domingo, fevereiro 24, 2008

Desejo e reparação



Temporada Pré-Oscar (que acontece hoje a noite). Se fosse me ver alguns anos atrás, provavelmente estaria correndo de uma sala de cinema para outra. Neste ano, assisti pouca coisa... e nem posso dizer que foi pelo fato dos filmes não terem estreado. Não fui conferir "Conduta de risco" nem "Sweeney Todd" nem "Sangue negro".

A maioria dos indicados deste ano que eu assisti foi por conta do acaso de fez com que eu estivesse nas salas sem imaginar que pudessem ser indicados. "Desejo e reparação" é um filme que estava querendo conferir faz muuuuuuuito tempo.

O problema era sempre tentar conciliar com a vontade de meus amigos de assistir este filme. Ou muitos já tinham tanmbém visto. Solução: resolvi fazer algo que não fazia faz tempo. Fui sozinho ao cinema. E foi a melhor coisa.

O filme é bem interessante. E ao tratar sobre como interpretações e mal-entendidos levam a resultados desastrosos, faz com que se reflita sobre a verdade das coisas. O filme ressoou em mim muito por conta disso... ultimamente estou sempre sendo confrontado com as minhas verdades e com interpretações sobre fatos e sobre os outros.

Ter visto o filme fez com que eu me desse conta do quanto isso pode ser perigoso se não controlado.

De resto, adorei ver a Vanessa Redgrave na tela... e o visual do filme é deslumbrante. Vale a pena conferir um filme de época mas que destila um certo frescor.

sábado, fevereiro 16, 2008

Aída


E quem disse que no setor público não se trabalha? Aff... só sei que estou em ritmo de empresa da iniciativa privada, fazendo expedientes longos e muitas coisas para desenvolver.

Mas, no meio de tanta correria, nesta semana consegui um tempinho para relaxar. Recebi dois convites para a pré-estréia do musical "Aída".

Até então, nem tinha ouvido muito falar a respeito. Depois, soube que era algo produzido pelo Elton John em parceria com Tim Rice. Pois é... a mania de musicais da Broadway chegou aqui no Brasil. E dá-lhe Miss Saigon, Les Miserables, O fantasma da ópera, My fair lady e etc. etc. etc.

Ao ir lá conferir a pré-estréia de Aída, não imaginava o que encontraria por ali. Era minha primeira vez em espetáculos musicais a la Broadway. Pelo menos aqui no Brasil...

O que posso dizer é que nunca dei tanta risada. Aída acabou virando uma comédia de erros técnicos. Com jangada enguiçando e o ator ainda fazendo pose de que está se afastando. E um Radamés gritando no microfone aberto "Por que esta porra está aberta?". Aída tinha um bom potencial de voz... mas quem ganhava mesmo era a princesa Amnéris (muito boa cantora, com bom domínio nos agudos).

Coreografias risíveis e dessincronizadas. Uma parte com uma mulher fingindo que estava nadando e fazendo um balé no ar a la Esther Williams. Tudo muito kitsch, tudo muito caricato.

Um programa para descontrair e descerebrar... ainda bem que não paguei nada por isso.

domingo, fevereiro 10, 2008

Sozinho no restaurante - Duilio Ferronato


Bem... e pelo visto não sou apenas eu. Acabei de visitar um dos blogs que sempre vejo. E lá no blog do Duílio estava o texto que deixo aqui para lembrar da sincronicidade.

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OUTRA VEZ A CASA ficou meio vazia. O guarda-roupa agora tem mais espaço, no banheiro só resta uma escova de dentes e a geladeira vai voltar a ficar vazia, como antes. Não foi de repente, foi indo embora aos poucos. Não é que chegou um dia e disse: não dá mais, vou embora. A separação foi acontecendo devagar.

Primeiro, vão diminuindo as risadas. Ao mesmo tempo, aumentam os desconfortos das viagens, dos passeios e no cinema. Nada mais parece bom, tem sempre um porém, uma pequena discussão ou uma raivinha sem sentido.

E a culpa de quem foi? Minha não foi! Ou, talvez, tenha sido, sim! Não sei. Foi culpa ou só o destino de muitos amores, que começam de um jeito, vão virando outra coisa e depois acabam sem avisar e não deixam nem a amizade. Ops, isso não vai acontecer! Vamos tentar ser amigos, mas só daqui a algum tempo. Agora não dá.

