domingo, fevereiro 26, 2006

Só de sacanagem

Na internet tem rolado um pequeno vídeo com a cantora Ana Carolina recitando uma poesia escrita por Elisa Lucinda, poetisa e atriz capixaba.

O nome da poesia é Só de sacanagem. E você pode lê-lo na íntegra logo abaixo. Vale a pena conferir, uma lição de cidadania (por que não tipificar assim?).


Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança
vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o
aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus
brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao
conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e
dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva
o lápis do coleguinha",
" Esse apontador não é seu, minha filhinha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido
que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca
tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica
ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao
culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do
meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo
o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse
o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu
irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a
quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde
o primeiro homem que veio de Portugal".
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente
quiser, vai dá para mudar o final!

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Preocupe-se mais com a sua consciência que com a sua reputação. Consciência é quem você é, reputação é o que os outros acham.

Frase legal, não é? Peguei do MSN de uma amigo meu... Curti bastante e fiquei mastigando demoradamente. Bom conselho para se mastigar olhando as nuvens.

Acabei de ver uma pesquisa feita pela Energy BBDO, feita com jovens de 13 paises. A conclusão é que entre os jovens, ser popular é sinônimo de ser "criativo".

Legal, não é? Bom saber que a juventude tem valorizado algo mais "interno". Mais conteúdo, menos aparência.

Continuando com a matéria que li:

A nova categoria é composta pelos adolescentes com maior tendência a se expressarem através de conteúdos originais em blogs e páginas pessoais da web, e engloba os mais inovadores e modernos, o que está inteiramente ligado à internet.


Eles são também os que mais se conectam à rede, visitam sites, usam serviços de pesquisa e de mensagens instantâneas. Estão sempre antenados no mundo e na tecnologia, por conseqüência inclusive desse perfil, e é exatamente isso que lhes garante a popularidade.



Como será que o mercado vai tratar pessoas que querem se diferenciar, querem mostrar ma criatividade que foge dos padrões de mercado?

Vai ser interessante ver o desenrolar do dilema. De um lado, jovens que querem se diferenciar e inovar. Do outro, um mercado que tende sempre a atender a massificação para ganhar em economias de escala.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta.

Poderia falar sobre muita coisa que fiz durante este tempo... mas vou me concentrar nos filmes que assisti.

* Boa noite e boa sorte
Uma boa história, um bom elenco e muito material para reflexão. Ao se assistir ao filme, vemos uma história real: um jornalista confrontando as atitudes de um senador. O senador em questão era Joseph McCarthy, aquele mesmo que iniciou a caça aos comunistas. E por aí vai uma discussão sobre censura, sobre jornalismo engajado e sobre a relação promíscua entre publicidade e cultura. A caça aos comunistas iniciada por Mc Carthy lembra em muito a paranóia atual dos americanos em relação aos terroristas islâmicos. O filme acaba soando, infelizmente, muito atual.
Nota: 8,0

* Free zone

Tenho pouco conhecimento sobre os filmes do Amos Gitai. Acho que este é o primeiro filme dele ao qual assisto. Uma história interessante mas que se alonga demais. É uma história aberta e que exige muito da reflexão do espectador. Acho isso interessante porque valoriza a inteligência de quem assiste. Mas acho que estou cansado de ver os conflitos entre palestinos e israelenses e quaisquer nuances deste conflito. Só espero que este cansaço acabe chegando aos próprios envolvidos.
Nota: 7,0.

* Johnny & June

Mais uma cinebiografia... socorro!!! Depois de "Ray", cheg agora para as telas a vida de Johnny Cash. Quem é Johnny Cash? Nem eu conhecia. Mas pelo filme, vi que era alguém importante no início do rock´n´roll. Mas como todas as cinebiografias, há aqueles pontos óbvios: traumas de infância, problemas familiares, casamentos, drogas e mais drogas. Fora a obviedade de alguns pontos, o filme é bem feito. E a Reese Whiterspoon está muito bem no papel de June Carter. Quanto ao Joachim Phoenix... parece que está perfeito no papel.
Nota: 7,5

