sábado, outubro 27, 2007

Brand upon the brain



Justamente neste ano, resolvi desencanar um pouco da Mostra Internacional de Cinema. E justamente neste ano, conseguir os ingressos para aquilo que me propus assistir surgiu de forma menos dramática que em anos anteriores.

"Lady Chatterley" foi assim. Cheguei em cima da hora, com o filme já começando e consegui ingressos. Em anos anteriores, ingressos só com muito planejamento antecipado e filas na bilheteria logo na abertura ou ingressos comprados na internet com um overprice.

Desta vez, fui conferir a sessão-espetáculo "Brand upon the brain". Comentei com alguns amigos o que eu iria assistir e muita gente nem se animou a ir comigo. Só o meu amigo artista plástico é quem se arriscou a ir comigo.

O filme é uma espécie de resgate da magia dos primórdios do cinema. Tanto é que na abertura da sessão, o diretor anunciou: "Vamos exumar os mortos".

Um filme em preto e branco e mudo. Nada muito atraente. Mas o resgate vinha na presença de uma orquestra para fazer a trilha sonora, uma equipe canadense de sonoplastas para executar os efeitos sonoros, um castrato cantando em alguns trechos e a Marília Gabriela como narradora.

Roteiro do filme totalmente Z. Algo do tipo homem-que-relembra-sua-infância-ao-revisitar-o-farol-e-descobre-que-
seus-pais-realizam-experiências-com-os-órfãos-da-ilha.

O filme vale mais pelo espetáculo em si do que pelo próprio filme. Valeu a experiência...

segunda-feira, outubro 22, 2007

Lady Chatterley


Tenho deixado de dormir para poder fazer tanta coisa que desejo fazer... Será que o corpo cobrará o preço em algum momento? Bem, ir dormir todos os dias da semana passada às 2h00 para acordar às 6h00 tem algo quase masoquista.

Será que uma hora eu redescubro que o prazer de uma boa noite de sono é maior do que o prazer que tenho fazendo tudo o que tenho feito?

Neste domingo, minhas horas de sono foram roubadas pelo meu desejo de ir conferir um filme na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

No domingo, acordei cedo para colocar leituras em dia, ler e-mails, escrever algo neste cantinho virtual, almoçar com a família, ir encontrar amigos numa happy hour e enfim, ir ao cinema conferir um filme da Mostra Internacional.

Surpresa... o filme durava quase 3 horas. Quando vi, já passava da meia-noite e eu ainda estava ali na sala do cinema conferindo "Lady Chatterley", filme dirigido por um francês e baseado no polêmico livro do inglês D. H. Lawrence.

A história é simples... fala sobre a descoberta de si e do prazer, fala sobre a descoberta do sentimento de amor e sobre os conflitos de posições distintas. Lady Chatterley trata com delicadeza sobre todos estes assuntos ao falar de uma aristocrata inglesa casada com um ex-combatente de guerra paraplégico.

Lady Chatterley redescobre o desejo ao ver o guarda-caça da propriedade se banhando. Redescobre o prazer, redescobre o próprio sentimento de amor através de um início de luxúria. Quem disse que sexo não pode também revelar amor?

Apesar de longo, o filme tem o ritmo adequado para se mergulhar na alma de cada um dos personagens. Seja Lady Chatterley, seja Parkin, o guarda-caça que nesta transformação consegue superar a rudeza e expressar seus sentimentos.

domingo, outubro 21, 2007

Medos privados em lugares públicos


Depois de algum tempo sem ir ao cinema, resolvi novamente resgatar este hábito. E melhor ainda quando depois de tanto tempo, você ainda se depara com um filme inteligente e delicado.

"Medos privados em lugares públicos" é um filme tipicamente francês. Humor baseado em situações, personagens bem construídos. Sabine Azéma está fantástica no papel da secretária-boa-samaritana-com-algo-meio-sexualmente-perverso.

O filme tem um toque melancólico ao tratar das relações amorosas num mundo em que sexo e imediatismo parecem ser mais presentes. O que temos por aqui? Neste sentido, o filme parece um pouco pessimista porque não fornece lições de elevação moral e muito menos um sentido para a vida.

O filme é uma questão em aberto do início ao fim. E é isto que me fascina nos filmes europeus. Eles nunca dão a resposta. Trazem sempre muito mais questões. Por isso, para quem não tiver preguiça de pensar, vale a pena conferir este filme do Alain Resnais.

A Escola da Ponte: uma utopia realizada

O evento era uma palestra... uma entre muitas de um ciclo sobre arte-educação. Cheguei cedinho porque sabia que a palestra seria concorridíssima. Afinal o sumo-pontífice da experiência da Escola da Ponte era o convidado.

