sábado, dezembro 30, 2006

Re$olução de Ano Novo: comprar menos por impulso


E agora entramos na contagem regressiva para 2007. Hora de fazermos aquelas resoluções de ano novo (que às vezes cumprimos, às vezes preferimos esquecer).

Uma das que decidi tomar foi "aprender a gastar meu dinheiro de forma mais consciente". Não sou daqueles que compra muita coisa por impulso... hmmm... talvez quando estou numa loja FNAC. Aí, eu fico extremamente tentado a comprar livros e DVDs.

Hoje, coincidentemente (acho que estou ficando bom em perceber as coincidências), vi um artigo sobre compras feitas por impulso. Um artigo da professora Eliana Bussinger muito interessante e que vale a pena conferir.

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Você já percebeu que pele, unhas, cabelos, comida, cachorro, gatos e filhos, passaram a precisar, urgentemente, de produtos que sequer existiam no ano passado? Li recentemente um artigo sobre novos cosméticos. Um deles tinha um princípio ativo retirado de uma bactéria encontrada na lama de uma geleira do Oceano Ártico. Puxa!

Não é difícil imaginar que em cinco anos estaremos fazendo uso de produtos e serviços que sequer imaginamos, porque não existem ainda, mas que estão sendo imaginados, e materializados, nos laboratórios das empresas do mundo inteiro.

Novidades estão por toda parte, superlotando as lojas e os supermercados. E, definitivamente, congestionando as nossas mentes. E não raro, os nossos armários.
John Naisbitt, em seu livro 'Megatendências', previu que 70% dos produtos que viriam a compor o PIB do Japão no ano de 2030 ainda não existiam em 1992 (data da pesquisa). Setenta por cento do PIB da segunda maior economia, mudando em 40 anos? Bem, ainda que fosse 30 ou 40%, já seria espantosa a velocidade dessa transformação.

Na primeira economia, os Estados Unidos, as coisas não são muito diferentes. O departamento de patentes americano registrou mais invenções durante os dois governos do presidente Bill Clinton do que em toda sua longa existência.

O pessoal de marketing costuma dizer que essa superabundância de produtos e serviços representa o atendimento das necessidades crescentes dos clientes. Qual é o tipo de iogurte, mesmo, que necessitamos tanto assim? As minhas dúvidas são muitas, confesso. As suas, eu acho, também não devem ser poucas.

Só a escolha de um simples molho de tomate pode se tornar uma tarefa estafante. Macarrões e molhos compõem uma multicolorida e imensa prateleira em qualquer supermercado. E lá ficamos por muitos minutos do nosso precioso tempo avaliando tipos, volumes, formas, temperos, cores, qualidades, marcas. Ah! E preços, claro!

Para o pessoal de finanças tudo isso representa, na realidade, uma explosão de possibilidades de gastos que refletem o ritmo incessante de mudança das empresas. Elas inovam sem parar. Reinventam constantemente produtos e modelos de negócios. Redesenham processos produtivos e formas de negociá-los. Ou seja, como tornar o consumo mais atrativo, mais fácil e mais acessível.
E acessibilidade, geralmente está associada à distribuição (produtos em todos os lugares) e facilidade de pagamento, ou seja, crediário.

Assim, mulheres sem perceber, cedem ao impulso e adquirem produtos e serviços apoiadas não apenas na capacidade de consumo - leia-se disponibilidade de renda - mas no crédito fácil. No cartão, no cheque pré-datado, no crédito ao consumidor ali "dois minutinhos no balcão", ou à sua disposição com apenas uma senha, já que a maioria dos bancos oferece crédito automático, como você já deve ter percebido no extrato da sua conta corrente. E as decisões de compra vão se concretizando, muitas vezes por impulso, sem a percepção exata do risco que se corre por não se conseguir equilibrar os recursos financeiros com a vontade de se ter tudo que está sendo oferecido.

E a gente acaba comprando um monte de coisas que não precisava e mais do que isso, que sequer imaginava possuir um dia.

E muitas delas são absolutamente inúteis. Além de nos comprometerem financeiramente, ficam guardadas, sem nunca serem usadas.

