sexta-feira, julho 08, 2005

Ao contrário do que diz Mário de Andrade, ando pensando que amar não é verbo intransitivo, mas transitivo direto mesmo. É fundamental um objeto direto para completar seu sentido.

Amar por amar é fácil. Basta dirigir seus sentimentos mais nobres à humanidade como um todo. Trazer o foco para um ser só é que são elas. Familiares, amigos e animais domésticos não contam. Exigem bastante de você, mas é outro tipo de amor...

Tarefa mais enriquecedora, é amar alguém apesar desta pessoa ser completamente do jeito que ela é. Com todas as suas particularidades, individualidades, desejos e necessidades. Amar aceitando todos os seus defeitos e por causa deles.

Um amigo diz que o amor não escolhe alvo. Mas preciso dizer que quando ele escolhe um pouso deve fazê-lo sem críticas. Aí está a dificuldade.

Foram poucas (e boas) as vezes que me apaixonei de verdade. Como sou relativamente econômico nas manifestações de afeição, pronunciei a fatídica declaração de três palavras meia dúzia de vezes em quase vinte anos de vida amorosa. Hoje em dia acho que exagerei em pelo menos três delas. Respondi com sinceridade a chamados atenciosos, mas vejo que extrapolei no entusiasmo.

E em quase todas as relações incorri no erro de tentar aproximar os receptáculos do meu afeto aos modelos que tinha de relacionamento. Dominador? Acho que não. Meio iludido, talvez.

Descobri na porrada que ninguém se molda. Pode ouvir um pouco, absorver alguns toques, ou, pior de tudo, fingir por um tempo que está fazendo o que você quer só para não se aporrinhar.

Melhor aproveitar e aprender com o outro a treinar sua capacidade de compreender.
Só assim se pode dizer que ama de verdade. Qualquer coisa além disso é mera projeção narcisista.
Espero fazer tudo direitinho desta vez.

E você, já amou ou acha que amou ?

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O texto acima não fui eu quem escreveu. É um texto do jornalista André Fischer. Ás vezes eu me questiono como questões que parecem rondar apenas a minha cabeça vão parar em coisas escritas por outros. Bem, vai ver que meus questionamentos são mais universais do que eu imaginava.

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