sábado, fevereiro 04, 2006
O segredo de Brokeback Mountain
Ontem, depois de muita espera, fui conferir o mais novo filme de Ang Lee. Sim, apesar de ter feito filmes deliciosos como O banquete de casamento, delicados como Razão e sensibilidade, primorosos como O tigre e o dragão e de ter caído muito feio em The Hulk, aguardava ansiosamente O segredo de Brokeback Mountain.
O filme já esteve em exibição por aqui na Mostra Internacional SP do ano passado... mas, foram apenas duas sessões no mesmo horário. Quase impossível conseguir ingressos.
O meu grande receio sempre é me decepcionar com filmes que geraram muita expectativa para mim. E este, não foi, felizmente, o caso de Brokeback mountain.
O filme, acho que todos já sabem, ou já ouviram falar, trata do relacionamento de dois cowboys gays. Uma descrição muito simplista e, quem se guiar apenas por isso para deixar de conferir o filme, comete um erro muuuuito grande.
Brokeback mountain fala de desejos sublimados, fala de pressão social, fala de infelicidade causada por preconceitos, fala de crises de relacionamento. O enredo tem todos os ingredientes para arrancar lágrimas fáceis, mas de forma muito inteligente, Ang Lee conduz a história de forma que a sensação de tristeza se implante aos poucos.
Lembro-me de poucos filmes que conseguiram fazer isso... Serem tristes e não se deixarem permitir uma lágrima no momento da exibição. A sensação de tristeza te persegue e você reflete sobre o filme, leva um pouco mais do filme na mente e vai mastigando aquela sensação. Talvez As horas tenha tido este efeito (se bem que era uma tristeza depressiva) e acho que Tempo de embebedar cavalos também.
É um filme, sem dúvida alguma, muito bem feito. O cartaz do filme anuncia "Love is a force of nature". A aproximação entre os dois cowboys acontece de forma natural, onde numa situação de isolamento, longe dos olhos julgadores da sociedade e cercado apenas de uma natureza exuberante, o amor aflora como conseqüência.
Aliás... e que cenários. Dá até vontade de visitar o Wyoming por conta daqueles campos e rios. Se bem que descobri depois que o filme foi feito em Alberta, Canadá.
Hugh Ledger está muito bem no papel de Ennis Del Mar. Sua interpretação dá ao público uma medida correta entre a secura de sentimentos românticos sufocados e medo de julgamentos sociais.
Jake Gyllenhall também faz um bom trabalho como um sonhador Jack Twist, que vive em busca de seus sonhos e se decepciona com muita coisa.
E Michelle Williams interpreta Alma com uma amargura quase palpável.
Todos mereceram as indicações recebidas ao Oscar.
Ainda não assisti os outros candidatos. Mas já posso dizer que Brokeback mountain com certeza figurará na minha coleção de DVDs.
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