Atenção

1) Um dos principais problemas associado ao comportamento compulsivo é o risco de endividamento excessivo seguido de inadimplência e problemas com crédito.
2) Não compre o que você não precisa ou o que não vai usar
3) Não compre por comprar, para afogar as mágoas ou preencher "um vazio"
4) Resista à propaganda
5) Não insista em manter estilo de vida que não combina mais com a sua renda (ou nunca combinou)

sexta-feira, dezembro 29, 2006

UC Berkeley: moradias ecologicamente corretas

A Universidade da Califórnia (EUA), berço do movimento da contracultura nos anos 60, agora abriga outra revolução: aprender a viver em harmonia com o meio ambiente. Recentemente, a universidade lançou um protótipo de "apartamento verde", que respeita o meio ambiente, para exibir sua visão da vida no campus e fora dele, e mostrar aos estudantes que podem reduzir os danos ao meio ambiente sem gastos extras excessivos ou terem que mudar seu estilo de vida.

À primeira vista, o apartamento se diferencia pouco das acomodações universitárias americanas, pelo menos daquelas dos estudantes homens: um pôster de Mahatma Gandhi na parede, junto a capas de álbuns de Jimi Hendrix. Fotos de mulheres e cenas do filme "Pulp Fiction - Tempo de Violência" enfeitam os computadores com monitores de tela plana.

Mas o apartamento também é equipado com aparelhos de televisão e geladeira que poupam energia, duchas com controle da água, xampus e detergentes de baixa toxicidade, barbeadores não-descartáveis, garrafas de água feitas de alumínio e lençóis de tecido natural ao invés de algodão quimicamente processado.

Travis Zack entra na cozinha, se inclina e sorri, enquanto tira um verme de um montículo escuro em decomposição, dentro de um recipiente de adubo composto cheio de restos de comida. "Acabamos de começar, razão pela qual não há adubo", diz Zack. "Mas já temos os vermes, é um começo".

Zack é um dos quatro estudantes que moram no apartamento, criado pelo Comitê Verde do campus, que começou no ano passado criando um quarto do tipo em uma residência estudantil.

Depois de atrair 230 visitantes no ano passado e de ser premiado pela Agência de Proteção Ambiental americana, o comitê ampliou o conceito para um apartamento completo. No começo de 2007, planeja criar uma "Green Suite" (suíte verde) para abrigar 25 estudantes, segundo a universidade.Há cinco anos a UC Berkeley subscreveu uma política de práticas ecológicas.

A premissa básica dos projetos é que uma pequena melhora nos hábitos pode ter enormes benefícios a longo prazo e quanto antes começar, melhor, disse Lisa Bauer, membro do Comitê Verde. "Os americanos talvez sejam conhecidos por serem hiperconsumistas, mas há pessoas nos Estados Unidos que entendem" a mensagem, disse Bauer.

Dezenas de estudantes se candidataram para morar no "apartamento verde", de dois quartos. Zack, Jonathan Hu, Tim Edgar e Edward Chen foram os escolhidos, após provarem suas credenciais ecológicas. "O que fazemos não é muito diferente da forma como os outros vivem, são só pequenas mudanças no estilo de vida que tiveram um grande impacto", disse Zack, de 20 anos, estudante de Física.

"O fato de que alguns estudantes de Berkeley fiquem meia hora debaixo do chuveiro me parece ridículo", disse Edgar, estudante de engenharia química, que cresceu em uma família que se preocupava com o orçamento. "Tomo banhos de um minuto desde criança. Cresci assim, (por isso) tentar poupar água me parece natural", acrescentou. "Esperamos ampliar isto, mostrando que requer uma pessoa por vez, que é um compromisso pessoal", explicou Bauer.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Idéias ecológicas pairando no ar

Pude conferir nestes últimos dias dois filmes: Nausícaa do Vale dos Ventos e Uma verdade inconveniente. Curiosamente, os dois filmes tem um forte viés ecologista.

Nausícaa do Vale dos Ventos é uma animação do mestre japonês Hayao Miyazaki, referendada inclusive pelo WWF - World Wild Fund, e foi classificado no IMDB - Internet Movie Database como uma das 50 melhores produções em ficção científica no cinema.

Numa Terra já degradada pela crescente industrialização, apenas poucas regiões sobreviveram como adequados para a sobrevivência humana. O Vale dos Ventos é um destes lugares a beira do deserto morto. Nausícaa é uma princesa do Vale dos Ventos, com caráter pacifista. O mais interessante é que a paz buscada por Nausícaa não é apenas a paz entre os homens, mas também a paz entre as espécies que habitam o planeta.

