quinta-feira, junho 09, 2005

Bateu um desânimo... chato isso. Deve ser esta fase final do meu inferno astral. Talvez não devesse acreditar nisso. Enfim, só mais um desses devaneios.

Hoje recebi um e-mail com um descritivo sobre um curso prático de dramaturgia. Uma sátira, é claro.

Vale a pena dar um lida e ver os chavões de cada novelista.

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MÓDULO I: Como escrever uma novela de Benedito Ruy Barbosa

Ma non há dificuldade, cazzo! Este é lo módulo ma facile. Antonio Fagundes é inimigo de Raul Cortez. Ma é tutto buonna gente. O bambino de uno ama a bambina d`outro. Totto mondo parla italiano com sotaque de portunhol.

Os italiano tutto vem morar no Brasile. Os namoratti se separam ma depois de uno ani o ragazzo vê a ragazza na rua, já com uno bambino nos bracci. Depui de um tempo, o ragazzo descobre que o bambino é filho dele, ma non crê. Mai 10 anos se passam. O ragazzo (que já non é tão ragazzo)declara tutto su amore para la ragazza (que também já non é mai tão ragazza).

No finale, os personagens principales fazem as pazes e todas las familia se juntam para dançar la tarantela.



MÓDULO II: Como escrever uma novela de Glória Perez

Pegue um assunto da área médica que esteja na moda: clonagem, transplante de coração, mãe de aluguel... Convide Victor Fasano, Raul Gazzolla, Eri Johnson e Guilherme Karam para o elenco. Escreva diálogos sem sentido, crie personagens desajustados e esqueça todo e qualquer compromisso com a verossimilhança. O personagem masculino principal tem que ser interpretado por um péssimo ator (ou um ator que esteja em um péssimo momento).

Não há explicação para este fenômeno, mas o fato é que as terríveis interpretação de Victor Fasano (Barriga de Aluguel), Ricardo Macchi (Explode Coração) e Murilo Benício (O Clone) ajudaram a levantar o ibope das novelas.

Os personagens suburbanos são fundamentais, devem ser bastante explorados. Mas também é imprescindível criar um núcleo que tenha costumes bem diferentes dos nossos, como muçulmanos ou ciganos. E uma mocinha deste núcleo tem que viver um amor impossível com um mocinho de fora do núcleo.

Do meio para o fim da novela, crie uma campanha social, tipo a busca por filhos desaparecidos ou a luta contra as drogas. Tudo isso temperado com cenas longas, chatas, arrastadas e sem sentido.


MÓDULO III: Como escrever uma novela de Carlos Lombardi

Uhuuuuu, e aí parceiro? Você visa escrever uma novela do Lombardi? Demorô, isso é mole pra gente. A parada é a seguinte, tú pega a Danielle Winits e bota os peitos dela bem a mostra. Daí tú chama os irmãozinho Marcelo Novaes, Humberto Martins e Marcelo Faria pra firmar. Os cara vão pegar geral e a mulherada vai rodar de mão em mão. Os camaradas não são mole não, se mexer com eles, é porrada em todo mundo. E se a polícia for atrás, os manos são sagaz, fogem durante 15 capítulos e ninguém encontra.

Ah, não se preocupa com história não, o lance é botar mulher gostosa com vestido curto e homem bonito sem camisa, a audiência vai lá em cima, cara! E não esquece da Betty Lago, hein! O papel dela é certo: uma madame histérica. É tiro certo mano, podis crer.



MÓDULO IV: Como escrever uma novela de Aguinaldo Silva

Ô bichinho, invente uma cidade porreta, que fique lá no sertão nordestino. Tem que ter uma igrejinha, as carolas fuchiqueiras, um político danado de safado e um mistério daqueles de arrancar cabelo de careca. Eita, não pode esquecer do forasteiro, que vai botar a vidinha do povo da cidade de pernas pro ar. E pra aumentar esse furdunço, tem que ter um namorico bem quente. Mas o cabra vai ter que cortar um dobrado pra ficar com a moça, afinal de contas, rapadura é doce mas não é mole não. Claro que sempre tem uma mulher mal amada pra azedar o acarajé dos outros e um corno vingativo que vai atazanar a vida do casal. Mas no fim, fica tudo certo, até o político safado consegue um novo mandato.

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