segunda-feira, janeiro 08, 2007

"Uma arte" de Elizabeth Bishop


Hoje li um poema da americana Elizabeth Bishop e fiquei fascinado com a delicadeza dos versos de "One art" (que coloco em versão livremente traduzida por mim logo abaixo).

Perder pode realmente parecer um desastre, mas faz parte do processo de amadurecimento. Deixamos para trás as brincadeiras de infância para provar dos frutos proibidos. Perdemos a inocência, a confiança (nos outros e às vezes até em si mesmo) por conta de decepções presentes. Mas aprendi que perder não é um desastre. Encontro muitas vezes uma força que me leva adiante. Perco a ilusão, ganho a realidade e um novo sonho.

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A arte de perder não é difícil de aprender;
tantas coisas parecem estar plenas desta intenção
de serem perdidas para que suas perdas não sejam um desastre.

Perca algo todos os dias. Aceite o fato
das chaves perdidas, das horas mal gastas.
A arte de perder não é difícil de aprender.

Então pratique... perder além, perder mais rápido:
lugares, e nomes, e até mesmo o seu destino
de viagem. Nenhuma destas perdas trará desastre algum.

Eu perdi o relógio da minha mãe. E veja! Meu último, ou
penúltimo, dos 3 lugares que mais amei se foram.
A arte de perder não é difícil de aprender.

Eu perdi 2 cidades que amei. E, alguns dos vastos
reinos que tive, dois rios, um continente.
Eu sinto saudades deles mas isso não é um desastre.

Mesmo o fato de te perder (a voz irônica, o gesto
que tanto amo), não posso mentir. É evidente
que a arte de perder não é tão difícil de se aprender
apesar de parecer na maior parte das vezes como um desastre.

Um comentário:

Anônimo disse...

O poema é lindo sim, mas amei mais o que cê escreveu: " Perco a ilusão, ganho a realidade e um novo sonho."
uauuuuuuuuuuu!