sábado, maio 28, 2005

Quando me mudei para Santos, imaginei que ficaria meio por fora do circuito cultural. Isso é verdade até certo ponto: aqui há menos cinemas que em Sampa e memos espaços para exposições.

Tenho visto menos filmes (já que os filmes que me interessam muitas vezes não estreiam aqui) e tenho ido a menos exposições (infelizmente espaços de exposição como o CCBB e o Tomie Ohtake são privilégio de uma metrópole).

Mas, por outro lado, nunca fui a tantos concertos de música quanto aqui em Santos. Só neste ano já conferi pelo menos dois.

Na véspera do feriado fui conferir a apresentação da Oslo Cameratta, uma orquestra de cordas. O melhor de tudo é que se pode conferir espetáculos de alto nível por valores acessíveis.

A Oslo Cameratta se apresentou em São Paulo também, mais precisamente no teatro Alfa e os ingressos estavam em R$60,00.

Aqui em Santos pude assistir a apresentação por R$10,00. Dá pra tentender? Melhor pra mim.

A orquestra apresentou peças modernas (Arne Nordheim) e outras mais clássicas (Haydn) mas, o que mais me impressionou foi a peça de Grieg.

quarta-feira, maio 25, 2005

Dias com algumas novidades... ontem, fui para uma consulta médica mas fui surpreendido por duas coisas inesperadas: uma chuva torrencial bem na hora que estava indo para o consultório e uma ligação da secretária do médico desmarcando a consulta porque ele teve não conseguiu se liberar de uma cirurgia de emergência.

Ok, ok, ok. Tentei ser o mais compreensivo possível mas, fiquei irritado por ter subido a serra (perdendo tempo e dinheiro) para ir numa consulta marcada com 15 dias de antecedência e ter sido avisado em cima da hora (quando já estava debaixo da chuva me dirigindo para o consultório com o taxímetro rodando).

Deve ser o inferno astral...

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Mas nem tudo foi chato. Como cheguei cedo em Sampa e estava acompanhado do Guacymar (ele teria uma reunião de apresentação de projeto com um cliente a tarde), fomos para a Liberdade.

Caminhamnos por aquelas lojinhas cheia de coisas importadas e comidas mais interessantes ainda. Encontramos uma loja que vende DVDs de animes e me empolguei. Comprei dois desenhos animados de longa-metragem do diretor Hayao Miyazaki.

Quem é Hayao Miyazaki? Ele é o diretor do Studio Ghibli, um dos estúdios de animação mais famosos do Japão e foi quem comandou a produção de A viagem de Chihiro.

Voltando... infelizmente, outros desenhos dele nunca foram lançados aqui no Brasil e fiquei surpreso quando vi lá a disposição (e por apenas R$15,00) cópias em DVD de outros desenhos dele.

Comprei Hotaro no Haka (traduzindo Túmulo dos vagalumes) e Mononoke hime.

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Assisti Túmulo dos vagalumes ontem. E gostei muito. Tem gente que acha que desenhos animados são coisas para crianças. Este desenho não é somente para crianças e traz muita reflexão também para adultos.

O filme conta a história de duas crianças na época da II Guerra Mundial. Seita é o filho mais velho de um militar e uma mãe com problemas cardíacos. Percebe-se orfão quando sua mãe morre num dos bombardeios americanos e tenta sobreviver junto com a irmã mais nova, Setsuko.

Guerras e o período pós-guerra são traumáticos para os velhos e as crianças. É triste ver o sofrimento e o amadurecimento forçado pelo qual todos tem que passar nestas experiências.

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Ainda ontem, ganhei um presente do Guacymar. Para quem não sabe, estou agora no meu inferno astral, próximo do meu aniversário (mais umas 3 semanas e já estou entrando nos 30).

O presente que ganhei foi um livro, muito interessante por sinal, chamado Almanaque anos 80. Bem apropriado. Comecei a folhear ontem e relembrar muitas coisas da minha infância e da minha adolescência. Programas de televisão, filmes que passavam direto na Sessão da tarde, brinquedos, doces (Dip'n Lik, lembra deles?) e música.

Pra lembrar o que passou, dar muita risada do quão ridículo muita coisa parece hoje em dia e preparar-se para o que vem por aí.

terça-feira, maio 17, 2005

Ontem li os dois primeiros mangás escritos e desenhados por Osamu Tezuka sobre a vida de Siddartha Gautama.

Bem, vamos por partes. Mangá são HQs típicas do Japão, com traços bem características e leitura da direita para a esquerda.

