domingo, outubro 21, 2007

A Escola da Ponte: uma utopia realizada

O evento era uma palestra... uma entre muitas de um ciclo sobre arte-educação. Cheguei cedinho porque sabia que a palestra seria concorridíssima. Afinal o sumo-pontífice da experiência da Escola da Ponte era o convidado.

José Pacheco estava ali quietinho num canto. Usando sandálias de tiras e um figurino despojado. Estrábico, magro e baixo... mas ali estava uma força e um carisma imensos que preenchiam todo o espaço do palco, do auditório, do coração das mais de 300 pessoas presentes. Eu que nunca quis ter ídolos, de repente me vi fã daquele educador.

Apenas dizendo em poucas palavras o que é a Escola da Ponte. Na Vila das Aves, uma área periférica numa cidade portuguesa, está sendo conduzida uma experiência educacional há mais de 30 anos. Não há salas de aula separando as disciplinas nem os alunos. Alunos de todas as idades sentam-se em mesas coletivas e trabalham em projetos de pesquisa. Não há séries, não há aulas pré-organizadas, não há um currículo de ensino estruturado.

Mas mais do que tentar descrever a experiência, o melhor é pinçar algumas das idéias apresentadas no discurso do José Pacheco.


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"Outro dia perguntaram para mim em Brasília: Como melhorar o sistema de educação no Brasil? A resposta mais fácil é: Extingua o ministério da Educação."

A tentativa de massificar o ensino vem com o discurso da eficiência, mas até onde com isso, a escola está desempenhando o papel de uma escola?


"Os jovens confundem a linguagem da liberdade com libertinagem".

Deixar os jovens livres para decidir os próprios rumos da aprendizagem não significa caos e muito menos de falta de regras.

"A aprendizagem não está no aluno nem no professor, está na relação."

"Não há nenhum projeto neutro. Assim como não há afeto neutro".

"Autonomia é quando todos são co-participantes. Cada um é responsabilizado pelo ato coletivo. Um por todos, todos por um. Responsáveis, somos todos."

"Heterogeneidade é que é fator de aprendizagem".

"Estar dentro do sistema para usar o sistema contra ele mesmo".

"A violência é um ato de saúde mental".

Um comentário:

Rosana Tibúrcio disse...

Vi algo de Paulo Freire aí nesse babado, sobretudo em relação à autonomia. Mas no Brasil, por ora, não rola esse tipo de Escola. Primeiro é preciso permitir que os professores tenham mais "competência"... permitir que as Escolas abrem portas para os educadores aprenderem a educar.
Só depois... só muito depois, quem sabe?
E mesmo lá... nem creio que essa Escola dá certo tão assim, no geralzão...
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Caro Luiz, lido com educadores e o buraco - o buracão, é bem mais embaixo - e escuro!!!!