domingo, fevereiro 10, 2008

Sozinho no restaurante - Duilio Ferronato


Bem... e pelo visto não sou apenas eu. Acabei de visitar um dos blogs que sempre vejo. E lá no blog do Duílio estava o texto que deixo aqui para lembrar da sincronicidade.

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OUTRA VEZ A CASA ficou meio vazia. O guarda-roupa agora tem mais espaço, no banheiro só resta uma escova de dentes e a geladeira vai voltar a ficar vazia, como antes. Não foi de repente, foi indo embora aos poucos. Não é que chegou um dia e disse: não dá mais, vou embora. A separação foi acontecendo devagar.

Primeiro, vão diminuindo as risadas. Ao mesmo tempo, aumentam os desconfortos das viagens, dos passeios e no cinema. Nada mais parece bom, tem sempre um porém, uma pequena discussão ou uma raivinha sem sentido.

E a culpa de quem foi? Minha não foi! Ou, talvez, tenha sido, sim! Não sei. Foi culpa ou só o destino de muitos amores, que começam de um jeito, vão virando outra coisa e depois acabam sem avisar e não deixam nem a amizade. Ops, isso não vai acontecer! Vamos tentar ser amigos, mas só daqui a algum tempo. Agora não dá.

A cidade acolhe melhor os solteiros ou os casados? No café do Espaço Unibanco tem cinco mesas. Lá não é raro ver uma pessoa solitária em cada mesa. Pelas ruas, uma multidão de gente desacompanhada. Gente que gosta da solidão ou que não teve alternativa. As manias e as exigências vão nos deixando cada vez mais sozinhos. Por que os solitários não conversam entre si?

Depois dos 40, fica muito mais difícil agüentar as chatices dos outros. As nossas ficam parecendo totalmente normais. Até parece...

Agora é hora de adotar um gato vira-lata? Não! Ainda não. Tentar outra vez? Nunca mais! Bem, por algum tempo. E o que fazer com as coisas que ficaram para trás? Empacotar tudo e mandar um motoqueiro entregar? Ou deixar numa caixa na lavanderia?

E as fotos? Malditas fotos! Por que fotografar os momentos felizes? Depois, esses mesmos momentos viram tortura na separação.

Quem inventou essa tal de monogamia? Se não fosse por ela a gente nunca teria que sofrer tanto numa separação. Da próxima vez, vou casar com dois ao mesmo tempo. Se um for embora, ainda fica um. Essa, sim, será uma relação mais segura!

Dizem que a melhor cura para o final de um amor é arranjar outro. Não sou assim. Prefiro amargar na saudade por um tempo, chorar no banheiro e rasgar as fotos e bilhetes nas horas de raiva. Depois passa.

Difícil será vencer a carência. Existe alguma vacina para não se jogar nos braços do primeiro traste que aparecer? Talvez, por algum tempo, eu vire um desses que vão a cafés sozinhos, que ficam lendo nas livrarias ou que fingem falar no celular quando estão sozinhos no restaurante. Tudo para não parecer solitário. Vou assinar mais canais! Isso é uma boa idéia para fritar o cérebro. Quanto mais opções na TV, menos idéias bobas. Só vou evitar, por algum tempo, filmes românticos.

E quando me virem por aí sozinho, não me venham dizer: vocês ainda vão voltar...

Cuidado! Eu mordo!

2 comentários:

Anônimo disse...

"Amiga virtual" é de uma sonoridade ímpar...
Saudade de saber de ti, moço.
Bjo na testa!

Mariana Alcântara disse...

Muito bom o texto, dei boas gargalhadas, pois é exatamente assim que as coisas acontecem. Tenho uma amiga que não tira fotos de momentos especiais da vida dela ao lado do namorado, pois ela diz que um dia o namoro pode acabar e as fotos estragarão.