Osamu Tezuka é um dos grandes nomes do mangá japonês. Faleceu nos anos 80 (se não estou enganado) e teve sua biografia contada em mangá. Foi o criador de desenhos como A princesa e o cavaleira (que eu assistia muito quando era criança) e Astro Boy (que eu assisto até hoje de vez em quando no Cartoon Network).

Siddartha Gautama, o Buda (o Iluminado), foi o grande mestre que introduziu as noções do budismo. Nasceu como príncipe na Índia e abandonou tudo em busca da iluminação.

Bem, a reunião de uma história destas nas mãos de um quadrinhista talentoso só podia dar num resultado imbatível: a série de mangás Buda.

Li os dois primeiros livros (digo livros porque acho que as HQs não perdem em nada para os livros puramente textuais). Facilmente e apreciando todas as nuances da história de Buda. Vale a pena conferir.

segunda-feira, maio 16, 2005

Lembro de ter lido em algum lugar esta frase: A história é o relato dos vencedores. Talvez seja a verdade porque quase não sabemos nada da história do continente africano nem de pessoas da própria América Latina.

Neste final de semana assisti um filme interessante por oferecer uma visão incomum de fatos históricos já pisoteados ao extremo no cinema: a Segunda Guerra Mundial.

Porém, ao invés de focar no ponto de vista dos americanos (como já fez Hollywood tantas vezes - vide O resgate do soldado Ryan, Além da linha vermelha, Pearl Harbor...), este filme apresenta a visão dos alemães.

Em A queda - os últimos dias de Hitler, mostra-se justamente isso: os últimos dias de Hitler no bunker, quando Berlim já estava sendo tomada pelos soviéticos.

Mostra toda a política de bastidores, a histeria coletiva, o fanatismo quase religioso com que alguns alemães seguiam o Führer, uma Eva Braun que aprecia movida por um Prozac poderosíssimo.

As críticas não foram muito favoráveis (aposto que os críticos eram todos judeus e não gostaram deste retrato mais humanizado de Hitler) mas, neste caso é melhor ignorar as críticas.

O ator Bruno Ganz (que já fez um anjo em Asas do Desejo do Wim Wenders) encarna um Hitler com trejeitos que não se imaginava. O mais interessante é pensar que tudo isso que foi mostrado na tela é baseado em depoimentos reais.

quinta-feira, maio 12, 2005

Hoje descobri a mascote da Copa do Mundo na Alemanha. Sempre gostei das mascotes de Jogos Olímpicos e de Copas do Mundo. São símbolos que tentam traduzir um ideal e gosto de ver o resultado da personficação.

A mascote da próxima Copa do Mundo é um leão chamado Leo VI e sua companheira, a bola Pille.

Uma mascote melhor do que aquela que criaram para a Copa da Itália (um ser com uma bola de futebol que servia como cabeça e várias bandeiras servindo como corpo - acho que o nome era Ciao). E, sem dúvida, muuuito melhor do que aquele Izzy que criaram para as Olimpíadas de Atlanta.

Mas no ranking de mascotes, as cinco primeiras para mim são:

(1) o ursinho Misha das Olimpíadas de Moscou (que já virou imagem recorrente toda vez que falam de Olimpíadas.

(2) o cachorro Cobi das Olimpíadas de Barcelona (que até ganhou um desenho animado). Bem simpático, com aqueles traços bem característicos.

(3) o tigre Hodori das Olimpíadas de Seul.

(4) o galo Footix da Copa da França.

(5) o cachorro Stryker da Copa dos Estados Unidos.

Talvez colocasse também as mascotes da última Olímpiada em Atenas. Eram bonecos bem representativos. Gosto desta coisa bem única e signficativa. Dizem que eram representações de bonecos encontrados em ruínas gregas.

quarta-feira, maio 11, 2005

Sabadão agitado!!! Gosto de dias assim. Fazendo muitas coisas e cercado de amigos. Encontrei o Maurício e fomos almoçar num lugar que não conhecíamos: Colarinho.

Uma picanha na pedra muito boa, serviço atencioso e uma MPB correta (se bem que o volume poderia ser um pouco mais baixo).

Depois, um pulo na exposição A herança dos czares, na FAAP. Meio decepcionante. O MAB - Museu de Arte Brasileira já fez exposições melhores, com um investimento maior na cenografia (a do Napoleão, a Iluminar e a dos fósseis brasileiros são alguns exemplos).

