sábado, dezembro 01, 2007

Sobre a arte contemporânea: prêmio Sérgio Motta, IAC e Superflex



Superdose de arte contemporânea... Um dos lados divertidos do meu trabalho é tentar entender um pouco mais desta faceta da arte.


Para mim, arte contemporânea é algo incompreensível. E também hermético. A compreensão da obra ultrapassa aquilo que é visível e adentra no próprio processo de criação. Isso é válido. Sim, super-válido. Mas fico sempre com a impressão de que a arte contemporânea acaba sendo feita para impressionar os intelectuais de plantão.


No domingo passado fui a entrega do prêmio Sérgio Motta. O que o ex-ministro das telecomunicações, responsável pela privatização das teles tem a ver com arte e tecnologia? Também não entendi muito bem, apesar da viúva dele tentar fazer uma ligação no discurso de abertura.





Na apresentação dos premiados, houve também um espetáculo multimídia. Algo meio estranho que envolvia participação de muitas pessoas da platéia, uma bailarina executando movimentos de dança moderna, uma tuba, uma parede de gelo, um cara com lança-chamas, realejos pendurados e imagens que eram projetadas.


Se eu entendi alguma coisa? Não. Se eu senti alguma coisa? Também não. Na verdade, houve um momento em que estava tão entediado com aquilo que fiquei conversando com meu amigo. E de repente, o espetáculo terminou. O comentário dele: "Pelo menos terminou no tempo certo".




Na terça-feira, foi a vez de ir a dois eventos: a abertura do IAC - Instituto de Arte Contemporânea e uma vernissage na galeria Vermelho.



O IAC fica num prédio histórico, na USP da rua Maria Antônia. Projeto interessante do Paulo Mendes da Rocha. Exposição cheia de nomes consagrados: Amilcar de Castro dialogando com Tunga, Mira Schendel pertinho de Alfredo Volpi.



Muita pose e pouca simpatia. Sabe aquilo que falam sobre a postura blasè? Lá descobri o que é estar cercado disso. Uma turma que faz coisas para impressionar os outros da mesma turma, que vão admirar e criticar e fazer disputas sobre quem fará a coisa mais delirante ou quem dirá a coisa mais criativa.



Acho isso tudo muito estranho... quase uma masturbação intelectual. Gente falando de Merleau-Ponty enquanto degusta um pouco de queijo brie com geléia acompanhado de prosecco.


De lá, fomos (eu e meu amigo artista plástico, que com certeza ficou muuuuuito chateado comigo por conta das minhas opiniões) para a vernissage na Galeria Vermelho.



O clima ali era totalmente diferente. Gente jovem, gente descolada, gente se divertindo. A exposição principal era do grupo suiço Superflex. Este grupo já tinha causado certo burburinho na Bienal ao pregar o livre acesso a informação e ao defender o copy-left (oposto ao copyright). O direito autoral pode destruir a cultura colaborativa? Este é o mote principal da discussão.

E a forma de suscitar esta discussão, foi através do projeto Free Beer. Foi desenvolvida uma fórmula de cerveja que é aberta para todos fabricarem. E esta é a obra de arte. O clima na abertura era de festa. Muita cerveja e muita gente brincando nas propostas lúdicas do Superflex.

Arte contemporânea? Pode ser hermética, pode ser divertida... no final das contas, melhor não tentar entender.


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