terça-feira, abril 28, 2009

Persepolis


Dizem que japonês é tudo igual... e para as outras etnias diferentes de nós, temos a propensão a igualar todos num grande grupo. Então, quando falamos em negros, esquecemos da diversidade dos povos e da identidade cultural: bantos, zulus, nagôs, malineses, etc. E quando comecei a ler a introdução do livro "Persépolis", percebi que tendia a fazer o mesmo com os árabes.

Só na introdução descobri que os iranianos representam os antigos persas e que o povo persa passou por diferentes dominadores. Uma aula básica de história só nas 3 primeiras páginas.

No restante do livro, Marjane Satrapi introduz a sua hístória. Do ponto de vista de uma iraniana que viveu a revolução islâmica e nos mostra nuances desconhecidas. A linguagem de quadrinhos torna a leitura atraente e fluida.

Uma obra que vale a pena ser conferida. E, diferentemente do que aconteceu em "O livreiro de Cabul", onde uma jornalista ocidental mostrava seu ponto de vista na convivência com uma família afegã, aqui temos o ponto de vista de quem realmente participa desta cultura e que teve as dificuldades para se adaptar no mundo ocidental.

sexta-feira, abril 24, 2009

Quem sou eu? E, se sou, quantos sou?


O título deste post pode remeter a uma insanidade de turbilhão de pensamentos... mas, não se trata de uma pergunta a toa nem de pensamentos insanos. O título deste post é o título do último livro que li (e que recomendo muito para todos): "Quem sou eu? E, se sou, quantos sou? - Uma aventura na filosofia" de Richard David Precht.

O livro é deliciosamente pontuado por reflexões. Só que diferentemente de outros livros de filosofia, não apela para explicações extensivas sobre as obras de vários filósofos nem para um subterfúgio romanceado para introduzir noções de filosofia (como em "O mundo de Sofia").

O autor estabelece em cada capítulo, discussões de forma direta e simples, orientando as discussões em três linhas básicas: O que posso saber? O que posso fazer? O que devo esperar?

Somos então apresentados às questões de aprendizagem e conhecimento, da moral, do amor e da felicidade. Tudo permeado por exemplos muito didáticos, numa linguagem fácil e considerando as descobertas feitas pela neurociência e discutindo questões como o aborto, a eutanásia e o direito de comer carne.

Apenas um trechinho para despertar a vontade:

"A frase: "Eu te amo!" é muito mais do que uma expressão de sentimentos, como "Estou com dor de dente!". Estamos falando de todo um sistema de promessas e expectativas. Quem assegura seu amor promete confiar em seu sentimento e se preocupar com o amado. E está disposto a se comportar da maneira como alguém que ama se comporta, repetindo tudo aquilo que isso significa em nossa sociedade aos olhos do outro."

terça-feira, abril 21, 2009

Diários de viagem

SP 17/abr
Preparativos de viagem. "Que horas nos encontramos?". Ajustar despertador para as 5h00.

RJ 18/abr


Sono. Café da manhã rápido. Rodando na estrada. Chegada mais cedo do que o previsto. CCBB. Exposição de obras d'osgemeos. Caminhar pelo Centro. Estudo antropológico 1: circular pelo Saara. Pausa para um café na Confeitaria Colombo. Encontro com a Renata. Almoço no Al-Farabi. Livros e vatapá. Perdido nas ruazinhas do Centro. Arco do Teles. Exposição sobre Burle Marx no Paço Imperial. Caminhando em busca da galeria A Gentil Carioca. Arte contemporânea 1. Compra de camisetas de artistas. Arte contemporânea 2. Abertura de exposição no Espaço das Artes, rua Luís de Camões, 2. Caminhada até a Lapa. Rua do Lavradio e alguns bares simpáticos. Loja da Pharmacia Granado. Caminhando... caminhando. Estudantina. Cenário insólito. Arte contemporânea 3. Galeria Durex. Arte contemporânea 4. Barracão Maravilha e festa de 1 ano de abertura. Jantar em Botafogo. Botequim. Aberto em 1979. Ótimos gourjonetes de frango.


RJ 19/abr


Som. Kate Perry e Marcelo D2. Café da manhã no Prá lá de pão. Parada na praia da Joaquina. Vista do Cristo Redentor no apartamento do tio da Zilda. Perdidos no Rio de Janeiro. Onde é a Quinta da Boa Vista? Museu Nacional. Luzia, esqueletos de animais pré-históricos, artefatos etruscos, sarcófagos egípcios e múmia inca. Estudo antropológico 2: Feira de São Cristóvão. Buchada de bode e carne de sol. Jesus, sonho cor-de-rosa, gosto de tutti-frutti e canela.. Alfinim. Pânico na TV e dia do Índio.

