sábado, outubro 09, 2010

Viver?


"-Só achei que poderíamos ampliar nosso círculo de relacionamentos..."
"-Eu não preciso disso, já tenho muitos amigos. Uns 250 amigos no MySpace."

Até onde a virtualidade se infiltra em nosso tempo pessoal e até onde nos apoiamos na virtualidade como ferramenta para garantir um mínimo de contato social? Ultimamente tenho sentido muita falta de encontrar presencialmente meus amigos. No final das contas, tenho percebido que encontros presenciais somente com aqueles que estão imediatamente mais próximos (o que significa repetidamente, o pessoal do trabalho).

Faz um tempão que tento marcar um encontro com a Cynthia. O Antônio tenta marcar um café comigo desde o mês passado. A Sté insiste em marcar um momento para colocar a conversa em dia. Por que isso não acontece de forma mais fácil? Simplesmente porque ou um ou outro sempre está com a agenda lotada. É rodízio, é trânsito, é compromisso profissional, é o cansaço depois de uma semana tensa... enfim, a vida na metrópole não parece favorecer muito os encontros.

Talvez seja esta a vantagem das cidades litorâneas. Ao menos, em algum momento, todos se encontram na praia. Quando morava em Santos, encontrava mais facilmente as pessoas.

No final das contas, tenho notícias dos meus amigos pelo Facebook. E isso me preocupa um pouco. Afinal, até onde é válido e até onde você realmente está presente em relação ao outro na plataforma virtual?

Nesta semana, por exemplo, descobri pelo Facebook que a avó de uma amiga minha tinha falecido. E perdi a missa porque não tinha visto meus e-mails num dia a noite.

Viver nestes tempos tem gerado um certo aprendizado. Tenho que reaprender a manter meus vínculos sociais, sem sentir a solidão que sinto diante do monitor do computador.

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