Esta produção lembra em muito na temática, o desenho Princesa Mononoke (que aparece na imagem deste post). Muda-se apenas o tempo em que ocorrem as ações. O viés ecológico é o mesmo. Infelizmente, nenhum dos dois desenhos foi lançado aqui no Brasil. Mas, ainda bem que a internet existe e que há recursos que me garantem este acesso.

O outro filme que assisti foi o documentário Uma verdade inconveniente, protagonizado pelo ex-vice-presidente americano Al Gore. O documentário gira em torno da discussão sobre o aquecimento global e suas conseqüências.

Al Gore demonstra uma grande capacidade de abordar o assunto, pintando com tintas realistas e demonstrando uma ponta de esperança na solução do problema. Como ele mesmo pontua, as soluções requerem mais vontade política do que qualquer outra coisa.

Os dados de pesquisas científicas (mostradas a exaustão no documentário) mostram algo que não pode mais ser negado. Desde fotos de satélite que retratam uma dramática redução nas calotas polares a gráficos mostrando a relação entre a concentração de monóxido de carbono e o aquecimento global.

Em alguns momentos, o documentário soa como uma grande propaganda eleitoral. Esqueça estas partes e atenha-se apenas na exposição dos fatos. Este é um filme extremamente educativo.

O mais interessante nisso tudo é que estas idéias de cunho ecológico-preservacionista tem me cercado cada vez mais. De um mini-curso de permacultura a notícias sobre "apartamentos verdes". E agora, de repente me deparo com estes dois filmes que debatem (em diferentes graus) a questão. Será que devo enxergar nisso algum sinal?

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Gosto de Natal


Por que será que este período de festas de final de ano tem gostos completamente característicos? Na ceia de Natal da minha família sempre tem um lombo recheado que minha mãe prepara.

Um sabor tão associado a minha família e a final de ano que mesmo quando minha irmã estava no Japão, lembrava com saudades. Sabores acabam tendo uma relação afetiva muito forte.

Ceia de Natal na minha família tem gosto de lombo recheado e de alguma outra receita nova introduzida (sim, porque senão fica repetitivo demais). A receita nova deste ano era um chester ao molho tailandês e um pastel de forno com massa de batata.

E nos gostos tradicionais, ainda tem cereja e castanha portuguesa. Um luxo que nos permitimos ao menos uma vez ao ano. risos. Por que será que são itens tão caros: Bem, de qualquer forma, acabam fazendo parte do rol de sabores esperados durante o ano inteiro.

Preparar a ceia de Natal, ao menos da minha família, segue toda uma movimentação quase ritualística. Da limpeza de toda área onde vai acontecer a ceia ao preparo dos pratos. E olha que a ceia nem reúne tanta gente assim. Apenas meus pais, eu e meus irmãos.

Mas acho que é um dos poucos momentos onde todos estão reunidos sob um mesmo teto e trabalhando em algo comum. Engraçado... talvez isso devesse acontecer mais vezes durante o ano, mas invariavelmente, no restante do ano, estamos tocando nossas vidas individualmente.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Cultura inútil: o número googol

Detesto esta correria nas ruas. Todo mundo sintonizado nas compras de Natal. Eu nunca curti muito este clima de final de ano. Um clima misto de desespero e obrigatoriedade de sentimentos. Desespero porque parece que todos se dão conta que o ano está acabando e desejam realizar em poucos dias aquilo que deixaram de fazer durante o ano inteiro.

Obrigatoriedade de sentimentos porque há aquele clima meio compulsório de "harmonia" e "felicidade". E aí vem todos aqueles amigos-secretos e festas de final de ano da empresa. Como se aquela velha rixa entre você e o gerente que infernizou sua vida durante o restante do ano, tivesse que ser esquecida. Pior só aquelas pessoas que passam na porta de casa esperando alguma "caixinha" de Natal. E vem o lixeiro, o carteiro, o zelador, o segurança da rua... todos querendo o seu quinhão.

Será que eles também não recebem décimo terceiro? Aliás, décimo terceiro salário? O que é isso? Para mim que estou como autônomo, não tenho nada disso. Acho que era eu quem tinha que pedir uma "caixinha" de Natal para eles.

Enfim, passada esta leve revolta com o clima totalmente distorcido destas festividades de final de ano, voltemos a programação normal.

E como não quero ser sério sempre, acabo também descobrindo coisas inúteis. Olha só... hoje, eu descobri o número googol.