A cidade acolhe melhor os solteiros ou os casados? No café do Espaço Unibanco tem cinco mesas. Lá não é raro ver uma pessoa solitária em cada mesa. Pelas ruas, uma multidão de gente desacompanhada. Gente que gosta da solidão ou que não teve alternativa. As manias e as exigências vão nos deixando cada vez mais sozinhos. Por que os solitários não conversam entre si?

Depois dos 40, fica muito mais difícil agüentar as chatices dos outros. As nossas ficam parecendo totalmente normais. Até parece...

Agora é hora de adotar um gato vira-lata? Não! Ainda não. Tentar outra vez? Nunca mais! Bem, por algum tempo. E o que fazer com as coisas que ficaram para trás? Empacotar tudo e mandar um motoqueiro entregar? Ou deixar numa caixa na lavanderia?

E as fotos? Malditas fotos! Por que fotografar os momentos felizes? Depois, esses mesmos momentos viram tortura na separação.

Quem inventou essa tal de monogamia? Se não fosse por ela a gente nunca teria que sofrer tanto numa separação. Da próxima vez, vou casar com dois ao mesmo tempo. Se um for embora, ainda fica um. Essa, sim, será uma relação mais segura!

Dizem que a melhor cura para o final de um amor é arranjar outro. Não sou assim. Prefiro amargar na saudade por um tempo, chorar no banheiro e rasgar as fotos e bilhetes nas horas de raiva. Depois passa.

Difícil será vencer a carência. Existe alguma vacina para não se jogar nos braços do primeiro traste que aparecer? Talvez, por algum tempo, eu vire um desses que vão a cafés sozinhos, que ficam lendo nas livrarias ou que fingem falar no celular quando estão sozinhos no restaurante. Tudo para não parecer solitário. Vou assinar mais canais! Isso é uma boa idéia para fritar o cérebro. Quanto mais opções na TV, menos idéias bobas. Só vou evitar, por algum tempo, filmes românticos.

E quando me virem por aí sozinho, não me venham dizer: vocês ainda vão voltar...

Cuidado! Eu mordo!

Onde os fracos não tem vez


Depois de tanta turbulência na minha cabeça, precisava de alguma distração... fui caminhando pela rua sem prestar atenção nas pessoas. Passei diante de uma sala de cinema. E resolvi entrar... o filme tinha começado a pouco e era algo para entorpecer minha mente que não parava de pensar no passado e nos fatos recentes.

O filme foi "Onde os fracos não tem vez". Título sugestivo para alguém que está querendo não fraquejar depois uma decisão que muda muita coisa.

Uma espécie de faroeste moderno, com enredo de drogas, dinheiro e pistoleiros. Um xerife, um psicopata e um anti-herói que se envolve porque encontra uma mala de dinheiro e é engolfado pelo destino.

Não prestei muita atenção ao filme... não quis pensar muito e curti aquele visual de deserto e cidades empoeiradas. Dizem que é um dos grandes favoritos ao Oscar deste ano. Eu não gostei muito... mas talvez seja o meu humor que esteja afetando o julgamento.

Agridoce



Acho que finais sempre tem um quê de assustador. Finais também tem algo de perturbador. Talvez porque o fim de algo significa o início de algo desconhecido. Talvez porque na ansiedade de se dar o passo seguinte, nunca temos certeza de que queremos acabar com o que já temos certo.

Eu nunca quis me ver como alguém acomodado numa situação. Nem desejei levar algo que me incomoda sem dar uma solução adequada.

Pois é... fim de uma história de 5 anos, 6 meses e 13 dias. Uma história cheia de pontos altos e várias questões filosóficas. Uma história cheia de aprendizado e com uma infinidade de cores e sabores.

Na hora nem chorei... parecia que tudo estava seguindo o seu caminho mais natural. Uma certa sensação de alívio por poder dizer tudo aquilo que me afligia. E aquelas palavras de "vamos terminar" pareciam ser as mais corretas para toda aquela situação.

Saímos de amantes e seguimos como amigos. E aquele peso da obrigação de "casal feliz" saiu dos nossos ombros. Ele ficou impassível. Racional como sempre. Sereno como sempre. Como invejo esta fortaleza...