* Casa vazia
O que você faria se eu te convidasse para assistir um filme coreano? Talvez muita gente desistisse. Mas, thanks God, o Guacymar curte também este tipo de filme. Fomos conferir o filme do mesmo diretor de "Primavera, verão, outono, inverno e primavera" (um filme que adorei!!!). O filme trata sobre vidas perdidas e sem sentido, fala sobre um rapaz que invade casas vazias e vive em cada casa até o retorno dos donos. Para pagar a "hospedagem", faz pequenos consertos e alguma limpeza. Numa das casas invadidas, encontra uma mulher que resolve acompanhá-lo nesta vida errante. Um filme que fala sobre vidas solitárias e sobre o vazio da solidão.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O sucesso de Brokeback mountain


Tem gente que diz: "Falem mal mas falem de mim".

Se o mesmo pensamento valer para um filme, "Brokeback mountain" segue por este caminho. É claro que aqui não se fala mal, a questão aqui é o surgimento de sátiras e assemelhados.

Quem, por exemplo, tem o jogo The Sims 2 já pode baixar na rede, as versões de Jack Twist e Ennis Del Mar (ver imagens acima). E talvez dar um novo rumo para os dois no jogo.

O sucesso do filme deu também origem a uma série de paródias na internet sobre outros filmes, enfatizando um relacionamento gay.

Uma das versões baseadas no trailer do filme de Ang Lee que tem feito sucesso é a de De Volta para o Futuro, mostrando o romance proibido entre Marty McFly (Michael J. Fox) e o Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd). A produção recebeu como nome o trocadilho Brokeback to the Future. http://www.youtube.com/watch?v=zfODSPIYwpQ

Outra paródia que já está circulando é a de Top Gun – Ases Indomáveis, chamada Top Gun 2: Brokeback Squadron, com um romance entre Tom Cruise e Val Kilmer. http://www.ebaumsworld.com/2006/01/barebacktopgun.html

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Microeconomics

E na retomada de assuntos que nunca mais tinham sido tocados, agora estou revendo algumas noções de microeconomia.

Curvas de oferta e demanda, curvas de indiferença, taxa marginal de substituição... Ufa! Que coisa. Mas é interessante rever muita coisa. E pensar que alguns anos atrás eu sabia mais de tudo isso. Hoje parece que estou reaprendendo muita coisa.

Agora tenho ouvido algumas bandas novas (pelo menos para mim): Kaiser Chiefs (que foi uma sugestão do Marco) e Flogging Molly (esta foi uma sugestão do Fabrício).

Kaiser Chiefs é um som brit-pop bem gostosinho de se ouvir. Nada de excepcional mas gostoso. Flogging Molly é engraçado. Uma mistura de música céltica (com gaita de foles e instrumentos típicos) e punk rock. Estranho!

Por conta de uma mensagem da Cláudia, acabei ouvindo Shostakowich e reavivei minha curiosidade pela música clássica. A Waltz nº2 from a jazz suit é maravilhosa.

E na busca de música clássica, fui atrás do que se faz em vanguarda nesta área. Cheguei a Krystof Penderecki e o Threnody for the Hiroshima victms. Um som meio neurotizante mas que desperta certo interesse.

Por enquanto, dos compositores de música clássica, fico com Bach e Arvo Part.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Memórias de uma gueisha

No livro "A educação pela espada" li uma frase que dizia: "A empresa é um grande dojô". E pensando bem, o mundo corporativo realmente é muito semelhante ao mundo de confrontos dos samurais. Tudo isso, é claro, uma guerra pelo poder.

Quando assisti "Memórias de uma gueisha", vi um mundo de disputa por poder também. Só que desta vez entre mulheres. E é interessante ver o quanto as disputas são mais "políticas" mas nem por isso menos eficientes. Uma boa lição também se fizermos uma analogia ao mundo corporativo.

O filme em si é uma produção muito bem feita. Boa fotografia, boa direção de arte, interpretações corretas e uma história regular. A história chega a fascinar por perscrutar um pouco mais do mundo secreto das gueishas (não, elas não são prostitutas como geralmente se pensa. São damas de companhia e, segundo a narração "uma obra de arte ambulante").