E que raios seria este número googol? Bem, simplesmente é um número 1 seguido de 100 zeros. O equivalente a isso:

1 googol = 10100 =
10,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000


Este termo foi popularizado pelo matemático Edward Kasner (e quem disse que os acadêmicos fazem apenas coisas úteis?) e mais tarde serviu de inspiração para Larry Page.

Quem é Larry Page? Um dos fundadores do buscador Google!! Ah-há... E é justamente isso que você está pensando. Google veio do termo googol.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Fuck forever


Fuck forever é o nome de uma sessão do zine O2 neurônio. Para quem não conhece o O2 Neurônio, vale a pena visitar. São 3 jornalistas (Nina, Raq Affonso e Jô) que se juntaram para falar do universo feminino com muito humor.

Humor sarcástico e muitas vezes detonante, diga-se de passagem. fico agora na curiosidade de conferir os almanaques já lançados pelas 3: Almanaque para garotas calientes e Guia da mulher superior.

Mas voltando ao Fuck forever. Navegando por ali, encontrei um pequeno texto falando do mico que é alugar um filme pornô. Divirtam-se...

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Você está com o seu pretê em casa no domingo à tarde. E está um tédio. Vocês já viram tudo que está passando na TV, inclusive entrevistas da Hortência nas Olimpíadas e churrasco do pessoal do No Limite no Faustão. Daí você tem uma grande idéia: pegar um filme pornô na locadora! Isso, vocês se vestem e vão todos animadinhos.

Só que quando chegam lá descobrem que a sessão de filmes de sacanagem é no andar superior, e você vai ter que subir uma escadinha constrangedora. Todos vão olhar, porque tem uma placa gigante escrito Erótico, apontando pra lá. A saída: mandar seu pretê sozinho. Enquanto isso, você fica disfarçadamente olhando as fitas da sessão Filmes Europeus.

Só que isso não adianta de nada, porque quando vocês vão pagar, a ficha é no seu nome. Então você tem que assinar um recibo escrito: Tesão Anal da Mulher Gato! Como pode existir um filme com um nome assim e você ainda estar alugando isso?! Será que fica registrado na sua ficha da locadora?

Bom, chegando em casa, surge a seguinte dúvida: é de bom tom comer pipoca durante a projeção da fita? Ou isso pode acabar com toda a atmosfera erótica? Melhor comer a pipoca antes. Ou depois.

Começa a fita. Aparece um cara vestindo uma calça saintropeito e de rabo de cavalo! Todo o tesão que poderia existir desaparece na hora. Uma loura siliconada aparece e começa a tirar a calça do rapaz e tchan, tchan, tchan: ele está com um bip pendurado na calça! Isso mesmo! Além de rabo de cavalo, calça saintropeito, o cara ainda tem um bip! Eca!

O problema dessas fitas pornôs é que não tem história nenhuma, o cara chega lá, começa a transar com a mulher (que nunca tem pêlos, que coisa impressionante), mostram vários closes e ele goza na boca da moça. Sempre. Eca de novo.

Muito chato. Desisti no meio e voltei pras Olimpíadas. A ginástica olímpica estava bem melhor.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Extinto

Sempre ouço com certa dor o anúncio de ecologistas sobre a extinção de espécies. Geralmente, são espécies de insetos ou aves. Alguns mamíferos ficam sempre na lista de ameaçados de extinção.

Hoje, vi a notícia de que uma espécie de mamífero foi declarada extinta. Nas águas do rio Yangtsé, um dos maiores rios do mundo, vivia o golfinho Baiji. Desde 2004 não se encontra mais exemplar algum deste golfinho nas águas do rio (e olha que foi vasculhado um total de mais de 2000km de rio). Com a morte do último exemplar em cativeiro em 2002, foi extinta mais uma espécie pelo homem.

Quer ver um golfinho Baiji? Agora só por fotos... como a que ilustra este post.

Fico triste em saber que por conta do desenvolvimento econômico, tenhamos que aniquilar outras espécies. Às vezes, sinto vergonha de pertencer a espécie humana...

domingo, dezembro 17, 2006

Eu amo as sinapses

Final de semana cheio de imprevistos e semana agitada. Meus dias paulistanos sempre tem o ritmo da cidade. E isso significa, muitas vezes, poucas (ou nenhuma) horas de sono.

