de tiramisú? Tem lá também. A Mil Frutas é um paraíso de sabores em formato de sorvete de massa. O melhor de tudo: nenhum deles leva substâncias conservantes nem espessantes nem gordura trans. Bom para o paladar, bom para a saúde.
Eu fiquei com dois sabores: laranja com gengibre (deliciosamente refrescante) e queijo com goiabada (achou estranho? Prove e você se perguntará "como é que não fizeram este sabor antes?").
Depois dos sorvetes, uma caminhada rápida de volta ao carro (que tinha ficado próximo da praça Cazuza, no Leblon) e direto para a rodoviária.
No ônibus, abri a primeira página do livro recém-comprado. E li a estória de um investigador da DP na praça Mauá. Seguindo na leitura, descubro que o investigador Spinoza (personagem central do livro) mora no bairro Peixoto. Fechei os olhos e sorri: eu conhecia aquele bairro. E a descrição que o autor fazia da praça me fez lembrar de mim e meu amigo caminhando pela feira que acontecia naquela quarta-feira em que nos conhecemos pessoalmente.
Saudades... saudades da cidade que ficava agora para trás, saudades da minha amiga que me recebeu tão graciosamente em seu apartamento, saudades do meu novo-velho-amigo que tal qual na fábula da raposa e do pequeno príncipe, conseguiu me cativar. Saudades... simplesmente, saudades.
sexta-feira, setembro 22, 2006
Diário de viagem: dia 5 - e eu só queria ver o pôr-do-sol no Arpoador
E o sábado amanheceu cinzento... só pra mudar todos os planos traçados. O planejado era fazer uma trilha lá pelos lados da Urca, guiado pelo vizinho do meu amigo. Pois é... esta minha mania de já fazer amizade com quem conheço. Já estava ali conversando com o vizinho do meu amigo e atraindo-o para o meu círculo de amizades.
De qualquer forma, eu e meu amigo acordamos tarde. E depois da decisão de não fazer a trilha, decidimos simplesmente caminhar pela praia. Coisa que, acreditem se quiser, não tinha feito ainda nesta semana que passei no Rio.
E lá fomos nós... eu, meu amigo e uma amiga do meu amigo. Na caminhada pela praia, o grupo foi aumentando. A cada passo, a cada posto, a cada quiosque, via que meus companheiros de caminhada encontravam vários amigos.
Lembrei-me desta dinâmica nas cidades de praia. A praia é a grande praça, o grande ponto de encontro, onde todos se cruzam (querendo ou não). Quando eu me mudei de São Paulo para Santos, estranhei muito isso. Caminhando pela areia, acabava inevitavelmente encontrando as pessoas. Em São Paulo, percebo que posso passear anonimamente por mais tempo. Ainda mais eu... que nunca fui de frequentar o mesmo lugar.
Mas já estou devaneando... na caminhada fomos desfrutando de um tempo agradável. Um vento fresco e constante amenizando o sol. Apesar do céu cinzento e de uma ameaça de chuva, seguimos caminhando até Ipanema. Copacabana, Arpoador, Ipanema. Tirei até foto ao lado de Carlos Drummond de Andrade.
Colocaram uma estátua do poeta mineiro (um Estado sem praia) diante do mar de Ipanema. Sentei-me ao lado dele, segurei as mãos de metal e pedi a benção do poeta, do céu e do mar.
No final da tarde, meu estômago começou a reclamar. E só então lembrei que só tinha tinha comido um sanduíche de blanket de peru no café da manhã. Hora de almoçar (e isso quase às 5 da tarde). Fomos para um restaurante em Ipanema. Eu e meu amigo comemos algo. E seguimos para tentar ver o pôr-do-sol no Arpoador.
O céu ficou mais nublado e o vento, antes refrescante, tornava-se mais frio. Vontade de me aquecer. Desistimos de subir na pedra do Arpoador e fomos retornando para Ipanema.
Eu me despedi de todos para seguir na direção oposta. Encontrar minahs amigas na Barra da Tijuca enquanto eles iriam para outro encontro com amigos em Copacabana. Na Barra, ao chegar no apartamento da minha amiga, já tinha descoberto que outros programas já tinham sido feitos.
Apenas segui com elas para encontrar e conhecer mais pessoas e conversar e dar risada. Dia ameno, já transparecendo uma certa saudade...
De qualquer forma, eu e meu amigo acordamos tarde. E depois da decisão de não fazer a trilha, decidimos simplesmente caminhar pela praia. Coisa que, acreditem se quiser, não tinha feito ainda nesta semana que passei no Rio.
E lá fomos nós... eu, meu amigo e uma amiga do meu amigo. Na caminhada pela praia, o grupo foi aumentando. A cada passo, a cada posto, a cada quiosque, via que meus companheiros de caminhada encontravam vários amigos.
Lembrei-me desta dinâmica nas cidades de praia. A praia é a grande praça, o grande ponto de encontro, onde todos se cruzam (querendo ou não). Quando eu me mudei de São Paulo para Santos, estranhei muito isso. Caminhando pela areia, acabava inevitavelmente encontrando as pessoas. Em São Paulo, percebo que posso passear anonimamente por mais tempo. Ainda mais eu... que nunca fui de frequentar o mesmo lugar.
Mas já estou devaneando... na caminhada fomos desfrutando de um tempo agradável. Um vento fresco e constante amenizando o sol. Apesar do céu cinzento e de uma ameaça de chuva, seguimos caminhando até Ipanema. Copacabana, Arpoador, Ipanema. Tirei até foto ao lado de Carlos Drummond de Andrade.
Colocaram uma estátua do poeta mineiro (um Estado sem praia) diante do mar de Ipanema. Sentei-me ao lado dele, segurei as mãos de metal e pedi a benção do poeta, do céu e do mar.
