quarta-feira, maio 09, 2007

Caro Bento XVI

Ao menos, desta vez não estou em São Paulo para ter que enfrentar o trânsito por conta das avenidas bloqueadas para a circulação do papa. Já me basta a experiência recente com a vinda do George W.Bush e que me fez chegar atrasadíssimo numa reunião.

Ok. Ok. Nada contra a pessoa do papa nem contra a igreja católica. Afinal, cada fé tem seus dogmas e cada pessoa é livre para escolher a religião que quiser, não é?

Só que não consigo deixar de ficar incomodado com a figura política do papa. Sim, porque além de ser um líder espiritual, ele também é um chefe de Estado (por mais ridículo que seja um país do tamanho de alguns quarteirões encravado em Roma).

Que a crença da igreja seja contra o divórcio, seja contra o aborto e a eutanásia, seja contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo... afinal, isso tudo é uma questão de fé e cada um adere a estas idéias se assim o desejar.

Mas o que me incomoda é ver a religião interferindo em políticas de Estado. O Brasil é a maior nação católica do mundo? Pode até ser. E até onde sei, é também um Estado laico.

Então, leis que regulamentem o aborto são necessárias para resolver um problema de saúde pública. E leis que regularizem a situação de pessoas do mesmo sexo e que tem uma vida em comum, é apenas uma forma de garantir os direitos civis de uma união civil (e não religiosa).

Bem... quem sabe, um dia nossos parlamentares sejam tão responsáveis quantos os democratas-cristãos do Parlamento holandês que, apesar de serem católicos, disseram em alto e bom som que o Parlamento formula leis para o povo e não para a igreja.

3 comentários:

Jak disse...

Veja que coisa, a sociedade ocidental levou séculos pra desvincular Igreja e poder político, derrubar monarquias absolutistas baseadas em um suposto poder divino concedido a seus imperadores. E eis que a Igreja dá a volta por cima e sempre dá um jeito de meter o bedelho onde não é (ou não deveria ser) chamada. Tudo se repete e nós seguimos dando voltas e voltas nas nossas próprias burrices históricas.

By the way, de quem é essa caricatura? Ele não tá com cara de Mestre Yoda? XD

Mariana Alcântara disse...

Acho que fé usada de forma política perde toda a espiritualidade. E acho que ele devia se definir, ou é líder religioso ou é líder político, não dá para usar uma coisa como desculpa para justificar preconceitos infundados. O que ele tem com a vida dos outros? E porque eu tenho que parar minha vida para ouvir críticas de que não pode isso e não pode aquilo porque a igreja condena? Ótima essa caricatura!

Anônimo disse...

Ah, tá certo que tem várias coisas erradas, concordo.
Mas acho feio essas caricaturas de uma autoridade. Querendo ou não, ele é... inda mais religiosa. Não gosto...
Nem sei se é porque sou católica, mas penso que não. Vejo mais como um lance de ética e respeito. Também detestei quando malharam sem dó nem piedade o Rabino Henry (esqueci o resto do nome dele), mas detestei as caricaturas e as piadas.
Penso que sou mesmo, pra umas coisas, bem antiga... rs