No meio de reuniões de projeto, entrevistas e leituras, sempre surge tempo para um social. Impossível deixar de se divertir (e sem precisar gastar muito) em Sampa. Basta se deixar levar muitas vezes pelo fluxo dos acontecimentos.

E neste fluxo de acontecimentos, ouço de repente uma frase que sintetiza bem este fluxo: "Eu amo as sinapses". Tudo bem que a frase foi dita por alguém que já estava no décimo copo de cerveja. Mas traduz bem esta interligação que vai sendo formada entre as próprias pessoas no ritmo da história de cada um.

Veja só: de repente, um telefonema do Cláudio para marcar um encontro na Paulista. O encontro não acontece e foi prontamente substituído pelo encontro com outra amiga ainda na região da Paulista. (E viva o celular!)

Encontrei minha amiga Stephânia no cabelereiro e pude conferir como as mulheres sofrem. Nunca tinha visto pessoas passando por processos de tintura de cabelo. E como elas ficam horas e horas neste processo. Eu estava na FNAC e fiquei me perdendo no meio de vários livros (e com aquela coceira para comprar alguns: um HQ desenhado por Robert Crumb e que falava de Franz Kafka, uma coletânea de poesias do Arnaldo Antunes...). Apareci ali no salão de cabeleireiro apenas para vê-la no processo final de tingimento: cheia de papel-alumínio nas mechas de cabelo. Visão inusitada.

De lá, fomos para o Blú Café, num encontro convocado pela Cláudia. Detalhe: eu não conhecia ninguém e minha amiga foi comigo, arrastada no turbilhão. Ali, um monte de gente interessante e conversas das mais loucas acontecendo: do processo educacional a música dos Barbatuques, de plâncton fosforecente a ideogramas em mandarim, do Tao-te-king a viagens de trem pela metrópole.

Um grupinho interessante e que, com certeza, se forma no intuito de continuar nos devaneios em outros encontros.

Do café para um churrasco organizado por um grupo de estudantes de Turismo. Detalhe: eu não conhecia ninguém, a Stephânia (que estava me acompanhando) também não. Fomos de "agregado", naquele esquema de "eu sou amigo da amiga da organizadora". Só que neste esquema eram eu e mais 5 pessoas (todas do grupo do café).

No churrasco, um inusitado abacaxi grelhado veio saciar a curiosidade de sabor do dia. E muita risada ao ver um monte de gente alterada pela bebida. Eu, que não posso beber, passo agora o meu tempo me divertindo com o estado alterado de consciência dos outros. risos.

Do churrasco para um jantar na casa de um casal que tinha conhecido naquele dia (e que estava agregado ao grupo de eventos). Coisa inusitada. De repente, conheço pessoas e já estou frequentando a casa deles no mesmo dia. Ahhh... e é claro, a minha amiga Stephania sendo ainda arrastada no turbihão de eventos.

O jantar se transforma num sarau e, todos cantando até às 7h00 do dia seguinte. Eu tocando um pandeiro (olha só uma experiência nova para agregar na minha história), todos cantando de Beatles a Roupa Nova, de Bon Jovi a Caetano Veloso, de Ah-Ha a Gilberto Gil.

Do jantar que se transformou em sarau, um saldo de novos amigos: André, um desenhista, quase-arquiteto, Lavínia, uma bauruense super-alto-astral e Ricardo, um sociólogo da Fefeleche (foram carinhosa de chamar a FFLCH da USP) que faz poemas em mandarim.

E do jantar-sarau, próxima parada na padaria Dona Deôla, na Lapa, para um café-da-manhã. E mais conversa. E de lá para a casa de meus pais, porque nesta altura dos acontecimentos, meu corpo já pedia um banho e uma troca de camisa.

Da casa dos meus pais, fui correndo para um almoço (de volta a região da Paulista) no Sujinho. Restaurante tradicional, antigamente conhecido como "bar das putas". Apesar do prato tradicional do lugar ser a bisteca bovina, fui mesmo direto num filé a parmigianna dividido com a minha irmã.

De lá para o computador. Contabilizando exatas 32 horas ininterruptas de atividade e sem sono. E daqui, direto para meu descanso merecido. Com a sensação de que ao deixar a história fluir, muita coisa boa acontece.

domingo, dezembro 10, 2006

O labirinto do fauno

Cada um de nós tem uma sombra. E esta sombra vive num mundo bidimensional. Tem apenas largura e comprimento. Nós, diferente das sombras, vivemos num mundo de várias dimensões (largura, comprimento, altura, tempo-espaço e várias outras que os físicos demostrariam aqui) e quase nunca tomamos conhecimento deste mundo em que vivem nossas sombras.