No final da tarde, meu estômago começou a reclamar. E só então lembrei que só tinha tinha comido um sanduíche de blanket de peru no café da manhã. Hora de almoçar (e isso quase às 5 da tarde). Fomos para um restaurante em Ipanema. Eu e meu amigo comemos algo. E seguimos para tentar ver o pôr-do-sol no Arpoador.
O céu ficou mais nublado e o vento, antes refrescante, tornava-se mais frio. Vontade de me aquecer. Desistimos de subir na pedra do Arpoador e fomos retornando para Ipanema.
Eu me despedi de todos para seguir na direção oposta. Encontrar minahs amigas na Barra da Tijuca enquanto eles iriam para outro encontro com amigos em Copacabana. Na Barra, ao chegar no apartamento da minha amiga, já tinha descoberto que outros programas já tinham sido feitos.
Apenas segui com elas para encontrar e conhecer mais pessoas e conversar e dar risada. Dia ameno, já transparecendo uma certa saudade...
quinta-feira, setembro 21, 2006
Diario de viagem: dia 4 - curtindo a noite
Depois de um dia marcado por uma viagem a um tempo diferente do meu, fui me refugiar a noite no meio de muita música.
A minha amiga-paulistana-roxa-que-hoje-mora-no-Rio comentou sobre um lugar chamado Rio Scenarium. Falou sobre o ambiente inspirado nos tempos do Rio antigo, na boa música e na localização estratégica na Lapa.
A Lapa, para quem não sabe, tem a fama de ser o bairro-boêmio por excelência ali no Rio. Já tinha passado pela Lapa no meu caminho para Santa Teresa (o bondinho parte da Lapa). Até cheguei a caminhar um pouco pela rua do Lavradio, deliciando-me com aquele visual meio decadente, meio antigo-sendo-usado dos imóveis dali.
Os shows prometidos para a noite eram das bandas Scandallo e Botafogonisso, samba e gafieira. Confesso que nenhum dos estilos faz a minha cabeça... preferimos (eu e minhas amigas) chegar mais tarde e curtir a discotecagem no salão anexo.
O Rio Scenarium é um espaço generoso para todas as tribos. No primeiro andar rolam os shows das bandas. No segundo andar fica o Barmácia, bar com decoração remetendo äs prateleiras com aqueles vidros antigos de farmácia, e o salão anexo, onde rola a discotecagem a partir da meia-noite. E no terceiro andar, fica o restaurante, área mais tranquila e propícia para uma conversa mais tranquila.
Na pista, muita MPB remixada... na hora em que apareci na pista, começou a tocar Rita Lee, seguida de Chico Science, Vanessa da Mata e com pitadas generosas de Jorge Ben. Eu me acabei de dançar na pista. Deu até um certo medo quando o DJ colocou "Fio maravilha" e o povo da pista começou a pular naquele piso antigo de madeira... dava pra sentir o piso tremendo junto com a animação do povo.
De lá, fui buscar refúgio no apartamento do meu amigo lá no bairro Peixoto. Onde, após um bom banho, adormeci aos poucos, depois de alguma conversa e umas cenas de "O céu que nos protege".
A minha amiga-paulistana-roxa-que-hoje-mora-no-Rio comentou sobre um lugar chamado Rio Scenarium. Falou sobre o ambiente inspirado nos tempos do Rio antigo, na boa música e na localização estratégica na Lapa.
A Lapa, para quem não sabe, tem a fama de ser o bairro-boêmio por excelência ali no Rio. Já tinha passado pela Lapa no meu caminho para Santa Teresa (o bondinho parte da Lapa). Até cheguei a caminhar um pouco pela rua do Lavradio, deliciando-me com aquele visual meio decadente, meio antigo-sendo-usado dos imóveis dali.
Os shows prometidos para a noite eram das bandas Scandallo e Botafogonisso, samba e gafieira. Confesso que nenhum dos estilos faz a minha cabeça... preferimos (eu e minhas amigas) chegar mais tarde e curtir a discotecagem no salão anexo.
O Rio Scenarium é um espaço generoso para todas as tribos. No primeiro andar rolam os shows das bandas. No segundo andar fica o Barmácia, bar com decoração remetendo äs prateleiras com aqueles vidros antigos de farmácia, e o salão anexo, onde rola a discotecagem a partir da meia-noite. E no terceiro andar, fica o restaurante, área mais tranquila e propícia para uma conversa mais tranquila.
Na pista, muita MPB remixada... na hora em que apareci na pista, começou a tocar Rita Lee, seguida de Chico Science, Vanessa da Mata e com pitadas generosas de Jorge Ben. Eu me acabei de dançar na pista. Deu até um certo medo quando o DJ colocou "Fio maravilha" e o povo da pista começou a pular naquele piso antigo de madeira... dava pra sentir o piso tremendo junto com a animação do povo.
De lá, fui buscar refúgio no apartamento do meu amigo lá no bairro Peixoto. Onde, após um bom banho, adormeci aos poucos, depois de alguma conversa e umas cenas de "O céu que nos protege".
Diario de viagem: dia 4 - viajando no tempo, baobas e esculturas de fumaca
A proposta do dia era conhecer a tão comentada ilha de Paquetá. Confesso que não tinha expectativa alguma em relação a viagem e por isso, nem sabia o que esperar.
Na estação das barcas, uma notícia chata: a barca para a ilha já tinha partido e agora, teríamos que esperar pela próxima que sairia 1 hora e meia depois. Aproveitamos (eu e minha amiga) que estávamos na região do centro e fomos caminhar pelo quadrilátero cultural do Rio de Janeiro: Espaço Cultural dos Correios, Centro Cultural Banco do Brasil, Casa França-Brasil.
No CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil, uma exposição individual do Anish Kapoor. Quem não conhece, o artista indiano Anish Kapoor é famoso por suas obras esculturais que trabalham muito com a questão de espaço e perspectiva. A instalação que mais chamava a atenção era "Ascension".