As atrizes estão impecáveis, detalhando o mundo de movimentos delicados e sussurros traiçoeiros. Ziyi Zhang (de "Herói", "O tigre e o dragão", "O clã das adags voadoras") faz Chiyo, uma criança vendida para uma casa de gueishas e que se torna a gueisha Sayuri sob a orientação de Kameha (papel de Michelle Yeoh, também de "O tigre e o dragão") e enfrentando a concorrência de Hatsumomo (Gong Li, impecável como sempre).

Uma pena que o filme se perca na parte final... mas deve ser mania de Hollywood para deixar o filme mais palatável.

sábado, fevereiro 04, 2006

O segredo de Brokeback Mountain



Ontem, depois de muita espera, fui conferir o mais novo filme de Ang Lee. Sim, apesar de ter feito filmes deliciosos como O banquete de casamento, delicados como Razão e sensibilidade, primorosos como O tigre e o dragão e de ter caído muito feio em The Hulk, aguardava ansiosamente O segredo de Brokeback Mountain.

O filme já esteve em exibição por aqui na Mostra Internacional SP do ano passado... mas, foram apenas duas sessões no mesmo horário. Quase impossível conseguir ingressos.

O meu grande receio sempre é me decepcionar com filmes que geraram muita expectativa para mim. E este, não foi, felizmente, o caso de Brokeback mountain.

O filme, acho que todos já sabem, ou já ouviram falar, trata do relacionamento de dois cowboys gays. Uma descrição muito simplista e, quem se guiar apenas por isso para deixar de conferir o filme, comete um erro muuuuito grande.

Brokeback mountain fala de desejos sublimados, fala de pressão social, fala de infelicidade causada por preconceitos, fala de crises de relacionamento. O enredo tem todos os ingredientes para arrancar lágrimas fáceis, mas de forma muito inteligente, Ang Lee conduz a história de forma que a sensação de tristeza se implante aos poucos.

Lembro-me de poucos filmes que conseguiram fazer isso... Serem tristes e não se deixarem permitir uma lágrima no momento da exibição. A sensação de tristeza te persegue e você reflete sobre o filme, leva um pouco mais do filme na mente e vai mastigando aquela sensação. Talvez As horas tenha tido este efeito (se bem que era uma tristeza depressiva) e acho que Tempo de embebedar cavalos também.

É um filme, sem dúvida alguma, muito bem feito. O cartaz do filme anuncia "Love is a force of nature". A aproximação entre os dois cowboys acontece de forma natural, onde numa situação de isolamento, longe dos olhos julgadores da sociedade e cercado apenas de uma natureza exuberante, o amor aflora como conseqüência.

Aliás... e que cenários. Dá até vontade de visitar o Wyoming por conta daqueles campos e rios. Se bem que descobri depois que o filme foi feito em Alberta, Canadá.

Hugh Ledger está muito bem no papel de Ennis Del Mar. Sua interpretação dá ao público uma medida correta entre a secura de sentimentos românticos sufocados e medo de julgamentos sociais.

Jake Gyllenhall também faz um bom trabalho como um sonhador Jack Twist, que vive em busca de seus sonhos e se decepciona com muita coisa.

E Michelle Williams interpreta Alma com uma amargura quase palpável.

Todos mereceram as indicações recebidas ao Oscar.

Ainda não assisti os outros candidatos. Mas já posso dizer que Brokeback mountain com certeza figurará na minha coleção de DVDs.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

A velocidade do tempo é proporcional a coisas novas que incorporamos no nosso cotidiano.

O título deste post é uma frase que pincei de um dos vários e-mails que troquei com Cláudia. Inspirador, não é?

A gente sempre corre o risco de se anestesiar no dia-a-dia e não tentar algo novo. Bem, este ano vou me abrir mais às possibilidades.

Terminei a leitura de "A educação pela espada" do meu amigo Antonio Sampaio Doria. É uma pena que não se encontre mais nas livrarias... Para mim, foi uma leitura ótima. Sabe aquele livro que você não consegue largar porque se identificou muito com a trama e com a personagem? Foi mais ou menos esse o caso.

Agora estou relembrando um pouco de matemática financeira... engraçado como o mundo dá voltas. Jamais imaginei que teria que usar novamente matemática financeira mas aqui estou re-aprendendo e me deslumbrando com a utilidade de muita coisa.

Quando estamos na faculdade deixamos de perceber a utilidade de muitos conhecimentos...