Nós temos uma vida pulsante, cheia de acontecimentos e emoções. Uma vida plena de decepções, alegrias e desejos. Diferentemente da minha sombra, eu desejo, eu ajo, eu me desespero, eu sonho. Mas será isso mesmo ou será que essa vida é apenas a ilusão de uma outra vida, a sombra de um outra vida?

Seríamos apenas sombras de seres de dimensões superiores? E assim como a nossa sombra que jaz ali no solo, seríamos apenas sombras um pouco mais sofisticadas?

Ofélia parece viver entre dois mundos: o mundo real (a Espanha franquista de 1944, onde ela é enteada de um capitão do exército) e o mundo da ilusão (o mundo subterrâneo, onde ela é uma princesa aguardada por todos). E Ofélia oscila entre entre estes dois mundos, como se quisesse sair da sombra de seu mundo real e embarcar no outro mundo ao qual realmente pertence.

"Quem é você?", pergunta Ofélia ao ser que a aborda no princípio desta jornada de fantasia. "Eu? Eu tenho tantos nomes... nomes antigos que somente o vento e as árvores podem pronunciar. Eu sou a montanha, a floresta e a terra. Eu sou.. eu sou um fauno. Seu mais humilde servo, Vossa Alteza."

O filme é "O labirinto do fauno", do diretor espanhol Guillermo del Toro (que já tinha nos brindado com "A espinha do diabo"). E nos brinda com uma fantasia delirante e ao mesmo tempo sombria.

Dizem que os contos-de-fada surgiram como relatos populares com a intenção de dar lições de conduta para as crianças. Dizem também que com o passar dos anos, muitos contos-de-fada foram sendo suavizados. O final de "Cinderela", por exemplo, mostrava a madrasta recebendo uma punição por toda a forma que tinha tratado a enteada: o príncipe mandava os soldados calçarem nos pés da madrasta, sapatos de ferro em brasa.

O final de "Chapeuzinho vermelho" mostrava a menina indo dormir com o lobo (vestido de vovozinha) e sendo devorada. Sem caçador para tirar tanto a menina quanto a avó do estômago.

"O labirinto do fauno" resgata um pouco do clima das fábulas originais. Há vários aspectos sombrios permeando o filme, tanto na vida real quanto na vida fantástica. A violência da guerra se contrapõe com a esperança de um mundo mágico.

E no meio de tanto delírio, deixo aqui o convite para que todos confiram este pequena pérola do cinema.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Pirata

Ultimamente tenho descoberto muitas coisas. Um desenho japonês do Hayao Miyazaki que nunca foi lançado aqui no Brasil. Músicas de uma missa indígena feita pela Marlui Miranda. Um CD do Karnak, banda que nem existe mais, e que eu curto bastante. Um filme espanhol de diretor desconhecido e que não foi lançado em DVD aqui no Brasil. Graphic novels de uma série que foi lançada mas que não chegou até o final.

Com casos assim, fica difícil tentar se manter atualizado sem ter que desembolsar alguns dólares (ou euros). E para mim, que não ganho nem em dólares e muito menos em euros, manter-se atualizado com o que você curte fica mais difícil ainda.

Dizem que a internet veio como forma de democratizar informações. Sem dúvida alguma. Se não fosse pela internet e os milhões de instrumentos para garimpar (sim, porque existe também muito lixo "democratizado" na internet), todas estas obras estariam ainda obscuras para mim.

O que eu faço é ilegal? Será que isso é pirataria? Mas se eu busco um conteúdo com o fim apenas de conhecer e sem finalidade comercial, isso configura pirataria mesmo assim?

Lá na Bienal de artes de São Paulo, uma obra evocava a discussão entre o copyright e a pirataria. O mote era "conhecimento e informação não tem donos". A criação de conceitos como o "copy-left" e o "creative commons" dão a mim um alento de que estamos caminhando para uma solução pacífica para o acesso a todas as informações.

Basta agora as indústrias culturais deixarem a ganância de lado e querer entrar em acordo.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Permacultura


Quem já me lê há um bom tempo sabe que o meu "ponto fraco" (ou ponto forte, depende de quem vê) é a curiosidade. Tenho em mim este desejo de aprender, de saber sempre mais. E foi isto que me levou a transitar pelas mais diferentes "tribos" e pelos mais diversos assuntos.