Quando pensamos em escultura, pensamos em algo sólido, em pedra e outros suportes igualmente sólidos e maciços. Pois bem, em "Ascension", Anish Kapoor usa como matéria-prima o ar. Isso mesmo... no meio do saguão do CCBB, uma grande coluna de fumaça, às vezes mais grossa e nítida, outras vezes mais suave, seguia ocupando todo o vão central.
Quem diria... uma escultura feita em fumaça e vento, um mini-tornado no meio do saguão de um prédio antigo do Rio de Janeiro.
Do CCBB, fomos para a Casa França-Brasil. A exposição ali era uma individual com telas do Jô Soares. O que tenho a dizer sobre as telas do Jô? Sei lá... prefiro ele como comediante. Nem acho que ele seja um entrevistador bom quem dirá artista plástico. Escritor? Não vou comentar porque nem li "O Xangô de Baker Street" ou qualquer outro livro dele.
O relógio já indicava que a barca para a ilha iria partir em breve. Eu e minha amiga nos dirigimos para a estação das barcas e partimos. O percurso até a ilha dura 1h00... e fiquei meio assustado com isso. Em tempos de fast food, fast love e fast-qualquer coisa, a gente está acostumado com coisas mais rápidas. Em uma hora, muita coisa pode acontecer... no meu caso, eu estaria lá numa barca indo para a ilha de Paquetá, singrando a baía de Guanabara.
A sensação é que você está entrando numa outra esfera de tempo... onde tudo parece convidar a uma desaceleração e a um exercício de olhar contemplativo.
A chegada na ilha soa estranha... a barca atraca e de repente, vejo milhares de pessoas me abordando perguntando se eu quero uma charrete ou uma bicicleta. Percebi então que carros não circulam por ali. Ou se circula de charrete ou de bicicleta ou de algo semelhante a um riquixá (só que puxado por uma bicicleta).
O cheiro nas ruas era de cocô de cavalo... Aff... quem idealiza uma vida nos tempos medievais, deveria experimentar viver cercado por este cheiro 24 horas por dia. Adoro a modernidade!! risos. Seguimos a pé mesmo, meio apressados para ver o máximo possível e não perdermos a barca.
Caminhamos pela rua que margeia o mar no lado do atracadouro. E avisto ao longe, para minha surpresa, um baobá. Eu achava que os baobás eram árvores tipicamente africanas, mas eis que encontro um (bem grande por sinal) ali em Paquetá. Lembrei do livro de Antoine de Saint-Exupéry: "O pequeno príncipe".
E coincidentemente, anteontem tinha recebido de um amigo meu o texto do diálogo entre a raposa e o pequeno príncipe, aquele em que ela ensina o que significa "cativar". Ali, na ilha de Paquetá encontrei um baobá bem parecido com aqueles das ilustrações do Pequeno Príncipe. E não pude deixar de sentir que alguma coisa do pequeno príncipe estava desperto em mim. E também não pude deixar de lembrar da lição da raposa: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Seguindo pela ilha, vimos o relógio e partimos em disparada em direção ao atracadouro. Sabe aquela visão que a gente só imagina nos filmes? Você num ilha e vendo o navio partindo ao longe sem você? Pois é... a imagem foi bem esta. Eu e minha amiga correndo e vendo o barco partindo lentamente para o continente. Sim, estávamos presos ali na ilha... pelo menos até a próxima barca que partiria somente daqui a 1h e meia.
E eu que tinha combinado de encontrar meu amigo para passarmos a tarde juntos na cidade, estava naquele momento, preso na ilha. O que fazer? Sentar e chorar? Claro que não... já que estava ali, iria caminhar e aproveitar para descobrir os caminhos daquela ilha.
Minha amiga quis matar a sede. Parou num boteco e se deliciou com uma Coca-Cola. Eu fui ao posto de telefones públicos e pedi por um cartão. O mais engraçado é que ali naquele posto de telefones públicos não tinham cartão para vender. Algo quase kafkaniano... e o melhor é continuar rindo para não chorar.
A sorte estava ao meu lado e minha amiga tinha um cartão com alguns minutos de conversa... liguei para meu amigo e disse que estava preso na ilha e que não poderia encontrá-lo naquela tarde.
O restante da tarde foi aproveitado numa caminhada pela ilha. Sim, vi a pedra da Moreninha (apesar de nem saber quem era a Moreninha e de nunca ter lido o livro do Joaquim Manoel de Macedo). Vi uma casa onde ficou hospedado o José Bonifácio de Andrada e Silva (ahhh... estes lugares que buscam qualquer resquício de história para transformar em pontos turísticos) e caminhei muuuuuito por um parque numa das pontas da ilha.
Segundo a placa, naquele local do parque havia uma mansão e o proprietário daquela área tinha até recebido a cientista Marie Curie em sua casa. O visual que se tem das ruínas é fantástico. E no século retrasado, aquele lugar deveria ser um verdadeiro paraíso. A impressão que tenho agora é que a ilha de Paquetá é um lugar anacrônico, marcado por saudosistas de um tempo áureo que não volta mais e que preferem manter uma aura de passado. Decadente ou saudosista? A conclusão fica para cada um que passar por ali. Eu me senti imerso numa verdadeira bolha de tempo...
Nada de barulhos de motores, nada de ruídos urbanos... Acho que isso só experimentei em poucas ocasiões: a primeira numa visita que fiz em Veneza. Nas ruas mais afastadas do agito, cruza-se com canais minúsculos e centenários e um silêncio estranho. A outra ocasião foi quando visitei Fernando de Noronha... via-se algum veículo somente no aeroporto ou na área da rodovia. O restante da ilha era dominado por céu, sol e mar... e que céu, e que sol, e que mar!!!