José Pacheco estava ali quietinho num canto. Usando sandálias de tiras e um figurino despojado. Estrábico, magro e baixo... mas ali estava uma força e um carisma imensos que preenchiam todo o espaço do palco, do auditório, do coração das mais de 300 pessoas presentes. Eu que nunca quis ter ídolos, de repente me vi fã daquele educador.

Apenas dizendo em poucas palavras o que é a Escola da Ponte. Na Vila das Aves, uma área periférica numa cidade portuguesa, está sendo conduzida uma experiência educacional há mais de 30 anos. Não há salas de aula separando as disciplinas nem os alunos. Alunos de todas as idades sentam-se em mesas coletivas e trabalham em projetos de pesquisa. Não há séries, não há aulas pré-organizadas, não há um currículo de ensino estruturado.

Mas mais do que tentar descrever a experiência, o melhor é pinçar algumas das idéias apresentadas no discurso do José Pacheco.


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"Outro dia perguntaram para mim em Brasília: Como melhorar o sistema de educação no Brasil? A resposta mais fácil é: Extingua o ministério da Educação."

A tentativa de massificar o ensino vem com o discurso da eficiência, mas até onde com isso, a escola está desempenhando o papel de uma escola?


"Os jovens confundem a linguagem da liberdade com libertinagem".

Deixar os jovens livres para decidir os próprios rumos da aprendizagem não significa caos e muito menos de falta de regras.

"A aprendizagem não está no aluno nem no professor, está na relação."

"Não há nenhum projeto neutro. Assim como não há afeto neutro".

"Autonomia é quando todos são co-participantes. Cada um é responsabilizado pelo ato coletivo. Um por todos, todos por um. Responsáveis, somos todos."

"Heterogeneidade é que é fator de aprendizagem".

"Estar dentro do sistema para usar o sistema contra ele mesmo".

"A violência é um ato de saúde mental".

sábado, outubro 20, 2007

Ainda nas repercussões sobre uma obra de arte...


Juro que não entendo muito de arte contemporânea. Mas, convivendo com um amigo artista plástico, a gente vai aprendendo alguma coisa... Pois bem, lembram que eu tinha mencionado sobre uma obra de arte polêmica envolvendo este meu amigo, uma cobra e o Senado?

Isso continua rendendo assunto... desta vez, li uma crônica no Globo online no blog do Sérgio Fadul. Curti bastante e deixo-a aqui para vocês.

Na próxima, escrevo com mais calma sobre editais de arte, "Medos privados em lugares públicos", conversas sérias e amor pra recomeçar.

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Vejam só quem visitou o Senado Federal na terça-feira, dia 9, quando aconteceu aquela já famosa sessão onde os senadores voltaram a bater boca pedindo a Renan Calheiros que deixasse a presidência da casa. Pelo jeitão da visitante ilustre, ela parece não ter estranhado o ambiente. Ficou tão feliz que até fez pose para as lentes de Roberto Stuckert Filho.

A visitante foi acompanhada do artista plástico Júlio Meiron que escapou de ter o mandato cassado em rito sumário pela polícia legislativa do Senado graças à intervenção salvadora do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Na foto abaixo dá para ver ele ao fundo tomando o depoimento do artista. Júlio participa de uma mostra de artistas brasileiros no Salão Negro do Senado. Já havia exposto uma casinha com pele de cobra, mas resolveu passar da ficção para a realidade e pôr dentro da obra uma jibóia viva para, segundo ele, " representar o momento que o Senado vive", um serpentário.


A cobra chegou a bordo de uma bolsa. Quis logo montar seu cafofo por ali e arrumou uma casinha de acrílico feita pelo artista com ampla vista para a vizinhança. Quando os seguranças perceberam que aquela cobra não era dali, mandaram (no Senado ninguém pede, lá todo mundo manda) que Júlio retirasse a jibóia e a levasse embora. Ele recusou. A alegação foi que ela não quebrara o decoro, exigia ampla defesa e negava a existência de qualquer prova contra ela. Os seguranças insistiram, mas não se animaram a pegar o bicho e resolveram prender o artista. O senador Suplicy chegou na hora e convenceu que o animal tinha certificado do Ibama. É cada coisa que acontece nesse Congresso e quase ninguém vê. Dois dias depois de ser o anfitrião da excelentíssima, Renan Calheiros resolver de forma "unilateral", nas palavras dele, se afastar do cargo.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Crazy, crazy, crazy...