RJ 20/abr


Leitura: O que é justo? John Rawls. Café da manhã farto no Balada Mix. Avenida Niemeyer. Catedral Metropolitana. Missa e ossários. Estação de bondes de Santa Teresa. Museu Chácara do Céu. Gravuras de Debret. Escadaria Selaron. Azulejos e postal autografado. Arcos da Lapa cobertos de lambe-lambes. Fundição Progresso. Vontade de assistir "Sonhos de Einstein". Donat's, antigo Belmonte. Empada de camarão e pastel de polvo. Bar do Luiz. 1887. Alemão completo: salsicha branca, salsicha vermelha, kassler, chucrute e salada de batata. Chaika. "Você precisa tomar um sorvete na lanchonete". Sorvete de avelã com chocolate amargo.


RJ 21/abr
Chuva. Despedida. Chuva. Contas. Kid Abelha e Lulu Santos. Chegada em Sampa. Hora de arrumar tudo de volta.

terça-feira, abril 14, 2009

Semana Monteiro Lobato


Hoje fui para a abertura da Semana Monteiro Lobato em Taubaté. Lado bom: conheci um museu que é muito mais cenografia do que propriamente acervo. O envolvimento dos monitores, que incorporam vários personagens do Sítio do Picapau amarelo, e dos outros funcionários no cenário magicamente criado pelo escritor taubateano é algo inspirador. Há quase a impressão de que estamos realmente no Sítio do Picapau amarelo.

Lado estranho: ser abordado por diversos repórteres de rádios, jornais e emissoras de TV locais que insistiam em me entrevistar. O peso do cargo que ocupo se fez sentir hoje. E eu, que sempre gostei da discrição e de não aparecer, de repente estava sob os holofotes e microfones.

segunda-feira, abril 13, 2009

As cinzas...


Alexandre de Gusmão nasceu em Santos, no ano de 1.629. Foi o responsável por grande parte da atual configuração do território brasileiro. Se antes, o tratado de Tordesilhas delimitava uma estreita faixa para a colônia portuguesa, foi com o Tratado de Madri que se consolidou o que de fato já acontecia: terras ocupadas por portugueses, tornaram-se território da Coroa Portuguesa. E o Brasil ganhou muito de sua configuração atual.

Mas o que é que isso tem a ver comigo? Bem, simplesmente porque algo curioso aconteceu hoje...

De repente, lá no trabalho, eis que aparece a urna funerária com as cinzas de Alexandre de Gusmão. Antes estavam sob a guarda do Instituto Histórico e Geográfico e, devido a várias confusões e decisões judiciais, foi parar lá na Secretaria e, direcionada justamente para um dos museus.

Situação insólita ter que ouvir alguém pedindo ajuda para carregar a urna funerária de uma personalidade do século retrasado...

quinta-feira, abril 09, 2009

quarta-feira, abril 08, 2009

Birkat Hachama


Os judeus celebraram hoje a "Birkat Hachama", a bênção do sol, que acontece a cada 28 anos e lembra o retorno do sol ao local exato onde supostamente apareceu quando foi criado o universo.

Para marcar esse momento, há uma benção especial, na qual se expressa o reconhecimento a Deus por ele ter criado o mundo. A bênção é a seguinte: "Bendito és Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que efetivas a obra da Criação".

Não acredito que devamos celebrar a vida somente em algumas ocasiões, e muito menos apenas a cada 28 anos. Mas foi interessante descobrir isso. Para quem acredita, um ótimo final de Birkat Hachama. E para quem não acredita, também um ótimo final de Birkat Hachama.

Bookcrossing smartmob


Bookcrossing é um conceito que surgiu nos E.U.A. e que pode ser resumido como a prática de deixar um livro num local público, para ser encontrado e lido por outros, os quais, por sua vez, deverão continuar a fazer o mesmo. O objetivo assumido do Bookcrossing é transformar o mundo inteiro numa biblioteca. Os membros desta comunidade de leitores virtuais (que não conhece limites geográficos) possuem um sentimento de partilha tão grande que não se importam de libertar os seus próprios livros em locais públicos (cafés, transportes públicos, estacionamentos, bancos de praça) para que o maior número de pessoas os possam ler, em vez de os manterem parados nas estantes, tornando desta forma o acesso à cultura e especificamente à leitura verdadeiramente universal. (da Wikipedia)

Smartmobs é o termo criado por Howard Rheingold para descrever as “novas” formas de manifestações auto-estruturadas usando novas tecnologias (Orkut, SMS, blogs, e-mails, etc.) para os mais diversos objetivos. Para Rheingold, as smart mobs “são constituídas por pessoas que são capazes de agirem juntas mesmo sem se conhecer. As pessoas que participam dos smart mobs cooperam de maneira inédita porque dispõem de aparatos com capacidade tanto de comunicação como de computação. (Rheingold, 2002, p. xii). do artigo de André Lemos (2004) Cibercultura e Mobilidade. A Era da Conexão

Considerando os dois conceitos, recebi um e-mail-convite. Pelo o que eu li no e-mail está sendo agitado para o próximo dia 14 de abril, às 18h45, nas escadarias do prédio da Gazeta (av. Paulista, 900), um Bookcrossing-smartmob.