Na estação das barcas, uma notícia chata: a barca para a ilha já tinha partido e agora, teríamos que esperar pela próxima que sairia 1 hora e meia depois. Aproveitamos (eu e minha amiga) que estávamos na região do centro e fomos caminhar pelo quadrilátero cultural do Rio de Janeiro: Espaço Cultural dos Correios, Centro Cultural Banco do Brasil, Casa França-Brasil.
No CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil, uma exposição individual do Anish Kapoor. Quem não conhece, o artista indiano Anish Kapoor é famoso por suas obras esculturais que trabalham muito com a questão de espaço e perspectiva. A instalação que mais chamava a atenção era "Ascension".
Quando pensamos em escultura, pensamos em algo sólido, em pedra e outros suportes igualmente sólidos e maciços. Pois bem, em "Ascension", Anish Kapoor usa como matéria-prima o ar. Isso mesmo... no meio do saguão do CCBB, uma grande coluna de fumaça, às vezes mais grossa e nítida, outras vezes mais suave, seguia ocupando todo o vão central.
Quem diria... uma escultura feita em fumaça e vento, um mini-tornado no meio do saguão de um prédio antigo do Rio de Janeiro.
Do CCBB, fomos para a Casa França-Brasil. A exposição ali era uma individual com telas do Jô Soares. O que tenho a dizer sobre as telas do Jô? Sei lá... prefiro ele como comediante. Nem acho que ele seja um entrevistador bom quem dirá artista plástico. Escritor? Não vou comentar porque nem li "O Xangô de Baker Street" ou qualquer outro livro dele.
O relógio já indicava que a barca para a ilha iria partir em breve. Eu e minha amiga nos dirigimos para a estação das barcas e partimos. O percurso até a ilha dura 1h00... e fiquei meio assustado com isso. Em tempos de fast food, fast love e fast-qualquer coisa, a gente está acostumado com coisas mais rápidas. Em uma hora, muita coisa pode acontecer... no meu caso, eu estaria lá numa barca indo para a ilha de Paquetá, singrando a baía de Guanabara.
A sensação é que você está entrando numa outra esfera de tempo... onde tudo parece convidar a uma desaceleração e a um exercício de olhar contemplativo.
A chegada na ilha soa estranha... a barca atraca e de repente, vejo milhares de pessoas me abordando perguntando se eu quero uma charrete ou uma bicicleta. Percebi então que carros não circulam por ali. Ou se circula de charrete ou de bicicleta ou de algo semelhante a um riquixá (só que puxado por uma bicicleta).
O cheiro nas ruas era de cocô de cavalo... Aff... quem idealiza uma vida nos tempos medievais, deveria experimentar viver cercado por este cheiro 24 horas por dia. Adoro a modernidade!! risos. Seguimos a pé mesmo, meio apressados para ver o máximo possível e não perdermos a barca.
Caminhamos pela rua que margeia o mar no lado do atracadouro. E avisto ao longe, para minha surpresa, um baobá. Eu achava que os baobás eram árvores tipicamente africanas, mas eis que encontro um (bem grande por sinal) ali em Paquetá. Lembrei do livro de Antoine de Saint-Exupéry: "O pequeno príncipe".
E coincidentemente, anteontem tinha recebido de um amigo meu o texto do diálogo entre a raposa e o pequeno príncipe, aquele em que ela ensina o que significa "cativar". Ali, na ilha de Paquetá encontrei um baobá bem parecido com aqueles das ilustrações do Pequeno Príncipe. E não pude deixar de sentir que alguma coisa do pequeno príncipe estava desperto em mim. E também não pude deixar de lembrar da lição da raposa: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Seguindo pela ilha, vimos o relógio e partimos em disparada em direção ao atracadouro. Sabe aquela visão que a gente só imagina nos filmes? Você num ilha e vendo o navio partindo ao longe sem você? Pois é... a imagem foi bem esta. Eu e minha amiga correndo e vendo o barco partindo lentamente para o continente. Sim, estávamos presos ali na ilha... pelo menos até a próxima barca que partiria somente daqui a 1h e meia.
E eu que tinha combinado de encontrar meu amigo para passarmos a tarde juntos na cidade, estava naquele momento, preso na ilha. O que fazer? Sentar e chorar? Claro que não... já que estava ali, iria caminhar e aproveitar para descobrir os caminhos daquela ilha.
Minha amiga quis matar a sede. Parou num boteco e se deliciou com uma Coca-Cola. Eu fui ao posto de telefones públicos e pedi por um cartão. O mais engraçado é que ali naquele posto de telefones públicos não tinham cartão para vender. Algo quase kafkaniano... e o melhor é continuar rindo para não chorar.
A sorte estava ao meu lado e minha amiga tinha um cartão com alguns minutos de conversa... liguei para meu amigo e disse que estava preso na ilha e que não poderia encontrá-lo naquela tarde.
O restante da tarde foi aproveitado numa caminhada pela ilha. Sim, vi a pedra da Moreninha (apesar de nem saber quem era a Moreninha e de nunca ter lido o livro do Joaquim Manoel de Macedo). Vi uma casa onde ficou hospedado o José Bonifácio de Andrada e Silva (ahhh... estes lugares que buscam qualquer resquício de história para transformar em pontos turísticos) e caminhei muuuuuito por um parque numa das pontas da ilha.
Segundo a placa, naquele local do parque havia uma mansão e o proprietário daquela área tinha até recebido a cientista Marie Curie em sua casa. O visual que se tem das ruínas é fantástico. E no século retrasado, aquele lugar deveria ser um verdadeiro paraíso. A impressão que tenho agora é que a ilha de Paquetá é um lugar anacrônico, marcado por saudosistas de um tempo áureo que não volta mais e que preferem manter uma aura de passado. Decadente ou saudosista? A conclusão fica para cada um que passar por ali. Eu me senti imerso numa verdadeira bolha de tempo...