Na volta para São Paulo, depois de algumas risadas no café da manhã e de um quase beijo (que preferi evitar para não confundir ainda mais os sentimentos), olhei a paisagem pela janela com olhares de despedida. E aquele gosto agridoce do fim norteou o dia.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Em Paris


Acho que a convivência faz com que gostos se permeiem uns aos outros. Sempre curti filmes de outras cinematografias... franceses, italianos, iranianos, chineses... Meus amigos sempre foram mais adeptos do cinemâo hollywoodiano.

De uns tempos para cá, tenho visto meus amigos querendo assistir filmes europeus. Um bom avanço para quem antes só ia em filmes made in USA.

Hoje fui conferir "Dans Paris" a convite de umas amigas. E sem saber de nada do filme, simplesmente fui. Para minha surpresa, os dois atores principais são atores que acompanhei em outros filmes.

Um já tinha visto em "Albergue espanhol" e "Bonecas russas" (aliás, filmes altamente recomendáveis). O segundo eu já tinha visto em "Os sonhadores" do Bertolucci. Neste filme, "Dans Paris", são dois irmãos em momentos distintos da vida: um em depressão por conta do final de um relacionamento, outro em desapego e descoberta, sem saber ainda distinguir sexo e amor.

Há um quê de deprimente no filme... uma certa desesperança que está no ar, mas que logo é jogada de lado na força que cada irmão encontra um no outro.

Juno


Contagem regressiva para o Oscar... E o primeiro filme que fui conferir foi na pré-estréia de "Juno".

Gosto do diretor Jason Reitman, que fez o deliciosa "Obrigado por fumar". Dá pra fazer um filme que trate de gravidez na adolescência com humor e sem julgamentos morais? Sim, é possível. E o melhor de tudo... é possível mergulhar nos dilemas e nas confusões de uma mente em formação no que diz respeito a relacionamentos.

Aliás, acho que naquilo que diz respeito a relacionamentos, somos sempre eternos adolescentes.

A atriz Ellen Page está muito bem. Mas não acho que leva o Oscar. Na mesma categoria está também Marion Coitlard que teve um desempenho brilhante em "Piaf". Um filme que trata de assuntos difíceis mas sem exagerar no peso dramático. Vale a pena conferir.

Tarsila viajante e caminhando com o governador



No último sábado fui acompanhar uma visita do governador no bairro da Luz. Ainda bem que o Brasil não é um país repleto de terroristas em guerra civil, senão boa parte do governo paulista estaria bem exposta naquele dia.

O governador resolveu visitar (não-oficialmente) o Museu da Língua Portuguesa (e ver a temporária do Gilberto Freyre) e a Pinacoteca do Estado (que está com exposições importantes: Tarsila viajante e Boris Kossoy).

E junto com o governador estavam os secretarios da Cultura, do Planejamento, da Casa Civil e os secretarios municipais da Cultura e das Subprefeitura, além do diretor da FAU-USP e do diretor da Pinacoteca e do diretor da Cinemateca. Uma comitiva grande e sem muitos seguranças. Eu estava lá apenas acompanhando minha coordenadora. E foi algo bem interessante...

Velhinhos parando o governador e querendo apertar as mãos dele. Criancinhas chegando perto e aquele típico gesto político de abraçar e beijar. Fotos, muitas fotos. E alguns seguranças acompanhando.

Na Pinacoteca, a exposição da Tarsila estava cheia. Um público grande querendo conferir o "Abaporu" em retorno a terras brasileiras. Ver "O Abaporu" entre "A negra" e "Antropofagia" mostra que Tarsila, sem dúvida alguma, é uma das superstars da arte brasileira.

Oportunidade rara... afinal, desde que foi comprada pelo colecionador argentino, "O Abaporu" repousa no MALBA - Museu de Arte Latina de Buenos Aires. Será que um dia voltará para o Brasil em definitivo?

Mas será que voltando seria valorizado pelo povo brasileiro? Acho que até a ida para Buenos Aires, o Abaporu estava esquecido. Foi só ir para lá que todos parecem ter tomado conhecimento da obra. Algo parecido com os quadros roubados do MASP que foram resgatados... só depois de serem roubados é que as pessoas decidiram ir vê-los.