Semana estranha... cheia de acontecimentos repentinos e estranhos. Coração de mãe é sempre generoso e dizem que as mães são seres abnegados. Então, quando um probleminha no coração de mãe aponta, a gente sempre se preocupa.

No trabalho, algumas coisas legais outras meio constrangedoras. Momento-king Kong: uma colega de trabalho fez um pedido de namoro no meio da sala em que trabalho e com todos os colegas de departamento olhando.

Vontade de me esconder. E o pior é ter que responder ainda de forma delicada (que não foi o que aconteceu).

E depois de tudo isso, o que eu mais queria era ficar escondidinho. Mas eis que Murphy existe. E bem no meio de um evento lá no Memorial do Imigrante, o secretário vem justamente em direção de quem?

Sim, na minha direção. E ainda me puxa para acompanhá-lo para inaugurar a exposição com todas as câmeras filmando.

Hoje descobri que aquele meu amigo escultor causou polêmica com a obra que expôs no Senado. A escultura era uma casa de acrílico e, no dia da abertura da exposição (ontem), ele colocou uma jibóia dentro da casa.

Talvez por conta do momento atual, as sensibilidades afloraram e ele apareceu em cadeia nacional sendo confrontado pelos seguranças. Bem... se associaram a cobra com alguma pessoa em específico lá do Senado, isso é de cada um. Afinal, obras de arte são abertas e devem ser interpretadas livremente. rsrs.

Goodbye, Laika


Quando ela chegou, meu irmão tinha apenas 2 anos. E a diferença de idade entre ele e eu ou mesmo entre ele e a minha irmã parecia sempre ser um obstáculo para as brincadeiras.

Por isso, minha mãe resolveu pegar mais um integrante para a família. E foi assim que veio a Laika. Vira-lata genuína, mestiça de um husky siberiano com uma vira-lata. Saiu algo assemelhado com uma raposa. Pelagem castanho-clara e porte de um husky menorzinho.

E ela era a companhia constante do meu irmão. Corria e brincava o tempo todo com ele. E é claro que também conquistou a todos da família com aquele afeto incondicional.

Neste ano, ela completou 19 anos. Mas já estava com a saúde bem debilitada. Durante algum tempo até discutíamos sobre o que seria melhor para ela: mantê-la viva ou abreviar-lhe a vida? Ela já estava cega e nos últimos meses, mal se mantinha em pé. Minha mãe ficava em dúvida, mas sempre dizia que apesar de tudo, ela não se sentia no direito de decidir sobre a vida da Laika.

Sexta-feira passada, ela se deitou. Teve uma convulsão e o coração dela já fraquinho não aguentou. Partiu deixando uma sensação confusa na gente: um certo alívio porque ao menos não a veríamos mais sofrendo e uma tristeza ao lembrarmos de trechos da vida em família na qual ela sempre esteve presente.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Saudades

Saudades do sorriso. Saudades da voz. Saudades daquele calor que vibra para fora. Saudades... saudades...

Confusões

Alguém pode explicar para mim o porquê da vida colocar confusões no seu caminho quando você quer mais é esclarecimentos?

Será que sou eu quem confude tudo ou será que são os outros que me confundem?

A correria nossa de cada dia...


Há tanta coisa para dizer, mas o tempo tem sido escasso. Acho que no fundo, no fundo, acabei me tornando um viciado neste padrões de várias atividades a se fazer em pouco tempo.

Vamos ver... neste meio tempo fui conferir uma performance do inglês Peter Greenaway ao ar livre pertinho da avenida Paulista. A performance era um filme que mesclava partes de outros três filmes, mas isso era feito ao vivo pelo diretor. O resultado foi "Life in suitcases: Tulser Luper story".

No dia seguinte, imaginei que fosse descansar. Ledo engano. Fui convidado para acompanhar um amigo para a abertura do Vídeo Brasil lá no SESC Paulista. O mais interessante nem foi a abertura, o evento em si. O mais interessante foi a performance que este meu amigo, artista plástico, resolveu fazer.

No meio de todas aquelas pessoas "descoladas", ele resolveu fazer uma homenagem a Joseph Beuys. E o que ele fez? Desfilou entre os convidados com uma jibóia pendurada no pescoço e com os lábios lambuzados de mel.

Coisa mais louca, não? Mas foi divertido ver as reações das pessoas. E é claro que a adrenalina foi para o alto quando quase fomos expulsos de lá pelo segurança.

O restante da semana foi marcado por projetos, reuniões, aulas, encontros com amigos, tentativas de ir a shows e um chá de hortelã fresca muito bom.