Nada de barulhos de motores, nada de ruídos urbanos... Acho que isso só experimentei em poucas ocasiões: a primeira numa visita que fiz em Veneza. Nas ruas mais afastadas do agito, cruza-se com canais minúsculos e centenários e um silêncio estranho. A outra ocasião foi quando visitei Fernando de Noronha... via-se algum veículo somente no aeroporto ou na área da rodovia. O restante da ilha era dominado por céu, sol e mar... e que céu, e que sol, e que mar!!!
terça-feira, setembro 19, 2006
Diário de viagem: dia 3 - redescobrindo Santa Teresa
Logo depois do meu aniversário, fiz uma viagem ao Rio. E lá pude circular rapidamente por Santa Teresa. Curti muito o clima daquele lugar que me fazia lembrar bastante a Vila Madalena em São Paulo. Um bairro com construções mais antigas e muito procurado por artistas plásticos e artesãos.
A melhor forma de chegar em Santa Teresa é através do bondinho que sai da Lapa. O bondinho (R$0,60 a passagem) já é garantia de diversão. No trajeto, passa-se por cima dos Arcos da Lapa, com direito a vista do Circo Voador lá do alto.
Mas antes de embarcar no bondinho, resolvi conferir a catedral metropolitana do Rio, dedicada a São Sebastião, uma construção diferente das catedrais habituais. Nada de neogótico ou barroco, puro modernismo numa estrutura cônica, com bancos dispostos de forma circular e visual interno clean.
Em Santa Teresa, caminhei muito sob o sol... Largo do Guimarães, Ladeira do França... pausa para um almoço simples num dos restaurantes da região. A sobremesa foi descoberta na casa de doces portugueses da Alda Maria, uma descendente de portugueses que vieram de Pelotas e se estabeleceram ali em Santa Teresa. O toucinho do céu é simplesmente divino (faz justiça ao nome). O único inconveniente dos doces portugueses (ao menos para mim) é que são muuuuuuito doces e eu acabo enjoando rápido, depois de 2 mordidas já não quero mais terminar o doce.
De lá, fui queimar as calorias em mais andanças pelo bairro. Cheguei até o Museu da Chácara do Céu. Caminhar pelos jardins foi um alívio contra a forte insolação que me perseguia. Não entrei no museu, fiquei apenas nos jardins, ouvindo passarinhos e pasmo em descobrir um oásis de calma na região central do Rio.
O Museu da Chácara do Céu fica ao lado do parque das Ruínas, local onde ficava a casa de Laurinda Santos, a "marechala da elegância". No parque das ruínas, a vontade é de simplesmente sentar e curtir a vista (ver foto acima). Deitar e curtir o céu, o sol e o mar.
A noite, eu e minha amiga pegamos um ônibus e fomos em direção a Lagoa Rodrigo de Freitas. Ponto de encontro para um jantar breve com nossa amiga-paulistana-moradora-do-Rio. A lagoa a noite tem um astral romântico. E o quiosque de comida árabe que escolhemos, tinha ainda uma iluminação discreta... perfeita pra um encontro a dois. Infelizmente, não era o meu caso. Estava lá apenas conhecendo o local com duas amigas. Mas quem sabe numa próxima vez...
segunda-feira, setembro 18, 2006
Diário de viagem: dia 2 - andanças no bairro Peixoto
Além de conhecer novos lugares, pude encontrar novos amigos. De repente, eu me vi caminhando pelas ruas de Copacabana, buscando alguém que só conhecia por fotos e palavras.
Aproveitei minha passagem pelo Rio para conhecer amigos que até então permaneciam na virtualidade. Aliás, um aviso aos meus amigos virtuais: eu não sou daqueles que gosta de ficar apenas na virtualidade. Gosto muito de abraços e da conversa tête-a-tête.
E o combinado foi de andarmos em sentidos opostos de uma rua de Copacabana. Eu subindo da praia para o bairro, ele descendo do bairro para praia. O reconhecimento mútuo foi mais fácil do que pensei, vimo-nos ao longe e nos reconhecemos para o abraço tão aguardado.
Posso dizer que de longe, foi a melhor coisa que aconteceu nesta viagem. Sem desmerecer minhas amigas, mas o encontro com um novo amigo, com quem você troca idéias há um bom tempo, para mim foi gratificante.
Caminhamos pelo bairro Peixoto (ver foto da pracinha central do bairro), um verdadeiro enclave de sossego dentro de Copacabana. Segundo ele, minha chegada coincidiu com o dia da feira do bairro. E eu curto muito o clima de feiras livres, sentir os cheiros de frutas e ver as bancas de verduras e legumes. Ok, ok. Sou um preguiçoso para cozinhar, mas gosto muito de tudo isso. risos.
E enfim, conversamos pessoalmente. Durante toda a tarde até o princípio da noite. Ele me acompanhou até a Cobal de Humaitá, um lugar que lembra um mercado municipal mas que tem também bares e restaurantes.
Na Cobal, reencontrei minha amiga e ficamos por ali, curtindo a noite quente ao lado de um galeto devidamente petiscado. Muita conversa rolando solta na mesa. Estou curtindo muito meus dias cariocas e ansioso por amanhã.
Aproveitei minha passagem pelo Rio para conhecer amigos que até então permaneciam na virtualidade. Aliás, um aviso aos meus amigos virtuais: eu não sou daqueles que gosta de ficar apenas na virtualidade. Gosto muito de abraços e da conversa tête-a-tête.
E o combinado foi de andarmos em sentidos opostos de uma rua de Copacabana. Eu subindo da praia para o bairro, ele descendo do bairro para praia. O reconhecimento mútuo foi mais fácil do que pensei, vimo-nos ao longe e nos reconhecemos para o abraço tão aguardado.
Posso dizer que de longe, foi a melhor coisa que aconteceu nesta viagem. Sem desmerecer minhas amigas, mas o encontro com um novo amigo, com quem você troca idéias há um bom tempo, para mim foi gratificante.