Nesta exposição as salas estavam todas previsíveis, inclusive na disposição dos objetos em exposição. Uma sequência previsível demais de redomas de vidro nos centros contendo vestimentas. Nas laterais, redomas de vidro mais baixas com utilitários (pratos, taças, jarras, talheres, etc). E só lá no fundo, uma salinha diferente com algo minúsculo em exposição. Sim, era o tão famoso ovo Fabergé.

Para esquecer um pouco da decepção, levei o Maurício para conhecer o Feira Moderna. Uma loja de artesanato brasileiro com um café bem charmoso nos fundos. O café é especializado em doces regionais (eu comi um bolo de rolo, doce típico de Pernambuco).

Lá esperamos as meninas chegarem. Zilda, Renata e Káhtia. De lá, uma sessão de cinema básica no Bristol. Filas e mais filas... mas a sala para Kinsey - vamos falar de sexo estava razoavelmente vazia.

O filme é interessante. Não tinha ouvido falar muito sobre o trabalho desenvolvido pelo Alfred Kinsey e, minha conclusão é que a mentalidade liberal dele em relação a sexo continua a anos-luz de distância da média da população.

Aqui no Brasil, a gente se depara ainda com um Severino Cavalcanti dizendo que "o estupro é um acidente horrível" e com a igreja católica e os evangélicos influenciando as decisões de um Estado TEORICAMENTE laico.

Do cinema, continuamos para uma busca de um lugar para jantar. O eleito foi a Lanchonete da Cidade. Um lugar com ares meio retrô e hambúrgueres corretos. Vale a pena experimentar.

quinta-feira, maio 05, 2005

Ontem terminei de ler um livro muito interessante, Explicando a filosofia com a arte. Gosto muito de livros de filosofia, principalmente daqueles que levantam questoes para reflexao. E, diferente de um livro de filosofia tradicional, este livro nao se estrutura em torno das ideias de grandes filosofos, os capitulos sao estruturados em torno de assuntos.

A leitura fica bem mais interessante. So pra dar um gostinho, segue um trecho do capitulo que versa sobre a relacao do homem com a natureza:

Em uma famosa passagem, Nietzche nos faz pensar acerca da sabedoria que pode haver na vida animal: "Observe um rebanho, que pasta diante de ti. Ele nada sabe sobre o ontem ou o hoje, ele corre daqui para ali, come, descansa, digere, corre novamente, e assim de manha ate a noite, dia apos dia, amarrado atraves de seu prazser e de sua dor a estaca do instante, e por isso mesmo nunca melancolico ou deprimido".

Segundo Nietzche, o homem observa o comportamento do animal e fica com inveja, pois tambem gostaria de nao ficar triste. Pergunta entao:"por que voce so fica ai me olhando e nao me fala da sua felicidade? O animal quer responder e dizer: isso vem do fato de que eu sempr esqueco o que queria dizer - mas ele ja esquece tambem essa resposta e se cala. O homem fica admirado de seu silencio"..

O olhar obliquo de Nietzche sobre o rebanho no pasto faz com que tambem vejamos tudo de forma insolita e surpreendente. O animal, que e sem passado e sem futuro, parece viver mais intensamente que o homem, oprimido pelo excesso de memoria e de "pre-ocupacoes". Para ser feliz e fazer os outros felizes sera preciso recuperar um pouco da sabedoria dos animais ou das criancas: a sabedoria do esquecimento.

quarta-feira, maio 04, 2005

Notícias atrasadas: melhor nem ficar justificando o porquê de não postar algo há dias e partir logo para o que aconteceu.

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Avenida Dropsie... enfim fui conferir a peça em cartaz no Centro Cultural FIESP. Um espetáculo de primeira (cenário da Daniela Thomas, narração do Gianfracesco Guarnieri, recursos de projeção em tela e até uma chuva cenográfica de 15 minutos) e o melhor de tudo, gratuito. A peça não conta exatamente a história que eu imaginava (aquela que eu tinha lido nos quadrinhos) mas não deixa de ser surpreendentemente boa ao levar uma reflexão sobre a vida nas grandes cidades.

No quadrinho, a avenida era a personagem principal e sofria mudanças juntamente com as personagens. Aqui, a avenida é absoluta e assume uma papel de espectadora dos tipos que circulam por lá.

Tem uma frase bem marcante e que vale a pena transcrever aqui:

Quanto mais eu ando nas ruas, mais eu noto quão imperceptíveis são as pessoas que passam por mim. Eu cresci aceitando isso como um fenômeno normal da vida nas grandes cidades.

Enfim, quem tiver paciência para enfrentar a fila e a espera, será bem recompensado.