Bateu um desânimo... chato isso. Deve ser esta fase final do meu inferno astral. Talvez não devesse acreditar nisso. Enfim, só mais um desses devaneios.
Hoje recebi um e-mail com um descritivo sobre um curso prático de dramaturgia. Uma sátira, é claro.
Vale a pena dar um lida e ver os chavões de cada novelista.
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MÓDULO I: Como escrever uma novela de Benedito Ruy Barbosa
Ma non há dificuldade, cazzo! Este é lo módulo ma facile. Antonio Fagundes é inimigo de Raul Cortez. Ma é tutto buonna gente. O bambino de uno ama a bambina d`outro. Totto mondo parla italiano com sotaque de portunhol.
Os italiano tutto vem morar no Brasile. Os namoratti se separam ma depois de uno ani o ragazzo vê a ragazza na rua, já com uno bambino nos bracci. Depui de um tempo, o ragazzo descobre que o bambino é filho dele, ma non crê. Mai 10 anos se passam. O ragazzo (que já non é tão ragazzo)declara tutto su amore para la ragazza (que também já non é mai tão ragazza).
No finale, os personagens principales fazem as pazes e todas las familia se juntam para dançar la tarantela.
MÓDULO II: Como escrever uma novela de Glória Perez
Pegue um assunto da área médica que esteja na moda: clonagem, transplante de coração, mãe de aluguel... Convide Victor Fasano, Raul Gazzolla, Eri Johnson e Guilherme Karam para o elenco. Escreva diálogos sem sentido, crie personagens desajustados e esqueça todo e qualquer compromisso com a verossimilhança. O personagem masculino principal tem que ser interpretado por um péssimo ator (ou um ator que esteja em um péssimo momento).
Não há explicação para este fenômeno, mas o fato é que as terríveis interpretação de Victor Fasano (Barriga de Aluguel), Ricardo Macchi (Explode Coração) e Murilo Benício (O Clone) ajudaram a levantar o ibope das novelas.
Os personagens suburbanos são fundamentais, devem ser bastante explorados. Mas também é imprescindível criar um núcleo que tenha costumes bem diferentes dos nossos, como muçulmanos ou ciganos. E uma mocinha deste núcleo tem que viver um amor impossível com um mocinho de fora do núcleo.
Do meio para o fim da novela, crie uma campanha social, tipo a busca por filhos desaparecidos ou a luta contra as drogas. Tudo isso temperado com cenas longas, chatas, arrastadas e sem sentido.
MÓDULO III: Como escrever uma novela de Carlos Lombardi
Uhuuuuu, e aí parceiro? Você visa escrever uma novela do Lombardi? Demorô, isso é mole pra gente. A parada é a seguinte, tú pega a Danielle Winits e bota os peitos dela bem a mostra. Daí tú chama os irmãozinho Marcelo Novaes, Humberto Martins e Marcelo Faria pra firmar. Os cara vão pegar geral e a mulherada vai rodar de mão em mão. Os camaradas não são mole não, se mexer com eles, é porrada em todo mundo. E se a polícia for atrás, os manos são sagaz, fogem durante 15 capítulos e ninguém encontra.
Ah, não se preocupa com história não, o lance é botar mulher gostosa com vestido curto e homem bonito sem camisa, a audiência vai lá em cima, cara! E não esquece da Betty Lago, hein! O papel dela é certo: uma madame histérica. É tiro certo mano, podis crer.
MÓDULO IV: Como escrever uma novela de Aguinaldo Silva
Ô bichinho, invente uma cidade porreta, que fique lá no sertão nordestino. Tem que ter uma igrejinha, as carolas fuchiqueiras, um político danado de safado e um mistério daqueles de arrancar cabelo de careca. Eita, não pode esquecer do forasteiro, que vai botar a vidinha do povo da cidade de pernas pro ar. E pra aumentar esse furdunço, tem que ter um namorico bem quente. Mas o cabra vai ter que cortar um dobrado pra ficar com a moça, afinal de contas, rapadura é doce mas não é mole não. Claro que sempre tem uma mulher mal amada pra azedar o acarajé dos outros e um corno vingativo que vai atazanar a vida do casal. Mas no fim, fica tudo certo, até o político safado consegue um novo mandato.
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