Caminhamos pelo bairro Peixoto (ver foto da pracinha central do bairro), um verdadeiro enclave de sossego dentro de Copacabana. Segundo ele, minha chegada coincidiu com o dia da feira do bairro. E eu curto muito o clima de feiras livres, sentir os cheiros de frutas e ver as bancas de verduras e legumes. Ok, ok. Sou um preguiçoso para cozinhar, mas gosto muito de tudo isso. risos.
E enfim, conversamos pessoalmente. Durante toda a tarde até o princípio da noite. Ele me acompanhou até a Cobal de Humaitá, um lugar que lembra um mercado municipal mas que tem também bares e restaurantes.
Na Cobal, reencontrei minha amiga e ficamos por ali, curtindo a noite quente ao lado de um galeto devidamente petiscado. Muita conversa rolando solta na mesa. Estou curtindo muito meus dias cariocas e ansioso por amanhã.
Diário de viagem: Rio de Janeiro, aí vou eu
Há convites simplesmente irrecusáveis... Minha amiga paulistana que por motivos profissionais mora agora no Rio de Janeiro, convidou a mim e mais uma amiga para irmos com ela para o Rio. Ela veio a Sampa com o carro e iria retornar. Ofereceu a viagem de ida e hospedagem sem custos.
Há oportunidades que simplesmente não podem ser descartadas... e apesar da grana curta, resolvi embarcar.
Sempre curti viagens, gosto de sair do lugar comum, de ver outras coisas. Viajar é como expandir um pouco as fronteiras do nosso mundo particular. Criar novas percepções, descobrir muita coisa que estava apenas no plano das idéias.
Tem gente que viaja nos livros, tem gente que viaja nas conversas... seja qual for o tipo de viagem, sempre vale a pena. A alma da gente expande e ganha novas dimensões.
Já fui ao Rio outras vezes... algumas a trabalho (do hotel para o escritório e vice-versa) e outras poucas a lazer. Esta é a minha terceira viagem ao Rio com o único intuito de descobrir a cidade e passar bons momentos com meus amigos.
Tanta coisa para descobrir...
Há oportunidades que simplesmente não podem ser descartadas... e apesar da grana curta, resolvi embarcar.
Sempre curti viagens, gosto de sair do lugar comum, de ver outras coisas. Viajar é como expandir um pouco as fronteiras do nosso mundo particular. Criar novas percepções, descobrir muita coisa que estava apenas no plano das idéias.
Tem gente que viaja nos livros, tem gente que viaja nas conversas... seja qual for o tipo de viagem, sempre vale a pena. A alma da gente expande e ganha novas dimensões.
Já fui ao Rio outras vezes... algumas a trabalho (do hotel para o escritório e vice-versa) e outras poucas a lazer. Esta é a minha terceira viagem ao Rio com o único intuito de descobrir a cidade e passar bons momentos com meus amigos.
Tanta coisa para descobrir...
sábado, setembro 09, 2006
Amo tanto e de tanto amar...
"Eu te amo"... às vezes, falamos tanto uma palavra que ela parece se tornar gasta, sem significado algum. Eu sou, muitas vezes, tão econômico com as palavras. Fico reservando-as para os momentos em que elas realmente significarão alguma coisa... Muitos me acham distante porque eu não digo as coisas. Muitos vêem em mim uma frieza infinita e se surpreendem quando parto para um abraço.
Encontro alguém na danceteria que fica comigo e já diz que me ama. Um outro alguém que conversa por telefone comigo diz que "aposta as fichas da felicidade dele em mim". O amor parece tão descartável... os relacionamentos parecem ser descartáveis.
Às vezes você ouve demais "eu te amo" e descobre que nunca ouviu isso de forma sincera de outro alguém. Você se descobre com alguém mas ao mesmo tempo tão sozinho... buscando a sinceridade de um sentimento bom.
"Eu só queria amar e ser amado"... e quem é que não deseja isso? Quem é que não deseja ver nos olhos do outro, sem as sombras de dúvidas, que é amado na mesma intensidade do amor que sente? "Ai de mim que sou romântico"...
A vida está cheia de decepções... Às vezes, você pára toda a sua vida pra estender a mão a quem precisava de você. Mas depois percebe que nunca ninguém pôde fazer o mesmo por você porque todos estavam ocupados demais. Todos estavam ocupados demais para estender a mão para você ou mesmo para perceber que tudo o que você mais queria naquele momento era um telefonema ou um abraço.
A gente vive e percebe que ninguém é capaz de parar pra ver tuas necessidades. Eu me lembro da velha lição cristã do amor incondicional... e eu esperava poder cumprí-la. Acreditei que poderia amar sem nunca receber nada em troca. Mas isso é ilusão... no fundo, no fundo, eu quero uma retribuição. Será que isso é tão errado?
E de tanto amar sem esperar nada em troca, percebo que me anulei um pouquinho mais a cada dia que passava. O amor me consumia, exigia de mim um desprendimento que eu, como simples mortal, não conseguia ter. E com um leve desespero constatei que de tanto amar sem esperar nada em troca, eu estava mais triste do que nunca. Estava amando tendo por companhia constante o brilho melancólico no olhar e um sorriso de resignação.
Você pára e pensa que tudo o que sempre quis era estar bem (só isso: sentir-se bem). E ao se doar daquela forma, você se sentia bem mas um pouco triste porque essa doação parecia vã. Descobre que as pessoas acreditam que você não fez mais do que sua obrigação.
Você descobre que o que mais pediu para os outros foram "desculpas" e que ninguém nunca se desculpou com você. Descobre que amou fortemente as pessoas, mas as pessoas não querem ser amadas por quem elas não amam. E então você percebe que a lágrima mais sincera que você verá em toda a sua vida é a que se vê na imagem do espelho...
quarta-feira, setembro 06, 2006
Hot chocolate
Curto muito o tempo frio... parece sempre ser uma boa desculpa para se acabar com um chocolate quente. De qualquer forma, acho que a recomendação de um chocolate quente no inverno, que parece querer mostrar toda sua força neste tempinho que antecede a primavera, é bom para amenizar a frieza.