Recentemente, recebi o e-mail de uma amiga geógrafa divulgando um evento relacionado a Semana de Geografia da PUC. O evento era um mini-curso de dois dias para falar sobre a permacultura.

Imagino que vocês, assim como eu fiz, estejam perguntando o que é permacultura.

Permacultura é um termo que vem da junção de duas palavras: cultura e permanente. O termo, desenvolvido pelos australianos Bill Mollison e Davi Holmegren em 1974, define uma ética de trabalho com espaços e ambientes de forma sustentável.

O que aprendi neste mini-curso é que a permacultura é um método transdisciplinar que integra várias áreas do conhecimento humanos (agricultura, arquitetura, engenharia, paisagismo, economia, educação...) com o objetivo de criar ambientes humanos sustentáveis.

Não sei se foi o ambiente do curso ou se foram os palestrantes. Mas ultimamente, tenho me visto tão interessado em me aprofundar neste conhecimento. Talvez porque tenha percebido na filosofia da permacultura uma forma de solução para vários problemas atuais.

A imagem que ilustra este post é o símbolo da permacultura: um ourobouros (a cobra que morde a própria cauda, mostrando o ciclo de início-fim-reinício) circundando a árvore da vida.

E acho que esta abordagem de se buscar a harmonia com os outros e com o espaço em que estamos é significativa para todos hoje.

domingo, dezembro 03, 2006

C.R.A.Z.Y.

Ultimamente tenho escutado uma versão de "As curvas da estrada de Santos" cantada pela Paula Toller. Confesso que nunca tinha dado muita atenção para a letra da música e agora vejo até uma certa identificação da letra da música com alguns aspectos.

E foi esta sensação de identificação que aconteceu quando fui conferir "C.R.A.Z.Y.", filme do canadense Jean-Marc Vallée.

Sabe aquela angústia adolescente? Toda aquela dúvida a respeito de quem se é realmente e até onde devemos romper com os ideais dos nossos pais? E sabe quando esta angústia adolescente parece invadir ainda nossa vida adulta?

O filme trabalha vários aspectos deste sentimento de angústia e de dúvida ao abordar a história de uma família da classe média canadense. Pais católicos, família numerosa (são cinco irmãos) e conflitos de personalidade.

O título do filme brinca com vários significados: ora é um acrônimo com as iniciais dos nomes dos filhos da família Beaulieu (Christian, Raymond, Antoine, Zachary, Yvan), ora é o título da música favorita do pai (que no filme é fã de Patsy Cline e Charles Aznavour).

Mas o título do filme faz referência a loucura (crazy = louco) que permeia todo este processo de busca e aceitação da própria identidade. Um processo muitas vezes dolorido porque choca com os ideais previstos pelos pais e pelos outros.

Até onde devemos considerar aquilo que os outros esperam de nós? Para ter a aceitação dos nossos pais devemos sacrificar a própria identidade?

O filme foca o conflito de Zachary com o pai. Vindo de um família machista e católica, Zachary passa por um período de indefinição. Não sabe se gosta da vizinha ou se gosta do namorado da prima. E procura reprimir seus desejos para não decepcionar a família.

"C.R.A.Z.Y." foi destaque em dois festivais recentes em Sampa: a Mostra Internacional e o Festival Mix Brasil. Vale a pena conferir. E prestar atenção também na trilha sonora que mescla Patsy Cline, Charles Aznavour, David Bowie e Rolling Stones.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Notícias em cima da hora


Dois eventos para quem estiver em Sampa. Sei que estou divulgando muito em cima da hora, mas também sei que quem se interessar genuinamente irá, Melhor divulgar do que não o fazer.

O primeiro evento é a estréia de Kinetos, o mais novo filme da Entre Quatro, produtora do meu amigo Fabrício Leotti. A estréia será no dia 03 de dezembro (neste domingo), às 19h00 no St. John´ s Irish Pub (Rua Itapura, 1327 - Tatuapé).

E só para deixar todos com vontade, veja só o trailer do filme.


O segundo evento é um curso na Universidade Aberta de Meio Ambiente e Cultura de Paz. O curso tratará do tema "Viva bem no mundo que você tem". E acho um apelo interessante para quem vive neste caos urbano da metrópole. Mais detalhes do curso na figura deste post.