Para quem quiser participar, é só aparecer lá pontualmente (sim, porque não faz sentido chegar depois que já acabou), com um livro que será deixado no local.

A idéia é sentar (ou mesmo de pé) e ficar lendo trechos do livro que escolheu para deixar lá. A leitura em voz alta ficará mais interessante pois provocará mais estranhamento ainda no público que passa pela Av. Paulista. O início está previsto para as 18h45 e às 18h55, todos os participantes deixarão o livro por ali e depois se dispersarão. A palavra de ordem para sincronizar a parada de ler para deixar o livro na escada pode ser: TODOS LENDO!

Simples, fácil e bem-pensada. Uma ação solidária e despretensiosa. Vou tentar aparecer lá e, quem sabe não encontro alguém conhecido para tomar um café depois.

terça-feira, abril 07, 2009

Consumidor cultural


Se há um lugar no qual eu possa gastar horas e horas em dúvidas sobre o que comprar, este lugar certamente será uma livraria megastore. Carrie Bradshaw preferia gastar em sapatos. Eu direcionei boa parte das minhas eoonomias em livros, CDs, DVDs, ingressos para teatro e cinema e shows musicais.

Num período de 3 dias, passei na FNAC Pinheiros (que antes já me atraía por conta do Ática Shopping Cultural) e na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Folheei livros de história, fiquei comparando preços de DVDs, li e reli trechos de livros potenciais para serem adquiridos.

O que posso dizer é que minha biblioteca agora tem mais uma dezena de novas aquisições. Logo, logo, espero poder comentá-los aqui...

Agora, espero sossegar e fazer meu dinheiro circular um pouco menos pela economia criativa.

Earthlings


De lá para cá, algumas mudanças... uma delas foi que decidi evitar o consumo de carne. De uma certa forma sempre admirei aqueles que voluntariamente decidiam parar de consumir carne. Os veganos chamam minha atenção e tem a minha admiração pela força de vontade e pela força de sua intuição moral.

Em restaurantes como o Gopala Prasada (que agora virou duas casas com nomes que não consegui memorizar), já ficava vendo aqueles adesivos "Peixes são amigos e não comida" ou aqueles outros em que se mostrava um cão e uma vaca sob a pergunta "Por que uns e não os outros?".

Mas a gota d'água que transbordou o copo foi eu ter assistido o documentário "Earthlings" (tradução: "Terráqueos"). No documentário aborda-se a questão do preconceito do homem contra outras espécies, o "especismo", e as formas de tratamento dada aos animais em diversas situações: lazer, vestuário, alimentação, experimentos científicos e criadouros.

As cenas são chocantes, mas tremendamente reveladoras. Para quem quiser saber mais, pode clicar aqui.

domingo, abril 05, 2009

Diários telegráficos


De lá para cá, algumas coisas aconteceram. A reforma ortográfica chegou e eu ainda não sei direito o que exatamente mudará na minha forma de escrever. Mudei-me definitivamente de Santos para São Paulo. Fui convidado para assumir a diretoria no trabalho. Aceitei com um certo friozinho na barriga. O que mudou? Agora tenho que lidar com uma equipe. Tenho mais reuniões e menos tempo para almoçar. O livro do projeto Expedição Francisco está em fase final... todos os textos reunidos. Já comentaram que haverá um lançamento aqui em São Paulo e outro em Londres. Fui ao Festival de Circo em Limeira. Ri mais dos erros na execução de acrobacias do que dos palhaços. Assisti vários filmes: Coraline (desenho para crianças com clima sombrio), Gran Torino (vida, morte e redenção), Simplesmente feliz (bobinho), O curioso caso de Benjamin Button (reflexão sobre o tempo), Quem quer ser um milionário (pobreza em diversas texturas), Spirit (decepcionante), Ele não está a fim de você (para gastar o tempo), Milk (supervalorizado), Queime depois de ler (um dos melhores filmes que vi dos irmãos Coen), Sexta-feira 13 (o que mais fazer numa sexta-feira 13?), Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen em boa forma), O segredo do grão (queria mais)... Tenho lido muito. Fiquei contente porque consegui encontrar aquela edição comemorativa de "Grande sertão: veredas". Mas lerei depois de "Quem sou eu? E se sou, quantos sou?". Tempo de um pouco de filosofia.