Tanto o frio do corpo quanto àquele que pode assolar corações. Afinal, dizem que chocolate ajuda na produção de seratonina, o hormônio do bem-estar. Tristeza nada... mergulha num chocolate quente.
Eu fui convidado pelo meu amigo Antônio para provar o melhor chocolate quente de São Paulo. Achei que houvesse ali um certo exagero... mas, thanks God, estava enganado.
O chocolate quente do La Vie en Douce (veja foto acima) segue aquela receita dos tradicionais "submarinos": chocolate sendo derretido pelo leite quente. No La vie en douce, a delícia do chocolate quente já começa no preparo: uma xícara grande de leite quente e uma colher presa a uma copinho feito de chocolate maciço.
Para fazer o chocolate quente, mergulhe a colher e veja aquele copinho de chocolate se dissolver vagarosamente. Depois é só se deliciar... Altamente recomendável!
E, para encerrar este post-pré-feriado-prolongado, umas dicas da chef Carole Crema, do La Vie en Douce, para se fazer um bom chocolate quente. Divirtam-se...
......................
1. Antes de executar qualquer receita, capriche na escolha dos produtos. Ingredientes de qualidade fazem toda a diferença.
2. Use sempre leite integral, que dá corpo e cremosidade, e também cacau ou chocolate em pó. Evite os achocolatados: eles costumam ser açucarados demais e conservam pouco o sabor original do cacau.
3. Esqueça o açúcar e o adoçante. Eles "mascaram" o sabor do chocolate.
4. Experimente aromatizar a bebida com baunilha , de preferência em fava. Caso não encontre, use um pouco de essência.
5. Deixe a mistura ferver. A fervura traz o sabor característico do chocolate quente.
6. Se a dieta permitir, adicione um pouco de creme de leite no final. O resultado é uma bebida mais cremosa e leve.
7. Para deixar a receita ainda mais quente, misture uma dose de um bom rum ou licor. Não abuse: duas colheres (sopa) para uma xícara de 250ml são suficientes.
8. Na hora de servir, prefira xícaras e canecas de cerâmica grossa pois elas conservam o calor por mais tempo.
9. Substitua a tradicional colher de café ou chá por canela em pau. Além de perfumar o chocolate, confere um charme todo especial.
10. Bolinhos secos e biscoitos são os melhores acompanhamentos.
terça-feira, setembro 05, 2006
Sobre hambúrgueres e deuses gregos
Neste final de semana, aproveitei que estava em Sampa e me lancei a novas descobertas. Aliás, é isso que mais curto em São Paulo: a diversidade de lugares para se descobrir. Lugares que existem há muito tempo mas que nunca tinha ouvido falar, lugares novos que surgem e tem duração efêmera. Pessoas novas que depois descobrimos que sempre cruzaram nosso caminho, pessoas velhas que já cruzaram constantemente nosso caminho e que se perderam para serem reencontradas depois.
E, pelo visto, esta veia de "descobridor" é algo genético. risos. Neste final de semana, fui acompanhar meus pais ao médico. E na volta, eis que surge meu pai falando de um lugar super-tradicional no bairro do Ipiranga e que ele queria conhecer. Não precisou falar duas vezes, fomos todos lá. A família inteira para provar os hambúrgueres do seu Oswaldo.
O Hambúrguer do seu Oswaldo é uma espécie de lanchonete. Daquelas bem antigas (tem mais de 38 anos) e puristas (vende apenas sanduíches, nada de batata-frita nem onion rings). Um grande balcão para acomodar cerca de 15 pessoas e só. Nada de placa nem algo indicativo na fachada. Apenas uma grande fila, indicando que a procura pelos hambúrgueres é grande.
E realmente valem a pena... os hambúrgueres são leves, com molho e carne e queijo na medida certa. Aliás, detalhe dos mais importantes: tudo é feito ali mesmo. Do hambúrguer (fino) ao molho.
Atendimento impecável, apesar de serem apenas 3 pessoas trabalhando ali para atender todo aquele público.
A noite, fui gastar todas as calorias do almoço numa festa. Daquelas bem do jeito que eu curto: não conheço ninguém fora quem me convidou e todas as pessoas são receptivas para novos contatos. E não é que no meio de tanta gente nova que fui conhecendo, acabei reencontrando uma ex-colega de colegial que não encontrava desde a formatura (do colegial)?
O mundo é realmente pequeno... e não é a toa que devemos sempre considerar aquele ditado-meio-que-ameaça "o mundo dá voltas".
No meio da festa, depois de cruzar com o povo alternativo, fui dançar... muito tempo que não saía para dançar. E de repente, me vi diante do primeiro local que fui quando comecei a curtir a noite paulistana. Sim, o lugar ainda existe e, apesar de decadente, o som continua bom. Muito rock-pop dos anos 80. Smiths, The Cure, Depeche Mode, Cindy Lauper... fui me acabando na pista.
E encerrei o meu domingo no meio de deuses gregos. Explico... Fui com um amigo conferir a exposição "Deuses gregos na FAAP". Parte da reserva técnica do Museu Pergamon de Berlim veio para cá e esta é uma oportunidade única de conferir exemplares da arte grega antiga. Dos vasos com pinturas retratando batalhas ao panteão com Dionísio, Apolo, Ártemis e todos os olímpicos.
Cenografia nota 10. Parte da exposição busca recriar a atmosfera do templo de Pergamon (tal qual no museu em Berlim na foto acima). Em outra sala, vemos uma rotunda simulando um panteão de deuses. Se não fosse o volume de pessoas lá na exposição, daria para se imaginar num templo grego.
E, pelo visto, esta veia de "descobridor" é algo genético. risos. Neste final de semana, fui acompanhar meus pais ao médico. E na volta, eis que surge meu pai falando de um lugar super-tradicional no bairro do Ipiranga e que ele queria conhecer. Não precisou falar duas vezes, fomos todos lá. A família inteira para provar os hambúrgueres do seu Oswaldo.
O Hambúrguer do seu Oswaldo é uma espécie de lanchonete. Daquelas bem antigas (tem mais de 38 anos) e puristas (vende apenas sanduíches, nada de batata-frita nem onion rings). Um grande balcão para acomodar cerca de 15 pessoas e só. Nada de placa nem algo indicativo na fachada. Apenas uma grande fila, indicando que a procura pelos hambúrgueres é grande.
E realmente valem a pena... os hambúrgueres são leves, com molho e carne e queijo na medida certa. Aliás, detalhe dos mais importantes: tudo é feito ali mesmo. Do hambúrguer (fino) ao molho.
Atendimento impecável, apesar de serem apenas 3 pessoas trabalhando ali para atender todo aquele público.
A noite, fui gastar todas as calorias do almoço numa festa. Daquelas bem do jeito que eu curto: não conheço ninguém fora quem me convidou e todas as pessoas são receptivas para novos contatos. E não é que no meio de tanta gente nova que fui conhecendo, acabei reencontrando uma ex-colega de colegial que não encontrava desde a formatura (do colegial)?
O mundo é realmente pequeno... e não é a toa que devemos sempre considerar aquele ditado-meio-que-ameaça "o mundo dá voltas".
No meio da festa, depois de cruzar com o povo alternativo, fui dançar... muito tempo que não saía para dançar. E de repente, me vi diante do primeiro local que fui quando comecei a curtir a noite paulistana. Sim, o lugar ainda existe e, apesar de decadente, o som continua bom. Muito rock-pop dos anos 80. Smiths, The Cure, Depeche Mode, Cindy Lauper... fui me acabando na pista.
E encerrei o meu domingo no meio de deuses gregos. Explico... Fui com um amigo conferir a exposição "Deuses gregos na FAAP". Parte da reserva técnica do Museu Pergamon de Berlim veio para cá e esta é uma oportunidade única de conferir exemplares da arte grega antiga. Dos vasos com pinturas retratando batalhas ao panteão com Dionísio, Apolo, Ártemis e todos os olímpicos.
Cenografia nota 10. Parte da exposição busca recriar a atmosfera do templo de Pergamon (tal qual no museu em Berlim na foto acima). Em outra sala, vemos uma rotunda simulando um panteão de deuses. Se não fosse o volume de pessoas lá na exposição, daria para se imaginar num templo grego.
sexta-feira, setembro 01, 2006
Transparência Brasil
O Transparência Brasil é uma organização independente, comprometida com o combate à corrupção e associada à Transparency International (TI). E para estas eleições, lançou um mote para a atual campanha eleitoral: "Não vote em mensaleiro".
E para ajudar os eleitores a decidir, criou um instrumento muito útil, mostrando o prontuário de cada candidato ao congresso. Quer saber se o seu candidato está envolvido em alguma investigação ou se responde por algum processo?
Basta clicar o partido, o Estado do candidato e/ou o nome e o prontuário sairá completo: dos processos que responde atualmente ao patrimônio declarado à Justiça Eleitoral, dos projetos que apresentou no Congresso e a como foi que votou durante sua passagem pelo Legislativo
Para saber mais é só clicar: http://perfil.transparencia.org.br
E já que começamos a falar em política (um assunto não muito agradável para muitos), vou só terminar com uma notícia que acabei de receber:
Na segunda-feira que vem, dia 4 de setembro, quando a Câmara volta a ter sessões, a partir das 14 horas, o deputado Aldo Rebelo (PC do B), mesmo a contragosto, será obrigado a cumprir a lei e fazer a leitura da mais recente representação que pede a abertura de processo, por crime de responsabilidade, contra o Presidente da República. O pedido de impeachment de Lula da Silva e de José Alencar foi apresentado, como cidadã, pela empresária Ana Prudente, que é candidata a senadora por São Paulo, pelo PTC (Partido Trabalhista Cristão).
Ok. Isso não significa que o presidente terá o pedido de impeachment aprovado (afinal, se nem as cassações dos envolvidos em outros escândalos aconteceram, isso seria algo menos provável), mas vale como informação.
E para ajudar os eleitores a decidir, criou um instrumento muito útil, mostrando o prontuário de cada candidato ao congresso. Quer saber se o seu candidato está envolvido em alguma investigação ou se responde por algum processo?
Basta clicar o partido, o Estado do candidato e/ou o nome e o prontuário sairá completo: dos processos que responde atualmente ao patrimônio declarado à Justiça Eleitoral, dos projetos que apresentou no Congresso e a como foi que votou durante sua passagem pelo Legislativo
Para saber mais é só clicar: http://perfil.transparencia.org.br
E já que começamos a falar em política (um assunto não muito agradável para muitos), vou só terminar com uma notícia que acabei de receber:
Na segunda-feira que vem, dia 4 de setembro, quando a Câmara volta a ter sessões, a partir das 14 horas, o deputado Aldo Rebelo (PC do B), mesmo a contragosto, será obrigado a cumprir a lei e fazer a leitura da mais recente representação que pede a abertura de processo, por crime de responsabilidade, contra o Presidente da República. O pedido de impeachment de Lula da Silva e de José Alencar foi apresentado, como cidadã, pela empresária Ana Prudente, que é candidata a senadora por São Paulo, pelo PTC (Partido Trabalhista Cristão).
Ok. Isso não significa que o presidente terá o pedido de impeachment aprovado (afinal, se nem as cassações dos envolvidos em outros escândalos aconteceram, isso seria algo menos provável), mas vale como informação.
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